segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Parado aí

Um policial aborda um cara na rua 


Parado aí 

é que te achei bonito andando 

parado fica melhor ainda

pronto, está livre para ir


PARADO AÍ 

ah não mano esse cana de novo não

Me dá seu número.

Desencana, Cana! Taquipariu


PARADO AÍ 

Você tem drogas aí?

Não 

então vamos achar drogas

Vai o cana e o cara na boca

Os traficantes falam que porra é essa

O cara fala eu sei eu sei eu posso explicar


PARADO AÍ 

você não vai embora né 

vou falar que você cometeu desacato a autoridade, cuzão


E eu vou falar que você cometeu desacato com o cidadão

E Abuso de autoridade

Estou indo embora

Não, não faça isso, eu te impeço 

Parado aí 

O policial agarra o corpo do cara e impede que ele ande

Vamo pelo menos fumar esse beck que nóis comprou na boca


PARADO AÍ 

não goza antes de eu gozar

domingo, 17 de setembro de 2023

Adorno e Horkheimer coisa pouca

acreditam que a indústria cultural desempenha as mesmas funções que de um estado fascista e que ela está, assim, na base do totalitarismo moderno ao promover a alienação do homem, entendida como um processo no qual o indivíduo é levado a não meditar sobre si mesmo e sobre a totalidade do meio social circundante, transformando-se com isso em mero joguete, e, afinal, em simples produto alimentador do sistema que o envolve.

Azuucar ( rascunho repostado 30)

 Quero cheirar açúcar, pensei. Estou aqui sentado, são 22:26, estou suando frio querendo injetar sacarose na veia. Está em depressão? Me dê a mão, vamos atravessar os portais açucarados, a Candy Land está a dois passos, do paraíso, o paraíso, se tivesse uma droga chamada morte, em que você simplesmente enxerga o nada. Talvez eu tenha ingerido essa droga chamada Morte, porque estou vendo o nada se preenchendo diante dos meus olhos, e ele está descontente, preciso de algo que não coma meus dentes mas alimente minha alma, me alimente, a pulsão oral é o comer do meu corpo todo por dentro, fume maconha, coma doces, fume doces coma estamos deitamos em torpor. Olho para tudo e não vejo cor porque comi muito açúcar nestes últimos dias, sabe, comi um bolo que tinha uma capinha de coisas que nem sei explicar, só sei que fiz pipoca sem ter fome, simplesmente por ansiedade. Estou me coçando, debatendo no chão, minha gata olha para mim e pensa: Um mosquito, e tenta alcançar o mosquito. Uma torta, um pudim, mousse, banana split, e sei que nenhum desses gostos é suficientemente interessante, que foram todos artificialmente moldados, a droga como o gatilho cerebral que faz a engrenagem desejante do corpo querer continuar funcionando, e se eu usar cafeína, e não sacarose, será que consigo resultados melhores? Este é um texto sóbrio, digito com meus dentes pois preciso comer alguma coisa, consumir, máquina de sucção acostumada a receber fluxos, bebo água e mesmo de estômago cheio, tem um buraco negro dentro de mim, talvez seja o ego, o medo do passado, a insegurança do futuro, morte é uma droga, te entorpece e priva dos sentidos, ao mesmo tempo que  te tira de todas as obrigações, morte é uma benção. AZUUUUUUCAR, azul como as ovelhas pintadas de azul celeste celebram a valsa doce da noite, precisamos do tempero entorpecente que nos deixa imbecis ou então enxergamos a vida nessa sobriedade insossa e disjuntiva, quero serotonina na veia, já. Venham, fantasmas materializados a partir da minha vontade, peguem suas seringas e injetem felicidade em mim. Estou esperando. Cadê? Acho que eles esbarraram em um encosto no meio do caminho, cadê o estímulo positivo? Sou um ratinho protestando contra mim mesma, a roda. Eu, ratinho, desci da roda, e estou com uma plaquinha na minha mão, de óculos escuros e postura corcunda, os dizeres na plaquinha: Quero Açúcar! Vou correr, para onde vou, queria correr para longe de mim, mas eu sou rápida e insaciável, não me deixo em paz, olho para minha sombra e tenho inveja dela, que somente acompanha meus movimentos sem dizer nada, e que vai acompanhar até quando a sombra for sombra das cinzas.

Sou a completude do nada ( rascunho repostado 29)

mesmo nós sendo só 

pessoas

 que não são nada

sempre somos o nada

sou a completude do nada

sou os beijos

confortos e completudes do nada

sou seio que conforta

e a garganta que esmaga 

e a mão que vai na cara

dentre outras coisas que passam por ela

sou cera quente nas visceras

E o entorpecer no fim da tarde

sou o tempo que precisa para renderizar

sou a impaciência

sou  o gozo em uma cara cheia de sangue

e quem é você?

Você é algo

alg-uém

que quero conhecer

O seu nada tem máscara

De tudo 

Que é o fetiche do desconhecido

Me mostre o novo que não existe

um olhar, um cintilar

de dentes brilhosos 

pedras preciosos olhos

estes não as obsidianas frias do outro

mas pedras vulcânicas

a lava escorre por dentre eles

e sua tentativa de conter a própria torrente de líquido mortal

fogo em plasma te consome 

ebulição

não quero que se contenha

mas se atenha

aos fatos

de que somos irresistíveis

já tava com saudades suas, nitch. Saudades ler algumas coisas dele msm ( rascunho repostado 28)

 Para mim é

claro, antes de tudo, que essa teoria busca e estabelece a fonte do conceito "bom" no lugar

errado: o juízo "bom" não provém daqueles aos quais se fez o "bem"! Foram os "bons"

mesmos, isto é, os nobres, poderosos, superiores em posição e pensamento, que sentiram e

estabeleceram a si e a seus atos como bons, ou seja, de primeira ordem, em oposição a tudo

que era baixo, de pensamento baixo, e vulgar e plebeu.



(O direito

senhorial de dar nomes vai tão longe, que nos permitiríamos conceber a própria origem da

linguagem como expressão de poder dos senhores: eles dizem "isto é isto", marcam cada coisa

e acontecimento com um som, como que apropriando-se assim das coisas.)


Mesmo o nosso alemão Gut [bom]: não significaria "o divino"

[den Göttlichen], o homem "de linhagem divina" [göttlichen Geschlechts]? E não seria

idêntico ao nome do povo (originalmente da nobreza), os godos [Goten]? Os motivos para

esta suposição não cabem aqui.

OS DEUSES

Der Got ou Das Got


Os sacerdotes são, como sabemos, os mais terríveis inimigos - por quê? Porque são

os mais impotentes. Na sua impotência, o ódio toma proporções monstruosas e sinistras,

torna-se a coisa mais espiritual e venenosa. Na história universal, os grandes odiadores

sempre foram sacerdotes, também os mais ricos de espírito - comparado ao espírito da

vingança sacerdotal, todo espírito restante empalidece.

Foram os judeus que, com apavorante coerência, ousaram inverter a equação de

valores aristocrática (bom = nobre = poderoso = belo = feliz = caro aos deuses), e com unhas

e dentes (os dentes do ódio mais fundo, o ódio impotente) se apegaram a esta inversão, a

saber, "os miseráveis somente são os bons, apenas os pobres, impotentes, baixos são bons, os

sofredores, necessitados, feios, doentes são os únicos beatos, os únicos abençoados,

unicamente para eles há bem-aventurança - mas vocês, nobres e poderosos, vocês serão por

toda a eternidade os maus, os cruéis, os lascivos, os insaciáveis, os ímpios, serão também

eternamente os desventurados, malditos e danados!...".


Culpa é antecipar uma punição, é o auto-punir.

O melancólico, por Lambotte ( rascunho repostado 27)

 Toda a sua teorização acerca desta afecção a leva a configurar a melancolia como uma nova estrutura diferenciando-se da neurose, da psicose e da perversão. Além disso, Lambotte apresenta uma forma particular de viver melancólico que deve a partir do nada reorganizar seu mundo como um esteta, para uma possível vida em que o vazio forneça alguns frutos, que não a morte.

