quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

APAGA

APAGA MEMÓRIA
ESQUECE
APAGA
ESCONDE DOR
QUE DOR? NEM EXISTIU
VOCÊ NEGA A HUMANIDADE
ESQUECE LEGADO ESQUECE HISTÓRIA
ABOMINA AMOR, ABOMINA ARTE
FINGE
QUE EXISTE ESSA TUA GLÓRIA
HAHAHAH NÃO ME VENHA COM ESSA
NÃO LEIA SE TIVER PRESSA
CHEGO COM RAIVA, CHEGO COM TRANCO
VEM ME FALAR DE SUPREMACIA DE BRANCO
NESSE PAÍS QUE É UM TERÇO ÁFRICANO
UM TERÇO LUSITANO
INDÍGENA JAPONÊS ÁRABE , PROFANO
ENFIA SEU DEUS NA CABEÇA DE QUEM NÃO QUER
QUEBRA O CREDO DO OUTRO
QUE OUTRO? NÃO CONSEGUE ENXERGAR
O PANO AMARELO E VERDE TE PÕE PRA PASTAR
OUTRAS RELIGIÕES? O QUE É ISSO?
APENAS PARA COM JESUS TENHO COMPROMISSO
MESMO QUE SEJA MULHER, HEI DE SER CORDEIRO SUBMISSO
E ELA NÃO CAMINHA, ELA NÃO ANDA
NÃO EXISTE CANDOMBLÉ OU UMBANDA
BUDISMO OU ISLAMISMO
DITADURA DO CÉU
QUE PECADO, BLASFÊMIA, CADÊ A HARMONIA
NÃO ME VENHA COM HIPOCRISIA
DE QUE ANTES ERA MELHOR
SE NÃO SAÍA NA RUA, ERA EXPECTADOR
TELEVISCRAVO
ESCREVE TEU LEGADO, AGORA
NASCI, TRABALHEI, PROTESTEI PELOS PODEROSOS
DISSE QUE EXISTIA UM NACIONALISMO NO PEITO
MAS NÃO SEREMOS VERMELHOS
SÃO O QUE ENTÃO?
SÃO AMARELO DE PODRES
DESPROVIDOS DE QUALQUER ESCOLHA
QUEREMOS O DIREITO DE NÃO PODER QUERER
TIREM-NOS OS DIREITOS
E QUE OS ESCRAVOS VOLTEM
QUE AS MULHERES VOLTEM A SEREM ENCURRALADAS
AMORDAÇADAS
QUE XS GAYS VOLTEM PRA GAYLANDIA
E EU DIGO
VÃO VOCÊS
DE VOLTA PRA PORTUGAL
VIVER TEU NACIONALISMO UTÓPICO
TRAIR TEUS PARCEIROS
E USAR ROUPAS GRANDES
SABE POR QUE?
POR QUE LÁ
FAZ FRIO
LÁ TEM SENTIDO USAR ROUPAS GRANDES
E EM 2019
NÃO VAMOS DEIXAR DE SER MULHERES RAIVOSAS
EFERVESCENTES
NÃO VAMOS DEIXAR DE SER GAYS SAPATONAS BICHAS TRAVAS AFRONTOSAS
NÃO VAMOS DEIXAR DE SER NEGROS EMPODERADOS
NÃO VAMOS DEIXAR DE SER QUEM SOMOS
PRA VOCÊS, AMARELOS APODRECIDOS
SE SENTIREM BEM, SE SENTIREM EM 1800, QUANDO TUDO ERA BOM
POIS SE TEM UMA COISA QUE VOCÊS GOSTAM
É SOFRIMENTO
LUTAMOS POR LIBERDADE, E VOCÊS NOS ESFREGAM EM EXCREMENTO
POIS ESPEREM, TUDO TEM MOMENTO
E NADA VAI VOLTAR PRA LUGAR NENHUM
SEM REPRESSÃO A COMPORTAMENTO
PODE IR BOTANDO TEU ORNAMENTO E MAQUIAGEM SOCIAL
E ESCONDENDO OS RESTOS DA TUA FARTA CEIA DE NATAL
FELIZ 2019

INSTASCRAVO

POSTA UMA FOTO
POSTA OUTRA
AAA SERÁ QUE PESSOAS VÃO DAR LIKE
E MEUS SEGUIDORES, QUERO MAIS E MAIS
CONSEGUI MIL
A META AGORA É DOIS MIL
ME SINTO COM A AUTO ESTIMA LÁ EM CIMA
será?
será que realmente veem o que você bota?
quem você é?
quanto tempo você passa vendo uma foto? dois segundos?
pois é. Dois segundos. Dois segundos na frente do rei, sim, ou sim.
É simplesmente aceitação e injetar endorfina e serotonina na veia
quero amor, cadê amor nesse mundo frio
rio, rio , rio de nervoso
alguém para se compadecer da minha mensagem
alguém para me dar na alma uma massagem
alguém para repassar minha linguagem
alguém para reparar na maquiagem
alguém que ame a paisagem
alguém que ..
alguém
que esteja do outro lado e me dê atenção
mas é atenção de dois segundos
é atenção a jato
É FAST-ATTENTION
Postou, foi, foi embora
agora mais, mais mais
se é mulher, espreme os peitos, faz bico
bota a cara laranja
se tem a cara bonita, bota a cara bonita pra jogo
deixa os corações de consumirem, te corroerem
desde o princípio dos teus olhos azuis
até a sua boca entreaberta
e já imaginamos uma centena de jogos sexuais com a mesma
SOMOS SEXUAIS
já viu quanto uma foto de bunda consegue LIKES?
é incrível
sua crítica social foda não é páreo para a BUNDA
sua dança, você tocando instrumento, cantando
salvando mico leão dourado da amazônia
NÃO É PÁREO PARA A INDÚSTRIA DA CARNE
E estamos aqui, no instacarnegram
e me admira quem ainda não se rendeu, quem ainda não virou escravo
SE SUA VIDA FOSSE NOSSA

SUA VIDA É POSSE NOSSA
E QUANTO MAIS VOCÊ MOSTRAR
MAIS ATENÇÃO VAI RECEBER
MOSTRA VOCÊ AMANDO SUA MÃE
PARA AINDA ACREDITARMOS NO AMOR
MOSTRA VOCÊ COMENDO DOCES
mostra, mostra, mostra
bota uma propaganda no meio
instavício
instantaneo vício
e eu
me rendi
VEJAM A MINHA ARTE HAHAHA
VEJAM O MEU CORPO NO MEIO DO LIXO
é , o meu corpo no meio do lixo é mais interessante
se pelo menos pagassem pelos meus pedaços de carne
prostitutos virtuais
AAAAAAAAAAh, a internet
Aaaaaaaaah, o instagram
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, o celular
DE NOVO, OBRIGADA MÃE
POR ME ACORRENTAR COM ESSA DESGRAÇA DE PLÁSTICO DE NOVO
E NÃO DÁ PARA VIVER SEM, POR QUE?
Porque somos escravos. E a tendência é piorar. Feliz 2019

estou puta

estou puta com a minha falta de voz
será que é a minha forma de me expressar?
se sinto dando vários gritos debaixo d'água
seja a política no Brasil colapsando
seja a política na universidade
eu juro que queria colaborar, centro acadêmico
mas três mil alunos e dez pessoas para ir a reuniões constantes o tempo todo
e não receber nada em troca
é foda
estou cansada da hipocrisia sabe
hipocrisia de valores em todos os cantos
não fale com estranhos
marido mata mulher
amamos nossa família e vamos protege-la
a nossa neta está em uma barraca, e deve permanecer lá mesmo
quer saber
a única coisa que me incomoda aqui é ter que pedir para usar o chuveiro
e deixar minhas coisas a mercê da vida
mas só tem roupa e materiais
só sou meio receosa pelos materiais
mas me sinto mais livre aqui, isso que importa
não aguento mais o tinder, é sempre a mesma coisa
o que você faz, gostei da sua foto , gostei do seu jeito
a pessoa nunca me viu
mas uma coisa eu percebo
as pessoas gostam muito mais de mim digitalmente que ao vivo
e fico puta por isso
as pessoas preferem a máscara da internet e as minhas fotos debochadas
as pessoas riem de maneira estúpida e eu não tenho paciência
para seus risinhos e conversas rasas
o leandro karnal disse que a clarice lispector tinha muita dificuldade em se comunicar com as pessoas
eu me sinto assim também, só que sem dinheiro
e o que quero? viajar para longe
ficar em paz com meus amigos nas cachoeiras
sexo é uma instituição traiçoeira e estúpida
De troca de energia
e se transforma em um descarrego de energia pra cima de mim
sai pra lá
dude
política tá em colapso
pessoas apoiando o neo-fascismo
pessoas que disseram ''pode contar comigo''
SÃO PALAVRAS, palavras pequenas, mínimas do seu contrato social banal
e me lembro
''você nasce e morre só''
e penso
eu que fui errada
de botar expectativas
tem pessoa que não tem coragem de falar o que realmente sentem
e o que realmente querem
se eu me deparar com mais uma pessoa que desmarque em cima da hora,
puta que pariu
por isso que prefiro andar só
''sua companhia é a melhor''
mas ás vezes, sabe
ás vezes me sinto só
quando não estou com meus poucos amigos
porque...
porque é a única relação não utilitária que eu tenho
essa, e com meu psicoterapeuta
e alguns outros poucos amigos
a questão é
tenho medo de não conseguir dinheiro para sobreviver
e ao mesmo tempo estou começando a me cansar de me prostituir por 10 reais em um retrato
estou realmente sem saco pra fazer arte sob encomenda
e você pode me chamar de fresca
posso ser, sim
preciso arranjar um jeito de ganhar dinheiro
que não seja ser mulher de programa
porque isso não é socialmente aceito
mas se fosse, eu faturaria muito
foda-se, não estou sendo humilde
sei chupar, sei dar prazer pros INCRÍVEIS AMIGOS HOMENS
na real, eu sinto que já fui praticamente prostituta para muitos dos caras que peguei no passado
eu, com 16 anos, muitos hormônios
ás vezes detestava a conversa, mas pegava mesmo assim
puta que pariu
eu repudio as pessoas, ás vezes, sabe
mas eu repudio a mim mesma
por estar aqui, escrevendo
eu adoro as paisagens bonitas e o amor
mas esse amor é tão corrompido
tão não saudável
tão tóxico ciumento escroto objetificante
que ás vezes dá vontade de me enforcar
HAHAHAHAHA
SE PASSARAM CINCO ANOS desde meu primeiro impulso suicida
e as coisas continuam caminhando, fluindo
EU TENTO, CARA
eu tento deixar as pessoas um milésimo menos miseráveis ás vezes
e ontem me senti bem, teve uma ceia coletiva aqui na UFRJ
e eu nem ajudei a preparar
só comi
mas mesmo assim, me senti como se fizesse parte daqui
e nunca fui nenhuma coitadinha
preciso arranjar meus artesanatos e começar a ganhar dinheiros
antes que minha tia desista de me sustentar e aí as coisas realmente podem ficar mais sérias
OBRIGADA, MÃE
OBRIGADA, POR ME TER NESSE MUNDO ESTÚPIDO
EU ADORO LIVROS E BICHOS
mas pessoas me enjoam
estou por aqui
e o pior
eu sou artista
eu tenho que ser sempre legal com as pessoas
mas eu respondo bem a elogios e tal, eu faço meu papel
e deve ser engraçado estar lendo isso
e foda-se
não sou fofa
não sou seu diminutivo
não sou seu amorzinho
não sou a fofinha a legalzinha, não
eu
to
de
saco
cheio


quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

nós e baratas

estava eu lendo um livro sobre como as pessoas funcionam
e cada vez mais meio que tenho nojo da sociedade
nao excluindo a mim
sério
nós somos praticamente baratas 
somos egoístas
egocentricos
a barata tá lá e tá pouco se fodendo
ela só quer sobreviver
com oito segundos de memória
o brasileiro também tem graves problemas de memória
ela vai lá , copula por uns minutos
nunca mais ve o parceiro
achou semelhante? tem mais
ela gosta de lixo
toda nossa cultura pop importada
e comédia e televisao
e música sexista e etc
gostamos de lixo também
as baratas sao imprevisíveis
elas simplesmente aparecem, batem em voce
e vao embora
pessoas também , nunca se sabe quando elas vao reaparecer
ou desaparecer
hoje, uma barata veio e subiu na minha perna
eu senti uma coceira
olhei para a perna
e a vi lá
e pensei
é como se fosse uma pessoa, mesmo
sacudi a perna
a barata voltou para as sombras
uma pessoa talvez tentaria de novo, nao tendo entendido o recado
penso que baratas podem ser mais inteligentes que pessoas

