domingo, 4 de novembro de 2018

Anjo

Te vi, radiante
Te capturei em momento de distração
Te cativei sem precisar de planos
Te busquei por baixo dos panos
Te afaguei os parcos pelos
Que cobrem teu queixo
Passei a mao pelos brilhosos cabelos
E compartilhamos um beijo
Que nunca foi roubado
Adquirido, arquitetado
Te joguei na cama
-Diga, voce me ama
Digo, voce me come
É mais que isso, nao apenas
Algo se consome
Tao comum teu nome
Sinto vontade, sinto fome
Pula por entre meus dedos
Prisão é o maior de seus medos
Quanto quero apenas me entorpecer
Quando nao consigo conter
Todo esse desejo por prazer
E preciso ceder
Ao te ver marcado
Alguém passou pelo teu pescoço
Alguém sem identidade
Apenas tua liberdade
Finalmente, espiei por cima de meus ombros
e vi
Uma fila enorme
As pessoas estavam inquietas
Sedentas
Um milhao de possibilidades
Cheiros, olhares e sabores
Poderia chamá-las nojentas
Sou mais uma das lamacentas
Entao voce me disse
-Me desamarra. Quero falar com todas essas pessoas atrás de ti
Eu ri
Há muito compreendi
Sem que realmente precisasse falar
Como nao o fez
E eu disse
Nao vou te cobrar uma última vez
Se em ti nao mais encaixo
Querido, olhe para baixo
Quando voce o fez, percebeu 
as cordas que estavam ao redor de seus pés
 nao estavam amarradas a lugar nenhum
Te beijei a parte de cima da mao
Olhei uma última vez dentro desses olhos
e disse
-Voa

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