O fato de que o reflexo do espelho não pertença a ninguém a não ser pela boavontade de um olhar aprovador foi muito bem compreendido pelo sujeito melancólico, ele que viu congelarem-se frente a seus olhos os traços da imagem materna a ponto de não poder descobrir seus próprios traços

a, pois descobriu a verdade do sujeito precocemente, de que ele é definido por uma ficção. Então, o imaginário que falta ao melancólico é estabelecido por Lambotte (1997) utilizando uma explicação de Lacan (1953): Imaginário remete aqui – primeiro, à relação do sujeito com suas identificações formadoras, é o sentido pleno do termo imagem em análise – em segundo lugar, à relação do sujeito com o real cuja característica é ser ilusório, é a face da função imaginária mais freqüentemente valorizada. (Lacan 1953 apud Lambotte, 1997, p. 209)


). Esta falta de “ancoragem libidinal”(Lambotte, 1997, p. 239) remeteria à problemática narcísica desses sujeitos. Para melhor explicar isso, é importante citar como exemplo a frase de uma paciente de Lambotte que afirma; “Não vejo mais nada” (idem, ibidem). Esta declaração ilustra o efeito de um “olhar-que-não-olha”(Lambotte, 1997, p. 240), e também demonstra como a função do olhar é primordial para a constituição da imagem de si que não foi delimitada através do olhar da mãe no melancólico.


Assim, o melancólico oscilaria entre o retraimento total e a exigência absoluta ao objeto externo que deve adequar-se completamente ao ideal. Como isto é impossível, já que o objeto nunca satisfará o ideal melancólico, a frustração é inevitável. 

Bonito ( rascunho repostado 26)


Atravesso os teus versos como a uma multidão aos encontrões a mim,

E cheira-me a suor, a óleos, a actividade humana e mecânica

Nos teus versos, a certa altura não sei se leio ou se vivo,

Não sei se o meu lugar real é no mundo ou nos teus versos,

Não sei se estou aqui, de pé sobre a terra natural,

Ou de cabeça p’ra baixo, pendurado numa espécie de estabelecimento,

No tecto natural da tua inspiração de tropel,

No centro do tecto da tua intensidade inacessível.

Sonho n 472737 esse não é tão legal ( rascunho repostado 25)

Eu era uma mulher com um corte tipo chanel, meio gordinha, de óculos pontudos, e usava um codinome, fui entrevistar o Crivella, junto com meu assistente. A gente foi para um restaurante de comida japonesa, e achei muito estranha a forma que o barman fazia os sushis: ele pegava um punhado muito grande de arroz, e misturava com um creme e ficava misturando essa massa que ficava meio sedosa no ar, e eu nunca tinha visto uma coisa assim antes, mas estava com fome. Perguntei ao Crivella o que ele estava fazendo pelo Rio de Janeiro, e ele disse:
Estamos instalando bases tecnológicas de ponta, e eu passo a não ouvir mais e ficar olhando pro sushi. Até que eu mudo de perspectiva com o assistente da repórter, e quero pegar um sushizinho que está no meu prato, mas olho pra repórter muito puta falando com o Crivella. Aí aparentemente eu nao sei usar os pauzinhos, entao eu fico brincando com o sushi enquanto ela fica só ouvindo, puta.
Até que acaba, e a repórter se transforma no meu ex amigo, o Teti. Aí chego para Teti, olho para as comidas nem tocadas, e falo pra ele
Entao, vamos pegar pra levar né
E ele diz tipo
Nao, nao vamos
e eu digo
mas por que
e ele
porque nao
ele fica desconfortável porque os garcons estao olhando
Na mesa da frente, uma mulher que aparentemente era italiana
deixa quase tudo no seu prato
e eu estava cheio, me lembro de ter comido muito.

Pró aborto texto ( rascunho repostado 24)

Sobre o aborto na argentina

Congratulaciones para nossos hermanos

Olho para eles e penso : Pois é, estamos a anos luz disso.

Porque parte da política Contra-Aborto no Brasil é contra a política de que mulheres tenham relações sexuais em situações casuais, o que mais acontece, teoria e prática são muito diferentes. É muito melhor temos essa relação sexual carregada de insegurança, e quando a gente transa com homens que não conhecemos direito, vai que eles são loucos e furam a camisinha? Vai que a camisinha fura, escorrega, e em menos de um segundo sua vida acaba. Não, ninguém pediu por isso, ninguém queria, mas você está com esse fardo e precisa assumir... seu papel de mãe, abdicar da sua vida para um novo ser, morrer para essa vida indesejada crescer? Pois é. Há aquelas que querem, que acatam, mas precisamos focar nas que não querem, não é um desejo mórbido de matar criancinhas, é prezar sua vida, seu corpo, suas decisões.

Mas dizer isso para a bancada evangélica dói, porque o Senhor prega que a mulher deve ser submissa, só aceitar suas decisões, e sim, todo o peso cai nos ombros da mulher. E o que podemos fazer para evitar isso? Nos entupir de remédios altamente tóxicos, hormônios a toa, com risco de contrair trombose, várias merdas. Para o homem, equivalentemente ''culpado'' ( uma das problemáticas é o sistema da culpa em cima da gravidez indesejada), não há esses mesmos remédios, por, nos testes, terem afirmado que não se adequavam aos efeitos colaterais. 

Pessoas engravidam, pessoas têm libido, pessoas não são as teorias amareladas dos livros, pessoas transam, pessoas são estupradas, pessoas furam camisinhas. Me lembro eu adolescente, depois de me relacionar com fulano A ou fulano B, em vez de me sentir de boas, me sentia paranoica pensando: Será que a camisinha deslizou um centímetro para o lado?

Há pessoas que têm segurança da família e dizem: Te amaremos e amaremos seu filho. Mas há famílias que vão dizer: Vagabunda, foi manchar o nome da família, arruinou sua vida, sempre soubemos que você era dessas coisas, porque há famílias que simplesmente percebem a liberdade sexual de hoje, são reprimidas, e necessitam oprimir e reprimir os entes que exercem a liberdade, para que eles voltem a ser ''do lar''.

Direito ao aborto é direito a liberdade. É direito a dizer: não somos culpados, isso, somos , porque o homem é tão responsável quanto. Somos humanos, falhos, e mesmo com todos os métodos contraceptivos possíveis, foram feitos por humanos. Nunca precisei realizar um aborto clandestino, graças a mim mesma tomando muito cuidado nas relações em que me envolvia, mas tenho amigas que realizaram, preços exorbitantes que liquidaram todas suas economias, e puseram sua saúde em risco.

Cheguei a um ponto a pensar, durante a adolescencia: Prefiro morrer que ficar grávida. 

Por que? Porque se você morrer não vão te culpar por isso.

E isso que nem falei da hipocrisia e o aborto masculino.

Mas diferentemente da morte, a gravidez indesejada, de risco, que vai desestruturar toda a vida de uma pessoa, tem uma solução. É uma solução dura, difícil, dolorosa. Mas é uma solução.

Que nós reivindiquemos nosso direito por ela.

Os sonhos são mais reais que aqui ( rascunho repostado)

O sonho é uma caverna de águas e ventos. Se estiver dentro de mim, pode empurrar-me. Ao acordar, eu sou maior que ela. Ao deitar, me domina.
(Carlos Nejar, 1998).

 Sonhos. O quão excêntricos estes podem ser? Vamos embarcar pela concepção freudiana do sonho enquanto desejo reprimido, e para além, as projeções e a rica rede de símbolos que são arquitetados para fornecer ao indivíduo as imagens necessárias para que este interprete.

Em seu livro,  A interpretação de Sonhos, Freud escreve que “O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”, uma vez que durante o sono o raciocínio permanece latente, mas atravessado por uma série de subjetividades e informações que foram apreendidas, estímulos sentidos no dia, ou talvez memórias, histórias recorrentes que funcionem como ''locais seguros'', como uma noção positiva da neurose, um exemplo, sonhar acerca do contexto erótico: fantasias, desejos deixados de lado... As vivências projetadas como num teatro podem ser tão vívidas que o cérebro produz, em mímese, a serotonina que seria a da sensação de ter seu corpo tocado, visto, etc.