GOSTOSA É A SUA CARNE

GOSTOSA É A SUA CARNE
QUANDO EU POR AS MAOS NELA
sinto cheiro de hormonio humano
inspiro, abro a janela
E SENTIR O SANGUE ESCORRENDO PELOS MEUS DENTES
repetir o ato reverenciado pelos meus entes
QUANDO EU SENTIR TEUS MÚSCULOS DESPRENDENDO DOS TENDOES
E DILACERAR SEUS MEMBROS E TE DESOSSAR
que delícia de gordura
no molho de ameixa
carne de bochecha
caldo de ervilha
carne de panturrilha
VOU TE ASSAR
os cabelos eu guardo,
para lembrar
desse doce troféu que veio acariciar
meu paladar mas nao meu ouvido
queria ter melhor servido
meus amigos que nao comeram
E TE FLAMBAR
TE POR NO MOLHO DE ABACAXI
AÍ VOCE VAI VER
QUEM É GOSTOSA
QUE CARNE É ESSA?
Carne de boca, de matraca
se cala, antes que eu mate
pego a faca, te prepara
é hoje teu dia, teu abate
que pena, nem tem mais combate
acompanhamento vinho,
bebida com gelo mate
com limao
uso uma veia inoperante de canudo
nao tenho papel pra me limpar
que absurdo
agora vou ter que ir a faculdade toda suja de sangue
e se eu ficar nua
vou ali no mangue
serei toda sua
uma vez desacordado
cuido bem sim
vai ser bem enterrado
arranjo um espacinho na terra e no coração 
Ponho na tua calca a imunda mao
agarro teu pau, acrescento canela
dentada a dentada, mordida singela
como a carne entre coxa
crua, lisa, fibrosa
deliciosa
é essa a carne
mais divina
mais gostosa

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

vai reclamar

reclamou que seu joelho dói
que está improdutivo
que sua garota nao quis namorar contigo
reclama dos teus desenhos duuuuros
que seu dia está cinza
que quer se matar
que meu avo está doente
que minha avó está doente
que nao dá pra comprar cigarro
que eu estou diferente e desconstruída demais pra voce
que estou te assediando
que nao sou a mesma, que estou mais arrogante
vai reclamar
das garotas que nao te dao bola
do evento que ce foi e nao gostou
das mulheres que detestam o seu discurso
da mulher que voce engravidou
teve uma filha
e agora tem que arcar com os custos
é
sao os meus ouvidos mesmo
que ouvem suas reclamacoes 
minha vez de reclamar
ta quente pra caralho
as pessoas só me procuram pra falar delas
aí prefiro ficar em casa
mas estou me sentindo meio improdutiva também
meu psicoterapeuta parece cada vez mais um espelho
engracado, parece que eu objetifiquei ele
amanha tenho aula ás sete da manha
semestre que vem tentar evitar puxar matérias tao cedo
pessoas nao sabem ser sutis
nao sabem chegar de uma maneira nao brega
e nao escrachada
vou ter que passar por um banho espiritual de acalmar hormonios
e ascender espiritualmente e transcender a essencia humana
e a vontade de sexo
meu ombro dói de vez em quando
e queria estar com mais dinheiro esse mes
e ainda preciso comprar um violao
aff
parece que vou ter que adiar minha viagem ao uruguai
mas posso ir ao mato grosso do sul, de qualquer jeito
tenho até casa pra ficar lá
perguntei a tia carmem
basta espera-la responder
está chovendo, trovejando
e eu realmente queria estar fazendo o trabalho
mas está confortável escrever sobre nada
sobre nada nada, sobre mim
porque todo mundo reclama no meu ouvido
e ninguém parece que liga
pouca gente, na real
mas foda-se
pelo menos curtem minhas paradas e
engrandecem meu ego
grandes maravilhas
preciso de um curso de aquietar ego
porque to postando coisa direto
vou fazer o trabalho, já deu, preciso acordar seis e meia amanha 

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

minha ídola mor

"Esta performance revela algo terrível sobre a humanidade. Mostra o quão rápido uma pessoa pode te machucar sob circunstâncias favoráveis. Isso mostra o quão fácil é desumanizar uma pessoa que não luta, que não se defende. Isso mostra que, se tiver a oportunidade, a maioria das pessoas 'normais' pode se tornar realmente violenta", disse Marina. Triste, porém verdadeiro. 
mariana abramovic

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

como eu penso

ta isso é como eu penso hoje comi sushi adoro sushi ée.... sei lá preciso fazer uns trabalhos responder o cara do tinder caralho ele disse que gosta dos meus trabalhos eu comentei na aula hoje que gostava de escrever e tinha 400 textos nesse mesmo blog e tenho e meu sonho é escrever um livro e falei isso pra minha mae e estou esperando para comprar um violao inclusive o mauricio vai me dar aulas e depois quem sabe eu posso ter uma guitarra eu estou muito feliz porque consegui um calinho no polegar, porra, que felicidade, quando eu tinha 12 anos eu parei de tocar violao porque ... o professor sumiu e eu tinha várias bolhas que nao viraram calos, mas agora eu passo a mao em cima do dedo e acabei de fazer isso pra confirmar por favor calinho nao vá embora eu gostei muito de voce, agora lembrei dos calos de pegar no kimono do judo ,puts eu acabei de apagar puta porque achei que ficaria muito agressivo, mas é isso nao vou me preocupar com julgamentos alheios ms voltando saudades do judo po tenho que fazer um trabalho foda porque a desgraca do professor BOTOU A EXPECTATIVA DA TURMA LÁ EM CIMA, carai, nervoso, mas calma mariana voce vai conseguir executar todas as pequenas performances, ai acho a marina abramovic foda e chega de escrever a minha cabeca já está muito exposta nesse blog po será que tem gente que me le? vou ficar cheia de leitores do tinder agora que eu voltei, puta que pariu eu voltei pro tinder ninguém merece, mas eu procuro tudo menos sexo lá estou sem sexo há umas tres semanas ontem quase assediei o lucas ele realmente me machucou dessa vez eu nunca mais quero olhar na cara dele, mentira ele é lindo e tem uma cara linda e beijar aquela boca eu nao vou mais porque ele nao sente mais nada por mim acabou bola pra frente acho o andy engracado mas nunca pegaria ele, é , isso mesmo,nem o ápice de bebedeira me faria pegar o caralho eu troquei o apelido por outro apelido por que né, vai que alguém fala pra ele, e nao quero que falem pra ele , ele precisa continuar me achando legal e atraente pra pedir preu posar de modelo vivo e eu ficar lá e depois ganhar cem contos, ahhhh dinheiro, ano que vem eu definitivamente preciso comecar a fazer dinheiro, e escrever parece ser uma boa solucao, pessoas encheram minha bola, mas sei lá, medo ao mesmo tempo. Foda-se , vou investir no meu livro ano que vem. E em viagens, por favor. Caralho ano que vem eu faco vinte anos , duas décadas de vida, é muita coisa, e nada ao mesmo tempo... tá agora realmente cansei

terça-feira, 27 de novembro de 2018

CONCEICAO EVARISTO, CONTEMPORANEIDADE E LOCAL DE FALA

O primeiro romance brasileiro da história foi escrito por Maria Firmina dos Reis, mulher negra. Por que hoje em dia ainda sao raras escritoras negras e periféricas que representem sua própria realidade como ela é, em vez de homens brancos de classe média/ alta que escrevem sobre elas em terceira pessoa, muitas vezes deturpando, objetificando, e descaracterizando sua cultura, romantizando e estereotipando a vida e os hábitos da mulher ``de periferia``?
Em um território de enorme intolerância religiosa como o Brasil, é urgente a necessidade de expressao e caracterização das religiões afro-brasileiras, uma vez que elas fizeram e fazem parte da cultura brasileira, por mais que haja a supremacia do catolicismo, é vital que haja o registro poético e literário dessa religião rica, com termos, culinária, vestimenta próprios.  
O ex ministro da igualdade racial, no dia primeiro de setembro deste ano, critica a falta de representatividade negra na academia brasileira de letras. ``É um centro de homens brancos``.Maria da Conceição Evaristo de brito, aos 71 anos poderia ter sido a primeira mulher negra a participar da academia brasileira de letras, lugar de predominância masculina e branca, lugar de academicismos, rígido.
O negro brasileiro sempre fora retratado de forma quase miserável, escravos, lacaios, e diversos personagens objetificados e deixados de coadjuvantes. O que é novo em Conceição, o que é contemporâneo?
O negro é protagonista, a literatura afro-brasileira germina, cresce e dá muitos frutos, apresentando e expressando traços marcante, únicos.
Ao dar voz a mulher negra de periferia, Conceição surge dando o protagonismo ao personagem que, da maioria das vezes, era tido como ``á margem``. Suas histórias nao sao fábulas romantizadas e encantadas, e, palavras da autora, uma história de ninar para a casa grande.
É escrita para incomodar, perturbar, tirar o leitor da zona de conforto.
Evaristo lida com afetos, expressões poéticas, neologismos, novos arranjos entre substantivos, relacoes humanas, sejam elas fraternais, matrimoniais, concorrentes, há o diálogo de suas personagens para com elas mesmas e o meio. Conceição nao mede palavras, nao atenua realidades verossímeis pelas quais suas personagens passam, há violência, há dor, em forma expressa através de realismo entrecortado por poesia. Há um mar de ansiedades, vivencias, paixões, dificuldades, em que o leitor é jogado e passa a acompanhar e testemunhar, tudo acompanhando infindável sensibilidade.
Como se dá a resistência dessas autoras, que jamais foram tao apoiadas quanto o escritor branco  acadêmico padrão? Editoras de pequeno porte, Slams, poesia cantada (RAP), eventos literários, dentre outros, foram formas de dar voz a essas ``minorias`` que representam maiorias em termo de etnia brasileira.
Evaristo traça cenários de maneira minuciosa, desde a poeira que levanta pelos pés da menina, até as roupas brancas estendidas no varal, cenário deixa de ser paisagem, é também personagem, interativo. 
Evaristo questiona, traz de maneira inovadora a desterritorializacao, saber o ponto do mapa em que ocorrem as estórias é irrelevante, uma vez que é um contexto global, humano, pode se passar tanto na próxima esquina, quanto em algum país vizinho, até no outro hemisfério, por exemplo:
O conto de Di Lixao, garoto que habita esse cenário decadente de sujeira e doença, poderia se passar em qualquer lugar, visto que depósitos de lixo sao encontrados em quaisquer cidades grandes, anexados, deixados a deriva. Ele está doente, e assim padece em meio aos sacos de lixo.
Evaristo unifica culturas, credos, mostra o cenário de perto, uma globalização literária, qualquer estrangeiro poderia facilmente se emocionar, se sentir afetado, atingido, pela sua obra. Ela denomina seu ato de escrever e ser lida, de escrevivência, dialogando com a autoficcao, seja de histórias que ela ouviu quando pequena e as alterou ligeiramente, histórias as quais se recorda e, porventura as remolda.
Evaristo é pós-moderna, contemporânea, pois trabalha questões atuais como o individualismo, pluralidade, por vezes mistura o real e o imaginário, trabalhando com o imaginário de suas próprias personagens, seus anseios e sonhos quase que destacados da realidade vigente, como em ``Zaita esqueceu de guardar os brinquedos``, como é ingênuo o universo infantil, como é acoitado pelas marcas da realidade pesada da vida, tudo que a garotinha procura é sua figurinha favorita, e ela se depara com a irma morta no final. Podemos também citar a efemeridade e o hedonismo do pós moderno, em um momento sua irma estava viva, no outro nao, e sua simples mas fiel busca pelo prazer perdido em forma de figurinha infantil. Outro exemplo de imersão em ``realidades paralelas infantis `` é em ``Lumbiá```, em que a criança apenas desejava se apossar, se sentir na presença de uma representação de jesus cristo, esse seria seu momento de júbilo, de prazer diante de sua árdua vivencia. Evaristo muitas vezes lida com o indivíduo pós moderno, fragmentado, repleto de dúvidas quanto a sua existência, esse fator enormemente expresso em Ponciá Vicencio(2003). Ricouer cita: ``O indivíduo pós moderno é de natureza confusa, indefinida, plural, feita com retalhos que nao se fundem num todo``.
O próprio papel da mulher é totalmente repaginado. Lhe é dado o protagonismo, matriarcas, maes que fazem papel de pai, independentes, amorosas e empáticas, firmes, o que é uma ``novidade`` no mercado brasileiro, visto que inúmeros romances citam a mulher como mero acessório, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, por exemplo: ``Ela era bonita, mas coxa``, a personagem da mulher nao vai muito além de sua aparência física. Evaristo trabalha maes batalhadoras, sofredoras, de um ponto de vista humano e digno, como se a própria estivesse se dispondo de inúmeras máscaras e pudesse interpretar os papéis das personagens. Evaristo trabalha a linguagem, por vezes usando a linguagem oral, muitas vezes criticada pela academia, como por exemplo o próprio nome do título: ``A gente combinamos de nao morrer``. Ela, assim como muitos outros autores contemporâneos,  rompe com padrões textuais rígidos e academicismos, dando espaço para a linguagem falada, a linguagem das ruas, das favelas, das periferias.
ai cansei

