não sua mais a tua derme
espreguiça e espreme
a espinha da superfície desta
inquietante azia que lhe resta
pega teu âmago e empresta
espero que devolvam logo
alma indigesta tenta
se re-digerir
em pensamento e gesto
subnutrido
cospe em multidões de grãos de poeira
que sussurram em seu ouvido
"-Deixa disso, besteira,,,"
Estamos todos para brincadeira
E, para quem acha que sobra
algum mistério
o jogo é fingir ser sério
então dorme, que se ausenta
desses martelos e aguenta
mas quando não der mais
pelos pensamentos mais profundos
aos mais banais
se deixe levar e que não me acordem mais
mas sim, você acorda
concorda?
isso não é parte do acordo
se atordoa, pode ser
só não destoar
do que esperemos que vá acontecer
sua força destrutiva é linda
eu quis dizer, criativa
quando é criativo pro "ruim" eles chamam de destrutivo né?
Tudo é superficial, não tem bom nem mal
há quem lucre com um milhão de floreios
somos o touro que morre nos rodeios
todo dia um suicídio, todo dia eu me mato
infarto, me debato no chão
e deito no mesmo colchão
e penso: amanhã arranjo um caixão
sou só mais um na multidão
corra, ande mais e mais rápido
estava lá longe
quando percebi que era a contra-mão
não do sistema que me queria exaurir
porque deixei por ele me consumir
mas como me garantir
tão pouco recurso, tanto desmerecimento
tanta relativização de conhecimento
sei de tudo e sei de nada
e vou mandar tudo pros caralhos
bora dormir
cada uma na sua cama
e pensar
quem é que toda essa gente acha que engana
quando diz que esse mundo é superbacana
goze na sua casa, na sua cama, o mundo em chamas
e o entorpecer de drogas e remédios e
é a mesma coisa que te deixa grogue
ahhhhh...amanhã vai melhorar
bons sonhos
segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
domingo, 29 de dezembro de 2019
música de criança
meu pintinho amarelinho
se o pintinho realmente tivesse medo do gavião
ele não comeria nenhum "bichinho"
ele mal sairia do poleiro, não
Ele não tem a mínima ideia da existência do gavião
só tem quando ele já está lá em cima
vendo o mundo de uma perspectiva única
se ele soubesse que esse mundo é só um
oferecer do próprio corpo aos predadores
sejam eles quais são,
ele só ficaria lá meditando em greve de fome
porque pior que o gavião
é o cara que vai quebrar o pescoço dele ao meio
quando ele ficar gordo o suficiente.
se o pintinho realmente tivesse medo do gavião
ele não comeria nenhum "bichinho"
ele mal sairia do poleiro, não
Ele não tem a mínima ideia da existência do gavião
só tem quando ele já está lá em cima
vendo o mundo de uma perspectiva única
se ele soubesse que esse mundo é só um
oferecer do próprio corpo aos predadores
sejam eles quais são,
ele só ficaria lá meditando em greve de fome
porque pior que o gavião
é o cara que vai quebrar o pescoço dele ao meio
quando ele ficar gordo o suficiente.
Puta que pariu
Sem celular. Sem óculos. Não me enxergo, não me comunico; Não sei se realmente quero me comunicar, nesse momento estou me comunicando comigo mesma e com a aba do lado do facebook. Tive um sonho super arcaico em que eu ia com o João para um castelo, ele fazia umas compras, deixava essas compras caírem, eu segurei uma pra ele, e a mulher "recepcionista" do castelo perguntou se estávamos juntos, e ele disse que não. Por que desmarquei com ele em cima da hora. Sinceramente, me sinto tão amarga quanto um café sem açúcar e sem cor. Me sinto um saco de ar voando infinitamente, que ops foi afundado por um bando de pedras e estou afundando junto com esse bando de pedras, no fundo do lago. Não estou puta só porque não tenho mais celular, eu quase não falava com pessoas por lá mesmo. Ano novo e o que vai ter de novo? eu tendo que gastar o meu dinheiro inicial em óculos e celular. Mais um óculos, mais um celular. Sei que não deveria "desistir" da arte, mas preciso achar outra coisa que sou boa, não sei; Não sei porque talvez eu seja explorada até os ossos, será que é isso que eu mereço? Não tenho vontade de fazer nada, quero dormir na casa da orientadora maravilhosa e nunca mais acordar, quero me afundar nessa cadeira e morrer. Quero morrer a morte de dez mil maçãs e toda a salada de frutas atrás dela. Tira a desgraça da minha bolsa então, me sinto impotente, não tenho vontade de criar nada, não tenho vontade de continuar na escola de belas artes, não tenho vontade de jogar, de ler, pra que ler sobre o prazer se não se pode praticar? me sinto uua máquina destrutível, um monstro, me sinto desconfortável com as pessoas, me sinto como se não gostasse de ninguém. E então, João vai indo embora, e fico eu só, procurando pelo castelo, passo por quartos, cômodos, escuto vagamente alguém dizendo: "Mitic", e já estou longe. Disse que queri uma cama de casal pra minha casa , pro meu quarto. Quero virar poeira cósmica, ops, eu já sou. A existência dói, ainda culpo a minha mãe por ter me posto no mundo. Tá, pobre mãe, só quera ter um ser que a amasse incondicionalmente. Pra sempre. Em vez de eu ser um ser que ama, virei um ser que geme. Vou viver como um cachorro, pelada, no sítio da ana, comer os vegetais e frutas que eu mesma colher, quero me enterrar, que gracinha que eu sou, ssou um anjo que vomita todas as vísceraas e as pessoas dizem: que fofa. Lindas forças de tentaativa de conexão que estão ao meu redor,, sinto que poderia ir com elas, e sei que não sou diferente de nada, quero decepar os meus membros até que eu vire só um toco que grita, o que você é? Um corpo que grita, respondo. O corpo que grita, a performance: Um corpo no meio do hall, claro , tem que ser no meio, não pode ser em nenhum lugar que não seja no meio, bota uma coroa em cima e pronto, não sei faazer figurino, não sei pintar, não sei cantar, não sei ser, não sei respirar, não sei lutr, eu só finjo e finjo muito bem. O cachorro quer falar comigo, percebe que estou sem energia, me sinto uma pessoa que foi torcida até tiraarem todo o suco, sinto que essa pele em que estou vestida já está prestes a ser descartada, "minha auto-estima está melhor, peguei uma pessoa", hahaha como somos frágeis, como somos toscos, me sinto uma sanguessuga, eu finjo que não vou querer ser uma sanguessuga, entendo você, Lorena, entendo você quando você diz que você é tóxica, que você tem pensamentos ruins, os meus pensamentos não são ruiiiiiiins, é só o que, sei lá, os psicólogos e psicanalistas chamariam de "neurótico|". Eu sei que não deveria me preocupar tanto com dinheiro, e isso é uma merda, dinheiro é uma merda que me faz definhar, porque 1) eu não tenho, 2) eu preciso implorar para ter, 3) sempre parece que eu acabo sendo um objeto, e se era um objeto, agora não dou tanto lucro quanto poderia. Sou um objeto obsoleto, talvez? Um cavalo, eles têm três cavalos, só isso. Meu pai já teve cavalos. Sinto meu coração amargo, sinto vontade de fumar maconha até o meu nariz entupir totalmente, e quando voltar ao rio, vou recorrer a minha última escolha: O Jiu-Jitsu. Não consigo rir, parece que a vida que eu teci está rindo de mim. Me sinto desinteressante, sem amigos, não sei se em algum momento tive algum amigo. Gostaria muito de poder te abrigar, Luiz Renato, mas sei que eu brigaria contigo, nossas personalidades são muito fortes, e um que você nem é da UFRJ, dois, eu me sinto explosiva com você, como se você fosse umas faíscas pesadíssimas. Sinto que não tenho ninguém para conversar, ninguém a quem realmente confiar minhas coisas, talvez eu tenha me tornado pesada demais? Ou só ninguém tem a ver com meus problemas? Mas não eram os amigos a tentar ajudar os problemas, ou os amigos só deveriam ajudar problemas simples? E, sinceramente, acho que nem meus amigos, nem minha família, nem ninguém parece me dar nenhum conselho, na real, parece que ninguém parece me escutar antes. Deveria aprender a fazer artesanato, parece simples mas é bem difícil, precisa-se de paciência, a ciência da paz. Tenho muitas pequenas coisas, lembrei do meu totem, lembrei do meu oráculo, que deveria estar firme e forte, vou voltar a dormir.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
O Gozo, A Histeria Masculina e suas consequências
Nós trabalhamos, estudamos, vivemos pressionados por um milhão de informações e expectativas que nem sabemos se um dia poderemos cumprir. O ser humano precisa, em qualquer esfera, cultural, social, biológica, para manter-se são, gozar.
Gozar não no sentido sexual, sabe o que significa "gozar", em sua origem?
- transitivo direto, transitivo indireto e pronominalpossuir ou utilizar (algo prazeroso, salutar, útil); desfrutar, aproveitar(-se)."g. as férias"
- 2.transitivo direto e transitivo indiretodeliciar-se, deleitar-se com."conversa durante horas com o velho, gozando (de) sua boa prosa"
Aproveitar. Do que? da vida. Desfrutar o gozo como estado de bem-estar pleno, de emissão de serotonina, ocitocina, e vários outros hormônios que nos fazem querer fazer coisas, traçar planos, se relacionar com pessoas, queremos nos sentir bem.
Qual o questionamento? Bom, estamos tão imersos em um cenário em que *não estamos nos sentindo bem*, que estamos buscando por formas desesperadas de tentar *gozar*. E isso desemboca em um consumir voraz, de características capitalistas, no que concerne simplificar tudo ao seu redor em produtos, disponíveis ou não.
Objetificar corpos, mentes, subjetividades, atos, gestos. Através de uma performance do relacionar exaltada pela mídia, não se conhecem outras formas para *gozar* do corpo do outro, do espaço em que está, se não a forma objetiva, maquinada, rápida, certeira, objetivos atrás de objetivos, não lhe é permitido gozar, porque o homem já está preocupado com o próximo momento.
Sabendo disso, é preciso apontar uma problemática que está cada vez mais em voga: o repúdio e o combate a corpos gozantes. O ponto LGBTQ+ é muito interessante, uma vez que o homem incluído nos padrões usuais ( hétero, branco, cis) é o ponto de maior circulação do pensamento objetificante, uma vez que o mesmo não se propõe a pensar sobre a questão de seu recalque, de seu pavor interior, o de ser retirado o protagonismo, de ser deixado de lado. "A pior coisa para um homem não é ser odiado, é ser ignorado pelos seus, pois assim ele passa por uma dissociação de personalidade."
Eis-se o pensamento: "Como poderia eu, enxergar uma mulher que, de acordo com minha concepção de mundo, está aqui para ser consumida por mim e pelos meus ( que são uma extensão de mim), pode estar se relacionando com outra mulher? Como um produto, que deveria estar disposto para meu bem-estar, para me entreter, com suas belas formas, cabelos longos ao vento e maquiagem, pode estar se desperdiçando, eu como predador a busca de cada vez mais corpos, enxergo nessa mulher não mais uma mulher, mas um competidor. Nem consigo enxerga-la mais como mulher, a vejo como homem: como ela, não tendo um pênis, pode adquirir mais corpos-produtos que eu? isso significa que... o pênis não é a garantia de transmitir prazer? esse monstro pode conferir mais prazer, mais virilidade, mais eficiência que eu, justo eu, que sempre acreditei ser o mais assertivo possível?
Esse homem, que sempre se esquivou, sempre evitou olhar para corpos que não estejam dispostos como quitutes abertos a degustação para seu prazer próprio, que, vejamos, de volta ao gozo. Que prazer é esse? É um prazer sádico. Porque o prazer sexual não é cumprido, uma vez que se relaciona com um corpo do gênero oposto como se estivesse se masturbando, sem se preocupar com o gozo do outro, simplesmente buscando consumir, saciar, o momento de satisfação dura menos de três segundos, quando ejacula, e depois volta ao buraco negro de insatisfação. Querendo esse micro-prazer, atrela-se a um relacionamento, e assim bota o braço ao redor de sua parceira-objeto, dando olhares nervosos e agressivos a homens e mulheres que sequer pensam em desestabilizar a relação. O gozo do homem é a ostentação, é mostrar que cresce na escala social de poder, "eu tenho um corpo, tenho um objeto lindo só para meu benefício", o gozo é muito mais social que sexual. E isso se dá nos comentários para seus amigos, em que comenta sobre seu desempenho, sua virilidade, sua performance. Performances encantam outras performances, e é esse o gozo do homem insatisfeito sexualmente, que mal conhece seu corpo, se não seu pênis, tem horrores de tentar explorar outras áreas erógenas, tudo pode ser um sinal de fraqueza, um sinal de que se é menos homem.
Assim, o homem se sente violentamente atacado quando vê um casal do mesmo sexo, homens e mulheres trans, e afins. Em vez de estabelecer um questionamento profundo e denso acerca de seus valores, ( não é isso que o capitalismo prega, não é mesmo? é muito mais benéfico que ele seja uma bomba relógio compulsiva agressiva, se todos fizessem seus questionamentos diários, buscassem ajuda, não teria notícias na TV, nada como banir filosofia das escolas), ele simplesmente parte para o apagamento do discurso do outro. Discurso esse não verbal, discurso como "esses corpos estão exprimindo algo". E o que estão exprimindo? Gozo. Gozo real, gozo de uma convivência pacífica, sem hierarquias abusivas, satisfação sexual mútua, relacionamentos desprovidos de ciúmes tóxicos, ou então, quando é só um corpo, a mesma situação: uma pessoa que está desfrutando de sua solitude, fora dos padrões midiáticos do pensamento coletivo de massa, satisfeita consigo mesmx, é uma afronta a um pensamento dicotômico que implica que 1) você é obrigado a ter um par, 2) se você está só, está no nível mais baixo da escala social, porque seu valor aquisitivo baixa, "ninguém quer ficar com você", dentre outros.
Essas pessoas gozam ao andar, ao respirar, elas não tem a pressão de tentar ser quem elas não são, não são egoístas, falocêntricas e paranoicas. O homem-padrão-normativo sente, internalizado em suas vísceras, inveja desses corpos. Queria ele poder dizer seus medos, arriscar-se a outros horizontes, outras conversas, mas ele mesmo se constituiu de tantas amarras que já se encontra perdido em um mar de masculinidade tóxica, e parte para a agressão física. Quer interromper o gozo fluido desses corpos, se eu não gozo, ninguém mais goza. É quase como se ele estabelecesse um vínculo com os outros, em que esses outros não estão nem aí.
É um desespero para ser visto, ser notado, ser escutado. É o ato final do seu espetáculo de fantoches dizendo: "eu ainda existo, e eu quero ser protagonista de tudo, mesmo quando não estou inserido, e farei QUALQUER COISA para obter isso." Há muito tempo chamam as mulheres de histéricas, de agirem por paixão, mas tem coisa mais patológica que MATAR por sentimentos feridos? Escutem sertanejos universitários, há coisa mais estúpida que xingar e difamar a mulher a partir de sua rejeição? A "histeria" feminina era algo classificado como implosivo, algo que corroía a mulher por dentro, e mexia com o papel patriarcal do homem, era o grito mediante o silêncio perante a qual as mulheres precisavam permanecer.
Pense você, se você não pudesse entrar em universidades, se vestir do jeito que quer, se relacionar com quantas pessoas quiser, exprimir suas opiniões, fazer e mostrar sua arte, gerenciar negócios, empresas, dirigir, votar, POR MAIS DE 1500 ANOS? Você estaria respondendo bem em seu lar familiar, ao seu marido, uma vez que no século dezenove surge a concepção de indivíduo, da grande ascensão da filosofia, e as mulheres mal vistas como indivíduos, infantilizadas?
