Prazer, não sei o que é mais
Mas te conhecer me apraz.
Meu nome é ino -minável
como a noite intragável
Pelos ralos, abominável
Que nos bares não mais destila
a dor e amargor que aniquila
Mas ainda dilata pupila
Tenho pouquíssimos colegas
alguns indadou uns pegas
Os de farra e festa pó ilusão
voaram na imensidão
do cronológico abismo
Tiquititos amigos que conto nos dedos
partilho meus medos
Nessa sem segredos
Se brigo, cedo, já é tarde
Se grita contorce sou abrigo
pimenta em qualquer olho arde
e cachorro violentado morde
Não tem culpa de ninguém
É só um céu ciano sereno
diante das falhas humanas
Somos violência, vício e vaidade
O egoísmo não está preso a uma só identidade
não fazer do pensamento mortalha
não é luta que vence batalha
não é derrota e joga a toalha
mesmo com cara cínica
e modus operandi clínico, único
estranhe diante de si
Não tenho nada a oferecer
somente o embarcar
em uma jornada que
não, não vou me enforcar
embora sinta desejo
dessa vida sem sentido sem fundo
Essa vida incerta inssossa
deserta, mas não deser-tada
feita de caneta, mas com cuidado
ao traçar
as memórias com facas eu talho
tenho que enfiar nos campos de traumas
uns espantalho
E quebram destroem maceram atropelam
não escangalho
liquid paper dá pra quebrar um galho
Não dá para apagar
Prazer, meu nome é Mariana
Do rio de janeiro, eu e minha mochila
Que nos bares monta grandes castelos
E neles cochila
Tenho muitíssimos colegas
Para a farra e diversão
Vários amigos
Para um pouco de calma e compreensão
E realmente pouquíssimos companheiros
Que, eu passando por dificuldades
Me estenderiam a mão
Mas a vida social, apenas minha pessoa talha
E a culpa é minha
Eu digo que sou errada, uma falha
Com um coração meio bizarro
Que de sombras, torna-se cada vez mais imundo
Eles dizem que sou apenas diferente
E eu lhes digo:
Não são vocês
É a minha mente
Sou a mestre da auto-sabotagem
"Mas que bobagem!"
Eles dizem
Os sábios
Ou seriam os arrogantes?
Os dotados de inteligencia suprema
Ou os ignorantes?
Enfim
Aproveite a vida
Deixe-se ser pelos vermes comida
Enquanto você se mata
de estudar
trabalhar
E em um segundo estará morta
Memorável
Incontrolável
Não sou estável
Totalmente sem noção
Não sou imaculada
Não quero ser domada
Eu não tenho carro
Não tenho teto
Já dizia a canção
Não tenho dinheiro
Nenhuma congratulação
Ou algum talento esportivo
Nada especial, alguma menção
Não tenho diplomas
Honorários, algo significativo
Além de meu corpo
Virado para a consumação
Para oferecer-lhes
Somente tenho um coração
E alguns brindes
Inusitadas histórias
E as conto decentemente
Muitas de derrotas, algumas de glórias
E, lhes ofereço de peito aberto
Sentimentos que pouco valem
E são ultrapassados
Textos que não são lidos
E são ignorados
Desenhos cuja essência é deixada de lado
E são admirados
Vistos apenas como
Rabiscos
Minha vida rabiscada, incerta
Sem esboço, livre tinta a jorrar
Feita de caneta
Não dá para apagar
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