pós modernismo

O ambiente pós-moderno significa basicamente isso:
entre nós e o mundo estão os meios tecnológicos de comunicação,  ou seja, de
simulação. Eles não nos informam sobre o mundo; eles o refazem à
sua maneira, hiper-realizam o mundo, transformando-o num
espetáculo. Uma reportagem a cores sobre os retirantes do Nordeste
deve primeiro nos seduzir e fascinar para depois nos indignar. Caso contrário, mudamos de canal. Não reagimos fora do espetáculo

isso nao é um poema

que tal
se a gente se usar
que tal se eu pegar suas maos
e esfrega-las na minha cara
e sentir todos seus cheiros
passar a mao pela sua barriga
e todos os pelos finos do seu torso
passar os dedos pelas sardas da sua cara
que ficam
em relevo
me enfiar por entre as suas pernas
fazer cócegas nos seus pés
cheiras os seus cabelos
parece camomila, deve ser
para de cortar o cabelo o tempo todo
e olhar nos seus olhos marrons
tao escuros que nao dá pra ver o que tem do outro lado
tao escuros que é meio difícil de decifrar
te abraçar tao forte a ponto de quase me inserir em voce
Quando na verdade o que acontece é o contrário
quero beijar sua boca o tempo todo morder esses lábios grossos
passar a mao por entre os fios dos seus cabelos
pelas suas orelhas, pelas suas costas
abrir seu zíper, mas antes
quero te sentir com as outras partes do corpo
quero te ouvir, seu coracao batendo
sua respiracao comecando a ficar ofegante
quero voltar no tempo e ficar contigo
deitados por horas
fazendo vários nadas
quero sentir suas maos calculejadas
quero beijar cada centrímetro teu
cada espacinho atrás do joelho
te agarrar e nao soltar mais
e é isso que te torna mais especial
porque é efemero
e tento aproveitar
todo o tempo ao seu lado

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

taquipariu


eu tenho que fazer
-7 pinturas de corpos de pessoas em aquarela
-elaborar um trabalho de história da arte pra essa sexta
-elaborar um trabalho de arte no espaco público pra essa sexta talvez
-elaborar o trabalho de literatura contemporanea
e o que eu fiz hoje? Enrolei e fiz mais contos pro sarau quarta
GENIAL
amanha preciso fazer um desses
aaa
sabe quando voce se sente desmotivadoa
mesmo antes de comecar
to saturada desse ano já
pode vir 2019
vou mudar pra pintura, novos ares
mesmo morando na mesma casa
mesmo estando na mesma cidade
eu queria mesmo viajar
pra váaaaaaaaaaarios lugares diferentes
conhecer o mundo
mas
preciso de dinheiro
e pra isso preciso de técnica
pra ter dinheiro e sair daqui
saudades de conversar com o heitor, o psicoterapeuta que resolveu me ajudar
ele olha pra mim e diz
uhum
sim
e quando foi a primeira vez que isso aconteceu?
mas é fofinho
da vontade de afogar a cabeça dele nos meus peitos
Espero que ele nunca leia isso
E se ler, licença poética 

Viva o delicioso sabor

Toma um comprimido, nele está toda a sua saúde mental
Vive pra pagar o comprimido
Seu ar, comprimido
Seu cabelo comprido
de todos os anos que deixou de cortar
Os pulsos preservados
Os ares reservados
Da respiração superficial
Nao se enfie
Mas se encaixe
Nao desfie
Ou procure
Onde começa o fio 
Onde nasce o rio
Ou o riso
Nao pergunte
Unte a massa
E passa
Sua vida diante dos olhos
E assa
Seu bolo diante das bolhas
Das maos calejadas
Nas encolhas menos desejadas
Nas escolhas mais ousadas
Deixadas de lado, cobre que nao mais reluz
E essa perna
Que brilha, cobra, seduz
Nao deixai cair em tentação
É o celular teu namorado
E internet sua paixão
Poe o capuz
Se transforma em pessoa máscara
Se reduz
Cospe ri e escarra
Toca a invisível flauta
Inaudível guitarra
Tua banda triunfante
Uma coca cola
É tua bebida revigorante
Te devolve
Vontade de sorver
Te devora
Sem perceber
Te corrói em ácido
 Te deita em leito plácido
O gás pode te machucar
A coca te viciar
Camisa de Forçucar
Cheira, bebe, injeta
Patético filósofo profeta
Estúpido mudo poeta
Viva o delicioso sabor
Do que atura 
Saboreie o saber da delícia
Que te tortura
Que te costura
De novo e de novo
É infiel, é usura
De novo, e de novo
Ditadura
Da propaganda, do governo
Tira chinelo, bota terno
Chinelo na bunda
Da criança inocente
Aumenta a corcunda
Do idoso descontente
Rebola a bunda
Da novinha indecente
A rua inunda
Desastre crescente
Só mais uma chuva
Só mais uma uva, quero comer
Só mais uma bala, pode ser
Viva
imperativamente como posso ordenar
Quando a próxima perdida
Na calada da noite a espreitar
Pode vir te encontrar
Mas disso nao queres saber
toma mais propaganda
Para te entorpecer


Como comecou a terceira guerra mundial

Sala de segurança máxima do exército americano, Washington D.C. 13h40.
É simples`, ele me diz, olhando bem no fundo dos meus olhos piscantes levemente tremulos
``É só eu apertar esse botao e tudo explode, os mísseis sao hiperssonicos ``
Incrível, seu presidente Trump - digo eu, para o maravilhoso tradutor que está falando olhando para mim, o único no recinto a me dar atenção.
O tradutor tenta traduzir a ele, mas o presidente já está apontando para outros mecanismos interessantes. Fico olhando o painel de segurança aérea, todos os protótipos de aeronaves pintados a mao, ISSO É ARTE.
-Senhor Trump, senhor trump- ergue-se uma mao no meio da plateia - é o presidente da Itália, esqueci o nome dele.
-Diga, Matarella- disse o homem laranja.
-E esse botao vermelho identico ao lado do botao vermelho fatal, o que é?
-Ah,- dá uma risadinha- esse é o botao de pedir comida no McDonalds. Estar na adrenalina diante da eminencia de explodir um país inteiro e possivelmente iniciar o mais pesado bombardeio da história dá fome.
-Ei Bolso, tem um botao ali que dá no McDonalds.
Que ótimo, penso eu, era tudo que eu precisava. Acho que o pessoal nao se importaria se eu fizesse algumas flexões de braço aqui, só pra compensar os hambúrgueres que eu espero comer mais tarde.
-Hup 1, 2 ,3 , 4...
Alguns presidentes olham pra trás, surpresos. Outros, riem. 
Eu, como recém nomeado presidente dos Estados unidos do Brasil, estava relativamente atônito diante de tanto poder. Imagina poder bombardear as favelas do rio? bombardear os pontos do tráfico? as bocas?Além de todos os terreiros de umbanda e todas as boates LGBT`s do Brasil! Bombardear todas as escolas esquerdistas e focos de comunistas, todas as casas de todos os políticos corruptos, menos os do meu partido.... tudo só com um toque. Será que eles vendem parcelado? E sem juros?
Olho para toda a sala, os equipamentos, as luzes piscantes de LED.
-Tudo mesmo, presidente? As casas, as famílias, o comércio? perguntava em ingles o próprio presidente da França. 
-Nao, meu caro. Esse botao simplesmente mostra quem está no comando, esteve, e estará pelos próximos duzentos anos.
``'É o cara``, penso eu, com meus botões.
-Agora, meus ilustres convidados- Começa Trump a recitar, seu rosto mal ficando vermelho. 
Olho para ele, nao entendo nada, espero. Deveria ter continuado o cursinho de ingles, penso.
Mas isso nao te impediu de ser eleito presidente do Brasil, penso eu, tentando levantar a minha bola.
-Agora, meus ilustres convidados- Agora sim, o tradutor me sussurrando ao ouvido, para nao atrapalhar- vamos falar sobre toda a capacidade e a revolução nuclear que envolve essas belezinhas aqui. Ele estava apontando para as telas há um minuto, mas o tradutor só falou agora. 
Após uma longa abordagem sobre armas e bombas, o tradutor de Bolso, o único falante de português da sala, cansa e vai jogar algum jogo de tiro nas salas ao lado.
Enquanto isso, Bolso cai no sono. Acorda, ainda estao falando sobre bombas.
Os dois botões pairavam lá, isolados. Bolso se direciona para o que lembrava ser o botao certo... era o... de esquerda? Nao, nao era possível ser de esquerda, a esquerda e ainda vermelha? Nao pode ser, pensa ele. Isso é um truque dos comunistas. Aperta, entao, o da direita.
Tremores e barulhos altíssimos começam a irromper, interrompendo a palestra dos bioquímicos presentes. -What the fuck is happening right now? Diz o presidente dos Estados Unidos.
O tradutor vem correndo, da sala em que estava jogando videogame, e se pos a traduzir:
- O que diabos está acontecendo agora?
Jair pensa: - Malditos comunistas.
Tres horas depois:
-America must know, did you press the  button, Jair Messias Bolsonaro?
-... Ele tá me perguntando se eu apertei o botao?
-Sim.
-Yes!I`ll process McDonalds! Diz Bolso, fazendo arminhas com as maos.
-Senhor presidente, o senhor quis dizer ``Sue``?
-Tanto faz!
*Traduzido para a televisao brasileira*
Entao é isso, cidadãos do mundo, o Brasil resolveu vir até aqui para bombardear a Coreia do Norte. Acreditamos que mísseis estejam sendo enviados para o Brasil em cinco horas, sabem como é o fuso horário... Mas nao se preocupem, voces que moram no território verde e amarelo, mandamos mísseis de alta captação nuclear para bloquear alguns ataques na Amazônia, já considerada um pedacinho da nossa querida América. E vamos vender armas para voces por um preço baratinho! COREIA X BRASIL, só na CNN.
Um ano depois...
O Brasil virou um caos, o cristo está quebrado e caído, bombardeado, a avenida paulista, desabitada, uma cratera no meio, radiação quilométrica, mortal. Plantacoes e campos de energia eólica no nordeste completamente destroçados, o pantanal virou uma poça de ácido, dentre outros.
Jornal brasileiro: A rede de Fast Food Mc Donalds entrou com um processo judicial contra o presidente Jair Messias Bolsonaro, por motivo de deturpar o nome da empresa, calúnia e difamação.  Guerra no Brasil: Os brasileiros pegaram nas armas dessa vez, as mesmas armas que nosso muito-próximo-de-ser-deposto presidente defendia, e foram bater a porta do mesmo. Dentre as armas, estao um aríete de 5 metros, a pergunta que nao quer calar é: como vao levar isso até o décimo andar do presidente? Messias do Juízo final, como agora está sendo chamado, provavelmente será crucificado, se nao conseguir fugir antes, o exército o protegendo, mas até quando? Uma verdadeira guerra civil está eclodindo, após os bombardeios constantes da Coreia do Norte, que, vendo que o Brasil nao reagia, resolveu tirar um tempo para se reerguer depois do ataque ordenado por Jair.
Bolsonaro acorda do painel de LED, suando frio, maos tremendo, respiração ofegante, levanta, deita no chao, fica lá olhando para o teto.
O tradutor volta da sala do videogame, olha para o presidente estendido no chao, e pergunta:
-Vossa excelência, o senhor está bem?
Com os olhos brancos de medo pelo que ocorrera, Jair encara o teto, o teto encara Jair, o tradutor encara Jair, que só consegue dizer:
-Perdi a fome.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Mariana contra três caras


