domingo, 17 de setembro de 2023

mais reflexões ( rascunhos repostados 10)

 é muito importante questionar o status de questionamento da arte racionalizante, uma vez que uma das grandes perguntas suscitadas é:

-Pra que serve esse trabalho?

-Qual é o objetivo disso?

É incrível o caráter engajado do dadaísmo, pois mostra que através da razão , se chega na guerra, na destruição, que essa razão branca fútil burguesa leva a destruição, que o homem ainda não aprendeu a viver com sua espécie.

Como adentrar o tempo especulativo? os ready mades são quase projetos arqueológicos, pegam sucatas , instrumentos, o deixam ''nu'' em uma superfície, e a partir disso podem viajar no tempo, sendo até lançados ao futuro através da literatura, música e afins. 

Saindo dessa experiência com uma firme


convicção de que o inconsciente opera com um tipo

de energia totalmente diverso daquele do consciente -

tentando refazer a realidade segundo seus próprios e

mais extremos desejos em lugar de buscar apreender

racionalmente a estrutura do real como algo fixo e


predeterminado - Breton estava convencido da verda-

de da posição psicanalítica de Freud.

Adoro isso, de novo chegamos a Husserl 

Ao mesmo tempo , seria o universo, então, estático? 

vontade. O encontro


esperado por Breton pode ser com uma pessoa ou com


um objeto: seu caráter será idêntico em ambos os ca-

sos.

E lá vamos nós com Lacan novamente.

Ao afirmar que o dadaísmo tem um quê de se ''levar'' pelo desejo libidinal, é quase como embarcar na pulsão de morte e deixar a sensação perpassar a razão, moldando aleatóriamente mas com uma seta de intencionalidade turva.

O surrealismo é lindo porque lida com o subconsciente, com o tabu, com a manifestação de desejos reprimidos, e ele próprio tem um quê de vodoo, ele impacta e atinge graus profundos da psique até dos espectadores, e sim, existem realidades paralelas, cada vivência é uma narrativa, cada vivência ressalta e pondera acerca de aspectos que lhe sejam atraentes para guiar o sentido de uma vida. 

inconscientes. A emoção de modo algum era de satis-

fação, mas de perturbação, como aquela produzida pela


irritante consciência do fracasso,"?

essa tensão é ótima, é como se botasse a tensão sexual da sexualidade exacerbada do universo pluri estímulo da contemporaneidade e a escrachasse, a deixasse visível através da imagem, a energia psíquica em seu momento mais pressionado, pronto para transbordar e por fim ao sofrimento das amarguras da dor, ódio, e antipatia humanos.

O tempo literal e real é muito interessante, aí chegando em pinturas de Dali e Kahlo, por exemplo, a pintura em que ela se postra entre a fronteira do méxico e eua, extremamente atual, conseguimos sentir o cheiro da fumaça na atmosfera do ápice da industrialização dos isteitis.

Ao fazerem parte do espaço real e, no entanto, es-

tarem de alguma forma alijados deste, a bola suspen-

sa e a meia-lua buscam abrir uma fissura na superfi-

cie contínua da realidade.

Podemos fazer uma alegoria a liberdade, estamos pairando no ar, no oxigenio e as outras misturas gasosas, mas estamos confinados a lei, a liberdade do outro, aos costumes, aos princípios éticos e morais de nossas próprias mentes e do meio, essa é a gaiola. 

Abrir fendas na realidade contínu0a dos espaços e das vivências, é pra isso que eu vivo.


enas a continuidade com a qual os perfis perspectivistas da percepção das coisas passam de um a outro" E. Husserl
o sonho era a pedra de toque da surrealidade,
pois o surreal era como um sonho acordado - um
fragmento do espaço real alterado, pois é criado pelo

desejo daquele que sonha mas se apresenta simulta-
neamente a este como independente de sua vontade,

algo com que ele apenas topou por acaso.
Incrível, é como se no nosso cérebro projetássemos nosso desejo em imagens que alterassem concretamente a realidade, essas experiencias muitas vezes mais vívidas que as impressões do século 19, por exemplo, pois fala sobre o cerne do ser, o velado pondo-se a mostra, é tão vívido quanto quem o projeta, o sonha, etc. É quase como o portal de ativação dessas realidades paralelas, uma vez que, para Descartes, não podemos criar coisas do nada, sempre partimos de parametros.
É interessante que o nome da forma fálica é Objeto Desagradável, como que traçando uma identidade do objeto, o ser-homem percebendo sua característica libidinal animalesca em si como desagradável , mas mais sobre o outro ver a asserção do poder, do falocentrismo, se eu estou ereto , estou afirmando meu lugar de poder , se vejo o outro, é uma afronta a minha condição , por isso regimes autoritários de todas as instâncias (vide exércitos) tendem a ''castrar'' seus subalternos, a castração pode vir de diversas formas, sejam pelo discurso, pelo desprezo social, dentre outros. 
Gosto pois o surrealismo mexe com os sentidos, com a pele, o tátil , a repulsa, mexe com lados que não precisamos racionalizar, e por isso os trabalhos são potentes, esse estranhamento de cara é lindo.
Pelos artistas desse movimento serem, prioritariamente, homens, fico enojada ao ver torsos femininos, esse manequim de Marcel Jean com essas proporções bizarramente idealizadas para a mulher-objeto, sempre que leio um quadro, uma escultura feita por um homem com o nome ''  A mulher'' confesso que fico puta, e estamos falando só com mulheres mesmo  ,então não tem problema. Mulher com a garganta cortada é horrível , é quase a metáfora do século dezenove em que a emancipação feminina estava começando a despontar, e os escritores homens abraçaram o eu lírico feminino apenas para enfia-las de volta ao perfil submisso, impotente, e que diante da ideia caótica da liberdade, preferem se suicidar, nutro uma certa repúdia, em vocábulos populares, ranço.Vontade de quebrar a mulher sem pelos, ingenua, sem braços nem pernas de Magritte. ás vezes a gente funciona na base do amor, ás vezes é só na base do ódio mesmo, porque sem condições.  
De novo o mundo personalizado. Aí está uma coisa legal: Antes mesmo das redes sociais, nós já ''personalizávamos'' nosso mundo de acordo com o Self. As redes sociais só se beneficiam e exacerbam esse aspecto.

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