O sonho é o local em que se despem os excessos de informação distribuídas na realidade frenética em que habitamos: por isso a importância de uma noite de sono sem interrupções, luzes, ruídos. Por mais que o sono seja pesado, nós reagimos aos estímulos externos, imagine um homem dormindo, em seu estado de maior vulnerabilidade, e este escuta uma porta fechando de forma abrupta, ou então um copo estilhaçando-se perto de seu local de repouso: o mesmo será ''pescado'' das instâncias mais profundas do sono REM, e adentrando nas águas do Sono Leve. Muitas vezes o cenário externo se interpõe e quando percebe-se, está sonhando com o que se passa ao seu redor.

Garcia-Rosa escreve que “Os sonhos são processos primários que produzem o modelo de experiência e satisfação”, enquanto o rapper novíssimo Edgar cita ''Os sonhos são mais reais que aqui''


Conversa de ouro Kkkkk ( rascunho repostado 23)

vc é daquelas que quando tá na merda gosta de fazer os outros se sentirem um merda para ficar bem, é?
nao
mas é meio uma reacao em cadeia
eu levo os outros pra bad sem querer
pq a minha negatividade é tipo tim
sem fronteiras

Ah, mãe... ( rascunho repostado 22)

Eu te machuquei hoje
Como eu sempre faço
Eu me reclino 
E me fecho
Enquanto você precisa
Se expressar
Eu sei
Eu preciso me desculpar
Pela falta de tato
Por estar cansada
De me esforçar tanto 
Para que nossas relações deem certo
Desculpe 
Pela minha pouca paciência
Estou tentando trabalhar nisso
Você me acha forte
Ás vezes me sinto quebradiça 
Sem ter para onde correr
Não quero te sobrecarregar com meus problemas
Você já tem os seus
Eu sei que você não gosta disso
E que quer contato sempre
Eu adoro sair contigo
E comer sua comida
E ver filmes ao seu lado
Eu amo a sua pessoa
De verdade
Mas estou passando por um momento
Que não consigo me ajudar
Logo
Não consigo te ajudar
Fico aqui, sem ter o que dizer
Apenas... desculpe
Eu sei de seus problemas
Seus traumas
Sua vida não foi fácil
E não é fácil 
Mas tem vezes que eu não consigo 
Lidar
Você quer me confrontar
E perguntar
-O QUE HOUVE
-QUAL O PROBLEMA
-O QUE HÁ DE ERRADO CONTIGO
Eu me retraio
Não funciono assim 
Desculpe por te julgar
Por te confrontar 
Nós somos muito decididas 
Muito diferentes
E eu 
Realmente
Estou tentando melhorar


O que falam de Mariana ps é trash ( rascunho repostado 21)

-A garota estranha ( minha ex sala de escola)
-A garota bizarra e super estranha ( turma antes da minha que continua na escola)
-Essa garota tem o coração muito puro ( minha mãe )
-Desenhista mestre cuca ( um cara do tinder)
-Muito potencial ( Rick)
-Minha prima escreve muito tamo junto priminha ( Lua)
-Eu comeria a peituda la da academia ( Max)
-Eu também (Falcao )
-GAROTA FODA QUE SALVOU O ROLE (Brendo)

Se você quer saber o que é lsd é tipo isso ( rascunho repostado 20)

Usei LSD ontem.
Mas acordo, e acordo aflita. Levanto da cama, não consigo ver que cor está o céu. Se está claro ou escuro, eu não sei.
Parece meio...
Roxo.
Desco da cama, e lembro como ontem foi louco
Imagina se fosse só um sonho, as aventuras que tive ontem.
Vejo gatos e cachorros saindo do meu armário. vindo ao meu encontro.
Vejo um gato preto perto de mim
E penso
ISSO NÃO É REAL
um gatinho magérrimo
Não mia, nada
Ele só é muito magro
E um cachorro também
E eu penso
Não não não
Minha avó não deixa animais aqui em casa
E eu penso
Caralho
Está voltando 
Flashbacks 
Minha avó começa a falar comigo 
E outra amiga
Eu falo com a Bianca
E falo que estamos revivendo uma cena de 2013 
Todos riem da minha cara
Até minha avó fica meio incomodada
E eu volto pro meu quarto
E penso 
Cara bateu a bad
Nao acredito nisso
Veio um flashback e bateu a bad e eu estou delirando
Eu desco da cama, quero tirar todas essas roupas que me sufocam
E tem um casaco amarelo
E ele se embola no meu braco
E eu tento tirar
e nao consigo
e quase me sufoco
Tento puxar
Nao consigo de jeito nenhum me afastar
O casaco se embolou como uma cobra
No meu braco 
E eu tento tirar devagar
Mas nao dá
E no final 
O casaco fala
-Mariana.
E eu penso
CARALHO
Isso é meu pai me segurando pelo braco 
É a voz dele
Eu nao consigo nem olhar para o rosto dele
Será que é ele?
Eu estou alucinando muito
E eu nao consigo muito me comunicar com ele
Porque ele some 
E eu vejo uma casa grande
A minha casa, será?
Ando por ela
Surgem pessoas aleatórias
A casa é limpa
E tem espelhos
E eu penso 
Cara isso é a minha casa
Na imagem de alguém que se drogou
E vem pessoas
Pessoas estranhas, que eu nunca vi na vida
Elas vem falar comigo
E eu digo coisas
E depois eu penso
CARALHO ESTOU FALANDO SOZINHA
Mas embarco na deles 
E olho para as caras estranhas
E tem uma mulher
Que chega para mim
E diz que estou perdida
E ela diz
-Deixa eu te abracar 
E eu a abraco
E EU SINTO O ABRACO
e eu penso
Cara. Isso é real.
E pergunto
-Quem é voce?
-Voce é real?
Ela ri, apresenta outra amiga dela, que me abraca
As duas riem mais e vao embora
E eu fico na dúvida
QUEM ERAM ESSAS PESSOAS?
Eu estou acordada. Falando sozinha. Ok.
Daqui a pouco escuto meu pai falando
E respondo 
-QUE FOI, PAI?
E ele diz:
-Você está tremendo, se debatendo e espumando no chao. 
E nesse momento eu tento falar alguma coisa.
Tento, não consigo.
Minha avó fala:
-Tem que levar para o hospital.
Uma das minhas pessoas imaginárias fala:
-Isso que dá usar LSD.
E eu penso 
Cara, não
Deixa eu ficar aqui
Vai passar, não é nada
Mas nada sai da minha boca
E eu me sinto carregada
Não me lembro de descer o elevador,
Não me lembro de chegar no centro
Naã sei nem se é noite ou dia ainda.
Ele me levanta do chão, minha cabeça pende para trás.
Acordo no aterro do flamengo, em direção ao centro, caminhando ao lado do meu pai.
E ele fala:
-Nunca pensei que você fosse se meter com isso.
E eu consigo escutar e respondo ( ou acho que respondo):
- O que? Usar drogas?
E daí fica tudo colorido e tremulo de novo e não sei mais o que é real e o que não é real.
Caralho.
Blackout.
Estou atravessando a rua com meu suposto pai, olho para ele e seu rosto nao é o do meu pai.
Acho que estou de mãos dadas com ele. 
Meu pai tem uma bolinha de gordura em uma das mãos, e eu penso: Vou segurar no pulso dele
E assim vou ver se é de verdade ou não.
Segurei. Quando fiz isso, senti a bolinha, mas estou achando que isso é minha mente pregando uma peça. Não pode ser o meu pai, não. 
Estou muito louca, no centro, com desconhecidos e seres irreais da minha cabeça.
Quer saber? 
Foda-se.
Eu não vou atravessar a rua.
Eu vou provar que não é real, nada disso é real.
E se for, adeus Mariana.
Eu deito no chão onde os carros passam, e eles subitamente param de passar.
Eu consigo, com as mãos, cavar no concreto, como se fosse terra fofa. 
Cavo o concreto, que se revira, vivo em minhas mãos. 
E lá fico eu 
E falo
Calma
Nada é real
Nada faz sentido
Em um pulo
Eu acordo


ah, amor... ( rascunho repostado 19)


