Duro
Mas que seja algo mais legal de comer
se bem que
Nao estou com muita vontade
de fazer todo o imenso percurso
Até o bandejao
Sao seis e tres da tarde
Li o dia inteiro
Esse foi meu feriado
Amanha vou para tirar os cravos da cara
E espero que meus cravos sejam retirados
Minhas acoes se encerram em si
E isso sou eu crua
Fria
franca
Uma pintura
Preta e branca
Eu juro que queria, meu amor
Ser o perfume que encobre teu suor
Ser o que olha e faz brilhar
o que nao para de amar
Mas chega
sou só o que respira
Por vício
O que não vê grande sacrifício
O que não vê de tanto olhar
Sou a lágrima que já caiu
A puta que não pariu
A ponte que partiu
A que não achou graça
E mesmo assim riu
Sou o ruído no microfone
Que foge do drone
E das cameras
Que insistem em capturar
Mas agora, nao
Está tudo desligado
E estou do avesso
Isso sou eu maquinada
Um cidadão antes travesso
Uma alma desligada
Vigilante, não operante
Juro, já tentei mudar
Mas nesses tempos
é difícil
Como proceder, como comportar
Tanta energia e informação
E para onde olhar
O que falar
Opto por calar
assim proceder
Ler, captar
E depois interpretar
No silencio das nuvens
Que passam sem perceber
nas cores que esmaecem
seu doce perecer
Minha poesia é ultrapassada
É claro perceber
Espero que seja carne assada
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