segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

coisas que eu levaria para a lua para mostrar para os aliens a maravilha do ser humano

 1- camisinha furada

2- smartphone com a tela rachada

3- biblia sagrada

4- arma de fogo 

5- granada de mão 

6-fralda de bebê

7-fralda de idoso

8- absorvente 

9- pneu de carro

10- escova de dentes

11- remo

12- acendedor automático

13- tampo de vaso sanitário

14- vassoura

15-moldura

16- violão

17- flauta

18- vela

19-cápsula de remédio 

20- óculos escuros

21-desodorante

22- tenis colorido de jogador de futebol

23- telescópio

24- estetoscópio

25- boneca inflável

26- vibrador

27- coleira de cachorro

28- skate

29- patins

30- patinete

31- sacola plástica

32- balança

33-gravata

34-caneta

35-tijolo

36- bússola

37- tambor

38-algemas

39-sombrero

40-moeda

45-livro

46-lamina de barbear

47-coador de café

48- lampada

49- martelo 

50- lápide

51- foice

52- machado 

53- toalha

54- controle remoto

55-berimbau

56- arco e flecha

57- gaiola

58- gaita

59- focinheira

60- camisa de força

61- guilhotina

62- máscara

63- espartilho

64- televisão

65- chave de fenda

66- ampoula

67- pipeta

68-vidro bécher

69- capacete astronauta

70- microfone

71- megafone

72- soco inglês

73- katana

74- torneira

75- origami

76- tornozeleira eletrônica

77- Alcorão

78- algum tarô

79- peruca

80- dados ( de rpg ou não)

81- troféu

82- muleta

83- bengala

84- seringa

85- agulha

86- corda

87- chupeta

88- rádio

89- manequim

90- novelo de lã

91- colher

92- enxada

93- pá

94- rodo

95- perfume

96- relógio

97- lente de aumento

98- termômetro

99- panela

100- parafuso.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

DIVERSÃO

Teresópolis. Cinco de Maio de Dois mil duzentos e vinte. O mar inundou e tomou conta da cidade do Rio de Janeiro capital, assim como a baixada, Niterói. Agora o que era a região Serrana é a região das praias, há algumas Ilhas também. Mas não se deve banhar nessas praias, uma vez que a radiação das bombas jogadas pelos EUA está também na água. Não há uma pessoa nas ruas, porque os trajes são caros, apenas imprensa, pessoas mais adinheiradas, famosos e políticos obtêm esses trajes. Não é muito difícil, se você não tem dinheiro para comprar o traje, compre o serviço baratinho fornecido pelo #GenGov, de entrega dos kits TQVPPTMCD = Tudo Que Você Precisa Para Trabalhar Muito e Comer e Dormir.     

 -Meninos usam verde-musgo! Grita a pastora-holograma, afetada, brandindo um pôster holograma- Meninas vestem Ocre! Nem uma forma de vida orgânica nas ruas. Da calçada, Wall-e acena conforme ia tomar um banho de óleo. Estou aqui, vim do passado, para falar pra galera do passado como as coisas vão estar daqui há uns duzentos anos. Caminho por entre becos e prédios empoeirados, passo por um cartaz com a ilustração de um copo de água. Os verbetes abaixo dizem: Beba um copo de água por semana! #GenGov prezando pela sua saúde. O governo da maioria dos países quebrou, precisou pedir ajuda ao fundo monetário, pá, entramos em guerra com os Estados Unidos pelo monopólio do comércio da China, eles jogaram uma bomba nuclear no Rio de Janeiro, hoje o cristo são só ruínas. A bomba explodiu faz cem anos, mas ainda há pessoas que acreditam que o Brasil triunfará perante os escombros. Aperto o rec, gravando. Entramos em uma casa de dois cidadãos habituais, uma mulher e um homem idoso, eles estão sentados vendo televisão. 

-Boa tarde, família! Digo eu, sorridente, exclamando para a câmera. Estamos aqui, diretamente do futuro, mostrando o Brasil de Agora para o Brasil de Antes!