É aí que chego e trago minha tese de TCC: A Histeria Masculina, o gozo, o sadismo, e suas consequências. O homem vem apresentando, desde sempre, suas guerras sanguinárias sem sentido, seus conflitos territorialistas desprovidos de diálogo, sua emoção que toma conta do rosto ( e do pênis) e o faz querer dizimar de forma animalesca quem se enfie no caminho. A questão é: o homem precisa aprender a domar seu instinto, pois vivemos em um mundo de oito bilhões de pessoas, e o Brasil é o país que mais mata mulheres, negros, LGBTQ+ do mundo. Como lidar com essas questões, como desconstruir a masculinidade tóxica sem que nossos corpos também sejam levados com a maré de sangue que o fascismo vem impregnando no nosso território, em 2019? Como apresentar argumentos e ações em um cenário em que o PRÓPRIO DISCURSO vem sofrendo apagamento? Como? Como entender que não é um embate de gêneros, mas uma tentativa de equilibrar um cenário que sempre pôs o padrão como certo, e os demais como periféricos, sem que o faça de forma a instigar a violência no corpo do homem, tão frágil, e tão querendo-se-convencer que não é frágil? Como apresentar esse diálogo em cenários não universitários, fora das bolhas de convívio, tentando fazer uma pequena diferença saudável em um mundo com câncer?
Se alguém tiver ideias, comentem sobre, é pro meu TCC. grata
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
diário
eu saio do instagram no celular pra ir ver o instagram no computador.
Aí vou ver o facebook, será que daqui há cinco anos vai ser a mesma coisa ainda?
Não posso fazer nada relacionado a política, que não seja na universidade, e agora estou de férias.
Vejo notícias do bolsonaro, gatos e cachorros bonitinhos fazendo coisas bonitinhas. Meu corpo sente vontade de se por em marcha, ir pro meio da floresta, e tenho algumas inseguranças do tipo: será que minha professora da extensão não está gostando do meu trabalho? tudo que ela pede eu dou, apresentei toda a equipe de filmagem, e tem gente lá dentro que faz muito menos.
A Sors disse pra eu escrever um diário. Olho para Kevin, Kevin vai para o trabalho que arranjou, espero que seja muito bom. Fofo. Great amigo, desculpa por transar com você e arruinar o seu relacionamento, ou não, ou você pode só me achar uma brecha na sua calmaria, na sua vida.
Eu me sinto ás vezes como uma tormenta, e é por isso que preciso da minha paz para viajar só, quero sair, conhecer pessoas novas, preciso comprar mais um filtro solar. Esse ano fui pra São Paulo, Brasília, Goiás, Minas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, carai. Vários lugares. Gosto de não estar no meu local de "origem". A Sarah disse que estava surtando porque não tinha onde morar, eu disse que ela poderia cair no meu módulo, mas é foda, como conseguir explicar pro Cláudio isso? Af, vontade de pegar o quarto do lado e falar: po, vai ser o quarto do lado mesmo, érre esse.
Aí vou ver o facebook, será que daqui há cinco anos vai ser a mesma coisa ainda?
Não posso fazer nada relacionado a política, que não seja na universidade, e agora estou de férias.
Vejo notícias do bolsonaro, gatos e cachorros bonitinhos fazendo coisas bonitinhas. Meu corpo sente vontade de se por em marcha, ir pro meio da floresta, e tenho algumas inseguranças do tipo: será que minha professora da extensão não está gostando do meu trabalho? tudo que ela pede eu dou, apresentei toda a equipe de filmagem, e tem gente lá dentro que faz muito menos.
A Sors disse pra eu escrever um diário. Olho para Kevin, Kevin vai para o trabalho que arranjou, espero que seja muito bom. Fofo. Great amigo, desculpa por transar com você e arruinar o seu relacionamento, ou não, ou você pode só me achar uma brecha na sua calmaria, na sua vida.
Eu me sinto ás vezes como uma tormenta, e é por isso que preciso da minha paz para viajar só, quero sair, conhecer pessoas novas, preciso comprar mais um filtro solar. Esse ano fui pra São Paulo, Brasília, Goiás, Minas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, carai. Vários lugares. Gosto de não estar no meu local de "origem". A Sarah disse que estava surtando porque não tinha onde morar, eu disse que ela poderia cair no meu módulo, mas é foda, como conseguir explicar pro Cláudio isso? Af, vontade de pegar o quarto do lado e falar: po, vai ser o quarto do lado mesmo, érre esse.
domingo, 1 de dezembro de 2019
O martírio de uma inocente alma
saudade do seu pelo felpudo
do seu miado lindo
dos seus olhos verdes pequenos em formato de losango
sei que não tem nada que eu possa fazer
só sentir saudade
e pensar que fomos irresponsáveis
de deixar você sair sempre que queria
por que minha depressão voltou?
será que é frescura?
eu simplesmente estou com muita dificuldade de produzir
o que quer que seja
tudo parece tão cinza
tentei não botar pilar emocional no leandro
mas está difícil
me sinto desmoronando como quando eu abraço a sors
eu só caio
xo ver eu tive trezentas curtidas numa foto quando tinha sei lá treze anos
igor hauer nós ficamos e acabou
si pereira pegava o meu pai
meu pai
célio gomes comentava minhas coisas aleatoriamente
kenny mortaza nem preciso dizer
sinceramente
sem paciencia
eu nem sei o que estou escutando
paulo nogueira e toquinho
boa
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
do seu miado lindo
dos seus olhos verdes pequenos em formato de losango
sei que não tem nada que eu possa fazer
só sentir saudade
e pensar que fomos irresponsáveis
de deixar você sair sempre que queria
por que minha depressão voltou?
será que é frescura?
eu simplesmente estou com muita dificuldade de produzir
o que quer que seja
tudo parece tão cinza
tentei não botar pilar emocional no leandro
mas está difícil
me sinto desmoronando como quando eu abraço a sors
eu só caio
xo ver eu tive trezentas curtidas numa foto quando tinha sei lá treze anos
igor hauer nós ficamos e acabou
si pereira pegava o meu pai
meu pai
célio gomes comentava minhas coisas aleatoriamente
kenny mortaza nem preciso dizer
sinceramente
sem paciencia
eu nem sei o que estou escutando
paulo nogueira e toquinho
boa
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
segunda-feira, 11 de novembro de 2019
costela de porco
estava eu indo comer uma costela de porco, tão tão que não lhe cabiam adjetivos a altura. Olhava para o pedaço que porco, que ao meu ver tinha parado de ser porco há éons. Uma vez que não vi o cara com a faca enfiando-na fundo no pescoço inexistente do porco, escutando seu chiado infernal, a dor que ele sofreria em seu guincho final. Não vi o porco sendo alimentado com restos de outros porcos, rolando em suas próprias fezes em um ambiente confinado com mais três mil porcos. Não vi os olhos do porco, primeiro brilhantes, em um desejo inconsciente de finalmente se locomover daquela fossa atroz de cheiro insuportável. Não senti esse cheiro insuportável, pelo contrário, sentia cheiro de gordura na brasa e carne defumada, molho barbecue, tomate, sal, molho inglês... e já ia imaginando o gosto e a textura da carne quente se dissolvendo na minha língua conforme o sabor agridoce do barbecue explodiria na minha língua. Eu recobro os sentidos, estou meio atordoada, onde estou? Vejo meus amigos ao redor de mim, pelados, de quatro. Que porra? Eu estava em algum lugar antes, onde... Olho minhas mãos, estão sujas com algo gosmento. Aproximo do meu nariz, nada como cheiro de bosta. Não consigo olhar para o céu, minha corcunda está muito torta. Aliás, minha barriga está pesada, não consigo respirar direito. Tento falar com Júlio, meu colega a meu lado, que está pelado com os braços enfiados em cocô e lama.
Acho um resto de uma cenoura. Ela está meio suja. Cheiro, não gosto do cheiro. Como mesmo assim.
-Ei Júlio, sabe onde a gente tá?
-A gente tá no nosso humanodouro, ué.
-Ué. Penso eu. Tento sentar nos meus calcanhares, caio pro lado.
-Júlio, por que eu não consigo sentar no chão?
-Porque você está muito gorda.
Olho pros meus braços, há montanhas de gordura que vão se desprendendo dos ossos frágeis, e pendendo como asas molengas.
-O que eu faço, Júlio?
-Come mais, ele responde. Júlio vem pra cima de mim com uma cara estranha, pergunto:
-O que foi, Júlio?
E ele, vindo em minha direção, diz:
-Eu vou transar com você.
E eu digo:
-Eu não, não tô afim. Vou me afastando na direção oposta, e ele me segue.
Olho para todas as outras pessoas, e agora percebo que têm outras pessoas. Algumas estão copulando, algumas contra as suas vontades, algumas estão cagando e copulando ao mesmo tempo. Sinto uma mistura de nojo, repulsa, e, de certa forma, fico ligeiramente confortável apesar de tudo.
Mas vou tentando me enfiar na multidão de corpos nus.
Alguns porcos vestidos com uniformes adentram o recanto dos humanos pelados. O porco cansado não fala, só grunhe, língua de porco, vai saber. Tento escapar dele assim como todos os humanos, mas ele tem uma coleira anatômica que enfia no meu pescoço e me arrasta pra fora a força, ele bípede, eu quadrúpede.
Fico olhando pro chão e penso: tá saí daquela merda de sarjeta, será que ele vai me matar agora? puts eu bem não tinha pensado que na real ele tá me levando pra me maTAAAAAAAAAR CARALHO QUE DESGRAÇA ESSE FILHO DA PUTA ERROU O MEU PESCOÇO, A MINHA PELE TÁ MEIO DEPENDURADA, FRATURA EXPOSTA, PAREÇO UM CHAFARIZ SANGRENTO, ELE ACERTOU O NERVO NESSA DESGRAÇA, A DOR É LACINANTE E ME FAZ QUERER DESMAIAR mas não consigo desmaiar porque ainda estou escutando e isso é o pior de tudo, sinto o meu suor no clima de 40 graus se juntando com o sangue, sinto como se o golpe estivesse durando três horas, só penso por favor me mata logo acaba com isso, será que isso era o que alguns chamam de tortura?
o cara tá super nervoso e eu também, eu tento correr, mas ele me prendeu muito firme nessa coleira, o meu sangue jorra e eu o vejo brilhando, uma cascata escarlate. ----=AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH- Agonizo eu, não sei quanto tempo essa agonia vai durar. Minha cabeça pode explodir a qualquer momento, Me dá uma droga, pelamor, tento chorar não sai uma lágrima. Percebo que o porco foi fumar um cigarro, ele volta. Mija do meu lado, sinto sua urina quente em minha perna de trás, que se junta ao sangue e ao suor, ele pega no machado de novo, por favor acerta- silêncio, tudo fica preto, fim, fim?
Não, fim não, a dor continua reverberando na parte de trás da minha cabeça, o sofrimento encarcerado no meu estômago, meu intestino em autofagia diz : NÃO ENFIA ISSO NO TEU CORPO!
Eu olho pras costelas, são costelas humanas.
Eu jogo os talheres pro lado, lambuzo meu rosto no molho barbecue, como minha própria carne. Levanto da cadeira pra ir ao banheiro, meu tronco despenca pra frente, as costelas realmente eram minhas, alguém me distraiu enquanto eu caía no sono na churrascaria.
Sem estrutura óssea, agora meço um metro e vinte, vou precisar de uma estaca como aquelas que botam trepadeiras, porque estou sem tronco. Acontece. Desiludida, procuro os ossos que acabei de saborear para pelo menos chupar o resto de gordura, a mesma minha gordura que me protege do frio, lambo os beiços, choro um pouco, e rio.
Acho um resto de uma cenoura. Ela está meio suja. Cheiro, não gosto do cheiro. Como mesmo assim.
-Ei Júlio, sabe onde a gente tá?
-A gente tá no nosso humanodouro, ué.
-Ué. Penso eu. Tento sentar nos meus calcanhares, caio pro lado.
-Júlio, por que eu não consigo sentar no chão?
-Porque você está muito gorda.
Olho pros meus braços, há montanhas de gordura que vão se desprendendo dos ossos frágeis, e pendendo como asas molengas.
-O que eu faço, Júlio?
-Come mais, ele responde. Júlio vem pra cima de mim com uma cara estranha, pergunto:
-O que foi, Júlio?
E ele, vindo em minha direção, diz:
-Eu vou transar com você.
E eu digo:
-Eu não, não tô afim. Vou me afastando na direção oposta, e ele me segue.
Olho para todas as outras pessoas, e agora percebo que têm outras pessoas. Algumas estão copulando, algumas contra as suas vontades, algumas estão cagando e copulando ao mesmo tempo. Sinto uma mistura de nojo, repulsa, e, de certa forma, fico ligeiramente confortável apesar de tudo.
Mas vou tentando me enfiar na multidão de corpos nus.
Alguns porcos vestidos com uniformes adentram o recanto dos humanos pelados. O porco cansado não fala, só grunhe, língua de porco, vai saber. Tento escapar dele assim como todos os humanos, mas ele tem uma coleira anatômica que enfia no meu pescoço e me arrasta pra fora a força, ele bípede, eu quadrúpede.
Fico olhando pro chão e penso: tá saí daquela merda de sarjeta, será que ele vai me matar agora? puts eu bem não tinha pensado que na real ele tá me levando pra me maTAAAAAAAAAR CARALHO QUE DESGRAÇA ESSE FILHO DA PUTA ERROU O MEU PESCOÇO, A MINHA PELE TÁ MEIO DEPENDURADA, FRATURA EXPOSTA, PAREÇO UM CHAFARIZ SANGRENTO, ELE ACERTOU O NERVO NESSA DESGRAÇA, A DOR É LACINANTE E ME FAZ QUERER DESMAIAR mas não consigo desmaiar porque ainda estou escutando e isso é o pior de tudo, sinto o meu suor no clima de 40 graus se juntando com o sangue, sinto como se o golpe estivesse durando três horas, só penso por favor me mata logo acaba com isso, será que isso era o que alguns chamam de tortura?
o cara tá super nervoso e eu também, eu tento correr, mas ele me prendeu muito firme nessa coleira, o meu sangue jorra e eu o vejo brilhando, uma cascata escarlate. ----=AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH- Agonizo eu, não sei quanto tempo essa agonia vai durar. Minha cabeça pode explodir a qualquer momento, Me dá uma droga, pelamor, tento chorar não sai uma lágrima. Percebo que o porco foi fumar um cigarro, ele volta. Mija do meu lado, sinto sua urina quente em minha perna de trás, que se junta ao sangue e ao suor, ele pega no machado de novo, por favor acerta- silêncio, tudo fica preto, fim, fim?
Não, fim não, a dor continua reverberando na parte de trás da minha cabeça, o sofrimento encarcerado no meu estômago, meu intestino em autofagia diz : NÃO ENFIA ISSO NO TEU CORPO!
Eu olho pras costelas, são costelas humanas.
Eu jogo os talheres pro lado, lambuzo meu rosto no molho barbecue, como minha própria carne. Levanto da cadeira pra ir ao banheiro, meu tronco despenca pra frente, as costelas realmente eram minhas, alguém me distraiu enquanto eu caía no sono na churrascaria.
Sem estrutura óssea, agora meço um metro e vinte, vou precisar de uma estaca como aquelas que botam trepadeiras, porque estou sem tronco. Acontece. Desiludida, procuro os ossos que acabei de saborear para pelo menos chupar o resto de gordura, a mesma minha gordura que me protege do frio, lambo os beiços, choro um pouco, e rio.
sábado, 9 de novembro de 2019
O gozo do outro
o que se goza é o seu gozo ou o gozo do outro?
até que limites vai o seu gozo? A partir de qual momento gozar só torna-se banal?
É possível gozar só eternamente e assim satisfazer suas necessidades, sem um contentamento geral?
Gozar no amplo sentido de fornecer prazeres devido a expectativas e metas que outros atribuem a sua persona, a idealização de persona na cabeça das mesmas.
É possível não ter responsabilidades morais, físicas, estar desprovido, mas ao mesmo tempo transformar o gozo em ofício? Parece que foi isso que andei fazendo nos últimos tempos.
Por não poder gozar coletivamente em um bando, procuro artes marciais. Para poder gozar artisticamente, um teatro. Talvez devesse procurar mais esses coletivos, me sinto flutuando em uma esfera insípida, enquanto quero me aproximar de um cardume e vagar por aí. Precisava escrever o conto para a disciplina, mas... talvez eu escreva. haja mão.
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
domingo, 20 de outubro de 2019
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
um palhaço no cemitério
Ele chega lá, as ruas secas, poderia ter chovido, mas só estão secas, assim como as folhas caídas das árvores ao seu redor.
Procura pelo seu público. Não está lá. Olha por debaixo das lápides, o pancake branco escorrendo de debaixo dos olhos. As rugas de expressão de seu rosto coçam para que ele comece a sorrir e escorrer de volta para seu mundo de fantasia.
