domingo, 17 de setembro de 2023

Azuucar ( rascunho repostado 30)

 Quero cheirar açúcar, pensei. Estou aqui sentado, são 22:26, estou suando frio querendo injetar sacarose na veia. Está em depressão? Me dê a mão, vamos atravessar os portais açucarados, a Candy Land está a dois passos, do paraíso, o paraíso, se tivesse uma droga chamada morte, em que você simplesmente enxerga o nada. Talvez eu tenha ingerido essa droga chamada Morte, porque estou vendo o nada se preenchendo diante dos meus olhos, e ele está descontente, preciso de algo que não coma meus dentes mas alimente minha alma, me alimente, a pulsão oral é o comer do meu corpo todo por dentro, fume maconha, coma doces, fume doces coma estamos deitamos em torpor. Olho para tudo e não vejo cor porque comi muito açúcar nestes últimos dias, sabe, comi um bolo que tinha uma capinha de coisas que nem sei explicar, só sei que fiz pipoca sem ter fome, simplesmente por ansiedade. Estou me coçando, debatendo no chão, minha gata olha para mim e pensa: Um mosquito, e tenta alcançar o mosquito. Uma torta, um pudim, mousse, banana split, e sei que nenhum desses gostos é suficientemente interessante, que foram todos artificialmente moldados, a droga como o gatilho cerebral que faz a engrenagem desejante do corpo querer continuar funcionando, e se eu usar cafeína, e não sacarose, será que consigo resultados melhores? Este é um texto sóbrio, digito com meus dentes pois preciso comer alguma coisa, consumir, máquina de sucção acostumada a receber fluxos, bebo água e mesmo de estômago cheio, tem um buraco negro dentro de mim, talvez seja o ego, o medo do passado, a insegurança do futuro, morte é uma droga, te entorpece e priva dos sentidos, ao mesmo tempo que  te tira de todas as obrigações, morte é uma benção. AZUUUUUUCAR, azul como as ovelhas pintadas de azul celeste celebram a valsa doce da noite, precisamos do tempero entorpecente que nos deixa imbecis ou então enxergamos a vida nessa sobriedade insossa e disjuntiva, quero serotonina na veia, já. Venham, fantasmas materializados a partir da minha vontade, peguem suas seringas e injetem felicidade em mim. Estou esperando. Cadê? Acho que eles esbarraram em um encosto no meio do caminho, cadê o estímulo positivo? Sou um ratinho protestando contra mim mesma, a roda. Eu, ratinho, desci da roda, e estou com uma plaquinha na minha mão, de óculos escuros e postura corcunda, os dizeres na plaquinha: Quero Açúcar! Vou correr, para onde vou, queria correr para longe de mim, mas eu sou rápida e insaciável, não me deixo em paz, olho para minha sombra e tenho inveja dela, que somente acompanha meus movimentos sem dizer nada, e que vai acompanhar até quando a sombra for sombra das cinzas.

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