Uns caras do rio e de outros estados foram passear e adivinha para onde eles foram?
Ao shopping. Lugar mais autêntico possível. Interessantíssimo.
Pra que? Caçar louras. Ca-çar lou-ras. Naturais, ainda, ressaltaram. Ah, eu fiquei puta, como eu fiquei puta.
Tudo começou quando eles estavam no hostel e disseram que iriam ao centro de uber
PS: NO INÍCIO, POR EU SER MULHER SAPIENS, DISSERAM QUE A CONTA IA SER POR CONTA DELES
DEPOIS quando eu mostrei a cara de mulher sapiens insubmissa, eles me cobraram no meio, como se eu não fosse pagar. Melhor assim, justiça feita.
Eu estava já na discussão com ele, o carioca que veio fazer a prova da polícia. Comentei com a dona do hostel: Nossa , adoro polícia, AMO, ADMIRO POLICIAIS.
Acho que a dona não captou meu sarcasmo, porque quando eu desci para pegar o uber com ela, olhei pras caras de bunda deles dando em.cima dela e falei:
Onde estávamos mesmo?
E ela
-... que você adora policiais?
Argumento mor:
Dizendo com veemencia e impacto:
-eu quero ter uma ferrari, quero poder andar de ferrari no rio de janeiro sem que me assaltem, quero usar meus relogios e camisa de marca na praia sem que roubem
( aimm tadinho, eu só queria usar minha ferrari em paz cara, que injustiçado sou, força ícone)
Eu: DUDE VC MORA NO RIO tenha noção da realidade, vc pode ter um carro mais modesto e nao correr esse risco tlgd pra que ostentar tanto
E ele: eu quero ostentar, eu nao quero ter uma vida medíocre só por medo da violência
Eu: Ah então a sua noção de vida medíocre é não usar coisas de marca? Sua Ascenção espiritual, teu nirvana e teu deus sao prada, gucci, lacoste.
Ele: nada a ver , isso é estilo de vida, isso é o que eu quero, o Wilson vai tirar todo mundo.
Eu: assim como tiraram ele da uerj
(...)
Ele: as mulheres aqui não são que nem as do rio não, são mais recatadas sabe
-caraaalho cara , se lá as mulheres tem uma vida sexual mais badalada, foda-se ta ligado
Ele: naaao, aqui elas são mais inteligentes, nao falam de faculdade, dessa bolha pequena
Eu: uallll temos intelectuhomis aqui
Ele: aqui as mulheres não são fáceis
Eu: você ser sincero quanto ao que você quer e ser aberto e verdadeiro quanto a sia sexualidade é ser fácil?
Ele: naaah, aqui elas são bem mais independentes, ah mulher é a melhor coisa do mundo
Eu: quantas amigas mulheres você tem?
Ele: ah váriaaaas rindo muito
Colega dele: é , adoro trocar ideia com mulher
Also ele: mas não consegui pegar nenhuma não, n to com o carro aqui
Eu: AHHHH SE VOCÊ TIVESSE O CARRO, AI SIM, NOOOSSA , IA TER GENTE IMPLORANDO, ME LEVA, EU PRECISO QUE VOCÊ SE INTRODUZA EM MIM AO MESMO TEMPO QUE BOTA A CHAVE NA IGNIÇÃO
Ele: por isso que eu não gosto de mulher do rio, é tudo interesseira, quer saber do teu caráter não , só quer saber do teu carro, tua marca
Eu: você tava defendendo a marca
Vc ta se contradizendo
Eles 3 abafando minha voz
Hahahahaha vamos caçar umas loiras naturais
Aí motô aqui o pessoal não ta pra brincadeira não , fui brincar com o garçom ele nem deu bola
Eu pensando
Se o garçom não te deu bola, imagina as mulheres
Ele: mas eu consigo mulher sim, sou bonito, gentil, inteligente
Pqp cara onde encheram tanto sua bola? Taquipariu
Eu quero ter uma loira
Eu pensando ( compra uma boneca inflável, geralmente elas tem cabelo amarelo)
Also eu ( coitada da boneca)
Motorista :
-Elas são difíceis mas uma vez que a mulher se apaixona aqui ela nunca mais vai largar teu pé nem nunca te trair
-ahhhh não diz ele, botando a mão na cara, pegar no pé nao, que droga
Eu: NEM TENTA ENTÃO, NEM SE RELACIONA , NEM FAZ ESFORÇO, FAZ SABE O QUE? MULHERES DE PROGRAMA, DO YOU KNOW MULHERES DE PROGRAMA? Ai nao precisa se encher de maquiagens sociais vazias , mentiras e estupidez alheia
Ele: ahhh mas a gente nao quer pagar
Ele: ai quantos anos você tem?
Eu: importa?
Ele: porque voce nao frequenta os lugares que eu frequento no rio
As baladinhas mais topster
Eu: ahhhh desculpa, eu nao gosto se balada pra dançar música tosca enquanto um bando de homem fica parado com latinha na mão esperando pra me chamar pra transar
Ele: o objetivo é esse mas a gente não fala direto assim uai
Eu: então , eu não gosto desse tipo de interação, não acho que as mulheres sejam peixes a serem pegos e mantidos como troféu
Ele: ahh nada a ver isso aí , ta falando besteira, né não galera?
Todos os homens no carro concordam
VALEU PESSOAS MUITO LEGAL O PAPO ATÉ (nunca mais , espero nunca te encontrar no rio)

Paradas francas demais sobre morar em república

-se o/a dono/a te chamar pra conversar, fodeu
-foge de República de um sexo só. Sério.
-dá muita tentação de pegar comida dos outros, mas tem que se controlar
-o ambiente em si é meio controlado, meio sei lá, uma sala de gestão com acadêmicos
-pessoas falam alto
-Você pode se incomodar com pessoas falando alto
-você provavelmente sempre vai acordar cedo por despertadores alheios, a nao ser que tenha muita vontade mesmo de dormir
-fuja de repúblicas certinhas e cheias de regras
-muitas repúblicas são certinhas e cheias de regras
-se não são certinhas cheias de regras, são descaralhadas e imundas. É bem 8 ou 80 mesmo
-você precisa exercer a boa convivência todo dia. É tipo uma família, só que sem o afeto, sabe. Ás vezes cansa.
-você precisa ter jogo de cintura e estar na linha socialmente porque, eventualmente, vai precisar de algum favor, comer uma fruta, que seu computador seja programado pela shostners e shostners ( brincadeira, pela engenheira da computação que  mora contigo)
- ás vezes a falta de privacidade aperta. O maximo que morei foi com 3 pessoas no quarto, além de mim.
-qualquer coisa pode ser uma tempestade em copo d'água. Mesmo. É bem chato pisar em ovos.
-ninguém é seu amigo, a não ser que você se identifique muito com quem mora contigo, que geralmente não é muito o caso comigo, erre esse.
-a conversa vai se restringindo totalmente a coisas da casa, cada vez menos você se interessa pelos moradores, e vice-versa.
-ás vezes (sempre) você precisa engolir a raiva com respeito a algumas coisas injustas, reclamações aleatórias e desnecessárias, acusações falsas. Dar uma volta e chill é importante.
-morando em república você realmente valoriza a importância da sua individualidade.
-to pensando seriamente em morar em barraca semestre que vem.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

neologismos criados por mitic


El porradón- Golpe na sinuca, tacada Á la foda-se, rápida, forte, incisiva, que geralmente resulta em 0 bolas encaçapadas.
Surpropagantar- Surtar por mais propagandas, principalmente se forem propagandas relampago, pop-ups, spotfi , dentre outras.
Precisestudando- Toda a procrastinação antes de estudar, incluindo dizer ás pessoas próximas o quanto voce precisa estudar.
Eufalando- ação de efetuar um maravilhoso(-q) monólogo, sem realmente se preocupar com o que o seu receptor(SIM, ELE EXISTE) está sentindo, e se ele for falar, que seja sobre o seu euassunto e seus euprojetos e euamigos
Holofutuesmagando- Quando a projecao imaginária do que seria o seu futuro está te esmagando emocionalmente
Prepaganda- propaganda tao ruim que efetua o movimento contrário, repele os consumidores
Dançamalucando- dançando como uma pessoa mentalmente desequilibrada, muito vista em festas e raves.
Superficilicidade- o sentimento de felicidade superficial, ligeiramente menos profundo  que o sentimento de felicidade e comocao social de uma copa do mundo. Sentimento quando uma crianca compra um brinquedo, usa por dois dias e se esquece dele. Sentimento de quando um eleitor do Bolsonaro ve que ele é eleito e ele participa de um momento de júbilo e afirmacao do papel de cidadao que comove e é comemorado com gritos e pulos, até a poeira assentar e esse tipo de felicidade evaporar.
Masturbilitar- militar de maneira interna entre pessoas que pensam igual, já estao cientes das causas e das ideias, mas que gostam de masturbar as ideias e ideologias entre si de vez em quando, para nao dizer sempre
Silencisistir- Sua fala já nao é escutada, nao adianta quao alto voce grite, gesticule, tente estabelecer contato visual. É um sentimento de esgotamento que te faz silenciar, se ausentar do cenário de debate/ confraternizacao / o legal depois de silencisistir da situacao é pegar um livro e embarcar nas palavras dele, é mais enriquecedor
Poucarmir- dormir muito pouco, menos do que voce está acostumado, e abaixo da média também
Chega, vou poucarmir , boa madrugada

coisas que já me chamaram

``gostosa``- beringui
``um zumbi branco esquizofrenico andando pela lapa`` também beringui
``voce nao é uma pessoa, é um ser`` - victor
``deusa energética social`` -sidnei
``maravilhosas pernas``- sidnei
``mulher mais feia que eu já vi na vida``- cara que levou um soco na chopada
``um dos meus 17 amigos`- luana
`insana``- tassiane
``doida``- luana
``-amy lee``-pessoa escrota
'' anne hathaway'' umas tres pessoas
``um Husky`` - Yan
``O coracao mais puro que já vi``- Mae
``branquela azeda dos cabelos escorridos`` Yasmin
``Pada``- Yohana
``Uma peca shakesperiana`` Yan
``Maluca``- Sidnei
``Maluca beleza`` -Raquel
``GOSTOSA de conversar`` -Walter, jardineiro aqui da belas artes
``Surtada``Tassiane
``Completamente surtada `` Also Tassiane
``Uma estudante de história da arte`` Bea
``Foda`` Ian e carlos
``branquinha`` estranhos na rua
``uma artista`` mae do brito
``ótima``RG
``intelectual`` amiga da mulher que eu pintei
``cara de chinchila ou coala`` X
''gostosa''- gracinha
``papagaio do rio`` Adalberto
``fofao`` acho que também o beringui
''sapo william'' criança de 10 anos na cama elástica
'' criança de 3 anos'' mesma pessoa de cima
''famosa'' garota tatuada foda que esqueci o nome do camping
''um ser surreal'' alexandre, colega meu
``uma vampira q cansou da eternidade`` santos
``menina 220`` santos
``abusada, sonsa, desrespeitosa`` janaina
'' vulcao islandes''
''um ser ridículo'' adamo
''porca'' patricia rogeria
11maxixe'' mauricii