Ele pega cinco bolinhas, faz malabarismos com ela. O sol é quente, na terceira volta, ele se distrai e deixa cair uma. Agora são quatro. Ele continua com as mãos ligeiras, as bolas suadas feitas de plástico reciclado. Ele pega todas, as enfileira, guarda no bolso, faz uma reverência para o nada.
Ele espera sentado, ansioso para poder fazer os parentes da pessoa querida rirem. Ele olha os pássaros, lembra de sua mãe enferma na cama longe, muito longe. Lembra de seu pai que jamais o aprovou no que faz, mas esses pensamentos são tão recorrentes que ele os repreende fisicamente com a mão em um gesto de dissipar, que ele possa exercer o que dinheiro nenhum pode comprar: empatia, diversão, amabilidade. Ele espera.
Gosta das crianças, elas sempre dão a mão para ele, riem com bocas cheias de balas. Mas ali ele via o oposto da energia vibrante dos pequenos, via uma morbidez, um silêncio tremendo, tinha vontade de ir embora. Mas firmou o contrato, ficaria lá, esperando.
Resolve andar, passa por lápides repletas de nomes esfumaçados, flores, algumas recém colocadas, outras já apodrecendo. Ele tem o desejo de pegar um buquê e tirar flor por flor, antecipar o beijo da matéria orgânica no concreto duro, e por um segundo ele gostaria de abrir uma lápide e despedaçar as flores em cima de um cadáver, era algo que gostaria que fizessem comigo, pensou. Por que porras você está pensando coisas tão mórbidas? Pensa ele. Ele tem vontade de chorar como uma criança. se envergonha por ter trinta anos e estar com vontade de chorar em um cemitério, se sente vulnerável como um garotinho. Quem é ele, Carlos Ricardo da Costa, se sente um algoritmo de uma pulsão ainda viva na cidade, será que seria natural, será que ele despertara risos verdadeiros ou apenas inocentes dos pimpolhos que não viram os maus agouros da vida? Será que estava com saudade de estar imerso na aura preciosa das crianças douradas, que dançam sorriem e brincam a qualquer hora? seria esse um escapismo? o que seria a vida se não um grande escapismo das catástrofes aterradoras que o homem adulto faz? Ele não se arrepende de não querer filhos, o mundo já está repleto de gente. Ele pega uma bexiga, a sopra como se estivesse devolvendo vida a um boneco. A bexiga recebe seu modelar, vira um cachorro. Ele fala:" -Au. " É como se o cachorro estivesse falando com ele, ele o afaga, a borracha de temperatura ambiente, com resquícios daquele pó que ele sempre esquecia o nome. Ele tenta se distrair com a cor vibrante do cachorro, que ele apelida de Jérson. Continua andando pelo cemitério, vê uma senhora chorando ao túmulo de alguém. Carlos amarra Jérson na pilastra ao lado da mulher, nem espera pra ver se ela nota sua presença. Pensa que pode estar sendo infantil, que é só um balão mas... Carlos se sente vivo ao ver que sua intenção de cura através de objetinhos tem algum efeito. Mas agora Carlos absorve o choro dessa senhora, se senta no chão, na sombra de uma amendoeira, e tenta ligar para o contratante. Dois bipes, no terceiro atendem.
-Alô? Quem é?
-Oi, é o Carlos.
-Quem?
-O palhaço.
-(voz abafada) ah, é o palhaço.
-Foi mal, a gente repensou a parada...
Carlos nem precisa ouvir mais, mas continua por educação.
-Mas a gente te pagou metade do valor, só pra não ter ido aí a toa.
Carlos desliga, olha pro céu. Não sabe para onde ir, ou o que fazer. O que será que corrompe os homens, se pergunta. Talvez a ausência de propósito claro, o indeterminismo. Ele gostava de fazer as pessoas rirem, mas elas riam como assistindo a um espetáculo e voltavam para suas realidades, quando ele queria ser pertencente e realmente fazer alguma mudança. Tudo parecia tão engessado. Carlos limpa a cara com a própria camisa, tira o nariz de palhaço, está quente. Carlos pensa que no futuro, gostaria que em seu funeral tivessem tortas, pessoas atirassem-nas nas outras, seus companheiros pareciam tão ocupados ultimamente, queria que eles se recordassem de tempos bons... era engraçado, quase trágico, porque seu trabalho, como homem do entretenimento, era fazer tudo dar certo... O show precisa continuar, e agora ele tinha vontade de chorar. Sabia que deveria ser independente e se auto consolar, mas só no cemitério, queria que chovesse para que mascarasse as lágrimas que logo escorreriam pela sua face. Carlos se lembra que na adolescência, pensou em ser político, por conhecer bastante gente, mas se resguardou diante de tamanha violência que é cultivada por lá, e Carlos se perguntava o porquê de pessoas serem tão complicadas. Alguns o chamavam de inocente, até de infantil, mas ele não via motivo para os impulsos agressivos e possessivos que o cercavam, preferia se resguardar no mundo das crianças, muito mais interessante.
Procura pelo seu público. Não está lá. Olha por debaixo das lápides, o pancake branco escorrendo de debaixo dos olhos. As rugas de expressão de seu rosto coçam para que ele comece a sorrir e escorrer de volta para seu mundo de fantasia.
Ele pega cinco bolinhas, faz malabarismos com ela. O sol é quente, na terceira volta, ele se distrai e deixa cair uma. Agora são quatro. Ele continua com as mãos ligeiras, as bolas suadas feitas de plástico reciclado. Ele pega todas, as enfileira, guarda no bolso, faz uma reverência para o nada.
Ele espera sentado, ansioso para poder fazer os parentes da pessoa querida rirem. Ele olha os pássaros, lembra de sua mãe enferma na cama longe, muito longe. Lembra de seu pai que jamais o aprovou no que faz, mas esses pensamentos são tão recorrentes que ele os repreende fisicamente com a mão em um gesto de dissipar, que ele possa exercer o que dinheiro nenhum pode comprar: empatia, diversão, amabilidade. Ele espera.
Gosta das crianças, elas sempre dão a mão para ele, riem com bocas cheias de balas. Mas ali ele via o oposto da energia vibrante dos pequenos, via uma morbidez, um silêncio tremendo, tinha vontade de ir embora. Mas firmou o contrato, ficaria lá, esperando.
Resolve andar, passa por lápides repletas de nomes esfumaçados, flores, algumas recém colocadas, outras já apodrecendo. Ele tem o desejo de pegar um buquê e tirar flor por flor, antecipar o beijo da matéria orgânica no concreto duro, e por um segundo ele gostaria de abrir uma lápide e despedaçar as flores em cima de um cadáver, era algo que gostaria que fizessem comigo, pensou. Por que porras você está pensando coisas tão mórbidas? Pensa ele. Ele tem vontade de chorar como uma criança. se envergonha por ter trinta anos e estar com vontade de chorar em um cemitério, se sente vulnerável como um garotinho. Quem é ele, Carlos Ricardo da Costa, se sente um algoritmo de uma pulsão ainda viva na cidade, será que seria natural, será que ele despertara risos verdadeiros ou apenas inocentes dos pimpolhos que não viram os maus agouros da vida? Será que estava com saudade de estar imerso na aura preciosa das crianças douradas, que dançam sorriem e brincam a qualquer hora? seria esse um escapismo? o que seria a vida se não um grande escapismo das catástrofes aterradoras que o homem adulto faz? Ele não se arrepende de não querer filhos, o mundo já está repleto de gente. Ele pega uma bexiga, a sopra como se estivesse devolvendo vida a um boneco. A bexiga recebe seu modelar, vira um cachorro. Ele fala:" -Au. " É como se o cachorro estivesse falando com ele, ele o afaga, a borracha de temperatura ambiente, com resquícios daquele pó que ele sempre esquecia o nome. Ele tenta se distrair com a cor vibrante do cachorro, que ele apelida de Jérson. Continua andando pelo cemitério, vê uma senhora chorando ao túmulo de alguém. Carlos amarra Jérson na pilastra ao lado da mulher, nem espera pra ver se ela nota sua presença. Pensa que pode estar sendo infantil, que é só um balão mas... Carlos se sente vivo ao ver que sua intenção de cura através de objetinhos tem algum efeito. Mas agora Carlos absorve o choro dessa senhora, se senta no chão, na sombra de uma amendoeira, e tenta ligar para o contratante. Dois bipes, no terceiro atendem.
-Alô? Quem é?
-Oi, é o Carlos.
-Quem?
-O palhaço.
-(voz abafada) ah, é o palhaço.
-Foi mal, a gente repensou a parada...
Carlos nem precisa ouvir mais, mas continua por educação.
-Mas a gente te pagou metade do valor, só pra não ter ido aí a toa.
Carlos desliga, olha pro céu. Não sabe para onde ir, ou o que fazer. O que será que corrompe os homens, se pergunta. Talvez a ausência de propósito claro, o indeterminismo. Ele gostava de fazer as pessoas rirem, mas elas riam como assistindo a um espetáculo e voltavam para suas realidades, quando ele queria ser pertencente e realmente fazer alguma mudança. Tudo parecia tão engessado. Carlos limpa a cara com a própria camisa, tira o nariz de palhaço, está quente. Carlos pensa que no futuro, gostaria que em seu funeral tivessem tortas, pessoas atirassem-nas nas outras, seus companheiros pareciam tão ocupados ultimamente, queria que eles se recordassem de tempos bons... era engraçado, quase trágico, porque seu trabalho, como homem do entretenimento, era fazer tudo dar certo... O show precisa continuar, e agora ele tinha vontade de chorar. Sabia que deveria ser independente e se auto consolar, mas só no cemitério, queria que chovesse para que mascarasse as lágrimas que logo escorreriam pela sua face. Carlos se lembra que na adolescência, pensou em ser político, por conhecer bastante gente, mas se resguardou diante de tamanha violência que é cultivada por lá, e Carlos se perguntava o porquê de pessoas serem tão complicadas. Alguns o chamavam de inocente, até de infantil, mas ele não via motivo para os impulsos agressivos e possessivos que o cercavam, preferia se resguardar no mundo das crianças, muito mais interessante.
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
fluxo de pensamento tres
nada só preciso dormir estou enrolando e meio exausta também, meio exaurida, meio cheguei a uma rua sem saída
agora preciso aprender a voar
agora preciso aprender a voar
segunda-feira, 7 de outubro de 2019
lorca
quero encontrar com menino que quis cortar o coração em alto mar
talvez ele possa tocar
nas águas e nelas se afogar
eu vou ver e rir
me despir e jorrar
por além do discurso
vou com o curso de não mais um mar
mas um rio
que te abriga e abraça
e descompassa um coração desacalmado
vamos em rumo ao nada
pela leve não tortuosa remada
tiro a faca da tua mão
pra que cortar o coração
aperte com força, é ilusão
essa agonia comedida pode ser comédia
o gozo do riso do outro
guarde a faca e esfaqueie peixes crus
para comermos e desfiarmos com os dentes
deixemos para trás os idosos e os crentes
mas que te beije entredentes
o ar que há tanto tempo congela teus pulmões
a água que preenche imensidões
e percebe, no leito, sem receio
estou, sou pleno
sempre fui cheio
talvez ele possa tocar
nas águas e nelas se afogar
eu vou ver e rir
me despir e jorrar
por além do discurso
vou com o curso de não mais um mar
mas um rio
que te abriga e abraça
e descompassa um coração desacalmado
vamos em rumo ao nada
pela leve não tortuosa remada
tiro a faca da tua mão
pra que cortar o coração
aperte com força, é ilusão
essa agonia comedida pode ser comédia
o gozo do riso do outro
guarde a faca e esfaqueie peixes crus
para comermos e desfiarmos com os dentes
deixemos para trás os idosos e os crentes
mas que te beije entredentes
o ar que há tanto tempo congela teus pulmões
a água que preenche imensidões
e percebe, no leito, sem receio
estou, sou pleno
sempre fui cheio
domingo, 6 de outubro de 2019
fluxo de pensamento dois
Luisa está escutando uma música que se chama Bad Girl e detesto essa denotação, detesto essa frase de efeito, porque chamando de "garota má" há duas problematizações, e vou deixá-las o mais claras possíveis:
1- A infantilização e fetichização da mulher, do gênero mulher, e a apelação sexual esgarçada que está em todas as esferas da sociedade e da cultura ocidental.
2- O termo em inglês, fazendo alusão a arte pop na música, nos Estados Unidos, uma concepção de um arquétipo de uma mulher que é protagonista de uma liberdade sexual. No caso do "Bad Girl", o protagonismo não é nem dela, é do homem que chega e a denomina sobre o que ela é, ele a restringe.
3- A problemática de homens dizendo o que mulheres são, como se a autodenominação não fosse possível, é necessário um discurso que é hierarquizante, que eu chegue e diga : Isso é uma garota má, em vez de ela dizer: "eu sou assim, assado".
Vamos fazer um teste? Vou botar no google a diferença entre homem mau e mulher má.
Homem mau- um pistoleiro
o bolsonaro
o coringa, um cara com cara de estúpido com chifrinhos na cabeça
melhor, vou botar em inglês
tem uma marca que se chama Bad Boy
por que não teria uma marca chamada Bad Girl?
Bom , parece um estereótipo de homens com tatuagens e cabelo lambido pra trás
tem um vídeo, como ser um "Bad boy"
Que tem um livro linkado, How to Get Girls to Chase You
Como fazer com que garotas te persigam? Nossa. Espero que não tenha sido escrito por uma mulher.
Tem a questão da sexualização, assim como a questão de uma cara de paisagem e desgosto juntas.
Vamos no Wikihow, três formas de ser um BadBoy.
Em vez disso, é pelo fato de eles serem confiantes e assertivos – em outras palavras, sexys. Use esses indicadores para construir sua confiança masculina e mostrar ao mundo (e a todas as mulheres nele) quem é que manda no negócio.
Um homem bad boy é quem manda no pedaço, será que uma "bad girl" também mandaria no pedaço? E que diabo é isso, uma noção de precisar se autoafimar um macho dominante? isso é decadente, ridículo, essa noção do wikihow é como você ser um pateta iludido.
Conheça a si mesmo, e você descobrirá que está fingindo valores para “se encaixar”. Você realmente pode ser feliz fingindo ser alguém que não é?
Legal, wikihow sensato. Todos nós fingimos ser pessoas que não somos o tempo todo.
Torne-se o centro de seu mundo. Você existe primariamente para se fazer feliz – os outros são secundários.
Mas cuidado com o egocentrismo, o egoísmo, a falta de empatia, a ofuscação do teu sentir em prol de uma "fortaleza" emocional, pra você não se machucar.
Bad girl é a mesma tosqueira. Sinceramente.. Uma coisa que realmente me deixa puta na sociedade é o pisar nos ovos e a linha tênue entre as coisas, um tensionamento do desejo que leva ao nada, uma boa parte de tudo que é consumido e que regem corpos, por exemplo, andando na rua sinto pessoas que se aproximam do meu corpo naturalmente, assim como o meu corpo também se rege magneticamente para outros, meu corpo clama por toque, por sexo, por qualquer coisa, e ao mesmo tempo a mídia reafirma esse gozo o tempo todo, goze, coma, goze, coma. Eu vou te ver, vou te pegar, vamos transar, esse é o pretexto de todas as músicas de funk. Com esse imperativo categórico constante, talvez eu tenha abandonado a minha espontaneidade, e é por isso que não transo há um mês. Mas o próprio transar é superestimado, porque pessoas o fazem de forma superficial, e não excluindo eu, mas me sinto frustrada, porque faço o máximo pra deixar meu corpo sadio e interessante e... como me manter interessada pelo meu corpo, quando ninguém mais está interessado, ou não quer dizer que está? Por que parece que sempre é um jogo super díficil, talvez eu devesse não pensar sobre sexo e deixar acontecer naturalmente, mas ao mesmo tempo... talvez a ansiedade constante de viver em uma sociedade não fraca, mas que tende a imbecilização e o entorpecimento, o sexo é uma válvula de tensão boa, eu queria depositar minha tensão em algum corpo como qualquer outra pessoa. Mas parece que o meio não está propício, as pessoas que estão se mostrando sexualmente disponíveis são desinteressantes pra mim, e sei que eu poderia estar fazendo qualquer coisa mais interessante, mas esse é o meu espaço de analisar o porque da minha dúvida, da minha não potência, talvez eu não seja galanteadora e sensual, talvez eu seja só esforçada, mas ao mesmo tempo meio desengonçada. Pessoas não gostam de pessoas desesperadas. A única solução que acho a curto prazo é investir em coisas pro meu prazer pessoal, mas tem uma coisa sobre isso, sinto saudade de estar me relacionando com alguém e sentir prazer aos poucos até culminar em sexo
1- A infantilização e fetichização da mulher, do gênero mulher, e a apelação sexual esgarçada que está em todas as esferas da sociedade e da cultura ocidental.