Em nosso palácio, em seu divã... As claraboias deixando que a luz entre, timidamente, as fontes termais deixando a paisagem apropriada para um retrato de meu modelo favorito. Pose para mim. Isso incline a cabeça, troque de lugar esse braço. Você fica muito bonito, assim, me encarando, esmeraldas em seus olhos profundos, e essas sobrancelhas sugestivas. Tudo isso combinado com seu corpo, um conjunto deslumbrante. Estou te passando para a tela delicada, mas nunca vou conseguir transmitir a energia que você emana e que irradia para mim, o calor que percorre meu corpo e quase não deixa que eu conclua a obra. Pincelando com uma mistura de cores o que deveria ser o ouro de seus cabelos, mas parece aqui só um amontoado de amarelos misturados. E as mais belas frutas, na sua frente, que lindas ficaram, cores vivas. Natureza morta contrastando com um modelo desses, um belo quadro. Seria uma pena se estivéssemos em seu quarto, cheirando a cigarros, lençóis amarrotados em cima da cama, papeis amassados por aí, se eu não pintasse de verdade, estou te desenhando com uma caneta bic em uma folha de caderno amassada. Mas tento captar suas emoções, suas feições, tento estabelecer um brilho em seu olhar, dar um semblante nobre. Não tenho tintas, telas, e pinceis, mas tenho papel e caneta, isso que importa. E tenho muito amor para poder expressar, meu fluxo de emoções direcionado para tentar estabelecer um perfil bonito seu. Finge que esse azul da tinta é meu sangue, sinto como se fosse, cada detalhe bem trabalhado minuciosamente. Adoro como a luz do sol reflete em seus fios, reluzentes, lisos, caindo perfeitamente sobre seus ombros. Infelizmente, ao passar isso para o papel, parece que é simplesmente um homem sentado, impaciente... Pronto, acabei, pode se sentir a vontade, bora transar.

Imagina ( rascunho repostado)

estava escalando o everest, e falaram
parabéns
vocês chegaram a zona da morte

cronograma ou como é a rotina de um vampiro ( rascunho repostado 18)

 21- dormir

00h- acordar

00 a 02h - jogar

02 a 06h - animar 

06 a 07h- tocar violão

07h a 08h- animada final 

08 a 15h- dormir

15h- acordar 

16- reunião

18h- jantar alguma coise 

18h30 - agradecer a Satã

*Brinks*

19h- arrumar casa

20h- sair jj

21h- jj

22h30- voltar

23- jantar

00h a 03h- dormir

03 a 05- jogar

05 a 9 - animar


Sequimples ( rascunhos repostados 17)

Nao deveria ser sexo
complexo
cheio de objeções 
capitalismos
compro sexo
ta ali no clipe
em anexo
que diabos de parada simples
por que complexificar 
cópula estúpida animal
ato simplório e banal
todos os mamíferos fazem
todos os aquíferos 
Jorram

Eu trabalhei com isso tinha que tornar produtos interessantes ( rascunho repostado 16)

10-  Leite de Côco Sabor Nordeste, uma alternativa mais saudável para Creme de Leite, presente desde em risotos, molhos, tortas, pudins, e muito mais! #LeiteDeCôco #SaborNordeste #Creme #Sobremesa #Côco


Horrível essa " presente desde"?! Q isso Man


11- Côco Ralado Sabor Nordeste, para você decorar suas sobremesas, uma camada de neve sobre o bolo, um luxo só, sem contar o docinho que acompanha bem quitutes meio amargos! #CôcoRalado #Côco #Decoração #Alimentos #SaborNordeste

Ok esse tá melhor 

12- Confira já o nosso estoque com todo o tipo de guloseimas, itens para customização de sobremesas e pratos salgados, temos tudo que você precisa para realizar divinas refeições e eventos! #Alimentos #Sobremesas #Doces #Chocolates #Balas #Confetes

Divinas 

Não rio das coisas ( rascunhos repostados 15)

Sempre achei estranho o fato de eu não achar nada engraçado. Ou, quase nada. A minha risada é praticamente amenizadora social, em situações constrangedoras, ou sérias demais. É um Ha-ha-ha bem mecânico e sério, que eu praticamente já oficializei como trejeito social. Nem vídeo de pessoas caindo, nem pessoas dizendo coisas engraçadas ou fazendo palhaçadas, nada. Gatos e cachorros são fofos, acho que eu consigo rir quando um cachorro me lambe.

Eu em 2017


minha colega dizendo que blogs sao chatos ( rascunhos repostados 14)


é a estéeeeeee
tic
a
a
aa

desinteressante KJKKK MANO ( rascunhos repostados 14)

você parece totalmente desinteressante
me lembrou meu tio mais novo
real
conversa entre dois gatos
coé
deixa eu continuar lambendo teu cu
não
xo lamber sua orelha
ok vou lamber seu pescoço e seu ombro então
e seu rabo
e seu tronco
sou mt fofinho
ai eu fui lamber os gatos também
lambendo embaixo da sua orelha

BATAILLE DE NOVO

 “a sexualidade é uma experiência que permite ao humano ir além de si mesmo e superar a descontinuidade que condena o ser''

Por isso persegue em toda a narrativa uma busca por equacionar este problema, do erotismo ser pessoal e de ser ao mesmo tempo universal

a morte, o erotismo e a idéia de transcendência. Sendo seu estilo fragmentário, no qual produz uma “condução inacabada”.

A relação entre a morte e a excitação sexual, quando a visão ou a imaginação da morte podem dar aos doentes e aos que a almejam, o desejo de gozo sexual.

O erotismo surge como a concretude do sentimento de continuidade profunda que os seres almejam. O homem busca a substituição do seu isolamento

Toda a atividade do erotismo tem por fim atingir o ser mais íntimo, no ponto onde ficamos sem forças, onde nos enfraquecemos e nos aniquilamos. Sim pulsão de morte.

 Toda realização erótica tem por princípio uma destruição da estrutura do ser fechado. A ação decisiva é o desnudamento, a nudez se opõe ao estado fechado, quer dizer, ao estado de existência descontínua. “É um estado de comunicação que revela a busca de uma continuidade possível do ser além do retrair-se em si mesmo” 

Vou babar ( rascunho repostado 13)

fluxo de pensamento 04930493 vontade de fazer xixi 
mijar é estranho parece que sou um cara com a cara engordurada no bar dizendo vou da um mijao
vou urinar parece um cientista falando, ou um velho mordomo
fazer xixi parece uma crianca
tirar agua do joelho parece um caminhoneiro 
vou inventar uma forma de dizer... vou esvaziar , apenas
imagina se nao fosse urina, fosse vou esvaziar de sangue
ou de semen 
ou de saliva, vou babar ate estarmos todos afogados 

já vi e continuo pensando em você e nada mudou e ainda continuo sem coragem ( rascunhos repostados 12)

HÁAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
VOCÊ NÃO ESTÁ MAIS NAMORANDO
Hah.
Vou chegar, como

sei que em 2015 a gente deixou as paradas meio estranhas
mas estive esperando por ti desde lá
bora?
então bora
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK PQP
AIN EU NÃO QUERIA ESTAR ME TORNANDO MEDROSA
MAS CHEGAR PRO CARA NO OI SUMIDO NÃO COLA
CHEGAR COMO
OI
EU VI QUE TU CURTIU UM BAG MEU
PO
LEMBRA QUE A GENTE ENFIAVA A LINGUA UM NA BOCA DO OUTRO
ERA BOM

dificír ( rascunhos repostados 12)

 todo esse barulho todos os dias

o ar condicionado

a musica nos meus ouvidos

e a que ressoa o alojamento inteiro

a máquina de lavar

o computador

o som de eu digitando no computador

sexo me dá vontade de morrer depois

por que a sociedade e a mídia focam tanto no momento decisivo 

de aniquilação da tensão

 e não no nada que o sucede

Ah eu adoro esse texto ( rascunhos repostados 11)

 Boto meu ouvido em um buraco na parede e escuto:

-Ahhhhhhhhh-

Parece alguém suspirando, sorvendo uma grande quantidade de ar. O som sai afunilado e bizonho.

Boto meu olho no buraco, não vejo nada, só escuridão. O buraco, em uma parede de cobre, vermelhíssima, fria. 

-Tem alguém aí?- Pergunto, agora botando minha boca no orifício circular interessante. Ele é uma geóide, como um planeta terra. Por um segundo penso como é simplificante nosso sistema visual, que apreende a forma disforme e já a enquadra na classificação ''Círculo'', só por não ter cantos. Eu também não tenho cantos e não sou um círculo. 