-Boa. Diz o senhor, mal abrindo os olhos. Seus óculos na beira no nariz derrapam, a medida que ele sua. É tarde já?

-Na verdade o governo decidiu implantar um sistema de iluminação nuclear que permite iluminação constante com praticamente a mesma potência do sol durante a noite. Então é sempre manhã, é sempre tarde.

-Ah, é. Diz a senhora ao lado dele, alheia aos acontecimentos externos. Seu olhar é vago, ela olha para a janela de modo profundo, como que tentando entender a composição abstrata que se forma por trás do vidro.

-Por trás deste vidro, o que há de encantar tanto a senhora?

-Ah- ela é pega de surpresa, coça o nariz envergonhada- É uma sujeirinha do vidro ali, daqui a pouco pego um paninho para limpar. 

-Ah- Digo eu, um pouco decepcionada- É a Sujeirinha do Futuro, minha gente!

Arrumo o casaco, pergunto onde há água, me respondem que não tem.

-Ok, digo eu... Embora eu ainda não tenha bebido meu copo semanal.

-Mas temos umas baratinhas, aceita?

-Claro. 

A senhora se aproxima com um potinho azul escuro cheirando a petisco,  contendo várias baratas passadas caramelizadas, junto com cebolas. Delícia. 

-Aé , antes de eu comer, vou tirar uma foto para botar no meu instagram. 

Botei as hashtags que precisava, agora vou filmar e dizer uma paradinha:

-Vocês do passado , saibam que vamos comer baratas e outros insetos, a não ser que vocês queiram comer carne humana hahaha , sério , têm pessoas que se isolam em sítios para fazer isso, mas tenham em mente que se vocês dormirem com os dois olhos fechados, no dia seguinte podem virar sopa, hahaha. 

Jarbas! Aperto um botão ao lado da minha cabeça, onde Jarbas está do outro lado das telas, manejando minha rede de streaming. 

-Fala.

-Passa aí essa informação nutricional embaixo dessa imagem que estou captando: 

''O valor nutricional dos insetos é insuperável dentre os animais de produção em massa. Uma porção de 100g de barata cinérea, por exemplo, possui 60g de proteína bruta, ao passo que a carne bovina possui 20g pela mesma porção.''

-Nada como os bons costumes da tradição.

Bom, os senhores tem algo a falar sobre a política atual?

-O #GenGov disse que se eu apoiar eles, eu concorro a uma passagem anual para a Disney. Disse o senhor, encostado na poltrona, afundando lentamente.

-E o que o senhor fez?

-Apoiei eles. Apoio até hoje. Quero ver o Mickey.

E a senhora?

-Quero ver a Minnie.

...

Acho que é isso, galeras. Vamos para outro lugar, documentar diretamente o futuro para vocês!

Mas antes, vamos ouvir música.

Ligo meu celular-holograma, que projeta um cantor famoso cantando sua mais nova música de sucesso:

''Você não Significa Absolutamente Nada Para Mim

 Oh, Uóoou

Você não significa nada para mim

Mas quero usar sua carcaça de pele

para meus prazeres narcísicos

Óh Uóuuu quero comer seus olhos crus

Ohhh não tenho sentimentos

você também não

por isso você é uma cadeira

E eu sou um sofáaa...

Oh, Uou''

-Que melodia, minha gente. Que poesia. Os artistas tem produzido incessantemente desde que não precisam mais sair de casa, se relacionar com pessoas de ''fora'', estamos todos seguros e felizes com o #GenGov.

Uma perturbação se lança no meio do meu vídeo, uma residência escancara sua porta, do lado de dentro, é jogado na rua um homem idoso, de cabelos grisalhos, suas roupas são manchadas, e o mesmo aparenta confusão. O mesmo não tem traje de proteção, e em segundos o corpo do idoso começa a se fragmentar, se dissipar, derreter pela calçada.