clicado com a mesma porcaria

Quero ter o celular da moda
Jogar fora o meu
Com certeza, esse é foda
Quem nao comprar, perdeu
Mais uma carcaça
camera melhor
que vai capturar a minha cabeca
a série eu sei de cor
Vai me ajudar a pensar
Minha agenda, meu amigo, companheiro
Durmo com ele
E vou ao banheiro
Tiro foto no banho
Sou, na frente dele herói
Nao me acanho
Nada me ressente nem dói
Porque esse é inovação
A mais rica obra de arte
Preciso comprar logo
Antes que eu infarte
A mais pura ciência
Em forma de aparelho
Dispenso o computador
A janela e o espelho
É ele que quero
é a ele que me assemelho
Trinta mil de memória lixo
Cachorro fofo, inseto e bicho
Notícias mascaradas
Remodeladas
Preciso com urgência
Dessa inovação
De produto, nao pensamento
é a mesma coisa, voce disse
Me recuso a acreditar
É DIFERENTE SIM, respondo
UM NOVO CELULAR
ESSE DÁ PARA OUVIR
esse dá para jogar
toma o dicionário, falou
Entregou-me como um filho
Partiu pelo trem pelo trilho
Peguei, li, estou perplexo
Sistema fodido enrolado e complexo
haja paciência
ninguém nunca me ensinou
O significado de obsolescência 

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Poso pra voce sim

Poso
Gozo
tudo que voce pedir

Vamos falar de outra coisa

Já falamos de arte por
Pela vida toda
É
Eu olho pra parede vejo as paradas que eu pintei
e lembro que vou pintar amanha
e lembro que quero que pessoas leiam minhas paradas
e lembro que chamo pessoas quase de público
ENTAO
VAMOS FALAR DE QUALQUER COISA QUE NAO SEJA ARTE
vamos falar de biologia
AH E POLÍTICA TAMBÉM NAO
SABE PARECE QUE VIROU A MESMA COISA
POLITICARTE
Nao aguento nem mais escutar o nome que comeca com B
Nao aguento mais referencia
Fala de bichinhos
Fala do besouro rinoceronte, o animal mais forte da terra
Fala sobre a barata que invadiu sua casa e quase te matou
Fala sobre a música
Nao
Me manda a música
que ai voce para de falar
Me beija

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Orgia

-Amiga, nao sou mais virgem de culto.
-Que
-Pois é, agora com nosso governador, prefeito e presidente católicos, precisei ir a um culto, queria achar um rumo na vida, achar um Santo Graal perdido pelo mato.
-Santo Graal? Que?
-Dizem que ele é a herança da família de Jesus. Pelo menos o Dan Brown diz. Tem forma melhor de se integrar espiritualmente que achando o Santo Graal? Ah, e também é o nome de uma espécie de cogumelo.

-Caralho, Baze. Eu jurava que voce era ateia. Qual era a igreja?
-Eles preferem nao se ater a títulos pronunciáveis.
-...?
-Era um culto moderno, relaxa. Tinha várias religiões incluídas. Pacote premium. Teve até hora de recreação. 
-Hora de recreação?
-É. A gente saiu, pulando pelos campos verdejantes de campo grande, apontando todos os animais que cometiam abominação nesse momento. Nem os insetos passavam.
-Ué. Isso tem cara de seita.
-Culto, seita, tudo a mesma coisa.
-Prossiga.
-Mas aí os meus irmãos olharam melhor para mim-
-Irmãos? Já está nesse nível?
-É, sou filha única, sempre fui carente, gostei de ter essa companhia fraterna-
Eles olharam para mim e disseram:
``-Irma, mas voce é um vaso mesmo!`` Pronta para a iniciação?
E eu olhei para eles, todos com olhares desejosos sobre meu corpo.
E pensei : ``Que diabos``
Eles olhavam para minha saia até os tornozelos com desejo, e para a gola minúscula na minha blusa, tentando enxergar qualquer detalhe. 
Eles sugeriram derramar o sangue de jesus sobre minha derme e lamber.
-Que absurdo!
-E é óbvio que eu deixei.
-Que
-Eles lamberam minha pele, rezaram várias aves marias para se redimir, depois eles me disseram para que eu me curvasse perante Alá, e já percebi que havia algo errado. Era uma orgia de religiões.
-...
-Assim que eu me curvei na direção de Meca, um deles abaixou minhas saias e disse que me possuiria ali mesmo. 
-QUE?! E VOCE DEIXOU, SUA LOUCA?
-Essa é a questão .Eu nao sei. Estava possuída pelo espírito de um monge nepalês. E esse mesmo monge ensinou a eles que a religião islamica era extremamente machista, e meu corpo disse que nao deixaria nenhum homem me pegar por trás. Obviamente, eu montei no cara, e fizeram uma fila, cada um esperando sua vez, pacientemente, foi lindo de organizar, parabéns para Shun Tzu, espírito nepales que coordenou a orgia. Vi tudo isso de cima, pairando entre as nuvens. O espírito regia minha carcaça com toda a calma do mundo, e a minha alma tinha ido passear em terras próximas,em busca do Santo Graal.
-... acho que voce está usando religiões demais.
-Me aproximei da cena orgística lá embaixo, havia mais vasos participando do ato carnal, parecia uma espécie de equivalência energética para tentar alcançar o nirvana. Pernas, braços, falos e buracos de Deus, de Alá, de Buda, contemplamos a natureza de Pa, resolvemos rolar na lama enquanto realizávamos o ato copulatório abençoado de geração da vida. Alguém relembrou o dizer de Jesus, amai o próximo, e assim, homos e emas, todos se descobriram, novos gostos, novas peles, viramos o próprio Sense8. No caso, eram mais que oito pessoas, talvez 30.  Alguém quebrou o pescoço de uma galinha, que andava desavisada pelos campos, talvez de algum fazendeiro solitário das redondezas, em cima de mim, e o sangue dela jorrou e jorrou em cima do meu corpo nu, no terreno descampado. E foi aí que as coisas ficaram mais estranhas. Fizemos um pentagrama no chao, sacrificamos o corpo de uma irma, virgem, novinha, mas algum dos comparsas avistou nas borras de chá que ela tinha o destino obscuro. Checaram no Taro para ver se batia, a pobrezinha nao teve sorte. Vendemos a alma do homem que matou a tal da virgem, porque matar é errado em qualquer religião, Satanás ficaria contente com o mimo. Nao queríamos desperdiçar a carne alheia, baixou o espírito dos índios canibais da américa latina, procuramos manjericão e cebolinha pelos campos, fizemos uma fogueira, temperamos e comemos o corpo dela e dele lá mesmo. Meu corpo passou os próximos trinta minutos meditando e rolando em posição fetal, refletindo sobre tudo que eu havia feito até entao. Estávamos com os corpos empapados de sangue, saliva, suor e semen, uma beleza. Mas tudo isso vi bem de cima, estava passeando por entre as nuvens, vendo as vaquinhas pastando, os patos atravessando os rios. Até que achei os cogumelos. Achei o Santo Graal, minha viagem neste plano está concretizada, meu destino está seguro. Grandes cogumelos, grande experiência. Valeu a pena, nao é mesmo, amiga?
-Amiga?
*Voce nao pode mais enviar mensagens a Lúcia Fernanda*

domingo, 4 de novembro de 2018

podia

ter comido carne espanhola
ou americana
Com um toque de pelos pretos
ou amarelos, pouco importa
prato já conhecido, ou novidade pro paladar
Poderia ter comido carne com terra
Carne marcada com tinta
E língua pequena
Poderia ter comido homens grandes
pequenos
As mulheres, prefiro nao danificar
Deixa a de camomila lá
Com acompanhamentos nao humanos
Ou entao a de mangas
Quieta e pacífica
Mas tem uma certa
Uma linda menina
Que gostaria de tocar
Deixa ela no canto, na esquina
Nao está para matar
Eu prefiro os nao adestrados
Podia ter comido carne branca, morena, negra, amarela
Podia ter me sufocado com gorduras cabelos
Podia ter comido pratos de outros estados
Podia ter me empanturrado
E pedido mais
Podia ter pedido sobremesa
Poderia ter sido sobre a mesa
cama cozinha quarto o que for
Mas em vez disso
Nao mordo pele
Só a esfrego
Minha solidao de domingo, nao nego
Desisto, me entrego
Me empapo de molho
De ervas , manteiga, me rego
O melhor sao as bochechas
nao deixe de experimentar
Até voce pode vir
Voce mesmo
Que nao cansa de me analisar

Anjo

Te vi, radiante
Te capturei em momento de distração
Te cativei sem precisar de planos
Te busquei por baixo dos panos
Te afaguei os parcos pelos
Que cobrem teu queixo
Passei a mao pelos brilhosos cabelos
E compartilhamos um beijo
Que nunca foi roubado
Adquirido, arquitetado
Te joguei na cama
-Diga, voce me ama
Digo, voce me come
É mais que isso, nao apenas
Algo se consome
Tao comum teu nome
Sinto vontade, sinto fome
Pula por entre meus dedos
Prisão é o maior de seus medos
Quanto quero apenas me entorpecer
Quando nao consigo conter
Todo esse desejo por prazer
E preciso ceder
Ao te ver marcado
Alguém passou pelo teu pescoço
Alguém sem identidade
Apenas tua liberdade
Finalmente, espiei por cima de meus ombros
e vi
Uma fila enorme
As pessoas estavam inquietas
Sedentas
Um milhao de possibilidades
Cheiros, olhares e sabores
Poderia chamá-las nojentas
Sou mais uma das lamacentas
Entao voce me disse
-Me desamarra. Quero falar com todas essas pessoas atrás de ti
Eu ri
Há muito compreendi
Sem que realmente precisasse falar
Como nao o fez
E eu disse
Nao vou te cobrar uma última vez
Se em ti nao mais encaixo
Querido, olhe para baixo
Quando voce o fez, percebeu 
as cordas que estavam ao redor de seus pés
 nao estavam amarradas a lugar nenhum
Te beijei a parte de cima da mao
Olhei uma última vez dentro desses olhos
e disse
-Voa

Mas só chove/ devaneios míticos 2

Se um dia eu parasse de sentir
E meu corpo padecesse inteiro
E se eu parasse de acreditar
em qualquer sentimento verdadeiro
Eu menti para voce
Da mesma maneira que sempre minto
Esse é o último sorriso que finjo ao estar ao seu lado
O sacrifício de se esconder na luz
O sacrifício nunca é reconhecido
Ah meu amor
Eu gostaria de envolve-lo em doces mantos
e dizer
Tudo vai ficar bem
mas nao vai
Por que voce é apático
E cada vez mais
E eu busco os quadrados
E as pessoas redondas
E eu sou centro
E voce se enfia cada vez mais para dentro
Eu te quero bem
E isso é o que te mantem
em pé
Em tantos metros
Vejo todos esses vultos
Esses espectros
E especta
dores
Que acalmam qualquer dor
Nao, eles só te tensionam
Um milhao de homens
Nao te veem
Um homem milho
Que te come de cabeca pra baixo
Uma boca humanizada
Que te lambe
E te amarra no trilho
O som da sua voz
Mesmo que voce nao esteja comigo
Estou contigo
E está difícil
de respirar

vampiros

Ele já chega cobrando, antes de cumprimentar: “Pôxa, você nem me telefonou!”. E, se você é cobrável, começa a se desculpar e acaba sob o domínio dele. Cede de primeira e ele rapidinho a coloca na condição de devedora. Pronto, é o suficiente para a aura dele engatar na sua. Resultado: bate uma sensação de fraqueza, perda de energia.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