2- O termo em inglês, fazendo alusão a arte pop na música, nos Estados Unidos, uma concepção de um arquétipo de uma mulher que é protagonista de uma liberdade sexual. No caso do "Bad Girl", o protagonismo não é nem dela, é do homem que chega e a denomina sobre o que ela é, ele a restringe.
3- A problemática de homens dizendo o que mulheres são, como se a autodenominação não fosse possível, é necessário um discurso que é hierarquizante, que eu chegue e diga : Isso é uma garota má, em vez de ela dizer: "eu sou assim, assado".
Vamos fazer um teste? Vou botar no google a diferença entre homem mau e mulher má.
Homem mau- um pistoleiro
o bolsonaro
o coringa, um cara com cara de estúpido com chifrinhos na cabeça
melhor, vou botar em inglês
tem uma marca que se chama Bad Boy
por que não teria uma marca chamada Bad Girl?
Bom , parece um estereótipo de homens com tatuagens e cabelo lambido pra trás
tem um vídeo, como ser um "Bad boy"
Que tem um livro linkado, How to Get Girls to Chase You
Como fazer com que garotas te persigam? Nossa. Espero que não tenha sido escrito por uma mulher.
Tem a questão da sexualização, assim como a questão de uma cara de paisagem e desgosto juntas.
Vamos no Wikihow, três formas de ser um BadBoy.
Em vez disso, é pelo fato de eles serem confiantes e assertivos – em outras palavras, sexys. Use esses indicadores para construir sua confiança masculina e mostrar ao mundo (e a todas as mulheres nele) quem é que manda no negócio.
Um homem bad boy é quem manda no pedaço, será que uma "bad girl" também mandaria no pedaço? E que diabo é isso, uma noção de precisar se autoafimar um macho dominante? isso é decadente, ridículo, essa noção do wikihow é como você ser um pateta iludido.
Conheça a si mesmo, e você descobrirá que está fingindo valores para “se encaixar”. Você realmente pode ser feliz fingindo ser alguém que não é?
Legal, wikihow sensato. Todos nós fingimos ser pessoas que não somos o tempo todo.
Torne-se o centro de seu mundo. Você existe primariamente para se fazer feliz – os outros são secundários.
Mas cuidado com o egocentrismo, o egoísmo, a falta de empatia, a ofuscação do teu sentir em prol de uma "fortaleza" emocional, pra você não se machucar.
Bad girl é a mesma tosqueira. Sinceramente.. Uma coisa que realmente me deixa puta na sociedade é o pisar nos ovos e a linha tênue entre as coisas, um tensionamento do desejo que leva ao nada, uma boa parte de tudo que é consumido e que regem corpos, por exemplo, andando na rua sinto pessoas que se aproximam do meu corpo naturalmente, assim como o meu corpo também se rege magneticamente para outros, meu corpo clama por toque, por sexo, por qualquer coisa, e ao mesmo tempo a mídia reafirma esse gozo o tempo todo, goze, coma, goze, coma. Eu vou te ver, vou te pegar, vamos transar, esse é o pretexto de todas as músicas de funk. Com esse imperativo categórico constante, talvez eu tenha abandonado a minha espontaneidade, e é por isso que não transo há um mês. Mas o próprio transar é superestimado, porque pessoas o fazem de forma superficial, e não excluindo eu, mas me sinto frustrada, porque faço o máximo pra deixar meu corpo sadio e interessante e... como me manter interessada pelo meu corpo, quando ninguém mais está interessado, ou não quer dizer que está? Por que parece que sempre é um jogo super díficil, talvez eu devesse não pensar sobre sexo e deixar acontecer naturalmente, mas ao mesmo tempo... talvez a ansiedade constante de viver em uma sociedade não fraca, mas que tende a imbecilização e o entorpecimento, o sexo é uma válvula de tensão boa, eu queria depositar minha tensão em algum corpo como qualquer outra pessoa. Mas parece que o meio não está propício, as pessoas que estão se mostrando sexualmente disponíveis são desinteressantes pra mim, e sei que eu poderia estar fazendo qualquer coisa mais interessante, mas esse é o meu espaço de analisar o porque da minha dúvida, da minha não potência, talvez eu não seja galanteadora e sensual, talvez eu seja só esforçada, mas ao mesmo tempo meio desengonçada. Pessoas não gostam de pessoas desesperadas. A única solução que acho a curto prazo é investir em coisas pro meu prazer pessoal, mas tem uma coisa sobre isso, sinto saudade de estar me relacionando com alguém e sentir prazer aos poucos até culminar em sexo
o que tem na minha mochila
tinha o meu celular, que eu já peguei por causa do vício
tinha uns dois absorventes, que usei ontem e hoje acabei não tendo
tem uma mamadeira, que usei pra queimar uma fralda enquanto danço a uma música em que o bolsonaro dizia : nós temos que fazer cocô, dia sim, dia não
tinha um livro com uma barata estampada na capa, na penumbra eu me assustei com essa barata
tem a minha pochete pra carregar poucas coisas, com um adesivo colado meio despencando
tem uma garrafa de água vazia, agora tirei, vai talvez ficar pra encher
de água mesmo nessa semana , talvez faça calor
tem um papelzinho sobre instruções de como usar o coletor menstrual
tem um chocalho de bebê para a mesma performance de cedo
tinha uma calcinha
uma tampa azul de algum tipo de pote que não tenho a mínima ideia qual pote era
só sei que está pintado de vermelho meio escuro e manchinhas de verde
e tem umas manchinhas de um branco todo sujo e um verde musgo, diferente das manchinhas claras
o pote tem um risquinho quebradinho
tem uma fita durex que eu nem usei
outra calcinha
um amontado de fita durex azul diferente da outra, que era branca
tem uma pasta de dentes
um papel de paçoca
na bolsinha, tem um fio dental
uma escova de cerdas duras
eu digo , dessa vez vai amolecer
tem minha identidade com meu bilhete único com meu cartãozinho da UFRJ, com meu cartão de crédito, com meu cartão alimentação
tem um invólucro de plástico que jogo no lixo
tem uma ficha técnica de uma imagem que eu fiz faz um mês
queria botar ela na parede
não a imagem, a ficha técnica
queria pintar todas as paredes
tinha um papel de paçoca, não sei se era o mesmo
joguei ele fora
tinha uma velinha rosa aromatizada
acendi
tem uma meia
tem uma chupeta pra mesma performance
tem vários papéis e invólucros
tem uma paradinha pra modelagem em argila que não tem aula faz duas semanas
tem umas quatro cartelas de remédios pra cólica
e eu percebo uau realmente tem bastantes coisas
tem uma seda
e um sal do bandejão
tem uma moeda de vinte e cinco centavos
tem mais uma velinha
boto do lado da que já está acesa
tiro quase tudo, guardar em algum canto
tinha uns dois absorventes, que usei ontem e hoje acabei não tendo
tem uma mamadeira, que usei pra queimar uma fralda enquanto danço a uma música em que o bolsonaro dizia : nós temos que fazer cocô, dia sim, dia não
tinha um livro com uma barata estampada na capa, na penumbra eu me assustei com essa barata
tem a minha pochete pra carregar poucas coisas, com um adesivo colado meio despencando
tem uma garrafa de água vazia, agora tirei, vai talvez ficar pra encher
de água mesmo nessa semana , talvez faça calor
tem um papelzinho sobre instruções de como usar o coletor menstrual
tem um chocalho de bebê para a mesma performance de cedo
tinha uma calcinha
uma tampa azul de algum tipo de pote que não tenho a mínima ideia qual pote era
só sei que está pintado de vermelho meio escuro e manchinhas de verde
e tem umas manchinhas de um branco todo sujo e um verde musgo, diferente das manchinhas claras
o pote tem um risquinho quebradinho
tem uma fita durex que eu nem usei
outra calcinha
um amontado de fita durex azul diferente da outra, que era branca
tem uma pasta de dentes
um papel de paçoca
na bolsinha, tem um fio dental
uma escova de cerdas duras
eu digo , dessa vez vai amolecer
tem minha identidade com meu bilhete único com meu cartãozinho da UFRJ, com meu cartão de crédito, com meu cartão alimentação
tem um invólucro de plástico que jogo no lixo
tem uma ficha técnica de uma imagem que eu fiz faz um mês
queria botar ela na parede
não a imagem, a ficha técnica
queria pintar todas as paredes
tinha um papel de paçoca, não sei se era o mesmo
joguei ele fora
tinha uma velinha rosa aromatizada
acendi
tem uma meia
tem uma chupeta pra mesma performance
tem vários papéis e invólucros
tem uma paradinha pra modelagem em argila que não tem aula faz duas semanas
tem umas quatro cartelas de remédios pra cólica
e eu percebo uau realmente tem bastantes coisas
tem uma seda
e um sal do bandejão
tem uma moeda de vinte e cinco centavos
tem mais uma velinha
boto do lado da que já está acesa
tiro quase tudo, guardar em algum canto
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
referências da aula
Aproximações do que georges perec-pdf
127 horas- filme
o pai da menina morta- thiago ferro
a insustentável leveza do ser- milan kundera
ro mierling - diário de uma escrava
blow up- michelangelo antonioni
o anjo das pernas tortas
paraíso é bem bacana
macunaíma - 10 reais
caranguejo
teoria do iceberg - o mais importante é o que não é dito
o abuso cordial
os amigos indo pescar- o rio de dois corações
plano sequencia
crash
veronica stigger as vacas só existem pra me alimentar
delírio de damasco -FODA
a gente escreve o que ouve- nunca o que houve.
os chineses vem aqui e comem tudo
as vacas só existem pra me alimentar
daria o cu por uma torta de chocolate
como escolher essas frases aleatórias?
foda
o quanto cachorros e gatos nos abalam
coitados dos indios
viviam em paz
chegaram os seres humanos e mataram todos
presta atenção
ela não é bonita
ela só parece bonita
sapatos apertados
127 horas- filme
o pai da menina morta- thiago ferro
a insustentável leveza do ser- milan kundera
ro mierling - diário de uma escrava
blow up- michelangelo antonioni
o anjo das pernas tortas
paraíso é bem bacana
macunaíma - 10 reais
caranguejo
teoria do iceberg - o mais importante é o que não é dito
o abuso cordial
os amigos indo pescar- o rio de dois corações
plano sequencia
crash
veronica stigger as vacas só existem pra me alimentar
delírio de damasco -FODA
a gente escreve o que ouve- nunca o que houve.
os chineses vem aqui e comem tudo
as vacas só existem pra me alimentar
daria o cu por uma torta de chocolate
como escolher essas frases aleatórias?
foda
o quanto cachorros e gatos nos abalam
coitados dos indios
viviam em paz
chegaram os seres humanos e mataram todos
presta atenção
ela não é bonita
ela só parece bonita
sapatos apertados
provavelmente vou chegar atrasada
tentando sentar nos meus plexos, ou seja lá os nomes das duas bolinhas da bunda. Já encarei o fato de que vou ser extremamente corcunda, corcunda a ponto de ser que nem um porco, não conseguir olhar pro sol. Fechei a janela porque estava frio e agora estou com calor, no limiar entre brotar alguma gota na minha pele e eu só ficar numa estufa mesmo. Abro a janela, li que os suspiros são ou ansiedade ou... sofreguidão? não sei; nem suspiro, também. Só a intenção de suspirar, esse texto é um suspiro. Vou pra quarta moradia esse ano, morei na barraca em Espírito Santo, tempo de verão, escrevia em meio ao silêncio, aí me chamaram pra ficar na casa de praia de uma família, assim, me senti meio encarcerada depois do quarto dia, saíamos como para um banho de sol, mas foi ótimo porque partilhamos as refeições e não gastei nada. Tocávamos cajón, eu lia Mar Morto do Jorge Amado, depois disso voltei ao alojamento, fiz minhas trouxinhas e fui pra Brasília, great cidade. Primeira semana fiquei na casa do amigo do amigo do cara que encontrei no tinder fazia uns quatro meses, fui pra lá por extrema coincidência de datas, cheguei no primeiro dia, saía as nove da manhã para andar e voltava por volta das dez, meio desconfiada com o carinha, que no final era super divertido, um mágico, literalmente, vi o show dele de mágica, parecia que ele tinha cheirado cocaína pra mexer nas cartas. Eu vou ler isso na aula, me pergunto eu agora, e digo: sim vou ler, porque meu doce amigo michel é general ou seja lá o que na marinha e foi convocado pra treinamento hoje, só temos eu, rafael, e talvez o tonani no fim d'aula. Escuto o trem azul, e quero me deslocar para as cidades de gente que não falam, mas escutam, sorriem esporadicamente, e fazem lanches e refeições comunitárias. Enfim, segunda semana em brasília, fui para o Hostel da juventude lá em brasília, longe de tudo e todos , como eu não estava pagando na primeira semana, consegui pagar, mas era meio salgadinho o preço, estava na barraca, o dono do hostel (na real o cara que gerencia o hostel) me deu a chave de um quarto e eu fiquei por lá mesmo, era pra eu estar numa barraca. Lembro que tinha uma cama de casal no quarto e isso era tão bom. Camas de casal são ideais para pessoas, camas de solteiro são tipo caixões, nós nos movemos a noite. Camas de solteiro deixam escapar pontas pelos cantos, camas de casal são pequenas piscinas em que se pode fazer movimentos amplos, nadar em uma porção de mar enquanto sonha. Estava com a escaleta de um ex amigo meu, ex amigo porque fiquei tanto tempo com a escaleta que ele foi ficando meio puto, e quando devolvi estava faltando um bocal, aí demorei um tantinho pra pagar pelo bocal, e ainda peguei a jaqueta dele, tá dentro dessa mochila aí, e não devolvi. Ele me chamou de Deusa energética social, e toca berimbau, grande pessoa. A FLUP vai ser dia 16 a 20 de outubro, bora todo mundo que está aqui escutando os relatos, eu pensei, não quero relatar a minha vida, tem coisa mais interessante que isso, mas depois pensei de novo e pensei : pensar algo que não fosse a minha vida nesse exato momento em que estou sentada no meu ex-quarto que se fez quarto e a partir do momento que eu cruzar essa porta será ex de novo, com as persianas fechadas, era pra eu ter acordado ás sete da manhã, sido ultra produtiva como uma arte empreendedora que toma suco verde, eu super tomei a desgraça do suco verde, é gostoso, mas você precisa sempre de brotos de girassol, e ainda não tenho cabeça para o tempo todo repor os brotos, tirar as sementes da "cabeça" dos brotos, eu só ia fazer um suco verde mesmo, agora acabei de me lembrar que o suco a que eu me referia era suco de clorofila, e que suco verde que é fácil de fazer. Ir ao mercado constantemente é um trabalho, é uma arte, é um ofício. Haja paciência. Como espírito móvel e frenético, não acho tão atraente a ideia de ir todo dia, são um dos pequenos rituais que te engessam. E essas palavras, será que elas são engessadas? Haveria uma fórmula para como eu escrevo? que bom essa merda não apagou, o notebook apagou porque a tomada é meio tosca, enfim fui levantar minha cabeça tonteou, estava vendo estrelas. A rinite catuca meu nariz e tenho vontade de arrancar fora e ficar com dois buracos na cara para respirar melhor, eu morreria porque teria muitas impurezas dentro do meu corpo e o ar entraria muito gelado, eu congelaria. Agora estou ouvindo uma música que se chama A chuva. O dia está branco e provavelmente vai chorar. Eu escrevi chorar? chorei ontem, um pouco, quando vi que um dos motivos pelos quais eu gosto muito dos titãs é porque é um dos únicos vínculos que tenho com o meu pai, fascista, tadinho. Ele me mandou uma mensagem no messenger ontem, sendo que ele estava morando um cômodo ao meu lado, e preferiu mandar uma mensagem, e nem comentou o conteúdo dela. Eu achava que seria alguma mensagem política fascista, mas era só ele aplaudindo os titãs na música "Vossa Excelência", em que eles xingam políticos em geral. Estou escrevendo sem os óculos, e eu percebi que eles, mesmo sendo bonitos, eram extremamente disfuncionais, eles são como um inseto que fica batendo na minha cara e ai caem. As letras, se eu me afastar de trinta centímetros da tela do notebook, já se embaçam. Penso em faltar, em ir pra faculdade só pra medir minhas telas e jogar tudo pra cima, mas aí penso: não, tenho uma responsabilidade, seja acadêmica, seja afetiva, quero acompanhar os processos e os afetos. O meu texto sobre a imagem ficou bem tosco, acontece. Vou propor uma escrita jorrada com algumas palavras esporádicas que as pessoas mesmo vão dizer. Continuando, penso em não comer pra ter tempo de escrever e chegar a tempo na aula, provavelmente vou chegar atrasada, vou perguntar a minha avó se ela pode fazer meu último prato de comida antes que eu saia da casa dela pela terceira, quarta, não sei mais qual é a essa vez em que eu me taco no mundo. Depois do hostel em brasília, vou a casa de uma garota que conheço no tinder, fico na casa dela por três semanas. Conheço um poeta chamado Pedro Batista, que me convida a aparecer no programa dele na Tv comunitária de brasília, fico exultante e troco minha passagem, no final essa passagem meio que foi pro ralo, não consegui trocar por algo, foram cento e tantos reais pro ralo. Deveria ter economizado mais esse ano e minha coluna doi e não sei onde estão meus óculos, vou perguntar se minha avó pode fazer esse último prato. Ah, tem pizza. Vou catar todas as calabresas, não estou comendo carne. Vou sentir saudade de sempre comer comidas gostosas quando chego, mas esse é o preço de se submeter a uma estrutura familiar hierarquizante. Estou de saco cheio de estruturas patriarcais, e o pior de tudo é que a pilastra é uma mulher, é a minha avó, que exerce um autoritarismo bizarro, e é por isso que estou saindo depois de grandes dois meses de volta a casa da familha, com agá mesmo. Mas é uma pizza bem gostosa, mesmo que só queijo, orégano, manjericão, tomate, e... mais molho de tomate? nunca perguntei a ela como se faz essa pizza, assim como a maioria das receitas que ela faz, e provavelmente suas receitas vão se encerrar com ela. Voltando, fiquei lá na casa de Carol Sterica, DJ de funk de brasília e ainda me sinto mal por como nós nos despedimos, eu ia pegar uma carona pra Bahia e ela ficou insistindo para que eu não o fizesse, e minha colega tinha vindo também, e ela estava fazendo a cabeça dela, na real, fez, ela não foi comigo, pegou uma passagem de ônibus pra Bahia. Mas quando chegamos lá foi lindo, ah esqueci que fui pra Goiás antes também. Resumindo: cachoeira, lugares holísticos, pizza vegana por dois reais, umas coisas lindas. Aí voltei e lá vem o caos de volta. Sou nômade meu espírito não pertence a um lugar só, estou me admirando por não ter viajado nas férias de meio de ano, pelo contrário, trabalhei pra caramba no hostel mais desgraçado em termos de gerência que conheci, não ganhava absolutamente nada e trabalhava que nem um jumento. Como não consegui economizar esse tempo todo? Ninguém merece. Meio dia e cinquenta e um, e aí fui morar com Carol, na Lapa. Fiquei lá por uns 3 meses, consegui bastante até, tinha gatos lindos, melhor parte eram os gatos, mesmo que eles estivessem depressivos porque não podiam sair. Será que eu realmente vou ler tudo isso que estou escrevendo na aula? Vou comer. Vou escovar os dentes e ir, grande dia, grande não, médio. É isso,grande médio pequeno texto.
