O sonho é uma caverna de águas e ventos. Se estiver dentro de mim, pode empurrar-me. Ao acordar, eu sou maior que ela. Ao deitar, me domina.
(Carlos Nejar, 1998).
Sonhos. O quão excêntricos estes podem ser? Vamos embarcar pela concepção freudiana do sonho enquanto desejo reprimido, e para além, as projeções e a rica rede de símbolos que são arquitetados para fornecer ao indivíduo as imagens necessárias para que este interprete.
Em seu livro, A interpretação de Sonhos, Freud escreve que “O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”, uma vez que durante o sono o raciocínio permanece latente, mas atravessado por uma série de subjetividades e informações que foram apreendidas, estímulos sentidos no dia, ou talvez memórias, histórias recorrentes que funcionem como ''locais seguros'', como uma noção positiva da neurose, um exemplo, sonhar acerca do contexto erótico: fantasias, desejos deixados de lado... As vivências projetadas como num teatro podem ser tão vívidas que o cérebro produz, em mímese, a serotonina que seria a da sensação de ter seu corpo tocado, visto, etc.
O sonho é o local em que se despem os excessos de informação distribuídas na realidade frenética em que habitamos: por isso a importância de uma noite de sono sem interrupções, luzes, ruídos. Por mais que o sono seja pesado, nós reagimos aos estímulos externos, imagine um homem dormindo, em seu estado de maior vulnerabilidade, e este escuta uma porta fechando de forma abrupta, ou então um copo estilhaçando-se perto de seu local de repouso: o mesmo será ''pescado'' das instâncias mais profundas do sono REM, e adentrando nas águas do Sono Leve. Muitas vezes o cenário externo se interpõe e quando percebe-se, está sonhando com o que se passa ao seu redor.
Garcia-Rosa escreve que “Os sonhos são processos primários que produzem o modelo de experiência e satisfação”, enquanto o rapper novíssimo Edgar cita ''Os sonhos são mais reais que aqui''
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