BLERG ADVOGADOS

A livraria não contava com uma limpeza perfeita — era mesmo um
contratempo inevitável por causa do entra e sai de velharias, e talvez por isso os
fregueses da área jurídica fossem na maioria homens. Promotoras, juízas e
mesmo advogadas, em geral, se esforçavam em andar tão bem vestidas que
deviam ter medo de sujar a roupa ali dentro. Sem falar nas mãos, de pele e unhas
muito bem cuidadas.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

devaneios míticos

Escrevo enquanto escuto o maravilhoso
incrível
indescritível
Berimbau de boca
Ressoando
E fazendo esse som de mola
ó, alma minha que se assola
e se esgota
transbordou
aguentaria um maremoto
Um furacao
E estaria mais estável
Se o meio se adequasse ao caos interno
Mas parece que ao redor
Está tudo finito em si
Dormindo
Onde está adrenalina
Escondida emoção
Como sentir algo
Que nao seja fome
Ou consumação
Edito o texto
Mesmo contexto
Quero te preparar
como receita
te mostrar
texto é teste
mas que peste
de gênio inquieto
nao contenta com comida
estudo e tetoa c
Tento
 saudades do teti
Onde me meti
Queria uma corcova
e a casa nas costas
E nas costas água
comida
e tudo que precisar
queria parar de querer
e realmente
transcender
mas transcender nao é possível 
enquanto tenho vontades mundanas e fome
e vontade de carne e sexo e perversão
engulo todo o macarrao
a carne moída entre os dentes
as escovas com cerdas quebradas e os pentes
e as pessoas exigentes\
e todo esse blá blá blá
Falar inesgotável
quando pararmos de falar
Nossos lábios se colarao
e pela primeira vez
O ser humano pensa
mas se pensa cansa
se cansa descansa
cai
pro lado
Repousa e volta a viver no automático
Pensar direto queima
tritura
Come batata frita
fritura
Escova os dentes
Brancura
Imaginária vendida pelo comercial
de águas de jade
águas de vitrine
águas desaguadas
que descem dos céus e molham os couros cabeludos
antes castigados pelo sol
Teu corpo no formol
Para que sua casca dure
por mais um ano
Um milésimo de segundo
Na história que ninguém se importa
Na tua natureza morta
no caixão subtraído
Já comido
Por que comecei a falar de morte
ela está anexada a sorte
a sorte e o sonho
de morrer bem
De morrer em uma praia
Lendo um livro
tudo que mais desejo
Morrer depois de um orgasmo
no meio de um beijo
Morrer em um espasmo
Morrer comendo queijo
Morrer dançando funk
 Escutando sertanejo
Formas estúpidas de morrer
Mas grandes merdas
Nao dá para classificar
Ou estimar
Pois é o último ato teu
A última ação
a testemunhar
que seja tua última palavra :cu
a minha última palavra
é caralho isso é pesado demais
pensar na sua última palavra
no último signo que voce pretende invocar
Imagina que louco se fosse simplesmente
Palavra
é a meta anunciação
hoje nao tem felicidade
diz a música dos titas
É permitido para qualquer idade

 

 

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Defecar no mato

Há quem diga a expressão ``Ah, vai cagar no mato``. Para quem já disse isso, alto lá.
Você já cagou no mato? Fui acampar com um colega, esse fim de semana, e me surpreendi muito com o sentimento de estar no meio da natureza, e fazer o ato mais comum, repetido, o pós-comer, o se livrar do que não presta para seu corpo, e que vai prestar para o meio. Pensei em inúmeras coisas, como:
A demonização das fezes, quando na verdade é só o que foi ingerido antes com uma série de ácidos e agentes que transformam tudo em uma massa homogênea. Transformamos em algo estúpido, em um xingamento, vai a merda. Negar a merda, negar o que é inerente ao ser humano, o detrito, o resquício, o excreta, o orgânico, é negar a existência.
Fui para o meio do mato, em uma praia longe de minha morada atual, e do nada, como sempre, senti o chamado da natureza, agora que estava rodeada de árvores e palmeiras, o cheiro do mato, de mar. Quis me distanciar o máximo das pessoas que estavam lá na ilha, ter o momento íntimo de concentração, levei um bocado de papel higiênico, me senti ligeiramente ridícula por estar levando-no.
Achei um canto no caminho da trilha, me agachei, e me pus aos trabalhos. Enquanto estava nessa interessantíssima aventura, pensei: Os animais fazem isso sem ao menos racionalizar. Eles somente fazem, e não demonizam. Me senti um animal, com o sangue quente correndo, sem precisar fazer caretas ou teatralidades, simplesmente poderia ser eu, animal, sem vícios, preconceitos e rótulos, só um corpo atendendo ás suas necessidades mais puras.
Olhei para baixo, e lá estava, um belo punhado de fezes. Camuflados, quase, da mesma cor da terra. Se tivesse um lugar perfeito para minhas fezes se encaixarem, seriam no meio daquela terra. Procurava pelo cheiro desagradável, mas esse também se dissipou no cheiro enorme do cenário aberto e tranquilizante. Meu coco ficou lá para servir de adubo, de substrato natural. Que besouros se aproveitem da substancia, que árvores e flores prosperem diante da matéria.
Eu me senti como se... todos os artificialismos, as privadas, em que simplesmente nos desfazemos da merda sem ao menos olhar para ela, se dissipassem, como se ali estivesse expressa toda a concretude e a essência do ser humano, comer, processar, excretar.
Pensei em nem passar o papel higiênico, tamanha minha sintonia com a natureza. Mas, pensando no meu colega de barraca, seria interessante prezar pelos ideais de higiene ocidentais estipulados pela sociedade moderna.
Eu me senti como totalmente bicho, fera, carnal, um macaco que excreta, que fica de quatro, vai procurar alimento, e depois copula com os membros da tribo. Ressaltei novamente o fato de que os nossos tabus são rasos e estúpidos, não querer ver o outro defecando, essa intimidade fútil, somos todos humanos, todo mundo caga.  Essa vida de cidade cansa, acho que não é muito pra mim. Experimentem, cagar no mato é esclarecedor.

domingo, 30 de setembro de 2018

Entropia

Saia de tua bolha
Caia, é tua escolha
Vem inverno, morre folha
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Morre, no mais tardar
Para que se lamuriar
Do que ficou atrás
Por tantas árvores frondosas
Que primavera trás
Que podes escalar
---------------------------
Caia, do conforto da dor
Saia, do teu doce e amargo torpor
Da dor não correspondida
Da tua pálida face
Do teu ácido encosto
Tapas e tabefes
E lhe volta a cor
Ao branco rosto
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Te vira sozinho e desmerecido
Te tomas por vencido
Não teria aprendido
Que estavas preso
Perdido?
Na imensidão
 Aturdido
Um anjo fraco, caído
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Libera-te das tuas correntes
Tira as talas
És médico, tira das feridas as balas
Deixa teu sentimento correr
Voluptuosas enchentes
E deixa tua figura surgir
Para olhos complacentes
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Renasce, do fogo consumido
Erga-se, corpo corrompido
Vês teu orgulho ressurgido
E teu semblante erguido
Encara o desafio despido
Viro rua, equina, tenho ido
Por todo o veneno bebido
Quebre os frascos, anjo caído
-------------------------------------
 E pegue os vidros e cacos
Jogue-os do abismo terreno
E transforme ferida fatal
Em arranhão ameno
Permita-se pensar
Em solícita solitude
Se fira, sare, mude
Se vira, se inunde
Permita-se novamente amar
Repouse os carrascos
Escale o fosso
Torne pó
Esses fragmentos de osso
Cesse
O dilacerar
Estanque
Incessante hemorragia
Não há verdadeira
Utopia
Não se deixe consumir
Dia após dia
Entropia

Se estou em silencio

Cocô reprimido

Estava eu voltando do acampamento, alvorada com os restos de pessoas desse resto de dia que é o domingo, sete e quarenta da noite, noite clara, uns pontos aqui e acolá no céu. Cabe declarar, para o entendimento do fim do texto, que hoje foi dia de parada gay em Copacabana.
Quero ir pra casa, penso, todo queimado de sol, não passei protetor, que minha derme sofra pelos próximos dois dias como punição. Mas antes, o chamado da natureza me vem como um chute nas costelas, me ponho em direção a esse maravilhoso recinto de convívio estritamente masculino, cada um lidando com os próprios negócios.
Pego o papel higiênico que tinha levado para o meio do mato, levo o rolo inteiro para o banheiro, minha colega está do lado de fora com as coisas, duas mochilas pesadíssimas. Passo a catraca, e lá estou eu, nesse recinto de azulejos verdes, passo pelos mictórios, vários cofrinhos de caras que nunca verei as caras, e vou até a cabine, feliz da vida por poder me desfazer desse barro todo.
Começo a me concentrar, a fazer força mental, não pensar em nada, somente o movimento de fazer meu abdome e meu ventre colaborarem, empurrarem o grande conteúdo tripas abaixo...
Quando, de repente, tocam a porta.
-Tem gente. Digo eu, meio constrangido. Tento esquecer a batida, voltar para meu estado espiritual longe da política atual brasileira, longe dos bolos de milhos e do tudo que há de ruim nesse mundo.
Batem de novo.
-Tem genteêe. Digo eu, novamente. Que diabos, será que tem tanta gente querendo cagar assim? Quando cheguei o banheiro estava vazio.
Batem mais uma vez.
-Tem gen-
Dois guardas IRROMPEM ABRUPTAMENTE a porta, arrombam mesmo, e eu patético, as calças arreadas, o papel higiênico na mão, fios de cabelo suado caindo na cara, meus olhos totalmente arregalados, que DIABOS?
-Não vai ficar fazendo sacanagem aqui não, hein- Diz um deles, camisa azul bem passada, sem uma mancha. O outro estava com um cassetete.
-Oi?? Digo eu, ligeiramente perplexo, ainda sem entender muito bem o que acontecia no momento- Estava CAGANDO! Olha aqui o papel!
-Não vai ficar de brincadeirinha aqui não, hein- Diz o outro, batendo com o cassetete na mão.
Eles se retiram.
E eu penso o quão autoritários eles foram.
Até que minha colega ouve um deles falando:
-Depois me chamam de homofóbico, mas eles não respeitam, querem ser respeitados....


coletivos

-Por que você não tira carteira?
(Cena hipotética se formando na cabeça
-Linda vida lindo carro tudo certo
Olha, uma borboleta
Ih bati
Morri )
-Por que... adoro coletivos lotados

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Eu escolho Ou Nova Iorque ou Buenos Aires

antes do casamento, eu e minha segunda mulher passaremos dez dias em uma das cidades que eu adoro. Londres, Paris, Nova York ou Buenos Aires. Nos primeiros cinco, vamos ficar trancados no quarto lendo. Depois, podemos visitar o mundo.

sábado, 22 de setembro de 2018

``Só gente vulgar não gosta de silêncio.``Gente jovem, né, Ricardo. Eu acho que sou uma pequena exceção

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Então, senhor [X], não sei de qual curso o senhor está falando. Muito menos de qual tese. Vou dizer uma coisa, meu caro [X], curso de direito hoje em dia tem em qualquer esquina. Não me venha falar em tese, tese quem fez fui eu. Aliás vou te dizer: não entendo por que tenho que chamar advogado de doutor. Que tese o senhor doutor fez? E não me venha dizer que é advogado dos dois, porque foi contratado pela transtornada. Você só pode ser igual a ela. Então não me venha falar em curso, porque você fez um que muita gente faz em todas as esquinas do mundo, tese você não tem ideia do que é. Sabe, [X], você no fundo me acha um idiota por ter entrado nessa situação. Não precisa me dizer, cale a boca.
 Não apareça no cartório, [X], porque eu sou perigoso e já estou com raiva das suas teses e dos seus cursos.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Dois empresários

