Ainda há dia (?)
Diante da desesperança,
A conversa
Sem drogas não tanko
Fractal promessa
Vai, sol branco
Deixe que essa
face da terra fuja
Queime, nada te impeça
Deixo lá a faca suja
E as flores-guardanapo
a despedaçar
Vale a pena vê-las!
No mar, garfos, no ar
O cemitério de estrelas
A morte de dez mil sóis
Inflamada foz
Se não sorria,
Duvida veloz
Seria o sorriso
Um convite ao abate?
Se vivia,
Ou escondia,
Ou dizia eu não sou nós
Se o nós rui ao manter
Se não tem após
Se pisa num calo
Pra gritar
não sobrou voz!
Ainda dói!
Eu não esqueço
E a sanidade mói!
Seria uma glória
Desatar das memória
Ainda dói!
Eu não esqueço
Cada passo, o tropeço
Não impeço
De andar
Mas os calo não tardam
Em machucar
Ainda dói. Ainda dói.
E aturde
Confunde, arde
Eu acordo, tá tarde
Me inundo, afundo
Esfrega que sai, e arde
De crítica uma horda
Você coça incomoda
E ainda peço opinião
impeça o torpor
Procuro por ópio ou trabalho
Atalhos para gatilhos
Sapiente esforçado espantalho
Quem cai em golpe, otário?
Olha agora seu saldo bancário
Ando no asfalto ou calcário
De Manaus a balneário
Percurso lendário pra quê
Às ondas, o relento
Em miude, rebento
Viraremos excremento
Da cabeça, não detento
Melhorar, eu tento
Mas é muita chuva
E não sinto!!!?
E não sinto
E não sintooooo
E não estou atento
A realmente me defender
De tudo que diz proteger
De tudo que diz cuidar
A desconfiança extrema
De quem não quer mais pesar
Não precisa se preocupar
Se ocupar previamente do meu corpo,
Não, se ocupe do seu
Tempo dinheiro afeto
Aturdido definho e defeco
Tão idoso quanto um feto
Não é sobre agora
É sobre às vezes
não conseguir mudar
PORQUE AINDA DÓI
Eu não esqueço,
E a cada segundo ao nascer
Também tardo a morrer
Desfalecer cai uma parte de mim
Se o calo se destacasse
Ah eu voaria, aí sim
Mas ainda dói
E eu não esqueço
Com isso entorpeço
Pelo sossego peço
Aínda dói
Angústia sempre que adormeço
Me viro sempre do avesso
E penso
São nossos percalços
São pés descalços
ossos enfileirados
Carne com confeito
Trabalhe o conceito
Vivência defeito
Ou deu má sorte.
São a abundância da morte
um grito um corte
São, sinto a doença
Não pela primeira vez como
Uma virgem vê um pênis
Mas pela primeira vez sinto
A doença em minha cabeça
Porque é algo compartilhado likado
Comentado destacado e salvo
Porque a sanidade é impossível salvar
Se eu fosse sã seria uma vaca
Moraria no mesmo lugar comeria capim
E esperaria pelo abate iminente será
E me comeriam com desinteresse no jantar
Será que eu seria uma carne de primeira
Um bezerro abatido nos primeiros meses de vida, será?
Será que eu seria uma rosa morta enfeitando altar? Será? Será que outras formas de vida criativa poderiam enfeitar o semblante de morte que me busca cobrir e colonizar?
Pela primeira vez por todo meu corpo
A doença. O ceticismo e a incapacidade
Da esperança. O desinteresse.
Sim me viro do avesso.
Talvez desse lado doa menos.
Ou não.
A ignorância é uma benção.
O que escapa dela se não for entorpecimento,
É angústia.
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