-Olha só, gente! É um absurdo isso, o descaso com as pessoas. Que bom que você aí do passado não faz isso, não é mesmo?

Já de máscara e traje, que se assemelham ao de um astronauta, vou diretamente para o laboratório de Teresópolis.

Ao chegar ao Laboratório, filmo os vidros blindados reforçados do lado de fora, foscos. Não é possível enxergar nada do lado de dentro.

-Boa tarde, senhores. Digo eu aos seguranças de equipamentos astronáuticos.

-Boa tarde, o que a senhorita deseja? Um deles fala sem sequer desviar os olhos do eterno nada que se encontra a frente deles.

-Desejo uma bolada, uma cama de casal com colchão de penas.... hahaha, vim ver o Zé Azul.

-Quem?

-O Zé Azul.

-Senhora, este homem, seja lá quem for, não existe.

-Claro que existe, meu amigo, pô.

Paro de gravar uns instantes.

-Não, senhora, e a senhora não pode entrar sem permissão.

-Olhem só meu crachá, caras, total tenho permissão já.

-A partir de agora iremos ignora-la até a senhora ir embora.

-Como assim? Vou mandar uma queixa para a secretaria do consumidor do #GenGov!

-...

-Isso é um absurdo! Cadê o Zé?!

-...

-Ah! Olha ele ali! Fala Zé!!

Zé sai do laboratório com olheiras do tamanho das olheiras daquele cachorro de orelhas caídas, olha para mim assustado, de início, depois o ar de reconhecimento perpassa suas pupilas, ele suspira, bota as mãos no bolso, murmura quase imperceptivelmente:

-E ai...

Sua fala é monótona e lhe pergunto se está tudo bem.

-Cara... começa ele, com o olhar perdido- Os seguranças olham embasbacados para mim, que estava chamado o farmaceutico renomado Augusto Antônio José Filho dos Santos de Zé Azul.

-Acabaram os estoques de serotonina do governo para homens na faixa de quarenta a cinquenta anos, sob o pretexto de que esses já aproveitaram tudo que tinham que aproveitar na vida, e que agora podem viver só escutando aquelas músicas como ''Meu estoque de antidepressivos foi pro brejo'', ou então ''Você não significa Absolutamente Nada Para Mim...''... Foi mal , Laú, mas não consigo receber serotonina naturalmente desde que minha mãe injetava na minha veia quando bebê para eu parar de chorar...

-Quando eu preciso de serotonina, Zé, eu lembro que no passado as pessoas recebiam-na naturalmente...

-Você já viu o nome da nova fabricante de serotonina da moda? Essa assim que você injeta já te dá vontade de trabalhar, parece que tem algum estimulante-não-droga mas fármaco dentro... haha, esses homens criativos...

-Não, qual o nome?

-Indústria do Entretenimento.

-Uau, parece que me remete a alguma coisa do passado.

-O que, Laú?

-Não sei, não me lembro. Enfim , deixa a gente entrar lá para ver o que vocês estão aprontando agora, haha.

-Ah, nada demais. Estamos otimizando chips para implantar em bebês, aí eles com um ano poderão, com maestria, tocar piano, jogar futebol, nadar, pintar, falar pelo menos três idiomas fluentemente e falar sobre economia avançada.

-Incrível. Quanto custa?

-Um rim, quarenta anos de trabalho ininterrupto nas fazendas do trabalho, um contrato que permite a execução de testes de pequeno e médio risco em cidadãos comuns. Procedimento padrão.

-Outra novidade- Lembra Zé- É a droga lícita que acabamos de desenvolver-

-Qual o nome?

-Morra.

-Que grosseria, Zé!

-Não, o nome da droga é literalmente ''Morra''. É uma droga que simula o prazer da serotonina, mas não o dá, induzindo ao vício na primeira olhada. Sim, é uma droga visual, você olha para ela e sua estimativa de vida já reduz cerca de 0,01%.

