Estava eu voltando do rio sul, em uma jornada curta até meu
humilde apartamento em Copacabana. Ia passar pelo túnel, era cerca de duas
horas da manha. Sozinha, eu com uma blusa preta e shorts, nada demais, sem
dinheiro, sem celular.
Eu escuto, de repente, o barulho de uma bicicleta se
aproximando. Olho para trás e há um sujeito típico do Rio de janeiro, moreno,
camisa, bermudas e chinelos. Começo a andar mais rápido.
Ele vai mais rápido que eu, me passa. Continuo andando.
Lá na frente, quase no fim do túnel, a bicicleta dele está
atravessada, impedindo a passagem.
Ele está logo ao lado de sua bicicleta, brandindo alto uma
faca grande, de churrasco, com a mão
direita, com uma expressão odiosa na cara, e fala:
-Passa tudo, ou vai ser furada!
Eu me aproximo, e falo:
-Não tenho celular.
Tento estar calma, pois sei que em assaltos, os ladroes estão
mais nervosos que a vítima.
Ele parte para cima de mim, para tentar me revistar, ou
coisa do gênero.
Sem pensar, passo a perna esquerda para frente e faço um
gancho com a direita, derrubando-o no chão. Ele está meio atônito.
-Que ``mulhé`` maluca! Ele grita, mas não dá mais tempo para
dizer nada, pois estou socando a cabeça dele, de pé, acertando em cheio no crânio.
Ele , com a faca, tenta me acertar, consegue fazer um grande
arranhão no meu braço, e sua outra mão está protegendo a cabeça.
Eu, com raiva, ajoelho a perna esquerda em seu tórax e faço força
para tirar a faca de sua mão.
-Filho da puta! Xingo eu, o sangue no meu braço escorrendo
para o chão úmido do túnel.
Depois de muito castigar o rosto dele, acertar seu nariz,
sangrando agora, consigo pegar a faca para mim.
Não penso. Em um instinto animal tiro o joelho de cima dele
e o esfaqueio uma, duas, três vezes, nas costelas. É muito mais difícil que
parece nos filmes e tal, sinto que os cortes estão muito superficiais. Ele
tenta alcançar qualquer parte minha, puxar minha perna, mas sua força está se
extinguindo rapidamente, tento esfaqueá-lo mais, enfiando a faca lá no fundo,
ás vezes bate em suas costelas, seria muito desajeitada para ser açougueira.
O sangue está em minhas mãos, seu odor ferroso impregnado em
todo lugar, no chão, nas paredes. O homem grita de dor, tento chutá-lo na
barriga mesmo, para faze-lo calar a boca. Ele cospe sangue. Depois de, talvez,
umas dez facadas, ele virou um peso morto no chão. Pego sua faca, vou levar
para casa, vai que a polícia pega e ache minhas digitais. Espero que fragmentos
de pele, unhas ou cabelo não impregnem o cara, pois assim as coisas se complicarão
para mim. Vou embora, poderia pegar a bicicleta dele, mas não sei conduzi-la. Decido
ir para um hospital tratar do meu arranhão, mas antes vou passar no mar (está
ligeiramente perto), para remover esse sangue todo.
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