domingo, 29 de setembro de 2019
marta da mata vs rita da rua
rita: então marta, teu discurso pacifista é uma merda.
Marta: Veja bem, Rita. A violência só gera mais violência, nós não temos o poderio bélico que os policiais militares têm no Rio de Janeiro, a matança e extermínio só tende a continuar.
rita: é fácil vendo isso de longe, né? Porra tem gente inocente morrendo todo dia, eles tem que se juntar mesmo, pegar em arma, atirar contra os milicianos fodidos.
Marta: Mas você sabe que assim só vai fazer um looping constante de violência que nunca vai extinguir o caos do Rio de Janeiro?
rita: antes isso que uma resistência passiva a que é vinculada o brasil, e que é ext... minha mão tá padecendo já
sábado, 28 de setembro de 2019
antropos
ele comia as cenouras como se fossem computadores
e começou a digitar nos seus próprios olhos
apertava a íris e saía suco de cenoura
espremeu uma laranja junto e foi dormir dentro do copo
que acabou de ser quebrado e você escorre pra dentro de um bueiro
que é a sua própria garganta e agora você se pergunta
WTF eu estou me comendo, pois é
você sente o seu gosto
sente o líquido você dentro de você inchar, inflar
até que você fica quase do mesmo tamanho que o seu eu normal
mas dois corpos do mesmo tamanho não podem existir
e por isso, você precisa quebrar essa casca, esse invólucro velho
sua pele tá velha e seu nariz tá meio morto
você precisa começar a se descascar
pega uma faca, enfia fundo na sua pele
acaba ferindo o cara de dentro também
mas não tem problema, porque ferimentos saram
você sangra até você mesmo pegar umas bandagens
mas você precisa parar de suar, porque tá quente
e esparadrapo gruda com suor e sangue e fica lindo
você toma a quantidade excedente de fluidos num copo
coquetel de vísceras, põe o resto da sua casca pros outros comerem
apetitoso, ou com gosto de nada? depende da fetichização
você não sabe mais se é alimento ou se se alimenta
você não tem mais nada pra fazer então começa a se comer de novo
desde a ponta dos dedos, agora sua mão ta meio precária, a minha também
vou começar a escrever com o cotovelo assim que comer o último indicador
FEIJejepijgpijprogjaewjepjgepojpgjepojgepjgeojeojgoejegpojpwgjeopwgjdompdmogpmpomgpmdpmpmgwdpmodpwmlgçwegmçoemçwçeomwmoeçwmgoçwmgçdlmçwmçdw.,çw,çrlmgçwdmçmlwdmçlmdwçlwmdçmçlmwçgmwçglmdçwlmgwçdlmgçwlmçdwlmgçdwlmgdçlwmgçdlwmçdlmgçwlmgçdwlmçlwmçwlmçwlmgwlçmwçldmgwçdmçwmçlmçwmdgçlmlçmdçlwmgçdlmgçwmgdlmçgmwçlgw
e começou a digitar nos seus próprios olhos
apertava a íris e saía suco de cenoura
espremeu uma laranja junto e foi dormir dentro do copo
que acabou de ser quebrado e você escorre pra dentro de um bueiro
que é a sua própria garganta e agora você se pergunta
WTF eu estou me comendo, pois é
você sente o seu gosto
sente o líquido você dentro de você inchar, inflar
até que você fica quase do mesmo tamanho que o seu eu normal
mas dois corpos do mesmo tamanho não podem existir
e por isso, você precisa quebrar essa casca, esse invólucro velho
sua pele tá velha e seu nariz tá meio morto
você precisa começar a se descascar
pega uma faca, enfia fundo na sua pele
acaba ferindo o cara de dentro também
mas não tem problema, porque ferimentos saram
você sangra até você mesmo pegar umas bandagens
mas você precisa parar de suar, porque tá quente
e esparadrapo gruda com suor e sangue e fica lindo
você toma a quantidade excedente de fluidos num copo
coquetel de vísceras, põe o resto da sua casca pros outros comerem
apetitoso, ou com gosto de nada? depende da fetichização
você não sabe mais se é alimento ou se se alimenta
você não tem mais nada pra fazer então começa a se comer de novo
desde a ponta dos dedos, agora sua mão ta meio precária, a minha também
vou começar a escrever com o cotovelo assim que comer o último indicador
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terça-feira, 24 de setembro de 2019
performance fazer cocô dia sim dia não
Dispositivo de áudio- radinho check
música- check
pessoa pra apertar o botão pra tocar 2x
uma vou ficar dançando
na outra botar fogo na fralda
se ficar mais tempo queimando, boto 3x, 4x
pedir a gabriel ou alguém
pendrive-
fralda-
mamadeira-
chupeta-
álcool-
música- check
pessoa pra apertar o botão pra tocar 2x
uma vou ficar dançando
na outra botar fogo na fralda
se ficar mais tempo queimando, boto 3x, 4x
pedir a gabriel ou alguém
pendrive-
fralda-
mamadeira-
chupeta-
álcool-
homis
ei fulano
bora se pegar
amanhã eu pego o sicrano
e fetichizo o beltrano
mas bora se pegar
quero teu abraço estrangulante
quero teu cheiro de suor
quero tua cara de esforço
e teus gemidos
quero teu gozo e sentir de novo a sua pele
mas em vez de tentar te enforcar
posso te chupar
acontece
bora
bora se pegar
amanhã eu pego o sicrano
e fetichizo o beltrano
mas bora se pegar
quero teu abraço estrangulante
quero teu cheiro de suor
quero tua cara de esforço
e teus gemidos
quero teu gozo e sentir de novo a sua pele
mas em vez de tentar te enforcar
posso te chupar
acontece
bora
domingo, 22 de setembro de 2019
Leve
Estava em um festival de música eletrônica, quando me
deparei com um colega que não via faz quase quatro anos. Ele disse meu nome, eu
olhei para ele três vezes, uma a visão superficial, a segunda, uma tentativa de
reconhecimento, que assim que reconheceu viu uma terceira vez e ficou muito
surpresa. Muito surpresa, porque nós brigávamos muito, eu achava que se ele me
visse em um lugar, nós nos olharíamos mas não conversaríamos, e isso não
aconteceu. Ele falou comigo de forma amena, abstraindo todas nossas tretas
anteriores, e isso me fez bem, dei um abraço nele, ele disse que seus planos
estavam indo bem, que ele foi estagiar em uma empresa enorme, e eu disse um
pouco dos meus. Senti que o resquício de ressentimento que sentia em mim se
evaporou, e sempre o senti tão parecido comigo, ele reafirmou isso, rimos,
fomos cada um para seu canto.”
Nesse segundo, o ressentimento e a mágoa em mim de 16 anos
se esvoaçaram como pombas sendo livres, e me senti mais leve. Foi ótimo. Grande
Pedro Leonardo. Antes eu competiria com ele, por minha família sempre ter
botado viés competitivo com meus amigos, meus colegas, seja quem fosse. Hoje,
eu espero que ele obtenha êxito, se esforçando.
Me sinto bem por estar me auto curando, acho que a terapia deve ajudar pra alguma coisa. Valeu UFRJ, valeu vida, o ponto alto do meu domingo foi ter me deparado com ele.Eu era uma adolescente com várias questões, deveria ter começado a me analisar desde cedo. Mas é foda, estava querendo arranjar formas de prestar, não estava preocupada com a minha moral.
meu amor
não é sobre você, ou o seu corpo
pouco me importa a sua casca
mas a sua mente realmente era interessante
mas o "amor" que chamo
é um sentimento de mim voltado para mim mesma
e por isso pode ser tóxico
porque... não existe
porque talvez eu expresso gostar mal
porque talvez eu precise de um ser objetificado para depositar o amor
para poder me chamar sujeito amante
se não, me sinto não-objeto de desejo
e não potência amorosa
então
parto da seguinte batalha de cura
que eu não seja sujeito-objeto de identificação
mas aí é que está
será que estou sendo fetichizada, será que já fui, ou serei? pelo que sou?
em uma sociedade meio fragmentada, meio bizarra
seria inocência dizer nunca teria sido fetichizada
então... como ser indivíduo amante sem ser objeto de desejo
talvez não ser nem um nem outro
porque talvez esse gostar seja um gostar tóxico
talvez o único gostar interessante seja o de gostar como amigo
ou como família
e por sinal, acho o gostar como amigo mais legítimo
porque fazemos coisas por amigos, e os escolhemos
pouco me importa a sua casca
mas a sua mente realmente era interessante
mas o "amor" que chamo
é um sentimento de mim voltado para mim mesma
e por isso pode ser tóxico
porque... não existe
porque talvez eu expresso gostar mal
porque talvez eu precise de um ser objetificado para depositar o amor
para poder me chamar sujeito amante
se não, me sinto não-objeto de desejo
e não potência amorosa
então
parto da seguinte batalha de cura
que eu não seja sujeito-objeto de identificação
mas aí é que está
será que estou sendo fetichizada, será que já fui, ou serei? pelo que sou?
em uma sociedade meio fragmentada, meio bizarra
seria inocência dizer nunca teria sido fetichizada
então... como ser indivíduo amante sem ser objeto de desejo
talvez não ser nem um nem outro
porque talvez esse gostar seja um gostar tóxico
talvez o único gostar interessante seja o de gostar como amigo
ou como família
e por sinal, acho o gostar como amigo mais legítimo
porque fazemos coisas por amigos, e os escolhemos
sábado, 21 de setembro de 2019
to fazendo um trabalho
pras professorinhas calmas da boles artix verem que sou um ótimo macaco amestrado
ah
eu sei pintar também
ah
eu sei pintar também
sexta-feira, 20 de setembro de 2019
Espetáculo de mortes
2:32 da manhã
minha vó sentada numa cadeira com a luminária acesa de baixo pra cima, iluminando como em um filme de terror.
-o que você fica fazendo até essa hora na rua?
-Eu... mato pessoas. Dilacero, esquartejo, faço a pessoa ficar desaparecida. eu sou a pessoa dos noticiários, eu sou todos os assassinos anônimos, aí quando eu chego vocês desligam a tv. Se eu não ficar fora, tudo fica em paz e os noticiários colapsam.
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
paródia
deixa eu dizer
o que eu acho que o amor me faz
nem sei se amor existe
pra que esconder
se eu te quero demais
deixa eu mudar um pouquinho a minha realidade
o que eu penso em você
é bem normal
e não me leve a mal
se eu me apaixonei
não dependia de mim
agora meio que não dá mais
você insistiu em querer me conhecer
a vida é assim
eu abri meu coração
e você entrou não só nele
eu não pude dizer não
nem percebi
e qual é a solução
se você provavelmente vai fugir de mim
quando me vi, estava pensando em você
merda
e provavelmente antes mesmo de poder desfrutar de algo já tenho que aniquilar isso da minha cabeça porque amor corrói coisas dentes e móveis
sos
o que eu acho que o amor me faz
nem sei se amor existe
pra que esconder
se eu te quero demais
deixa eu mudar um pouquinho a minha realidade
o que eu penso em você
é bem normal
e não me leve a mal
se eu me apaixonei
não dependia de mim
agora meio que não dá mais
você insistiu em querer me conhecer
a vida é assim
eu abri meu coração
e você entrou não só nele
eu não pude dizer não
nem percebi
e qual é a solução
se você provavelmente vai fugir de mim
quando me vi, estava pensando em você
merda
e provavelmente antes mesmo de poder desfrutar de algo já tenho que aniquilar isso da minha cabeça porque amor corrói coisas dentes e móveis
sos
não me considero romântica
é que se eu não escrevesse eu iria ficar frustrada
porque quero me expressar, é ser sincera comigo mesma
quero te beijar por horas e me perder nos teus cabelos
andar pelas esquinas e curvas das ruas pelos elos
sem mais ou menos atropelos
encontro sorrisos desprovidos de amarelo
e risos graves em covas proeminentes como traves
de um jogo empatado, de uma foda atropelada
mas adrenalina dá tempero a coisa
eu, acostumada a pular de flor em flor
fazendo analogia a corpos, seja o que for
quase esqueço que corpo é mente
e te vejo tão seguro, presente
viajo e velejo pela tua profundidade ocular
então se deixe por mim masturbar
esse verbo maleável pega no teu pau e faz um estrago
mas antes de algo sexual
me encanta como canta
e me seduz como reluz
o brilho do olho escuro pedra olho de tigre
quero nessas águas mergulhar
e que tua saliva vire mar
e teu sêmen tenha o mesmo gosto
passar os dedos pelo contorno do teu rosto
mais do que uma refeição, ou um tira-gosto
me dá tesão teu aproach
agora vou dizer uma frase de coach
muito mais que um prato de comida
guardo cada segundo na prateleira da vida
sobre ti és seguro e tens ciência
que nosso tempo seja não consumação, experiência
porque quero me expressar, é ser sincera comigo mesma
quero te beijar por horas e me perder nos teus cabelos
andar pelas esquinas e curvas das ruas pelos elos
sem mais ou menos atropelos
encontro sorrisos desprovidos de amarelo
e risos graves em covas proeminentes como traves
de um jogo empatado, de uma foda atropelada
mas adrenalina dá tempero a coisa
eu, acostumada a pular de flor em flor
fazendo analogia a corpos, seja o que for
quase esqueço que corpo é mente
e te vejo tão seguro, presente
viajo e velejo pela tua profundidade ocular
então se deixe por mim masturbar
esse verbo maleável pega no teu pau e faz um estrago
mas antes de algo sexual
me encanta como canta
e me seduz como reluz
o brilho do olho escuro pedra olho de tigre
quero nessas águas mergulhar
e que tua saliva vire mar
e teu sêmen tenha o mesmo gosto
passar os dedos pelo contorno do teu rosto
mais do que uma refeição, ou um tira-gosto
me dá tesão teu aproach
agora vou dizer uma frase de coach
muito mais que um prato de comida
guardo cada segundo na prateleira da vida
sobre ti és seguro e tens ciência
que nosso tempo seja não consumação, experiência
sexta-feira, 13 de setembro de 2019
corta o meu cabelo, celso
que eu dependa de você, Celso
que eu toque no piano e fique lá a vida toda
porque a única coisa que sei
é de nada
e você sabe cortar cabelo
então corta o meu
vou botar meu colchão ao lado daquele morador de rua
ele mesmo, com seu violão
vamos cantar músicas tristes e felizes também
vou propor a ele:
vamos sair daqui?
e iríamos desceríamos o brasil
argentina, bolívia, chile
morando em cada canto
em cada beco e sargeta
em algum lugar que não te proíbam
de sentar no chão.