Começo a cantar junto:

-Ahhhhhhhhhhhh- De forma rítmada, mas ao mesmo tempo acompanhando o torpor da voz que chama do outro lado. 

-Não, você não pode me imitar- Diz a voz do outro lado, obtendo um tom sóbrio, claro, como se fosse um locutor indignado. 

-Qual o problema- Não, - percebo eu, embasbacado- quem é você?

-Prendaaaaaaaaaaaaa- Diz ele, com a mesma voz monótona, entorpecida, os ecos bailando conforme as palavras são pronunciadas.

-Quê? Prenda o que?

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh- Dessa vez parece que ele nunca mais vai parar de pronunciar a anomatopeia, ou seja lá o que ele queira exprimir. 

-PRENDA!

Diz ele, e o canto da parede se desprende, estou despencando de uma altura gigante, mas não vou a lugar algum- 

Paro no ar, indignado, pairando a metros do chão, e digo:

-Mano - Não quero prender nada, não.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH-

Sopra o vento de cima, e quando vejo , estou planando pelo nada escuro em que eu iria cair.

-Desssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss-

Diz o vento, o céu, antes opaco, sem iluminação alguma, um breu negro, agora é magenta. As núvens de algodão azul cristalino passam por mim , tenho vontade de pegar algumas e enfiar no meu bucho vazio, mas um pássaro vem voando em minha direção e diz:

-O que você tem digerido?

Vem um próximo pássaro, tocando um digderidoo. Procuro minha flauta, estava em meu bolso, não sei onde deixei.

-Por que você não sabe onde está sua flauta? Pergunta o segundo pássaro que vem voando a seu lado.

-Por que você não sabe? Pergunta o terceiro, trazendo um ukulele.

-Por que, meus amigos, parece que os sons digestivos de captação de humanos, esganiçados, cerram meus ouvidos e fazem meus olhos sangrar. 

-Aprenda.... Diz um dos pássaros.

-Desprenda.... Diz outro dos pássaros.

-Desperta! Se o pássaro tivesse dedos, ele piscaria na frente de meus olhos, mas não os tendo, ele simplesmente me olhou fixo, e acordei. 

-Sonhei que...  que estava num labirinto... me diziam para aprender... 

Estou em uma tigela, cheia de leite. O leite não tem cheiro, gosto, parece uma ilusão de seda de longe, acho que meus trompetes falam mais alto que as rachaduras dos pratos, é uma competição injusta, estou me arrastando, dançando sentado no prato, na tigela, e vejo muitos conhecidos desconhecidos com rostos que um dia talvez tenham sido familiares, todos eles são eu e eu sou todos eles. 

Em um ballet mágico, todos nós, nus, sentados, uns com cabelo nos olhos, os rostos voltados para baixo, os braços dados, rodamos para a esquerda e direita, lentamente.

Nos movimentamos em círculo, nesse labirinto, para onde estamos indo, penso? Eu acordei, penso? Será que transito ou estou em transe?

Se um dos corpos dopados enigmáticos do local pudesse dizer alguma coisa, decerto diria:

-Shhhh, passando os dedos ensopados de leite pelos lábios. 

Mas eu- penso- queria saber- E quando menos percebo, estou de olhos fechados, dançando um ballet calmo, um colega segura meu braço esquerdo e o gira por trás de sua cabeça , sem que eu precise realizar nenhum esforço. Acho engraçado. Quando, penso eu, chegaremos?

O eu do futuro chega para mim, vestindo uma máscara de metal na metade de seu rosto, o olho mecânico, porque é uma referência ao exterminador do futuro. 

-Você quer chegar? você chega quando você morre, sei lá. Ou talvez você comece algo realmente quando você morre. Morrer é seu melhor projeto, esse sim vai dar certo. Todos os outros contatos, vivências são tão efêmeros quando o sopro......

Sopra o vento do -AAAAAAAAAAAaaaaahh de novo.

Vejo meus colegas dançando na sopa de líquido branco abaixo, entorpecidos e inebriados na tigela. Parecem estar se divertindo. 

Um pássaro passa ao meu lado e pergunta: 

-Então, o que te faz não cair?

-Digo uma série de fatores e áreas de interesse.

-Comece a estudar a partir daí. 

-O quê? Você não vai me acorrentar didaticamente?

-Claro que não, seja interdisciplinar.

-Que lindo, penso eu. Onde avalio o senhor?

-Aqui, cinco estrelas por favor. Se avaliar cinco vezes, ganha cupom no Ifood.

-Como pensar o ser? 

-Sei lá, pensa o que você não quer ser. Cuidado com seu SuperEgo. E com a questão central dessa budega toda. 

-Qual?

O pássaro some, caio em um imenso labirinto verde. E uma pessoa chega a meu lado, cumprimento-na e penso: O que estamos fazendo aqui?

A pessoa me ignora. Olhe para mim, ao menos, penso.

Entramos pelo portão, com essa incrível cúpula verde, videiras frondosas com cachos de uvas exalando sua fragância frutada pelos dutos de nossas narinas, cheiramos.

Sento no chão, na entrada de algum lugar que parece esse labirinto.

-O que fazer então? Pergunto eu.

Você pensa. Somos conhecidos, amigos, amantes, noivos, casados, almas gêmeas, um ser só, cansados um do outro, divorciados, somos insensíveis um ao outro, somos completos estranhos. No correr de um minuto, nem aguento mais ver seu rosto, seus defeitos, e não sei se é porque em você enxergo tudo que não gosto em mim. 

-Vamos... comer as uvas? você pergunta, com a dúvida em seus olhos.

-Caíremos do Éden quando fizermos isso? Pergunto eu.

-Não, mas parece uma espécie de comunhão. 

-Sei lá, começo eu- Por algum lugar aqui deve estar Dionísio, vamos bater um papinho com ele.

Entramos no labirinto, o chão, que antes era úmido , escuro e macio, agora torna-se arenoso e poeirento.

-Onde está a água para umidificar nossos lábios, esses cheios de rachaduras? 

-Boa pergunta, digo eu com a mão em frente da cara, enquanto um sol roxo tenta nos tostar. Olhamos para os lados, não há sombras. 

-Humano número dois- Me chama meu amigo. 

-Diga, Humano número um.

-Não sei se conseguirei seguir sob o sol por todo esse tempo. 

-Não tem problema, fique na minha sombra. 

Fiquei em pé, no meio das areias verde limão do labirinto, sendo tostado constantemente, bolhas se abrindo em minha mão. Começo a dormir em pé , estou cansado. 

Estou cochilando, quando acordo, estou com pequenos ferimentos nos braços, abaixo das axilas, atrás dos joelhos, brotoejas, calombos e tudo me deixa extremamente desconfortável. O Humano número um preferiu seguir seu caminho só, sem me avisar.

Vejo uma cobra se aproximando de mim. Penso que, se me movimentar em silêncio, posso confundir a cobra. Deito no chão, a parte da frente de meu tronco protegida pela minha roupa, e começo a me contorcer e balançar de forma análoga a cobra, e busco não olhar em seus olhos. Por que, cobra? pergunto eu a mim mesmo- por que você aparece no meu caminho, você quer me dizer alguma coisa? Talvez ela não queira dizer nada. O bom da vida é não querer, e caçar uns ratinhos de vez em quando. Não sei, comer ratinhos crus, sem nem um temperinho? Será que o ruim da vida é a gente ter inventado um monte de engenhocas e ficarmos frescos com comida?

Queria ter assistido a mais Á prova de tudo. Mas, aparentemente, não estava pronto pra isso. Será que algum de nós, um dia, estaria, talvez, pronto para esse labirinto?

Eu nem sei onde estou.

A cobra abre sua boca, dou uma breve espiada para ver se consigo achar o coelho da Alice.

Vejo os maxilares se projetando, com as presas lindamente arquitetadas pela natureza para darem o bote, e faz um som sibilante com a boca.

Se aproxima do meu corpo rastejante, e anda em paralelo comigo por alguns quilômetros. A cobra, minha amiga. Para quê ser encantador dela, se posso simplesmente trocar de peles tanto quanto ela? Andar a espreita, sem fazer muito barulho tanto quanto ela? Talvez seja sobre fazer silêncio.

