sábado, 9 de setembro de 2023

Iaiaô

 Ainda há dia (?)

Diante da desesperança,

A conversa

Sem drogas não tanko

Fractal promessa

Vai, sol branco

Deixe que essa

 face da terra fuja

Queime, nada te impeça 

Deixo lá a faca suja 

E as flores-guardanapo 

a despedaçar 

Vale a pena vê-las!

No mar, garfos, no ar 

O cemitério de estrelas 

A morte de dez mil sóis 

Inflamada foz

Se não sorria,

Duvida veloz

Seria o sorriso

Um convite ao abate?

Se vivia,

Ou escondia,

Ou dizia eu não sou nós

Se o nós rui ao manter

Se não tem após

Se pisa num calo

Pra gritar 

não sobrou voz!

Ainda dói!

Eu não esqueço 

E a sanidade mói!

Seria uma glória 

Desatar das memória 

Ainda dói!

Eu não esqueço

Cada passo, o tropeço 

Não impeço 

De andar 

Mas os calo não tardam

Em machucar

Ainda dói. Ainda dói.

E aturde

Confunde, arde

Eu acordo, tá tarde

Me inundo, afundo

Esfrega que sai, e arde

De crítica uma horda

Você coça incomoda 

E ainda peço opinião 

 impeça o torpor 

Procuro por ópio ou trabalho

 Atalhos para gatilhos

Sapiente esforçado espantalho 

Quem cai em golpe, otário?

Olha agora seu saldo bancário

Ando no asfalto ou calcário 

De Manaus a balneário 

Percurso lendário pra quê

Às ondas, o relento 

Em miude, rebento

Viraremos excremento 

Da cabeça, não detento

Melhorar, eu tento 

Mas é muita chuva 

E não sinto!!!?

E não sinto 

E não sintooooo

E não estou atento

A realmente me defender 

De tudo que diz proteger 

De tudo que diz cuidar

A desconfiança extrema 

De quem não quer mais pesar

Não precisa se preocupar 

Se ocupar previamente do meu corpo,

Não, se ocupe do seu

Tempo dinheiro afeto

Aturdido definho e defeco

Tão idoso quanto um feto

Não é sobre agora

É sobre às vezes 

não conseguir mudar

PORQUE AINDA DÓI 

Eu não esqueço, 

E a cada segundo ao nascer

Também tardo a morrer

Desfalecer cai uma parte de mim

Se o calo se destacasse 

Ah eu voaria, aí sim 

Mas ainda dói

E eu não esqueço 

Com isso entorpeço

Pelo sossego peço 

Aínda dói 

Angústia sempre que adormeço 

Me viro sempre do avesso 

E penso 

São nossos percalços

São pés descalços 

 ossos enfileirados 

Carne com confeito

Trabalhe o conceito

Vivência defeito

Ou deu má sorte.

São a abundância da morte

 um grito um corte

São, sinto a doença 

Não pela primeira vez como 

Uma virgem vê um pênis 

Mas pela primeira vez sinto 

A doença em minha cabeça

Porque é algo compartilhado likado

Comentado destacado e salvo

Porque a sanidade é impossível salvar

Se eu fosse sã seria uma vaca

Moraria no mesmo lugar comeria capim 

E esperaria pelo abate iminente será

E me comeriam com desinteresse no jantar

Será que eu seria uma carne de primeira

Um bezerro abatido nos primeiros meses de vida, será?

Será que eu seria uma rosa morta enfeitando altar? Será? Será que outras formas de vida criativa poderiam enfeitar o semblante de morte que me busca cobrir e colonizar? 

Pela primeira vez por todo meu corpo

A doença. O ceticismo e a incapacidade 

Da esperança. O desinteresse.

Sim me viro do avesso.

Talvez desse lado doa menos. 

Ou não.

A ignorância é uma benção. 

O que escapa dela se não for entorpecimento, 

É angústia. 


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