Cena um
Marília e Joana caminham aleatoriamente pela zona portuária do Rio de Janeiro, caminhando por entre as zonas ligeiramente abandonadas e as que foram selecionadas para ``revitalização``, quando percebem uma área que até esse momento era um armazém abandonado, e agora ocupado pelos sem-teto, repleta de placas e setas indicando que em breve aquela área seria um shopping.
-Tá de brincadeira com a minha cara- diz Marília, incrédula- mais um!
-Que foi? Retruca Joana, franzindo o cenho para Marília.
-Mais uma vez o cenário urbano se digerindo - Começa Marília- marcas do passado sendo levadas, patrimônio histórico perdendo toda sua importância, toda essa cultura do ``agora`` me enche de ansiedades e me preocupa , Joana... o que vai ser desse shopping daqui a cinquenta anos? O que ele vai simbolizar?
-Tudo é propício ao abandono mesmo, Marília! Se acostuma, é a vida na cidade, competição até entre os prédios, informação vem e vai, aceleração. A cidade em si é um desapego, querendo ou não.
-Eu sei, Joana, mas não vê que não tem mais para onde fugir? Estamos saturando nosso próprio lar, daqui a pouco só vão existir essas selvas de concreto que nos apertam, nos causam ansiedades em nossas cabeças e canceres nos pulmões, farmácias, academias e escritórios que sobem até o céu.
-É, essa indução ao consumo extrema sempre me incomodou, sabe. Todo dia é um banner novo anunciando outro celular muito mais moderno que a versão anterior, parece que eles estão se encaminhando para um ideal de tecnologia inalcançável, e nós estamos tentando competir nessa corrida, tentando nos manter atualizados, atuais, acompanhar um ritmo de uma sociedade hiper acelerada, frenética.
-Sim, é exatamente isso. Assim como temos pilhas de shoppings, vamos ter pilhas de lixo, celulares acumulados, junto com as embalagens de todas as comidas rápidas, as latinhas, as perucas não aproveitadas, os aparelhos tecnológicos obsoletos, os relógios que pararam, as carcaças de prédios que não receberam mais investimentos...
Marília encara a placa pintada de amarelo e vermelho vibrante, olha para o céu, com uma névoa espessa de poluição pairando acima da cidade, e suspira.
-E lá vai o cidadão para o matadouro do consumo...
-Você deveria escrever poesia, Marília- Comenta Joana, rindo de uma maneira quase melancólica.
-Mas é verdade!- Retruca Marília, ligeiramente indignada pela não compreensão de sua profunda crítica- Pensa em como as pessoas vão ser condicionadas, atraídas como insetos pela luz, pela ideia de felicidade delas sendo projetadas no comércio, sonhos e ideias vendidos e sendo perseguidos até a morte, um caminho sem fim, uma eterna espera pelo gozo, uma angústia que te condiciona por escadas rolantes, te leva a lugar nenhum, sobe, desce, sem precisar mexer um músculo, é corpo parado, corpo espectador que é manipulado, lhe é vendida a ideia de protagonismo, e como atuar nesse teatro contemporâneo e se afirmar como cidadão?
-Consumindo- Responde, triste, Joana, olhando para baixo, para todas as embalagens que estão na calcada, invadindo os trilhos do Veículo Leve sobre trilhos. Eles, que voam pelo vento, e se encerram na baía de Guanabara, para serem decompostos em duzentos, trezentos anos, plásticos e metais que vivenciariam muito mais que os pobres humanos.
Ensaio dois
-Nem acredito que eles venderam esse terreno enorme tao valorizado antigamente por essa quantia ínfima para a gente.
-Nem eu, Renato, fizemos a melhor coisa, não perder tempo, revitalizar aquele espaço no centro.
-Está cheio de mendigos e viciados em narcóticos e craque lá, Carlos, o que vamos fazer?
-Mandar o Jarbas e o Bruce mandar os caras se mandarem, óbvio. Responde Carlos, simplista.
-Mas Carlos, tem famílias inteiras lá.
-Vamos mandar o Jarbas e o Bruce mandar as famílias se mandarem.
Renato suspira, sua ideologia moral e seus valores entram em conflito por alguns segundos, mas depois ele abstrai, pensando em todo o lucro que irá receber com aquele novo estabelecimento.
-Vamos botar abaixo toda aquela velharia, já falei com alguns políticos, eles se desfizeram de uma papelada que eu desconfio muito ter sido amarelada com grilos, patrimônio histórico vai ficar no acervo digital do Rio Mídia cidade digital.
-Me disseram que estavam até confeccionando um modelo em holograma! Ri Renato, imaginando a ideia de um ``Rio antigo`` girando em laser azul. A ideia lhe agradara bastante.
-E vamos fazer mesmo um shopping exclusivo, contemporâneo, jamais presenciado por qualquer terráqueo? Pergunta Renato, cheio de expectativas.
-Óbvio que não, besta. Vai ser como todos os shoppings, mas a gente vai dizer que é exclusivo, por uns adornos, dar uma camuflada na estrutura básica e esquelética de todo centro de consumo, promover algumas marcas, já tenho contatos com donos de empresas que mal veem a hora de se fincar no nosso solo recém polido, cinza e liso.
Cena três
Estão os dois empresários, Carlos Alberto e Renato Falcão sentados lado a lado, na mesa polida de madeira de lei, e do outro lado desta, os designers de interiores, paisagistas e arquitetos do projeto do novo shopping da praça Mauá. Além desses, assistentes de merchandising, designers, dentre outros.
-Então- Inicia Carlos Alberto, objetivo, entrelaçando as mãos- Queremos um modelo de shopping contemporâneo. Vamos botar obras de arte nas paredes para que de a ideia de...
-Liberdade? Sugere um designer de interiores, meio inquieto, com a perna batucando incessantemente.
-Não, liberdade não!- Exclama Renato, desgostoso. -Liberdade lembra anarquismo e quebra-quebra. Não. Os consumidores e passantes precisam se sentir sufocados
Ouve-se uma tosse aleatória do outro lado da mesa, e um dos arquitetos diz:
-Perdão, o senhor disse sufocados?
-Acalme-se, Anselmo- Comenta Carlos - É apenas um sufocado pelo comércio, aquele empurrãozinho que o cidadão de bem precisa para movimentar essa magnífica engrenagem do capitalismo.
(Um empurrão para que o lembre de seu lugar no fundo do abismo do capitalismo consumista o acorrentando, escravo da obsolência programada...) Pensou Renato, com ambição.
-Continuando, cavalheiros- segue Carlos Alberto - Estávamos querendo implementar algo simplesmente inovador, nunca visto antes em shoppings.
Um murmúrio geral na sala, olhares confusos.
-Vamos botar relógios. Todos eles com maravilhosas obras de arte de nossos artistas brasileiros, e sem ponteiros. Há algo mais inovador que isso?
Um paisagista estende a mão e, timidamente diz:
-Ok, mas... sem ponteiros? qual a funcionalidade disso?
Renato, ultrajado, responde:
-É extremamente funcional! Lembra que o tempo do cidadão circulante é estético, e estética significa implementar sua aparência, e implementar sua aparência significa CONSUMIR MAIS para se adequar mais a estética padronizada e normativa de nossa publicidade e mídia.
-Palmas pela sua ideia, Renato- Comenta Carlos, emocionado- Parabéns , meu colega. Ele bate palmas, olhando cheio de expectativa para o rosto ligeiramente corado de Renato.-Viva o relógio pós-moderno.
-Agora o motivo pelo qual chamamos os paisagistas- Anuncia Renato- No meio do Shopping, confeccionaremos a área Floresta Atlântica. Com palmeiras, barraquinhas em que vendam, podem acreditar ou não, frutas! Totalmente contemporâneo, é o animal vindo a tona no homem que se diz civilizado, é a lembrança do passado, é o Fast-Jungle!
-Para que motivos, lhes indago, camaradas- Emenda Carlos- O cidadão precisará ir até os confins da zona oeste, sul, e hoje enfrentamos uma crise nos transportes, nosso venerável prefeito Bispo mestre Crivella nao ajudou com a frota dos ônibus, e ainda tem a crise.
-Ah, a crise... Reclama um arquiteto, passando os dois dedos pela testa, em um movimento de pinça.
-Fast Jungle. Cobraremos para o cidadão sentir nossos climatizadores e aromatizadores, arranjamos uma parceria com o Glade Toques de Frescor, assim que eles saírem do protótipo de floresta, receberão um adesivo de um Aerosol feliz, cem porcento biodegradável, parceria Cariocaping e Glade. Tudo certo, merchan?
Os homens responsáveis pela propaganda e como ela é distribuída no shopping assentiram silenciosamente.
-E o ar condicionado? Pergunta Renato, cheio de expectativa.
-Dezoito graus, chefes- Responde o engenheiro termo-elétrico- O suficiente para que o consumidor pense que o ambiente fechado é infinitamente mais agradável que o sol de arrancar o couro cabeludo do centro do Rio.
-Perfeito, perfeito- Continua Carlos -E se sentir frio, pode comprar um delicioso chocolate quente em um de nossos quiosques mais próximos.
Com um leve pigarro, Carlos então se prepara para falar:
-Errr... tragam aqui os artistas. Ele olha para baixo, como que envergonhado de pronunciar tal substantivo.
Os seguranças do recinto, Jarbas e Boris, enormes e sérios, entram primeiro, seguidos por dois homens e duas mulheres que pareciam mal nutridos, exasperados, desprovidos dos ternos e formalidades que todos lá apresentavam.
-Boa tarde, damas e cavalheiros!- Diz Renato, que sempre simpatizou mais com os que se denominavam artistas.
Os artistas olhavam ao redor com repugnância e estranhamento, todas aquelas luzes e ambientes polidos, e nada disseram por um ou dois minutos.
-Vamos aos negócios, então- Começa Carlos, impaciente. -A ideia, como já enviado por e-mail, é que na frente da fila de espera de cada elevador, em cada respectivo andar, tenha uma esplendida obra de arte para que o mesmo não se sinta explicitamente subjugado e ofendido apenas com a ideia de ter que esperar atrás de outros indivíduos. Ele pega alguns papéis impressos e entrega aos artistas.-Aqui estão os termos e as limitações dos trabalhos requisitados.
Os artistas não revelaram expressão alguma. Em fato, Carlos se questionaria se algum deles estivesse de fato prestando atenção.
-Como assim, toda cor precisa ser tom pastel? Perguntou Álvaro, um dos artistas.
-Precisamente- respondeu Carlos- o pastel vai ser contraste com o neon berrante de algumas lojas que pagam a Taxa do Neon.
-Taxa do Neon? Pergunta Álvaro.
Bruno, seu colega, que se encontrara ao seu lado, tentou suprir o riso.
-Sim, mais eletricidade, mais atenção puxada para esse estabelecimento, ele precisa pagar ínfimos juros a cada estabelecimento pelo ato de convergir o olhar.
-Favor não esquecer, pessoal- Renato se levanta, fecha os olhos, respira, quando vê que atrai todos os olhares, continua:- Nós aqui vamos inserir pequenos dispositivos de microcâmera wireless em mais de trezentos pontos do shopping. No final das montagens e contagens de olhares, os pontos em que obtivermos mais olhares serão posteriormente vendidos e, em suas imediações serão instaladas telas e Outdoors móveis; então , se desejarem, a prova para o mediador de olhares será realizada na próxima quinta-feira.
-As pinturas precisam ser... precisas- complementa Carlos.
-Geométricas. Diz Renato, desenhando um quadrado no ar.
-Lembrem as pessoas de que elas precisam consumir- acrescenta um designer que só ouviu as últimas três frases e rabiscava no canto de sua planilha- mas não de maneira que venha a soar pejorativo.
Cena quatro
-Professora- estende a mão Lúcia, ansiosa- Eu meio que não entendi muito bm esse conceito de espaço lixo.
Joana alves de santos, professora do Colégio de formação urbanística para jovens, responde:
-Jogamos tanto lixo fora, que uma hora não disporemos mais de meios para dar fim a todo esse entulho, e isso se dá na arquitetura também!
Lúcia passa a mão no queixo, tenta estipular teses em sua cabeça, e diz:
-Mas vamos jogar prédios fora?
O resto da turma ri, e Joana se apressa em dizer:
-Não literalmente jogar fora, mas apagar e acender resquícios de civilização, não tem mais espaço, não existe mais novo, o ''jogar fora'' é a demolição, o abandono, até que o espaço volte a ser , de alguma forma, interessante, para que assim algo seja construido no lugar, com a ilusão de ''novo'', mas é sempre essa ruminação eterna, já saturamos muita da capacidade que o próprio espaço aguenta, a um ponto de nem as pessoas aguentarem mais.
Cena cinco
Poema sobre Junkspace