O sol está escaldante, e lembro que iniciei isso querendo aprender alguma coisa. Talvez aprender a chorar.

Enfilero pedrinhas no deserto, talvez eu seja um exímio professor. A cobra se vai com o vento, pronta para as próximas andanças.

-Olá alunos- digo eu, meio alucinante- Hoje vou ensinar-lhes a chorar.

Primeiro- digo eu- vocês tiram toda a roupa. Tiro minha camisa esfarrapada, meus coturnos feitos do couro de algum boi perdido no passado. 

As pedras não têm roupa, então ficam só esperando o próximo passo. 

As roupas têm cheiro de suor e cecê, que bom que são pedras, não precisam ser expostas a isso. Mas são boas roupas, resistentes. 

Agora, vocês tentam ativar os dutos lacrimais, se lembrar de algo realmente doloroso de suas vidas, ou só tentem se comover com a existência.

Eu forço os dutos lacrimais por uns minutos, percebo que não consigo chorar, abro um buraco na areia do deserto, e deito lá. Cubro o teto, e quando vejo estou soterrado na areia. Os grãos caem nos meus olhos, no meu cabelo , nos meus bolsos, nas minhas orelhas, vejam alunos, - digo eu- areia caindo em minha boca- Isto é drama! Ou teatro! Ou vida! Ou perfomance! Só não continuei a falar, porque a areia entrava em minha boca e estava me deixando sem ar.

Os alunos observam, estáticos. Estão aprendendo, decerto, penso.

 Cansei, me debato todo para sair do buraco que eu mesmo cavei. -Pedras, chamo eu- digam alguma coisa!

As pedras permanecem estáticas. 

Saio do buraco, ávido, desnutrito, um tanto melancólico. Olho para uma pedra, e está escorrendo uma pequena gota d'água, logo do meio da pedra, para baixo. Ela se solidifica em pedra cintilante, brilhante, cinza, talvez seja opaca, e o brilho seja só o reflexo do fogo violeta do sol. 

Tento pegar a pérola recompensa, mas ela está colada no chão. Faço força para tirar a pedra do chão, não consigo. Talvez ela não queira ser levantada. Cai outra roliça gota de água do meio da mesma pedra, e me sinto como o Bidu, da turma da Mônica, falando com as pedras. 

De súbito, as pedras se amontoam ao meu redor e cantam ''Eu tomei meus remédios e fico feliz o tempo todo''! E percebo que é hora de seguir em frente. Me ensine alguma coisa, vida, penso eu.

O céu se abre, e uma enorme língua cósmica feita de poeira cósmica se contorce conforme fala:

-Ué, estou te ensinando. Você fez uma pedra chorar, parabéns. Já pode ensinar isso a pessoas e bichos.

- Qual a serventia, céu?

-Sei lá, olha pra mim. Eu nem existo, eu sou só camadas de gás que vão amenizando em tons de azul mais claro o negro purpúreo do universo, eu sou só gases acumulados, tem um céu dentro do que você chama estômago. Mas dá para respirar melhor no ''meu céu'', isso porquê eu não tenho um estômago.

Será, penso eu, que o céu , então , não teria um estômago?

Acordo na maca do hospital, tudo branco gelo ao meu redor, eletrodos presos a meu cérebro.

-É uma ameaça a didática do século vinte e um.. Comentam as enfermeiras ao redor.

-Ouvi falar que ele nunca leu um livro sobre didática...

-Botem em prática a minha vida, então, a teoria de lançar alguém pela janela. Lhes garanto que a adrenalina sentida em despencar em direção ao nada é muito potente para despertar para o saber.

-Dopamos ele novamente?- Pergunta a enfermeira, fatigada, olheiras fundas despencando de seus olhos, o uniforme com cheiro de guardado molhado, uma delícia. 

-Vamos todos- A enfermeira pega a agulha e injeta nela mesma, achando graça .

Símbolos ok isso é foda (rascunhos respostados 11)

 a palavra ''simbolizao'' provém do grego ''symbolón, sinal de reconhecimento , aludindo a ''um objeto dividido em dois entre dois indivíduos. Cada indivíduo retinha uma metade. após uma longausencia, um deles apresentaria sua metade e, se ela correspondesse a outra metade que o indivíduo possuía, isso colocaria em evidencia um vínculo entre os dois.'  Di Cegli

mais reflexões ( rascunhos repostados 10)

 é muito importante questionar o status de questionamento da arte racionalizante, uma vez que uma das grandes perguntas suscitadas é:

-Pra que serve esse trabalho?

-Qual é o objetivo disso?

É incrível o caráter engajado do dadaísmo, pois mostra que através da razão , se chega na guerra, na destruição, que essa razão branca fútil burguesa leva a destruição, que o homem ainda não aprendeu a viver com sua espécie.

Como adentrar o tempo especulativo? os ready mades são quase projetos arqueológicos, pegam sucatas , instrumentos, o deixam ''nu'' em uma superfície, e a partir disso podem viajar no tempo, sendo até lançados ao futuro através da literatura, música e afins. 

Saindo dessa experiência com uma firme


convicção de que o inconsciente opera com um tipo

de energia totalmente diverso daquele do consciente -

tentando refazer a realidade segundo seus próprios e

mais extremos desejos em lugar de buscar apreender

racionalmente a estrutura do real como algo fixo e


predeterminado - Breton estava convencido da verda-

de da posição psicanalítica de Freud.

Adoro isso, de novo chegamos a Husserl 

Ao mesmo tempo , seria o universo, então, estático? 

vontade. O encontro


esperado por Breton pode ser com uma pessoa ou com


um objeto: seu caráter será idêntico em ambos os ca-

sos.

E lá vamos nós com Lacan novamente.

Ao afirmar que o dadaísmo tem um quê de se ''levar'' pelo desejo libidinal, é quase como embarcar na pulsão de morte e deixar a sensação perpassar a razão, moldando aleatóriamente mas com uma seta de intencionalidade turva.

O surrealismo é lindo porque lida com o subconsciente, com o tabu, com a manifestação de desejos reprimidos, e ele próprio tem um quê de vodoo, ele impacta e atinge graus profundos da psique até dos espectadores, e sim, existem realidades paralelas, cada vivência é uma narrativa, cada vivência ressalta e pondera acerca de aspectos que lhe sejam atraentes para guiar o sentido de uma vida. 

inconscientes. A emoção de modo algum era de satis-

fação, mas de perturbação, como aquela produzida pela


irritante consciência do fracasso,"?

essa tensão é ótima, é como se botasse a tensão sexual da sexualidade exacerbada do universo pluri estímulo da contemporaneidade e a escrachasse, a deixasse visível através da imagem, a energia psíquica em seu momento mais pressionado, pronto para transbordar e por fim ao sofrimento das amarguras da dor, ódio, e antipatia humanos.

O tempo literal e real é muito interessante, aí chegando em pinturas de Dali e Kahlo, por exemplo, a pintura em que ela se postra entre a fronteira do méxico e eua, extremamente atual, conseguimos sentir o cheiro da fumaça na atmosfera do ápice da industrialização dos isteitis.

Ao fazerem parte do espaço real e, no entanto, es-

tarem de alguma forma alijados deste, a bola suspen-

sa e a meia-lua buscam abrir uma fissura na superfi-

cie contínua da realidade.

Podemos fazer uma alegoria a liberdade, estamos pairando no ar, no oxigenio e as outras misturas gasosas, mas estamos confinados a lei, a liberdade do outro, aos costumes, aos princípios éticos e morais de nossas próprias mentes e do meio, essa é a gaiola. 