-Qual o princípio dessa droga?

-Bom, teve um cara aí que se chamava Fróide ou algo assim , que falava na pulsão de morte. Tinha outro cara, acho que era Bataille ou alguém parecido, que dizia que a morte é um luxo. De fato, quando você morrer, não vai precisar mais trabalhar, ou seja, vai sentir um prazer imenso, quem sabe até receber serotonina de formas naturais?!

-Você vai estar morto, Zé.

-POR ISSO que temos ''MORRA'' a droga que te deixa pulsando, com olhos de peixe morto, diminui sua estimativa de vida, diminui seu interesse por coisas que te disvirtuem de seu trabalho, adquira hoje mesmo sua amostra grátis!

-Não estava gravando ainda, Zé.

-Não tem importância, Lau. Tenho certeza que tem gente observando a gente agora mesmo.






quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

 ”. Como Isabelle Graw notou, “o resultado pode ser uma situação absurda na qual a instituição contratante (o museu ou a galeria) recorre ao artista como uma pessoa que tem legitimidade para apontar as contradições e irregularidades que a própria instituição desaprova”. E, para os artistas, “subversão a serviço de convicções próprias consegue achar fácil transição para subversão para ser contratado; ‘o criticismo torna-se espetáculo’”.31


do (seguindo as imposições do capital). A defesa da mobilização contínua das identidades locais e pessoais como ficções discursivas, como jogos “críticos” polimorfos sobre as generalidades e estereótipos, pode terminar sendo álibi equivocado para a obtenção de curtos momentos de atenção, reforçando a ideologia do novo – um antídoto temporário para a ansiedade do tédio.


O entendimento de identidade e diferença como construções culturais não deveria obscurecer o fato de que a habilidade de empregar identidades múltiplas e fluidas é, na verdade, privilégio de trânsito que tem relação específica com o poder.

Seja líquido, fim.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

exposição no metrô

 transitoriedades e fluxo:

cinquenta artistas dispostos no metrô, cada um com uma tela, trabalho, o que for.

Começamos em jardim oceanico e terminamos em Pavuna, em um dia de domingo, sem jogo de futebol, para não ficar extremamente bizarramente cheio. 

Os artistas ficam em linha, cada um com seu trabalho, ? sentados no chão? de forma a transpassar o metrô de cabo a rabo.


Exposição no Shopping. 

Exposição na Quinta da Boa vista, com direito a mesinhas, rodas de conversa, música ao vivo (difícil mas vai),

“o aparato no qual o artista está enredado

Romper com o espaço branco monótono que não diz nada


quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

artch

é questionável se vale a pena estar dentro

a arte está morrendo porque está se tornando desinteressante

a fuga ritual da cultura.

a arte-arte é um cravo em que ele mesmo se espreme para fora.

a parte da exposição sempre é banal.

O gesto é bom.

Arte é aquilo com que você consegue se safar.

Tudo acaba na igreja, o Zaratrustra concorda com isso.   

Jiu jitsu é a minha igreja.

Famoso paradoxo , quero destruir e amar o sistema, para que ele me ame de volta, me compre, enquanto eu o destruo.

Tudo é uma comédia rasa, um espetáculo, don't stop dancing.

Mudar trabalhos, modernizar me interessa.

Diversão e utilização proveitosa do processo.

Não repetir A palavra. Enjoa.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

