Toda a sua teorização acerca desta afecção a leva a configurar a melancolia como uma nova estrutura diferenciando-se da neurose, da psicose e da perversão. Além disso, Lambotte apresenta uma forma particular de viver melancólico que deve a partir do nada reorganizar seu mundo como um esteta, para uma possível vida em que o vazio forneça alguns frutos, que não a morte.
O fato de que o reflexo do espelho não pertença a ninguém a não ser pela boavontade de um olhar aprovador foi muito bem compreendido pelo sujeito melancólico, ele que viu congelarem-se frente a seus olhos os traços da imagem materna a ponto de não poder descobrir seus próprios traços
a, pois descobriu a verdade do sujeito precocemente, de que ele é definido por uma ficção. Então, o imaginário que falta ao melancólico é estabelecido por Lambotte (1997) utilizando uma explicação de Lacan (1953): Imaginário remete aqui – primeiro, à relação do sujeito com suas identificações formadoras, é o sentido pleno do termo imagem em análise – em segundo lugar, à relação do sujeito com o real cuja característica é ser ilusório, é a face da função imaginária mais freqüentemente valorizada. (Lacan 1953 apud Lambotte, 1997, p. 209)
). Esta falta de “ancoragem libidinal”(Lambotte, 1997, p. 239) remeteria à problemática narcísica desses sujeitos. Para melhor explicar isso, é importante citar como exemplo a frase de uma paciente de Lambotte que afirma; “Não vejo mais nada” (idem, ibidem). Esta declaração ilustra o efeito de um “olhar-que-não-olha”(Lambotte, 1997, p. 240), e também demonstra como a função do olhar é primordial para a constituição da imagem de si que não foi delimitada através do olhar da mãe no melancólico.
Assim, o melancólico oscilaria entre o retraimento total e a exigência absoluta ao objeto externo que deve adequar-se completamente ao ideal. Como isto é impossível, já que o objeto nunca satisfará o ideal melancólico, a frustração é inevitável.
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