Sei de nada, cada vez menos.
Meus olhos grandes, problemas pequenos
na real, não sei medir
nem pra onde ir
nem onde cair
Sors disse que eu ia renascer
estou me recuperando
do que
será que sou tão fraca assim
não tenho vontade de levantar da cama
então ei, celso
vem cortar meu cabelo
que eu toque no piano e fique lá a vida toda
porque a única coisa que sei
é de nada
e você sabe cortar cabelo
então corta o meu
vou botar meu colchão ao lado daquele morador de rua
ele mesmo, com seu violão
vamos cantar músicas tristes e felizes também
vou propor a ele:
vamos sair daqui?
e iríamos desceríamos o brasil
argentina, bolívia, chile
morando em cada canto
em cada beco e sargeta
em algum lugar que não te proíbam
de sentar no chão.
Sei de nada, cada vez menos.
Meus olhos grandes, problemas pequenos
na real, não sei medir
nem pra onde ir
nem onde cair
Sors disse que eu ia renascer
estou me recuperando
do que
será que sou tão fraca assim
não tenho vontade de levantar da cama
então ei, celso
vem cortar meu cabelo
terça-feira, 10 de setembro de 2019
Apaguei as luzes para ficar mais claro
A textura é lisa, volta e meia seus dedos se deparam com fragmentos móveis
poeiras, instalações instáveis do meio sobre o objeto.
As mãos descem e sobem em U por depressões balanceadas que convergem em pontos
Não são pontos excessivamente pontudos, mas também não passam despercebidos
são picos irregulares, alguns menos espetados
Tem o tamanho de mais de duas mãos para segurar
E dez dedos exercem bem o papel de percebe-lo
Há montinhos imprevisíveis que poderiam ser acidentes
o tempo e o espaço moldando a forma
em uma dessas formas cabe uma bochecha alojada confortavelmente
seu dedo pode deslizar como um skate em uma pista
em um anel de saturno, pois é uma elipse
renomeando a obra, seu nome é eclipse
Se posta entre seus indicadores e polegares, a forma gira
além dos vales, ela também tem zonas de intersecção mais simples e retas
como que duas paredes opostas se encontrando
Entre os dois conglomerados de formas, há um pequeno vale
quase imperceptível ao toque
o dedo mal cabe no buraco, é interessante explorar mesmo assim, mas com cuidado
É como uma fossa abissal no meio da forma, em que só a ponta dos dedos tem acesso
Percorrendo o prisma, sente-se subir até uma aresta em linha reta, e logo depois, descer, ou vice-versa.
As mãos também encaixam perfeitamente nos lados opostos do sólido, vales maleáveis e cômodos em que podem repousar as fatigas carnes humanas.
Vou dormir. Ele também vai
poeiras, instalações instáveis do meio sobre o objeto.
As mãos descem e sobem em U por depressões balanceadas que convergem em pontos
Não são pontos excessivamente pontudos, mas também não passam despercebidos
são picos irregulares, alguns menos espetados
Tem o tamanho de mais de duas mãos para segurar
E dez dedos exercem bem o papel de percebe-lo
Há montinhos imprevisíveis que poderiam ser acidentes
o tempo e o espaço moldando a forma
em uma dessas formas cabe uma bochecha alojada confortavelmente
seu dedo pode deslizar como um skate em uma pista
em um anel de saturno, pois é uma elipse
renomeando a obra, seu nome é eclipse
Se posta entre seus indicadores e polegares, a forma gira
além dos vales, ela também tem zonas de intersecção mais simples e retas
como que duas paredes opostas se encontrando
Entre os dois conglomerados de formas, há um pequeno vale
quase imperceptível ao toque
o dedo mal cabe no buraco, é interessante explorar mesmo assim, mas com cuidado
É como uma fossa abissal no meio da forma, em que só a ponta dos dedos tem acesso
Percorrendo o prisma, sente-se subir até uma aresta em linha reta, e logo depois, descer, ou vice-versa.
As mãos também encaixam perfeitamente nos lados opostos do sólido, vales maleáveis e cômodos em que podem repousar as fatigas carnes humanas.
Vou dormir. Ele também vai
o sólido
ele é sólido, leve, ah foda-se
Nesta fase, o pensamento acelerado, delírio de grandiosidade, impulsividade e euforia podem gerar um grande aumento no número de relações sexuais, frequentemente sem preservativo e com múltiplos parceiros. Semanas depois na fase depressiva é comum que o paciente se arrependa e sinta vergonha e culpa por seus excessos e irresponsabilidade
não sinto vergonha.
Mas a parte dos sem preservativos tá meio foda porque foram vários sem.
Um foi bom
o outro foi ok
o outro outro foi demaisssssss
mas não tão demais quanto aff foda-se
vou voltar pro sólido
Nesta fase, o pensamento acelerado, delírio de grandiosidade, impulsividade e euforia podem gerar um grande aumento no número de relações sexuais, frequentemente sem preservativo e com múltiplos parceiros. Semanas depois na fase depressiva é comum que o paciente se arrependa e sinta vergonha e culpa por seus excessos e irresponsabilidade
não sinto vergonha.
Mas a parte dos sem preservativos tá meio foda porque foram vários sem.
Um foi bom
o outro foi ok
o outro outro foi demaisssssss
mas não tão demais quanto aff foda-se
vou voltar pro sólido
segunda-feira, 9 de setembro de 2019
sei de nada
pensei sobre aparências e depois me reprimi por pensar em aparências
talvez tudo que tenhamos são só aparências
ou só a minha vida
sei lá
devaneios
não sei de nada, só sei do resquício da risada de alguém na cabeça
um riso de lado mostrando um quarto dos dentes
me sinto meio pateta
pensei isso faz algum tempo hoje
queria viver pra transar
e me des politizar
mas é impossível porque somos seres sociais mas dude
cada vez mais eu quero ficar reclusa e absorver coisas
porque eu me sinto como alguém que irradia
e agora estou precisando de energia
então que eu durma e tire energia do sexo
porque isso é divertido
poderia transar com uma pessoa diferente a cada dia
só fico meio.... sei lá
não sei se acredito muito em amor, amar uma pessoa sem nenhum motivo
você ama por motivos. se não tiver motivo, está amando a si mesmo.
amar a si mesmo é bom
mas há relacionamentos em que um se ama e usa o outro para nutrir esse mesmo amor sem retribuir na mesma parcela, desequilíbrios em balanças
acho que por isso que não tive muita gente que gostou de mim sem ser meu corpo, porque eu meço amor
talvez seja meio psicopata
queria que meu terapeuta dissesse o que eu tenho
ou se não tenho nada
me sinto ansiosa
me sinto impotente
por mim o mundo mesmo dava visibilidade pra tudo
mas pessoas são interessadas por nichos
que elas já conhecem e se inserir é difícil
é tipo um parto ao contrário
eu vejo fotos minhas antigas e não me reconheço
todas essas mensagens de aniversário são tão lindas
por fora.
af, vou acampar sexta. Pro Sana. Perfeito.
esses sorrisos. A maioria deles era falso.
talvez tudo que tenhamos são só aparências
ou só a minha vida
sei lá
devaneios
não sei de nada, só sei do resquício da risada de alguém na cabeça
um riso de lado mostrando um quarto dos dentes
me sinto meio pateta
pensei isso faz algum tempo hoje
queria viver pra transar
e me des politizar
mas é impossível porque somos seres sociais mas dude
cada vez mais eu quero ficar reclusa e absorver coisas
porque eu me sinto como alguém que irradia
e agora estou precisando de energia
então que eu durma e tire energia do sexo
porque isso é divertido
poderia transar com uma pessoa diferente a cada dia
só fico meio.... sei lá
não sei se acredito muito em amor, amar uma pessoa sem nenhum motivo
você ama por motivos. se não tiver motivo, está amando a si mesmo.
amar a si mesmo é bom
mas há relacionamentos em que um se ama e usa o outro para nutrir esse mesmo amor sem retribuir na mesma parcela, desequilíbrios em balanças
acho que por isso que não tive muita gente que gostou de mim sem ser meu corpo, porque eu meço amor
talvez seja meio psicopata
queria que meu terapeuta dissesse o que eu tenho
ou se não tenho nada
me sinto ansiosa
me sinto impotente
por mim o mundo mesmo dava visibilidade pra tudo
mas pessoas são interessadas por nichos
que elas já conhecem e se inserir é difícil
é tipo um parto ao contrário
eu vejo fotos minhas antigas e não me reconheço
todas essas mensagens de aniversário são tão lindas
por fora.
af, vou acampar sexta. Pro Sana. Perfeito.
esses sorrisos. A maioria deles era falso.
domingo, 8 de setembro de 2019
lugares estranhos
Um peixeiro numa funerária
Um filósofo em um frigorifico
Um palhaço no cemitério
Um palhaço numa usina nuclear
Uma costureira na terceira guerra mundial
o mundo acabando
O mundo vai acabar amanhã. Grande dia é Hoje. Passei a escova pelos meus dentes, não sangraram, o sangue em todos nós evaporará junto amanhã. Será que vai evaporar, ou vamos ser esmagados até mudarmos de forma e substância ? Tudo que conhecemos vai cair na banalidade amanhã, porque tudo vai acabar. Dou meus últimos respiros, mas É como se meu corpo não soubesse que são últimos , meu corpo permanece em santa inquietude, e mesmo se o mundo não acabar amanhã, assim ele permanecerá. Quando o fogo começar a lamber meus pés e cabeça , estarei, sem resistência alguma , a me deixar ser consumida em um folego só. Mas se o processo se estender, que eu agonize e grite e lute contra o nada, que eu me mexa e meu corpo esteja distorcido e torcido em lugares que nem me lembrava que existiam em mim. Que eu grite e me assuste com a própria voz, não quero morrer perto de minha família , ou amigos, ou o que seja. Quero me recolher como um elefante velho e esperar pacientemente, isso é algo entre a desolação e eu. Acho que na madrugada de hoje vou pro meio do mar da praia vermelha, e por lá ficarei. Fogo ou água vão lutar pelo meu corpo, se queimo, me afogo, se a água queima mais, busco os beijos flamejantes. Toda a politica que discutimos foi pro ralo, esquerda e direita se uniram em um cores diferentes e agora se encontram marrons, lamacentas, e estamos jogando essa massa visceral pelo ralo, discutimos e reclamamos tanto e agora morremos todos
Todas as coach mensagens, você é capaz, vão pelo ralo. Ninguém É mais capaz, viremos comida de alien. Os que têm depressão e pensamentos suicidas se aliviam com o fim do mundo, o fim da tensão, a aniquilação. Bom, quem sabe enquanto queimamos não sintamos um êxtase magnifico de quem está no útero, ou seja, um ser em branco , que geme, ri e caga. Tudo que queríamos era cagar em paz.
não sou fracasso porra nenhuma
eu sou foda
(mas não tão foda a ponto de ser chato(a))
rssssssssssssssssssssssss
(mas não tão foda a ponto de ser chato(a))
rssssssssssssssssssssssss
sábado, 7 de setembro de 2019
em outra dimensão
eu mordo seu pescoço inteiro
chupo cada centímetro de pele entre teu queixo e seus ombros
ou seja, muita coisa
fico lá, sinto o cheiro do seu perfume
desodorante, sabonete, tudo vem a tona
e eu excluo essa camada de odores e procuro o da própria pele
sem nada desses perfumes de coisas artificiais
só quero lamber essa camada que protege teus orgãos e ossos
subo pelo seu queixo, pele macia, frágil
pelos beiços são as novas tetas que preciso me nutrir
entreabro os meus próprios e fico lá
em uma troca infinita de saliva que aumenta e inunda minha boca
porque queria mesmo era te devorar em dois segundos e dizer
ok, qual o próximo prato/corpo?
mas em vez disso, degusto com metros e metros de extensão
posso ficar estática sentindo sua pele por horas
chupo cada centímetro de pele entre teu queixo e seus ombros
ou seja, muita coisa
fico lá, sinto o cheiro do seu perfume
desodorante, sabonete, tudo vem a tona
e eu excluo essa camada de odores e procuro o da própria pele
sem nada desses perfumes de coisas artificiais
só quero lamber essa camada que protege teus orgãos e ossos
subo pelo seu queixo, pele macia, frágil
pelos beiços são as novas tetas que preciso me nutrir
entreabro os meus próprios e fico lá
em uma troca infinita de saliva que aumenta e inunda minha boca
porque queria mesmo era te devorar em dois segundos e dizer
ok, qual o próximo prato/corpo?
mas em vez disso, degusto com metros e metros de extensão
posso ficar estática sentindo sua pele por horas
em outra dimensão
nessa outra dimensão, não a dos sonhos
mas a das expectativas
você é a sua versão idealizada
sem falhas
e eu também
e não importa qual a sua genitália, nem a minha
nós nos abraçamos, aceitando todos os poros do corpo do outro
todos os calombos, pintas, manchas e machucados
em outra dimensão, nós nos tocamos
ponho seu rosto entre minhas duas mãos
me aproximo, e fico só respirando próxima a tua face
e ficamos respirando
e tudo é quente, acolhedor, mágico
passo a mão pelos seus cabelos e você pelos meus
e assim nos conectamos em corpo e alma
olho nos seus olhos, vejo toda a profundidade que você é
e ao mesmo tempo, me vejo
que somos iguais em corpo
temos as mesmas angústias, as mesmas ânsias
me perco e encontro nas suas pupilas
até nós dois cairmos no sono
me levanto, te vendo dormir
e atravesso o plano para a dimensão do real
do agora, em que você está lendo isso.
Você sente não o desejo, mas a paz, a completude
de nossos corpos na outra camada do espectro
e percebe-se infinitamente nutrido em substância
e que o amor que posso oferecer por cada ponto da sua constelação
você pode acessar, nem de esguelha
mas escancarado
no espelho
mas a das expectativas
você é a sua versão idealizada
sem falhas
e eu também
e não importa qual a sua genitália, nem a minha
nós nos abraçamos, aceitando todos os poros do corpo do outro
todos os calombos, pintas, manchas e machucados
em outra dimensão, nós nos tocamos
ponho seu rosto entre minhas duas mãos
me aproximo, e fico só respirando próxima a tua face
e ficamos respirando
e tudo é quente, acolhedor, mágico
passo a mão pelos seus cabelos e você pelos meus
e assim nos conectamos em corpo e alma
olho nos seus olhos, vejo toda a profundidade que você é
e ao mesmo tempo, me vejo
que somos iguais em corpo
temos as mesmas angústias, as mesmas ânsias
me perco e encontro nas suas pupilas
até nós dois cairmos no sono
me levanto, te vendo dormir
e atravesso o plano para a dimensão do real
do agora, em que você está lendo isso.