 Prezada PR7 e demais Órgãos, 

Após discutir a questão em assembleia, a CAE e Residência Estudantil se unem para redigir o seguinte documento acerca da questão que engloba a urgência da construção do lar provisório para os cães abandonados bo prédio do Alojamento. Os estudantes, exaustos de terem que lidar com 1) fobias que os deixam desconfortáveis e assustados ao passar pelos cães, 2) preocupações acerca dos cães atacarem pessoas ‘’de fora’’, desconhecidos em geral, 3) receosos acerca da violência com os cães, um mesmo tendo sido atropelado na manhã desta terça feira (24). O motorista teria saído com a placa do veículo virada, sem se responsabilizar pelo animal ou os custos da internação. As imagens coletadas pela UFRJ, após o atropelamento do animal, indicam que o mesmo estava andando na contramão, desrespeitando as leis do trânsito. A CAE e Assembleia Estudantil, então, por meio deste documento pedem encarecidamente uma reunião com o prefeito e a PR-7 demandando que a área da capela seja reaberta para abrigar os animais, uma vez que a mesma não tem sido utilizada por pessoas, pelo contrário, tem permanecido fechada. Os estudantes pedem a reabertura com a justificativa de que os cães, territorialistas por natureza, atacam menos diante do amparo de um teto, proteção contra o frio, o vento, a chuva. Após a reabertura da capela, é vital a reunião com a PR-7 e a prefeitura para a discussão da possibilidade de construção de um abrigo temporário, para abrigar os animais em distância segura de moradores, muitos deles se sentindo acuados ao passar pelos cães, que, abandonados, por vezes se comportam de forma hostil, pois os mesmos ficam vinte e quatro horas expostos e vulneráveis a todo tipo de violência. É vital, assim, o cercamento da residência, para que os cães e moradores possam vivenciar um período de paz, sem a preocupação de encontros com pessoas desconhecidas, armadas ou não, nas redondezas. 

Além disso, pedimos um encontro da CAE e PR-7 com um representante do SEMA, Sistema Monitoramento Animal Ambiental, para que possamos discutir possíveis parcerias e a questão de mobilizar cuidadores no local para que os animais tenham assistência.

Atenciosamente, 

                     CAE e Residência Estudantil.


segunda-feira, 23 de novembro de 2020

 estou triste porque estou ansiosa. Queria saber pintar digitalmente tanto quando a Luana , me sinto uma merda e sei que tenho que me concentrar pra fazer as coisas mas acho que não estou conseguindo por causa da competição + porque estou de férias, mas não estou realmente de férias... E porque estou de saco cheio de arte, tipo arte ARTCH, dissequei tanto a ARTCH que to meio enjoada. Meu estômago está sempre contraído, e sinto que não tenho muitos amigos para conversar sobre isso, na verdade quase nenhum, tem a Luana, perdida nas paradas dela, mas sinto que ela dá menos atenção aos meus problemas que eu gostaria, sei que não é obrigação dela, é foda. Me sinto tipo que nem uma otária trabalhando nos carros e ela fazendo coisas pra ganhar dinheiros. Minha mão está realmente doendo e isso me impede de escrever, desenhar com essa mão, afins. E ainda vou competir no Jiu Jitsu, Oba. Estou com medo, ansiosa, tenho vontade de escapar de tudo dormindo , grande vida

terça-feira, 17 de novembro de 2020

mitic comenta froid p2

São os próprios efeitos do progresso da vida moderna que participam de um tipo de produção de subjetividade, em que o homem ocidental vem a se constituir fundamentalmente por uma agressividade que marca todo o desenvolvimento do eu, e levá-lo a se realizar como indivíduo no “isolamento da alma” (sociedade cabide de Bauman) e na “derrelição original”.

O que seria a sociedade cabide?

O que seria essa agressividade que marca o desenvolvimento do eu? De onde ela vem? Como ela se constitui? Será que ela é a demarcação do território de um , que tenta se demarcar, se distinguir , e falha?Essa frustração projeta o ser para fora, depositando o peso de uma frustração-sexual-territorialista-identitária no outro?  

Esse indivíduo acaba por se confundir com o ser de nada (Nihil) e por naufragar na fragmentação original – alguns autores (STUART HALL, 2003) elevam esse signo, junto com a multiplicidade e a crise de identidade, a um traço preeminente da pós-modermidade – à que articulará uma série de sofrimentos diferentes aos reconhecidos para as neuroses de transferência.