Abrir fendas na realidade contínu0a dos espaços e das vivências, é pra isso que eu vivo.


enas a continuidade com a qual os perfis perspectivistas da percepção das coisas passam de um a outro" E. Husserl
o sonho era a pedra de toque da surrealidade,
pois o surreal era como um sonho acordado - um
fragmento do espaço real alterado, pois é criado pelo

desejo daquele que sonha mas se apresenta simulta-
neamente a este como independente de sua vontade,

algo com que ele apenas topou por acaso.
Incrível, é como se no nosso cérebro projetássemos nosso desejo em imagens que alterassem concretamente a realidade, essas experiencias muitas vezes mais vívidas que as impressões do século 19, por exemplo, pois fala sobre o cerne do ser, o velado pondo-se a mostra, é tão vívido quanto quem o projeta, o sonha, etc. É quase como o portal de ativação dessas realidades paralelas, uma vez que, para Descartes, não podemos criar coisas do nada, sempre partimos de parametros.
É interessante que o nome da forma fálica é Objeto Desagradável, como que traçando uma identidade do objeto, o ser-homem percebendo sua característica libidinal animalesca em si como desagradável , mas mais sobre o outro ver a asserção do poder, do falocentrismo, se eu estou ereto , estou afirmando meu lugar de poder , se vejo o outro, é uma afronta a minha condição , por isso regimes autoritários de todas as instâncias (vide exércitos) tendem a ''castrar'' seus subalternos, a castração pode vir de diversas formas, sejam pelo discurso, pelo desprezo social, dentre outros. 
Gosto pois o surrealismo mexe com os sentidos, com a pele, o tátil , a repulsa, mexe com lados que não precisamos racionalizar, e por isso os trabalhos são potentes, esse estranhamento de cara é lindo.
Pelos artistas desse movimento serem, prioritariamente, homens, fico enojada ao ver torsos femininos, esse manequim de Marcel Jean com essas proporções bizarramente idealizadas para a mulher-objeto, sempre que leio um quadro, uma escultura feita por um homem com o nome ''  A mulher'' confesso que fico puta, e estamos falando só com mulheres mesmo  ,então não tem problema. Mulher com a garganta cortada é horrível , é quase a metáfora do século dezenove em que a emancipação feminina estava começando a despontar, e os escritores homens abraçaram o eu lírico feminino apenas para enfia-las de volta ao perfil submisso, impotente, e que diante da ideia caótica da liberdade, preferem se suicidar, nutro uma certa repúdia, em vocábulos populares, ranço.Vontade de quebrar a mulher sem pelos, ingenua, sem braços nem pernas de Magritte. ás vezes a gente funciona na base do amor, ás vezes é só na base do ódio mesmo, porque sem condições.  
De novo o mundo personalizado. Aí está uma coisa legal: Antes mesmo das redes sociais, nós já ''personalizávamos'' nosso mundo de acordo com o Self. As redes sociais só se beneficiam e exacerbam esse aspecto.

fluxo de pensamento 04390439 ( rascunho repostado 6)

vontade de fazer xixi
e quero continuar escrevendo pra pensar ate onde eu vou
e pensando levanta logo e vai a

Rascunho da publicação da revista entrevista c mi prime linde perfeito Zeza ( rascunhos repostados)

Não importa contradição
O que importa é televisão
Dizem que não há nada que você não se acostume

Cala a boca e aumenta o volume, então 

Zeza inicia falando enquanto criança viada: durante toda a pandemia Zeza relata que falou três vezes com seu pai, que é conservador, proveniente do interior de Douradinho, Goiás. "As pessoas veem as coisas com [paradinha do cavalo] e não consegue tecer um panorama macro, uma tentativa de entender o que realmente se passa na esfera contemporânea. Comecei a compor, a escrever, a cantar, atuar, montar suas cenas desde os oito anos de idade.

Eu cresci ouvindo "você não vai ser nada na vida, só seus primos vão ser." Meu pai nunca violentou minha mãe, mas cresci em um lar de muita violência psicológica.

Como foi a transição para a camera?

referencias balão mágico, via jaizinho, uma criança preta apresentando um programa na Rede Globo, e desejava estar em seu lugar. 

A televisão foi o que formou Zeza enquanto artista: Assistindo ás novelas, entrou em contato com a interpretação, sua família não o levava ao teatro, então o aparato auxiliou Zeza em sua formação cultural. Graças a Deus temos Pablo Vittar, se eu tivesse contato com uma artista assim na minha época, sinto que seria outro artista. Linn da quebrada, Linniker... 

Bicha nasceu de uma oficina de poesia de Marcelino Freire, existe um festival de Manaus intitulado Breve Cenas de Teatro trazendo artistas do Brasil inteiro: Este ano, por se tratar da pandemia, o mesmo aconteceu durante a pandemia, e a proposta era : cenas de teatro em formato de áudio, e para mim isto foi um grande achado enquanto artista preto, LGBTQ+, durante a pandemia de COVID. Fiquei surpreso ao ter passado para o extremamente concorrido edital: E assim fui chamado para outros festivais. 

"Se eu transformar isto em audiovisual, já tendo o áudio, poderia ir para outros lugares. Esse formato de fazer as coisas em casa é o que está rolando. Foi o que aconteceu: Bicha, por conta disso, passou em festivais de teatro em Santos, no Rio, e agora no mês da consciência negra, está indo para um festival do Rio Grande do Sul, e está mudando a minha vida. Sou do teatro mas meu primeiro ímpeto é a escrita, a música, trago o teatro para a música, a música para o teatro, e agora para o audiovisual. 

"Teatro me traz este lugar, perceber minha arte com panorama mais amplo. Penso em trabalhar a multi-linguagem, para além do acompanhar os tempos musicais. Sempre gostei de trabalhar o espetáculo, a cena, o teatro tem um papel de humanizar: precisamos trabalhar nossa empatia para tecer uma cena.

Durante a pandemia, Zeza começou a fazer lives montado de sua Drag Queen, como processo de aproximação ás pessoas e o processo de libertação e encontro ao lado feminino e o não-binarismo. As ferramentas impostas ás mulheres podem ser ressignifcadas em lugares de empoderamento, pois a sociedade diz para não usarmos isso. Por que os LGBTQ+ são tão discriminados? Como assim vocês estão abrindo mão de todos os privilégios imbuídos?

Já tinha familiaridade com a câmera, tinha um lugar de conforto, depois de muito treino. O teatro, as artes cênicas são um trabalho como outro qualquer: o texto, a gestualidade, o decorar e viver a cena, mergulhar na realidade passada. Vemos na tela, hoje e sempre, um Brasil embranquecido: as novelas que chegam ao estrangeiro são protagonizadas por pessoas brancas, e ainda hoje a abertura para pessoas pretas é ínfima. 

Nós somos o país que mais mata LGBTQ+ no mundo. A questão da violência LGBTQ+ tem em seu cerne, também, a misoginia, a mulher como o ser profano, que traz a perdição, ou seja, você quer se botar no ''papel mulher'', então vamos te desconsiderar e violentar em igual proporção. 

"A mãe de meu pai morreu com cinco anos de idade, ele veio para o rio em um caminhão, escondido. Ele foi posto em um internato, onde alimentavam ele com casca de batata. Teve uma vida extremamente sofrida. Ele fala mal da gente porque ele nos classifica como algo menor, o que é uma pena, porque eu sempre tentei estabelecer amizade com ele. 

Quando falei para minha mãe que era gay, minha mãe disse: Eu sei , tudo bem, mas não traga isso para dentro de casa. É somente a minha vida, que não posso trazer para dentro de casa. Estou namorando há dois anos.

Onde somos bem vistos.

As referências do teatro

Zeza teve como referência para o curta o espetáculo Angels in America da companhia Armazém Companhia de Teatro, diretor Paulo de Moraes, autoria de Tony kushnir, um clássico da cultura americana, se passa no meio dos anos 80, durante a epidemia da Aids: A peça mostra a vida destes personagens e como eles lidaram com a situação. Zeza arrisca dizer, nós nos construimos a partir do padrão heteronormativo, e a partir deste personagem passei a me entender como pessoa não-binária, e que entendeu o quanto gostava de utilizar e vestir roupas de sua mãe. 

Gretchen, Jorge Lafon, uma bicha preta de dois metros de altura, as figuras LGBTQ+, no passado eram vistas com escárnio, como troça. Lorna Washington, uma drag cantora, Anitta trazendo a questão da liberdade sexual no Brasil. As figuras televisivas exercem enorme influência no artista: "Queria ser a Gretchen, dançando no banheiro, longe dos olhares julgadores da família.

Como você descreveria a vivência de dançar no banheiro e como passou a mesma para a cena?