Você sente não o desejo, mas a paz, a completude
de nossos corpos na outra camada do espectro
e percebe-se infinitamente nutrido em substância
e que o amor que posso oferecer por cada ponto da sua constelação
você pode acessar, nem de esguelha
mas escancarado
no espelho
quinta-feira, 5 de setembro de 2019
talvez transar seja só uma distração do fracasso que me tornei
eu sei que deveria pensar que não sou um fracasso
mas a minha mente diz:
você, deitada na cama em que está
ninguém te atura mais
é por isso que você viaja
eu sou uma aniquiladora de tensão falha
uma artista medíocre
eu quero me expressar mas minha expressão não tem valor
nem fala
não tenho lugar de fala sobre nada
queria me reduzir a um ponto
não ter mais orgãos, não respirar
não queria ter essas mãos que estão digitando nesse teclado
queria quebrar tudo e que o meteoro matasse todos nós
tinha esquecido como eu sou de verdade
ou isso é só um espectro do que sou?
não tenho vontade de ficar pintando quadradinhos na belas artes
não tenho vontade de nada, quero voltar ao estágio de não gastar energia
tira meu cérebro e bota numa cuba, pra eu não pensar mais
eu falo que gosto de sexo mas acho que é porque é excitante
até que fica preguiçoso e chato como tudo
até que a comida fica fria e não tem mais gosto
que a paisagem vira um borrão cinza sem nada de interessante
até que os meus músculos e carne derretam e façam uma sopa
e os meus ossos sejam enfiados em barcos
que velejem para longe, bem longe
para a eternidade da catarse total
me sinto uma poeta estúpida
uma mulher fraca estúpida
um esqueleto sem carne, com os fluidos caindo pelos lados do corpo
transar me lembra que meu corpo ainda está vivo
assim como fazer esportes
mas minha mente está querendo me matar
de novo
tenho vontade de ficar aqui, estática
esse é um texto ruim
esse é um texto que não é estético
esse é um texto que não é ético
porque quero enfiar um machado na minha cabeça
e não vou rimar
porque quero enfiar minha língua na tomada
porque quero me enforcar com o cabo USB
dessa máquina que controla nós todos
quero me afogar em óleo de engrenagem
quero sentir alguma coisa
mas nada está para ser sentido
só engolido sem digerir
e depois expelido para o grande depósito
das nossas angústias raivas e desesperos
apagados e nosso gozo, ah o nosso gozo
cinza e não latente mas esgotado
uma libido que oscila mais que pêndulo
e só quero afundar na minha própria cara
e enfiar uma faca no meu corpo quem sabe fazer um desenho
tenho o projeto da feira mas estou com medo que não aconteça
porque já não aconteceu uma vez
e a parada é que ainda não tem nome e mesmo tendo uma galera
me sinto tão só
minha mãe tá lá suprindo todo o vazio do útero dela com o cara
e meu pai com seu olhar angustiado dizendo que agora vai ser milionário de novo
e eu só quero morrer
ou já morri
estou cinza
pronto
morri, me matei
enfiei a lâmina na minha garganta, estou sangrando eternamente. Vou sangrar por 70 anos.
Até morrer de anemia. Ou o corte já está feito, na minha alma, se é que isso existe.
Botei esse título, queria mandar esse texto para amigos meus, mas não tem muito o que fazer.
Eu posso tentar me consolar, e dizer:
-Mariana, você não é uma falha, você é ótima.
E eu vou pensar, não , eu sou uma merda. Pisada. Por mim mesma, e eu cuspo no resto de mim no chão. E me jogo no chão para poder quebrar todos os ossos do meu corpo de uma vez, agora sou paraplégica, são máquinas que estão escrevendo isso pra mim. E é engraçado, isso não é mecanismo de alívio de tensão, isso é uma forma de fazer mais tensão se embolar no meu estômago, e eu sei que eu deveria me sentir "bem", mas não estou, porque...acho que esqueci como é relaxar. Acho que esqueci como é ter paciência, queria resultados imediatos, queria suprir o meu imediatismo e progressismo, mas não consigo, e meu entusiasmo está se convertendo em frustração. Penso em mudar de curso, que sou uma falha como artista, era uma falha como química, ou talvez só seja confusa. Sou uma merda de ser humano.
Sou egoísta, egocêntrica, não mereço sair do meu quarto, esse mesmo quarto com paredes brancas, vazias, sinto vontade de me matar pela milionésima vez. O problema não é com minha família ou as outras pessoas, é comigo, eu não sirvo para ficar estática em um lugar, eu quero me tacar do prédio, não aturo ninguém nem nada, e realmente me veio o pensamento de eu no parapeito da janela, oscilando um pouco, mas finalmente deixando ir, minha bexiga funcionando melhor do que nunca enquanto fico no ar, em rumo ao conhecido, ao estalo maior. Realmente consigo imaginar meu corpo estatelado na calçada, braços e pernas virados em diversas direções e eu mordendo minha própria língua. E também imagino eu arruinando a minha relação com todas as pessoas que eu conheço. Quero encolher até ficar invisível, quero me curvar sobre mim mesma e fazer um útero pra eu mesma me proteger de tudo e todos. Sinto que tudo é uma ameaça, tudo é perigoso, tudo é pontudo e pode me rasgar e comer minhas vísceras. Queria me internar num hospício e ficar lá. Sinto vontade de chorar, meu corpo todo se arrepia, talvez não todo, só a parte de cima dos braços e das pernas. Escutando um cantor que se suicidou, e os carros que rangem e brigam por espaço na rua. Me sinto a pessoa menos talentosa do mundo, um clichê ambulante. E não consigo chorar. Ninguém pode nos salvar, né, chester. Eu também sustento uma mentira, de que sou forte, de que sou interessante, de que sou legal. Eu sou um espectro sobre máscaras que eu mesma teci como teias. E não tenho vontade alguma de fazer a porra da aquarela que preciso pra exposição lá. Vontade de gritar mas não posso, minha família ia achar que sou louca. E eu me importo com isso, ainda. Queria não me importar, e gritar até perder a voz. Ainda me importo com o que acham de mim, ainda tenho cabelo. Queria cortar ele todo, mas acho ele bonitinho. Admiro pessoas como a Joana. Enfim, estamos todos colapsando, o meteoro está chegando e espero que aniquile a nós todos, vou me enfiar na frente dos carros, pegar a faca e traçar um sorriso sangrento no meu rosto. Sou uma criatura gosmenta e indesejável que afasta todos que se aproximam. Quando eu morrer, vai estar só o Yan com uma garrafa de cachaça pra chorar por mim. Mesmo assim, ele não gosta de mim como eu sou, mas sim o espectro idealizado que ele tem de mim. Preciso baixar as expectativas de tudo, isso é um esforço contínuo, leva tempo pra acatar.
mas a minha mente diz:
você, deitada na cama em que está
ninguém te atura mais
é por isso que você viaja
eu sou uma aniquiladora de tensão falha
uma artista medíocre
eu quero me expressar mas minha expressão não tem valor
nem fala
não tenho lugar de fala sobre nada
queria me reduzir a um ponto
não ter mais orgãos, não respirar
não queria ter essas mãos que estão digitando nesse teclado
queria quebrar tudo e que o meteoro matasse todos nós
tinha esquecido como eu sou de verdade
ou isso é só um espectro do que sou?
não tenho vontade de ficar pintando quadradinhos na belas artes
não tenho vontade de nada, quero voltar ao estágio de não gastar energia
tira meu cérebro e bota numa cuba, pra eu não pensar mais
eu falo que gosto de sexo mas acho que é porque é excitante
até que fica preguiçoso e chato como tudo
até que a comida fica fria e não tem mais gosto
que a paisagem vira um borrão cinza sem nada de interessante
até que os meus músculos e carne derretam e façam uma sopa
e os meus ossos sejam enfiados em barcos
que velejem para longe, bem longe
para a eternidade da catarse total
me sinto uma poeta estúpida
uma mulher fraca estúpida
um esqueleto sem carne, com os fluidos caindo pelos lados do corpo
transar me lembra que meu corpo ainda está vivo
assim como fazer esportes
mas minha mente está querendo me matar
de novo
tenho vontade de ficar aqui, estática
esse é um texto ruim
esse é um texto que não é estético
esse é um texto que não é ético
porque quero enfiar um machado na minha cabeça
e não vou rimar
porque quero enfiar minha língua na tomada
porque quero me enforcar com o cabo USB
dessa máquina que controla nós todos
quero me afogar em óleo de engrenagem
quero sentir alguma coisa
mas nada está para ser sentido
só engolido sem digerir
e depois expelido para o grande depósito
das nossas angústias raivas e desesperos
apagados e nosso gozo, ah o nosso gozo
cinza e não latente mas esgotado
uma libido que oscila mais que pêndulo
e só quero afundar na minha própria cara
e enfiar uma faca no meu corpo quem sabe fazer um desenho
tenho o projeto da feira mas estou com medo que não aconteça
porque já não aconteceu uma vez
e a parada é que ainda não tem nome e mesmo tendo uma galera
me sinto tão só
minha mãe tá lá suprindo todo o vazio do útero dela com o cara
e meu pai com seu olhar angustiado dizendo que agora vai ser milionário de novo
e eu só quero morrer
ou já morri
estou cinza
pronto
morri, me matei
enfiei a lâmina na minha garganta, estou sangrando eternamente. Vou sangrar por 70 anos.
Até morrer de anemia. Ou o corte já está feito, na minha alma, se é que isso existe.
Botei esse título, queria mandar esse texto para amigos meus, mas não tem muito o que fazer.
Eu posso tentar me consolar, e dizer:
-Mariana, você não é uma falha, você é ótima.
E eu vou pensar, não , eu sou uma merda. Pisada. Por mim mesma, e eu cuspo no resto de mim no chão. E me jogo no chão para poder quebrar todos os ossos do meu corpo de uma vez, agora sou paraplégica, são máquinas que estão escrevendo isso pra mim. E é engraçado, isso não é mecanismo de alívio de tensão, isso é uma forma de fazer mais tensão se embolar no meu estômago, e eu sei que eu deveria me sentir "bem", mas não estou, porque...acho que esqueci como é relaxar. Acho que esqueci como é ter paciência, queria resultados imediatos, queria suprir o meu imediatismo e progressismo, mas não consigo, e meu entusiasmo está se convertendo em frustração. Penso em mudar de curso, que sou uma falha como artista, era uma falha como química, ou talvez só seja confusa. Sou uma merda de ser humano.
Sou egoísta, egocêntrica, não mereço sair do meu quarto, esse mesmo quarto com paredes brancas, vazias, sinto vontade de me matar pela milionésima vez. O problema não é com minha família ou as outras pessoas, é comigo, eu não sirvo para ficar estática em um lugar, eu quero me tacar do prédio, não aturo ninguém nem nada, e realmente me veio o pensamento de eu no parapeito da janela, oscilando um pouco, mas finalmente deixando ir, minha bexiga funcionando melhor do que nunca enquanto fico no ar, em rumo ao conhecido, ao estalo maior. Realmente consigo imaginar meu corpo estatelado na calçada, braços e pernas virados em diversas direções e eu mordendo minha própria língua. E também imagino eu arruinando a minha relação com todas as pessoas que eu conheço. Quero encolher até ficar invisível, quero me curvar sobre mim mesma e fazer um útero pra eu mesma me proteger de tudo e todos. Sinto que tudo é uma ameaça, tudo é perigoso, tudo é pontudo e pode me rasgar e comer minhas vísceras. Queria me internar num hospício e ficar lá. Sinto vontade de chorar, meu corpo todo se arrepia, talvez não todo, só a parte de cima dos braços e das pernas. Escutando um cantor que se suicidou, e os carros que rangem e brigam por espaço na rua. Me sinto a pessoa menos talentosa do mundo, um clichê ambulante. E não consigo chorar. Ninguém pode nos salvar, né, chester. Eu também sustento uma mentira, de que sou forte, de que sou interessante, de que sou legal. Eu sou um espectro sobre máscaras que eu mesma teci como teias. E não tenho vontade alguma de fazer a porra da aquarela que preciso pra exposição lá. Vontade de gritar mas não posso, minha família ia achar que sou louca. E eu me importo com isso, ainda. Queria não me importar, e gritar até perder a voz. Ainda me importo com o que acham de mim, ainda tenho cabelo. Queria cortar ele todo, mas acho ele bonitinho. Admiro pessoas como a Joana. Enfim, estamos todos colapsando, o meteoro está chegando e espero que aniquile a nós todos, vou me enfiar na frente dos carros, pegar a faca e traçar um sorriso sangrento no meu rosto. Sou uma criatura gosmenta e indesejável que afasta todos que se aproximam. Quando eu morrer, vai estar só o Yan com uma garrafa de cachaça pra chorar por mim. Mesmo assim, ele não gosta de mim como eu sou, mas sim o espectro idealizado que ele tem de mim. Preciso baixar as expectativas de tudo, isso é um esforço contínuo, leva tempo pra acatar.
quarta-feira, 4 de setembro de 2019
queria transar com um bando de gente
o fabrício do lado do angelo
por sinal, sempre que vejo o angelo lembro daquele corpo magro embaixo do meu
dizendo tipo: ahhh você tá me bulinando
hhaha bons tempos a gente se masturbando na rua
ou você fabrício, e nós transando no banheiro
queria segurar o victor hoje pela nunca e engolir ele inteiro no onibus mesmo
kevin também poderia ser
mas o que eu queria mesmo
mesmo mesmo
era o patrick me chupando beeem devagar
mas
ele é recatado e eu nem sei se um dia vou pegar ele de novo
sad reactions only
dava pra se apaixonar
porque é tão difícil transar?
não que eu não tenha pegado o sono há 3 dias
e o pedro há 6
mesmo assim, achar uma parada de qualidade
com alguém legal
que não fique estranho depois ou não explique porque não quer mais
por que pessoas somem? será que elas acham que eu transo estranho e vão se afastando?
será que elas acham que eu estou mais envolvida do que fisicamente?
e pros caras que querem transar comigo e vem de conversinha
eu me entedio muito rápido com conversinha
eu respondo melhor um cara que chega e fala
bora transar?
do que um que vai chegar e dizer
ain gostei do seu estilo
porra
por que é tão difícil ser sincero com relação a sua sexualidade?
eu participei de sexo com sl quatro pessoas
e não achei a qualidade boa
achei que ficou desequilibrado
carai to com muito sono vou deitar já estou deitada
e padecer
por sinal, sempre que vejo o angelo lembro daquele corpo magro embaixo do meu
dizendo tipo: ahhh você tá me bulinando
hhaha bons tempos a gente se masturbando na rua
ou você fabrício, e nós transando no banheiro
queria segurar o victor hoje pela nunca e engolir ele inteiro no onibus mesmo
kevin também poderia ser
mas o que eu queria mesmo
mesmo mesmo
era o patrick me chupando beeem devagar
mas
ele é recatado e eu nem sei se um dia vou pegar ele de novo
sad reactions only
dava pra se apaixonar
porque é tão difícil transar?
não que eu não tenha pegado o sono há 3 dias
e o pedro há 6
mesmo assim, achar uma parada de qualidade
com alguém legal
que não fique estranho depois ou não explique porque não quer mais
por que pessoas somem? será que elas acham que eu transo estranho e vão se afastando?
será que elas acham que eu estou mais envolvida do que fisicamente?
e pros caras que querem transar comigo e vem de conversinha
eu me entedio muito rápido com conversinha
eu respondo melhor um cara que chega e fala
bora transar?
do que um que vai chegar e dizer
ain gostei do seu estilo
porra
por que é tão difícil ser sincero com relação a sua sexualidade?
eu participei de sexo com sl quatro pessoas
e não achei a qualidade boa
achei que ficou desequilibrado
carai to com muito sono vou deitar já estou deitada
e padecer
quinta-feira, 29 de agosto de 2019
tocar uma pro
ricardo
mas um pouco vai pro leandro também
ricardo, dá vontade de fazer um estrago nessa sua cara
e leandro
dá vontade de sentar na sua cara até você engasgar
nossa, quando você disse no meu ouvido
-Vai deixar eu pegar suas costas?