Cena seis
Monólogo em uma peça sobre o museu nacional, em 15/07/2018
-E o museu nacional queima, mais de 20 milhões de itens danificados, 200 anos de história incêndio abaixo. Lá se vai história, lá se vai marcos desprovidos de marcas publicitárias, lá se vai conteúdo imensurável, de valor incalculável, mas não era rosa e azul pastel, não dispunha de curvas confortáveis ou estímulos rentáveis, não favorecia lucros, terreno insustentável em si. Faltou incentivo, faltou estrutura, mais shopping, menos cultura. Mais copiar, menos criar. Menos terreno para se cultivar, mais para se acumular, menos para se pensar, mais para consumir. Um dia, essas edificações podem todas sumir, quem irá lembrar? Da estrutura, sobram ossos, vão aos poucos ruir. Quem tem poder vai chegar para os curvados e dizer: vamos pensar, é simples o que fazer: Vamos vender, facílima questão. Levar abaixo, demolição. Depois, talvez, um parque de diversão. Um museu, que ideia, como podemos assim, manipular a plateia?
Passado? Apagado. Ditadura, não aconteceu, colonização, não aconteceu, autoritarismo, não aconteceu, nossa história, nossa arquitetura, nossa cultura, derrubem tudo e ponham shoppings no lugar. Shoppings, onde poderemos controlar quem irá transitar. Estado falido, finge que é dono, não dá verba, abandono, mais que se importar. Empreiteiras, empreitadas, quem consegue se manter no poder? O que consegue se manter no lugar? Não adianta suplicar, senador não corresponde, não adianta implorar, governador se esconde. Fugir? para onde? Templos religiosos erguidos, é o tecido a se refazer, templos religiosos destruídos, há toda uma seleção, podem ver. E aqui está uma pergunta em que encerro, e a indago em toda aula, a cada manhã: Como pode um povo ter ideia de nação, se se apaga o passado e vangloria o amanhã?

domingo, 16 de setembro de 2018

pessoas

Por vezes eu penso nos corpos que já experimentaram o meu, os quais já vivenciei. Eles aparecem quase como em uma vitrine , alinhados, cada um com suas características físicas, e queria ter também uma biblioteca de gostos e cheiros. Iria ter o perfume fortíssimo do cara que eu encontrava nos meios de 2014, junto com uma pele sempre quente, grossa, peluda, e um hálito sempre reconfortante. Ao lado desse, teria o cheiro do primeiro homem que eu transei, com um desodorante masculino padrão e, não sei, algo de exótico que vinha ao meu nariz, um cheiro caseiro e único que só voltando para lembrar. Embaixo, o cheiro de camomila do cabelo de outro, e cheiro de roupas limpas, passadas, bem lavadas com amaciante. Empilhado em cima, cheiro de maconha e cabelo. Só isso, maconha e cabelo, mas era um cheiro bem interessante. Passei a fumar constantemente ano passado mais por causa dele, então sempre me remete. Um dicionário de toques ali ao lado, também. Um toque desinteressado, um mais afetuoso, outro carente, outro quase cauteloso. E os olhares, queria ter um mecanismo pelo qual pudesse relembrar todos os olhares penetrantes que olhavam bem dentro das minhas pupilas. Seja os verdes citrino estranhamente virados para cima em êxtase em entrega total, esse verde tao ínfimo tao grandes são suas pupilas, tamanho seu afeto, tamanha sua empolgação, suas pupilas querem explodir e transcender as iris. Ou os verdes profundos e ligeiramente amarelados procurando algo que tenha se perdido no seu vazio e na sua amargura, ou então os castanhos sorridentes, olhos que falam muito mais que qualquer palavra, lindo teu silencio. Os verdes acinzentados que me olhavam com tanto amor que pareciam explodir, olhos melancólicos, olhos que choram, seja de felicidade, de tristeza, choram e pedem mais, suplicam. Também tem os olhos negros de obsidiana, frios e calculistas, mesmo com todo teu calor, seus movimentos matemáticos analistas por trás de qualquer gesto de afeto. Olhos de cobiça, olhos distantes... Sim, você mesmo. Olhos em outro planeta, tentei te trazer a tona, deu certo uma vez. Olhos manipuladores, empoderados, olhos de mil anos, olhos controladores, para longe foram, para o desconhecido se viram. Olhos cansados, acostumados, olhos de paz, castanho-mel , olhos de tranquilidade. Olhos ansiosamente felizes, um tanto beneficamente perturbados, inquietos, olhos de aventura, olhos que precisam ficar vermelhos para se aquietarem, escuros mas que não escondem nada, olhos fáceis, que dá para ver seu raciocínio, seu processo de pensamento, sua reação, faz par perfeito com sua voz animada. Esses e maissssssssssssssssssssssssssssssssss

precisamos

Tenho necessidade de silêncio e, de vez em quando, afasto-me para organizar a cabeça
Casei com um homem que não viveu. O Ricardo ficou trancado dentro de um quarto lendo a vida toda
E leio isso estando trancada em um quarto
No fim de semana todo
No mes de setembro todo
Viva Ricardo lisias

sábado, 15 de setembro de 2018

Esse dia

Poderia não estar acontecendo
Divagando
Sem energia pra mais nada
Eu durmo como e lembro
Preciso estudar
nunca suficiente
Preciso ler
Nunca suficiente
Preciso produzir
criatividade caindo
AAAAAAAAAAAAAAAA
tum
caiu

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Crítica

Blá blá blá
Vem criticar
Vem dizer
Quem pode ser
Artista bom artista mau
Faz por merecer
Tem é canal
Saber enriquecer
Se tem gesto
Se eu presto
Balela
Pega os teus curadores
e dá trela
Arte e ciência
Nada de incentivo
Dá-me paciência
Seis horas semanais
De modelo vivo
Molda corpo
Menos humano
Menos mundano
Eleva arte ás alturas
Para despencarem sem dó
Pelo esquecimento do pó
Dos armários empoeirados e sombrios
Do papel amarelado abandonado
Dos cantos feios frios
Da obra desconhecida
Jamais divulgada
Jamais contemplada
Quem está na moda
É fogo, é foda
Um quadro apagado no banheiro
Um papel e um isqueiro
É, quem escolhe o local de vislumbre
Quem tem voz
Quem tem dinheiro
Quero saber do mercado
Sou artista prostituta
Vendo alma , vendo interior
Vendo quadro, vendo cor
Quero saber da crítica
Da política
Quero saber dos que vão
Me comprar
Me fazer subir
Me idolatrar
Me consumir

mezzo bebada

Te pintei
E voce me pintou
Com o pau
Risos
Frisos
Freios e arreios
Quero te cavalgar
Hehehe
Nao deixo me domar
Pelos teus olhos
Com pupilas hiper dilatadas
Parece que sempre está delirando
De prazer
Mesmo sendo ínfimo
Pequeno infinito
É fantástico
E teu gozo, sinto
E teu beijo, sinto
E teu hálito
E sua palidez
Tao perto mas tao longe
Nao há de sumir
Tao longe tao perto
Quero te consumir

terça-feira, 11 de setembro de 2018

AHH LINKIN PARK

Ah chester
que dor
Ouvir tua voz
Ouvir esse cd lançado a uns vinte anos
DONT STAY
Cara, eu nao tenho nem palavras
Isso nao é um texto
é um desabafo
Ouvir e lembrar de todas as vezes
Que essa música me fez refletir
Que eu a ouvi
Aaa
Nunca mais irei ver um show
Nunca mais ouviremos sua voz
Nunca mais ouviremos teus gritos
silenciado
bom
tua agonia chegou ao fim
Ninguém mais ficou
No negro dos teus olhos fechados
Da sua não existência
Apenas retorna a consciencia
Dos que lembram
O vermelho do teu sangue
E a dor nas suas palavras
No seu tom
A lembrança vaga
da sua voz
É mais fácil correr
que se deparar com essa dor

Se eu pudesse mudar mudaria
Refazer todo ato errado que eu fiz
Ai ai
Que dor
Que melancolia
A vida é foda
Foi muito cruel contigo, Chester
AH NUMB
Mesmo sendo tao batida
Mesmo tendo ouvido isso nos últimos dez anos direto
Eu nao consigo nao admirar
É uma puta música
Voce era uma pessoa incrível, Chester
Mesmo com tuas frustracoes
seus abandonos
Suas cicatrizes
Que dor quando escuto
Imagino voce no estúdio
Gritando
Exprimindo todo esse sofrimento
Essa indiferença
Que agonia em pensar
Que já é passado
Já é era
Já era

só mais uma

Para cada Central Nuclear é preciso uma porção de poetas e artistas, do contrário estamos fodidos antes mesmo da bomba explodir.”

latente preconceito antibiológico da nossa cultura

aceita que transa
aceita que fode
aceita que geme
Que adoece
que cospe
Que engasga
Que come
que chupa
Que dorme
Que goza
Que boceja
Que lateja
Que treme
Que esquenta
Ou esfria
Que dança
Que mexe
Que cheira
Que sente
Que urina
Que sua
Que sangra
Que tateia
Que enxerga
Que ouve
Que rasteja
Que corre
Que pula
Que co
pula
Que tremula
Que entope
Que doi
Que faz doer
Que toca
Que entoca
Que sufoca
Em seu mesmo invólucro
Que escala
Que tapa
Que cava
Que faz aparecer
Que acorda
Que limpa
Suja
E muda
silenciosa

mais análises

O ser humano, alguém já disse, ainda é afetado por tudo aquilo que o relembra inequivocamente de sua natureza animal. Também já disseram que o homem é o único animal cuja nudez ofende os que estão em sua companhia e o único que em seus atos naturais se esconde dos seus semelhantes

domingo, 9 de setembro de 2018

Astronauta

Somos todos astronautas
Cada um em seu capacete
Em seu próprio universo
Descobrindo
E desbravando a vida
Aventurando-se por aí
Falando com aliens
Achando que eles te compreendem
Teu estranho dialeto
Cavando terras vermelhas, azuis
Roxas
E percebendo
Que sabes tao pouco
Mas tao pouco
Não emite nem som mais
Está rouco
Ainda não louco
Ascende e paira
E contempla
Acha que sabe algo
Até se deparar com nebulosas
Que se fazem perder
No escuro denso de suas fumaças
Caminhos a percorrer
De onde não se tem ponto de chegada
Nem início 
E a imensidão é tamanha
Micro e macro se unem
Se espremem, contraem e dilatam
Teu tamanho é único
Universo de átomo
E átomo no universo
Caminho inverso, reverso
Nada mais importa
Não há portal está tudo
Escancarado
Teu brilho ofusca as estrelas
Reflete no teu capacete
E lá vai, sônico
Mais um foguete
Mais um lembrete
teu corpo é
Um frágil palacete
Que te abriga
e te obriga
a continuar