Dançar no banheiro era o que eu sentia quem eu poderia ser, enquanto fora eu não poderia ser. Meu universo era muito maior naquele espaço: Foi muito divertido ter executado este processo, o banheiro era diferente do que eu tinha em casa, tenho esse chuveirinho, posso utiliza-lo de microfone, foi muito investigativo pensar como meu corpo funcionaria naquele ambiente inóspito em que as pessoas defecam, e que isso pode ser utilizado como adubo, como potência: É vida, é transformação. Há a plateia, a descarga, era meu programa de auditório... Eu queria estar dentro da televisão, era um sonho de criança. Agora deixo a porta do banheiro aberta.

"Parei de procurar a aprovação das pessoas. Eu vim do analógico "

Por que Zeza botou a estética analógica? O artista estava procurando formas de estabelecer o Analógico, e a forma que lhe interessou foi um filtro de Instagram. "Era neste tipo de televisão que eu via estas informações, na década de 80, via Xuxa, Gretchen, Chacrinha. Minha família vê muita televisão.

Zeza relata que depois que esteve na universidade, na ESPM, onde cursou Marketing e Comunicação Social, começou a conviver com pessoas de condição abastada, e ainda relatava o quão difícil foi estar enquanto corpo preto: "Não tinha grana para festa, para ir para barzinho depois da aula..." 


A gente é silenciado o tempo todo. Nos perguntam "Pra que levantar bandeira?" A gente já nasce com a negativa. "Não exista, não pode ser..." então precisamos trazer o aposto. É chato o lugar Vou lançar um disco, estou trabalhndo com quatro produtores incríveis, está saindo um trabalho de qualidade. 

A galera conservadora é assim: eles querem conservar o habitat deles, tudo que lhes é novo é repudiado, porque ameaça a geração deles. Minha geração é extremamente retrógrada. Minha irmã, por exemplo, alisa o cabelo até hoje, 

Somos criados em um ambiente

Teve um momento da minha vida, depois de eu me separar do meu ex-marido, e precisei voltar para a casa dos meus pais. Foi engraçado perceber como tratavam o meu sobrinho, Mateus. Espero que ele tenha, assim como tive, o despertar. Teve um momento que me proibiram de estudar com ele, e sempre tentei entender.

Como foi a escolha das cenas para o curta?

Tiveram muitas outras cenas que ficaram de fora: essa cena me traz uma perspectiva da alienação que quer apagar nossos corpos e subjetividades: o que é este culto de um homem chamado "Messias", proferindo profecias... Penso nesses corpos dançantes como minha família, a padronização do pensamento que a televisão traz, podemos denominar como um gado mesmo, essa uniformização.

Na letra, o que você estava pensando quando compôs o verso a Água, o Vinho e o Pão?

É essa coisa mais religiosa, cristã, quis fazer essa alusão a este ambiente cristão, minha mãe é evangélica mas nunca nos obrigou a ir a igreja, transformar a água em vinho, a água enquanto transparência, o vinho como Dionísio, e o Pão, o corpo. Vivemos em uma sociedade cujos hábitos, a forma de conceber a realidade é muito cristã.

Diante dos olhos, todas as cores, ilusão, tudo se dissolve, diversidade, união: Zeza sugere: as coisas são efêmeras. O artista engloba uma questão em Nietzsche, em "Quem falou Zaratrustra": um quê ligeiramente nilista, essa condição moralizante, em que o bom pode ser ruim e vice-versa, é finda, os tempos de agora podem ser os de outrora.

Este corpo observando a televisão analógica é uma criança

E, além de seu desenvolvimento e despontar na cena Audiovisual, Zeza vem trabalhando na concepção de seu álbum de estreia: Bicha Mandingueira. O mesmo trata-se de uma colagem sonora com pegada de eletrônica, samba de roda baiana, misturas, no qual o mesmo dialoga sobre ancestralidade, agrada e tem o profano, com uma pegada de erotismo, vai ficar pronto em dezembro, e será lançado em junho do ano que vem. 

Sobre a questão política: 

Surgir um Bolsonaro, não me surpreende. A sociedade galopa para isso, sempre vivi com um Bolsonaro dentro de casa. Existe um lugar dessa instância que aprisiona, nega o sexo, inibe o sentir: Não damos conta que respiramos, o ar entrando e saindo: Vivemos ou no passado, traumas, ou no futuro, nas ansiedades, e não vivemos o aqui e agora: A natureza em sua essência. Meditação me ajuda muito, trouxe para mim um conhecimento, uma vivência e experiência absurdos. Em uma árvore não existe uma folha igual a outra, e nós a derrubamos, queremos padronizar e uniformizar tudo: Por mais que leiamos, vivemos neste ambiente extremamente tóxico.

sou do candomblé, falo sobre iemanjá


Quem eu sou 1 e quem eu sou 2 e eu não sou mais nada disso hoje também (rascunhos repostados 9)

 Prazer, não sei o que é mais

Mas te conhecer me apraz. 

Meu nome é ino -minável 

como a noite intragável

Pelos ralos, abominável

Que nos bares não mais destila

a dor e amargor que aniquila

Mas ainda dilata pupila

Tenho pouquíssimos colegas

alguns indadou uns pegas

Os de farra e festa pó ilusão

voaram na imensidão 

do cronológico abismo

Tiquititos amigos que conto nos dedos

 partilho meus medos

Nessa sem segredos

Se brigo, cedo, já é tarde

Se grita contorce sou abrigo

pimenta em qualquer olho arde

e cachorro violentado morde

Não tem culpa de ninguém

É só um céu ciano sereno

diante das falhas humanas

Somos violência, vício e vaidade

O egoísmo não está preso a uma só identidade

não fazer do pensamento mortalha

não é luta que vence batalha

não é derrota e joga a toalha

mesmo com cara cínica

e modus operandi clínico, único

estranhe diante de si

Não tenho nada a oferecer 

somente o embarcar

em uma jornada que 

não, não vou me enforcar

embora sinta desejo

dessa vida sem sentido sem fundo

Essa vida incerta inssossa 

deserta, mas não deser-tada

feita de caneta, mas com cuidado

ao traçar

as memórias com facas eu talho

tenho que enfiar nos campos de traumas

uns espantalho

E quebram destroem maceram atropelam

não escangalho

liquid paper dá pra quebrar um galho

Não dá para apagar

Prazer, meu nome é Mariana
Do rio de janeiro, eu e minha mochila
Que nos bares monta grandes castelos
E neles cochila
Tenho muitíssimos colegas
Para a farra e diversão 
Vários amigos
Para um pouco de calma e compreensão
E realmente pouquíssimos companheiros
Que, eu passando por dificuldades
Me estenderiam a mão
Mas a vida social, apenas minha pessoa talha
E a culpa é minha  
Eu digo que sou errada, uma falha
Com um coração meio bizarro
Que de sombras, torna-se cada vez mais imundo
Eles dizem que sou apenas diferente
E eu lhes digo:
Não são vocês
É a minha mente
Sou a mestre da auto-sabotagem
"Mas que bobagem!"
Eles dizem
Os sábios 
Ou seriam os arrogantes?
Os dotados de inteligencia suprema
Ou os ignorantes?
Enfim
Aproveite a vida 
Deixe-se ser pelos vermes comida
Enquanto você se mata
de estudar
trabalhar
E em um segundo estará morta
Memorável
Incontrolável
Não sou estável
Totalmente sem noção 
Não sou imaculada
Não quero ser domada
Eu não tenho carro
Não tenho teto
Já dizia a canção
Não tenho dinheiro
Nenhuma congratulação 
Ou algum talento esportivo
Nada especial, alguma menção
Não tenho diplomas
Honorários, algo significativo
Além de meu corpo 
Virado para a consumação
Para oferecer-lhes 
Somente tenho um coração
E alguns brindes
Inusitadas histórias 
E as conto decentemente
Muitas de derrotas, algumas de glórias
E, lhes ofereço de peito aberto
Sentimentos que pouco valem
E são ultrapassados
Textos que não são lidos
E são ignorados
Desenhos cuja essência é deixada de lado
E são admirados
Vistos apenas como 
Rabiscos
Minha vida rabiscada, incerta
Sem esboço, livre tinta a jorrar
Feita de caneta
Não dá para apagar