Para mim é
claro, antes de tudo, que essa teoria busca e estabelece a fonte do conceito "bom" no lugar
errado: o juízo "bom" não provém daqueles aos quais se fez o "bem"! Foram os "bons"
mesmos, isto é, os nobres, poderosos, superiores em posição e pensamento, que sentiram e
estabeleceram a si e a seus atos como bons, ou seja, de primeira ordem, em oposição a tudo
que era baixo, de pensamento baixo, e vulgar e plebeu.
(O direito
senhorial de dar nomes vai tão longe, que nos permitiríamos conceber a própria origem da
linguagem como expressão de poder dos senhores: eles dizem "isto é isto", marcam cada coisa
e acontecimento com um som, como que apropriando-se assim das coisas.)
Mesmo o nosso alemão Gut [bom]: não significaria "o divino"
[den Göttlichen], o homem "de linhagem divina" [göttlichen Geschlechts]? E não seria
idêntico ao nome do povo (originalmente da nobreza), os godos [Goten]? Os motivos para
esta suposição não cabem aqui.
OS DEUSES
Der Got ou Das Got
Os sacerdotes são, como sabemos, os mais terríveis inimigos - por quê? Porque são
os mais impotentes. Na sua impotência, o ódio toma proporções monstruosas e sinistras,
torna-se a coisa mais espiritual e venenosa. Na história universal, os grandes odiadores
sempre foram sacerdotes, também os mais ricos de espírito - comparado ao espírito da
vingança sacerdotal, todo espírito restante empalidece.
Foram os judeus que, com apavorante coerência, ousaram inverter a equação de
valores aristocrática (bom = nobre = poderoso = belo = feliz = caro aos deuses), e com unhas
e dentes (os dentes do ódio mais fundo, o ódio impotente) se apegaram a esta inversão, a
saber, "os miseráveis somente são os bons, apenas os pobres, impotentes, baixos são bons, os
sofredores, necessitados, feios, doentes são os únicos beatos, os únicos abençoados,
unicamente para eles há bem-aventurança - mas vocês, nobres e poderosos, vocês serão por
toda a eternidade os maus, os cruéis, os lascivos, os insaciáveis, os ímpios, serão também
eternamente os desventurados, malditos e danados!...".
Culpa é antecipar uma punição, é o auto-punir.
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