Queria ter dito:
-deixo você pegar o meu corpo todo, gostoso
patrick achei omisso demais
mas o um terço restante desse gesto é dedicado a você
ricardo, quero mastigar sua cara até virar um bolo indistinguível
mas um pouco vai pro leandro também
ricardo, dá vontade de fazer um estrago nessa sua cara
e leandro
dá vontade de sentar na sua cara até você engasgar
nossa, quando você disse no meu ouvido
-Vai deixar eu pegar suas costas?
Queria ter dito:
-deixo você pegar o meu corpo todo, gostoso
patrick achei omisso demais
mas o um terço restante desse gesto é dedicado a você
ricardo, quero mastigar sua cara até virar um bolo indistinguível
segunda-feira, 26 de agosto de 2019
mario de mithos murchando
-mariana, desinfla esse boneco, pelamor
diz marta, meio esmagada no cérebro cheio de sinapses frenéticas.
não consigo, ele... mariana fica arroxeada e quase sufocada...
eu... não...
BOOOOOOOOM
mariana se transforma em Mário de Mithos. Empatia zero.
-Ah, você gosta do meu trabalho, não é mesmo? Rs, junte-se a fila.
Mariana diz pra Mário de Mithos, agora ela enclausurada na cabeça dele:
-Caralhoooooo saí daí você é chato e arrogante!!!
Uma pessoa inocente se aproxima de Mário. Pobrezinha. Ele a avalia da ponta das cabeça até o final dos pés, resmunga e pensa: ligeiramente entediante.
Mariana luta para respirar na mente estúpida de Mário.
-Você é muito foda, Mariana!! Diz a pessoa inocente. Sou sua primeira fã!
Mário olha com desdém, e pensa: você está longe de ser a primeira, querida.
Mariana pensa: NÃAAAAAAAAAO, PARA COM ISSO, É POR ISSO QUE VOCÊ TEM POUCOS AMIGOSSSS. Mas ao mesmo tempo Mariana pensa: Ok, que seja, deixa o Mário se divertir. É um dilema.
-A MARIANA É INCRÍVEL, ela diz, enquanto elogia Mário, e seu ímpeto cresce e em um segundo Mário é explosão de êxtase, seu nome é repetido inúmeras vezes, seu pênis rijo imenso tem vontade de sair por fora das calças e transar com todos nos recintos, enquanto todos eles dizem: É, isso aí, você é O CARA, MÁRIO. Mário pensa na ideia enquanto está rodeado de pessoas. Mário se infla, e quase explode e sobram pedacinhos dele em todo lugar. Mário se delicia com a ideia, e Greta, a bruta, quer abocanhar a carne de cada um dos seres do recinto. Mariana dá sonífero para Greta e fala:
-Carai, a gente tem que matar essa porra, galera.
Greta urra e dá um soco na cara de Mariana. Greta vai correr pelada e se esconder atrás de uma pedra fria.
Mário se sente O cara. Ele nunca foi tão contemplado por tanta gente, e ele percebe que ele não é tão legal assim. E ele começa a murchar, fica triste e se suicida.
Saiu o Mário. Nem sabemos quem chamar agora. Confuso, o corpo dorme. Greta vai pra bem longe nas montanhas, Sâmia sexual se masturba mentalmente, sua boca saliva enquanto ela olha para os homens tão focados na divertida atividade dos homens. Patrícia, a intelectual, sente vergonha de si. Sente vergonha de sua monitoria capenga, de sua tentativa de integração de pessoas, o corpo pede por maconha para poder se perdoar. Marta adentra o recinto e diz:
-Calma, galera. Deixa a Greta respirar, se ela meditar fica mansinha. Patrícia, você é esforçada e você ao menos tenta. Rita... vai voltar a pichar o muro, vai.
-Acabou o jet.... Diz Rita, ao lado de uma garrafa semi cheia de cachaça.
Agora vou rimar porque to no pedaço
na minha garganta um aço
e nem me desembaraço
o que é realidade
é o meu ato ou o traço
embarco no destino
que me impede de alcançar
todas as forças que rimo
e não sei pronde remar
ando pela rua sem força
pra acordar
da camisa que me cerca e
me sufocar
to fazendo tecendo
o que for de ser
quero me desfazer e depois
crescer
para o além
bem longe de mim
um ser-deus sem ego
-FORA MÁRIOOOOOO
um bicho meio cego
que saiba enxergar
o azul profundo
do ultramar
Rita olha pra baixo e pensa:
- Nem rimar mais eu sei...
Marta olha para Rita, passa o braço ao redor dela, e diz:
-Ok, respira, eu acredito no teu trabalho, só de você falar já é ótimo.
Mário aparece, aspirado, como uma sacola plástica desinflada, e tenta gritar:
Não sai nem um chiado. Mário começa a desaparecer, a sumir. Seu suicídio chega ao fim.
Para evocar e fazer Mário renascer, só elogiando. [NÃO ELOGIE] [ELOGIE SIMMMMMMMMMMMMMM POR FAVORRRRR DIZ QUE EU SOU FODA DIZ QUE EU SOU MÁGICO DIZ QUE EU SOU INCRÍVEL]
Marta chega e fala:
-Não, você é natural. Você é só você, e daqui há 50 anos vai morrer e vão esquecer de você.
[NÃAAAAAAAAAAAAO, EU QUERO SER LEMBRADOOO, POR ISSO EU ME SUICIDO, QUERO A COMOÇÃO] diz o túmulo de mário.
-O ego deste homem está verdadeiramente me perturbando- diz Patrícia- Vamos sedar a bebida dele da próxima vez.
Greta aparece do nada e deixa escapar uma frase, os olhos esbugalhados:
-QUAL DELES VAMOS MATAR E COMER? HMMM VOU PROCURAR O MAIS GORDINHO.
Greta é rebatida com um golpe na cara pelo corpo do outro. Ela sente o golpe, vai pro canto lamber suas feridas.
Mariana urra e arranca as cascas das feridas que todos os espectros fizeram sobre ela mesma e diz :
-CHEGAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Mariana fica cabisbaixa, frustrada, não inspirada, meio com sono, meio... nem com pensamentos suicidas.
diz marta, meio esmagada no cérebro cheio de sinapses frenéticas.
não consigo, ele... mariana fica arroxeada e quase sufocada...
eu... não...
BOOOOOOOOM
mariana se transforma em Mário de Mithos. Empatia zero.
-Ah, você gosta do meu trabalho, não é mesmo? Rs, junte-se a fila.
Mariana diz pra Mário de Mithos, agora ela enclausurada na cabeça dele:
-Caralhoooooo saí daí você é chato e arrogante!!!
Uma pessoa inocente se aproxima de Mário. Pobrezinha. Ele a avalia da ponta das cabeça até o final dos pés, resmunga e pensa: ligeiramente entediante.
Mariana luta para respirar na mente estúpida de Mário.
-Você é muito foda, Mariana!! Diz a pessoa inocente. Sou sua primeira fã!
Mário olha com desdém, e pensa: você está longe de ser a primeira, querida.
Mariana pensa: NÃAAAAAAAAAO, PARA COM ISSO, É POR ISSO QUE VOCÊ TEM POUCOS AMIGOSSSS. Mas ao mesmo tempo Mariana pensa: Ok, que seja, deixa o Mário se divertir. É um dilema.
-A MARIANA É INCRÍVEL, ela diz, enquanto elogia Mário, e seu ímpeto cresce e em um segundo Mário é explosão de êxtase, seu nome é repetido inúmeras vezes, seu pênis rijo imenso tem vontade de sair por fora das calças e transar com todos nos recintos, enquanto todos eles dizem: É, isso aí, você é O CARA, MÁRIO. Mário pensa na ideia enquanto está rodeado de pessoas. Mário se infla, e quase explode e sobram pedacinhos dele em todo lugar. Mário se delicia com a ideia, e Greta, a bruta, quer abocanhar a carne de cada um dos seres do recinto. Mariana dá sonífero para Greta e fala:
-Carai, a gente tem que matar essa porra, galera.
Greta urra e dá um soco na cara de Mariana. Greta vai correr pelada e se esconder atrás de uma pedra fria.
Mário se sente O cara. Ele nunca foi tão contemplado por tanta gente, e ele percebe que ele não é tão legal assim. E ele começa a murchar, fica triste e se suicida.
Saiu o Mário. Nem sabemos quem chamar agora. Confuso, o corpo dorme. Greta vai pra bem longe nas montanhas, Sâmia sexual se masturba mentalmente, sua boca saliva enquanto ela olha para os homens tão focados na divertida atividade dos homens. Patrícia, a intelectual, sente vergonha de si. Sente vergonha de sua monitoria capenga, de sua tentativa de integração de pessoas, o corpo pede por maconha para poder se perdoar. Marta adentra o recinto e diz:
-Calma, galera. Deixa a Greta respirar, se ela meditar fica mansinha. Patrícia, você é esforçada e você ao menos tenta. Rita... vai voltar a pichar o muro, vai.
-Acabou o jet.... Diz Rita, ao lado de uma garrafa semi cheia de cachaça.
Agora vou rimar porque to no pedaço
na minha garganta um aço
e nem me desembaraço
o que é realidade
é o meu ato ou o traço
embarco no destino
que me impede de alcançar
todas as forças que rimo
e não sei pronde remar
ando pela rua sem força
pra acordar
da camisa que me cerca e
me sufocar
to fazendo tecendo
o que for de ser
quero me desfazer e depois
crescer
para o além
bem longe de mim
um ser-deus sem ego
-FORA MÁRIOOOOOO
um bicho meio cego
que saiba enxergar
o azul profundo
do ultramar
Rita olha pra baixo e pensa:
- Nem rimar mais eu sei...
Marta olha para Rita, passa o braço ao redor dela, e diz:
-Ok, respira, eu acredito no teu trabalho, só de você falar já é ótimo.
Mário aparece, aspirado, como uma sacola plástica desinflada, e tenta gritar:
Não sai nem um chiado. Mário começa a desaparecer, a sumir. Seu suicídio chega ao fim.
Para evocar e fazer Mário renascer, só elogiando. [NÃO ELOGIE] [ELOGIE SIMMMMMMMMMMMMMM POR FAVORRRRR DIZ QUE EU SOU FODA DIZ QUE EU SOU MÁGICO DIZ QUE EU SOU INCRÍVEL]
Marta chega e fala:
-Não, você é natural. Você é só você, e daqui há 50 anos vai morrer e vão esquecer de você.
[NÃAAAAAAAAAAAAO, EU QUERO SER LEMBRADOOO, POR ISSO EU ME SUICIDO, QUERO A COMOÇÃO] diz o túmulo de mário.
-O ego deste homem está verdadeiramente me perturbando- diz Patrícia- Vamos sedar a bebida dele da próxima vez.
Greta aparece do nada e deixa escapar uma frase, os olhos esbugalhados:
-QUAL DELES VAMOS MATAR E COMER? HMMM VOU PROCURAR O MAIS GORDINHO.
Greta é rebatida com um golpe na cara pelo corpo do outro. Ela sente o golpe, vai pro canto lamber suas feridas.
Mariana urra e arranca as cascas das feridas que todos os espectros fizeram sobre ela mesma e diz :
-CHEGAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Mariana fica cabisbaixa, frustrada, não inspirada, meio com sono, meio... nem com pensamentos suicidas.
sexta-feira, 23 de agosto de 2019
prece dos que precisam
ele estava vindo em minha direção, e eu, em um salto de balé, me jogo na frente dele.
o ônibus bate em mim e meu corpo se desfaz em pedaços de gelatina alien, que tremula e
brilha fluorescente. Um cara pega um pedaço de mim e come, e agora estou dentro de sua boca, sendo mastigada, mas não tenho nervos, então somente vejo a saliva vindo, mas respiro embaixo da mesma. Sou empurrada para o estômago e que daqui a pouco o fulano vai me cagar. Abandono a parte da consciência que está dentro do cara, continuo uma pessoa, parada na frente do ônibus:
-Pode me atropelar, eu deixo.
O motorista me olha perplexo, e diz:
-Ô menina, só sai da frente.
Eu cavo no concreto e deito num buraco paralelo ao vão das rodas do ônibus. Ele passa por cima de mim sem que eu sofra um arranhão, e agora estou olhando para um céu verde arroxeado, deitada no concreto e esperando um meteoro explodir a terra em seis.
Ao longe escuto aquela voz irritante que repete:
-"Nome do presidente e seu respectivo número"
e espero que o meteoro caia logo. Poeiras vem aos meus olhos, e por um segundo sou formiga, só quero exercer meu trabalho, a observação e vigia das estrelas quanto aos maus olhados. Uma profissão só minha, não remunerada, mas o nome cai bem. Nada como ser chefe de si. Meus olhos pendem, caem, e não tenho mais nada a dizer, só que o tempo é frio e as amizades também, o lago é profundo e já não tem mais peixes, fui pular nele no inverno e dei de cabeça no gelo... meu crânio tá preso lá até agora, se vier falar comigo vai ver um escafandro sendo usado de crânio... ah é, você não vai ver, porque está por dentro de toda a pele que eu tive que costurar de volta. Acha isso estranho? No fundo no fundo, cada um de nós sabe como cada um de nós geme. Pelo fim do início, pela volta dos estáticos, pela ética dos porcos, que deus nunca deixe faltar carne humana na minha mesa.
o ônibus bate em mim e meu corpo se desfaz em pedaços de gelatina alien, que tremula e
brilha fluorescente. Um cara pega um pedaço de mim e come, e agora estou dentro de sua boca, sendo mastigada, mas não tenho nervos, então somente vejo a saliva vindo, mas respiro embaixo da mesma. Sou empurrada para o estômago e que daqui a pouco o fulano vai me cagar. Abandono a parte da consciência que está dentro do cara, continuo uma pessoa, parada na frente do ônibus:
-Pode me atropelar, eu deixo.
O motorista me olha perplexo, e diz:
-Ô menina, só sai da frente.
Eu cavo no concreto e deito num buraco paralelo ao vão das rodas do ônibus. Ele passa por cima de mim sem que eu sofra um arranhão, e agora estou olhando para um céu verde arroxeado, deitada no concreto e esperando um meteoro explodir a terra em seis.
Ao longe escuto aquela voz irritante que repete:
-"Nome do presidente e seu respectivo número"
e espero que o meteoro caia logo. Poeiras vem aos meus olhos, e por um segundo sou formiga, só quero exercer meu trabalho, a observação e vigia das estrelas quanto aos maus olhados. Uma profissão só minha, não remunerada, mas o nome cai bem. Nada como ser chefe de si. Meus olhos pendem, caem, e não tenho mais nada a dizer, só que o tempo é frio e as amizades também, o lago é profundo e já não tem mais peixes, fui pular nele no inverno e dei de cabeça no gelo... meu crânio tá preso lá até agora, se vier falar comigo vai ver um escafandro sendo usado de crânio... ah é, você não vai ver, porque está por dentro de toda a pele que eu tive que costurar de volta. Acha isso estranho? No fundo no fundo, cada um de nós sabe como cada um de nós geme. Pelo fim do início, pela volta dos estáticos, pela ética dos porcos, que deus nunca deixe faltar carne humana na minha mesa.
finalmente vou escrever
hoje me senti
empoderada
impotente
desmotivada
motivada
criativa
exaurida
de coração quebrado
raivosa
frustrada
amedrontada
encorajada
cansada
energizada
criativa
receosa
meio nostálgica
mas isso já virou meio um padrão
empoderada
impotente
desmotivada
motivada
criativa
exaurida
de coração quebrado
raivosa
frustrada
amedrontada
encorajada
cansada
energizada
criativa
receosa
meio nostálgica
mas isso já virou meio um padrão
terça-feira, 20 de agosto de 2019
Caio Fernando de Abreu
Invernal
Quero
afundar no meu canto
até
o fundo mais fundo
onde
só há o eu sozinho
amor,
terreno vedado
para
os passos que tentei.
Quero
morrer no meu canto
como
morrem os elefantes
como
adoecem os cães
completamente
escondidos
amor,
espaço minado
cheio
de cacos de vidro
meu
rosto tem sombras duras
minhas
mãos têm gestos duros
seus
olhos têm vista dura
amor,
espinho cravado
que
ninguém tirou de mim
estou
no fundo do poço
em
pleno meio de agosto
nenhum
fiapo de luz
iluminando
meu canto
amor,
espelho quebrado
e
sete anos de azar.
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