Já a pós-modernidade ou modernidade líquida é caracterizada pelo capitalismo leve, pela incerteza e fluidez. Nesta fase da modernidade, a possibilidade de escolha se torna o atrativo, a gama de oportunidades dispostas, faz com que a sociedade se torne uma sociedade de consumidores,


Consumidores de corpos, não quero mais escolher, eu sofrer a tensão de ser escolhida, sou uma vampira cansada da eternidade e fecho as cortinas. Tudo é muito limpo, muito cheiroso, muito rosa, muito amarelo, muito vermelho, fecho os olhos, muita luz, muito barulho, muito, muito, muito.


O autor referido caracteriza a identidade como a tentativa de transformar a vida em uma obra de arte.

Nessa parte eu bugo, quero ter uma vida para ter... uma história legal para contar?

Acho que prefiro contar as histórias dos outros, sei lá

Minha história é legal mas.... Ah , não estamos mais comentando Fróid, agora é o homem árvore.

numa sociedade de consumo, compartilhar a dependência de consumidor – a dependência universal das compras – é a condição sine quo non de toda liberdade individual; acima de tudo da liberdade de ser diferente, de “ter identidade” (BAUMAN, 2001, p.98)

De ter identidade. Eis o problema. Posso fazer trabalhos relacionados a isso, porque é realmente um problema. Ninguém tem identidade, só quem tem a identidade do dinheiro? É a dependência da Luana em comprar roupas do neopets ou das dançarinas de K-POP. Luana e o eterno fetiche.

“comunidade”, cujos usos principais são confirmar, pelo poder do número, a propriedade da escolha e emprestar parte de sua gravidade à identidade a que confere “aprovação social”, deve possuir os mesmos traços. Ela deve ser tão fácil de decompor como foi fácil de construir. Deve ser e permanecer flexível, nunca ultrapassando o nível “até nova ordem” e “enquanto for satisfatório”

Confirmar. Aprovação social= aniquilação da tensão social. O indivíduo e sua necessidade de ser aceito. Até que ponto é verdadeira aquela frase de facebook ''Não ligo para o que os outros pensam!'' Nesse exato momento você liga para que pessoas que também não ligam para o que os outros pensam se agreguem a você e assim vocês tenham um sentimento de bando, de pertencimento, de eu e você em modus operandi de pensamento diverso de um [eles] que, supostamente , [ligam para o que os outros pensam].

Diferentemente do que ocorria nas comunidades da modernidade sólida, que se formavam em torno de interesses comuns e de longa duração, as comunidades da modernidade líquida se formam em torno de eventos, autoridades ou celebridades, fundadas em interesses individuais (BAUMAN, 2001).

Bauman (2001) conceitua autoridade como conselheiros que se tornam agradáveis e seduzem quem os escolhe. Felipe Neto ai. 
‘a autoridade amplia o número de seguidores, mas no mundo de fins incertos e cronicamente subdeterminados, é o número de seguidores que faz – que é – a autoridade’.
Somos todos messias, competindo pelo gado. Quero mil cabeças para me admirar e me venerar, quero público.
‘fazer moda não é apenas desclassificar a moda do ano anterior, mas desclassificar o produto daqueles que faziam moda no ano anterior, portanto, desapossá-los de sua autoridade sobre a moda
Será que vale o mesmo sobre a arte?
 A moda possui inegável poder de atração e sedução, servindo como meio para a concretização de dois anseios humanos: o desejo de inclusão e da individualização (BAUMAN, 2011) Sempre isso né.

Um trabalho: Escolher dez amigos para vestirem a mesma roupa na eba durante um mês.

O pertencimento e a autoafirmação buscam suportes em comunidades cabides, que atuam como uma segurança para expressão e construção das identidades no mundo líquido-moderno.

Dessa maneira, o sofrimento (souffrance) da neurose moderna suspende o sentido, troca a verdade pela manifestação pura do sofrimento. Não a elisão nem substituição de significantes. Esse sofrimento não se intercambia com significantes, com verdades. Diante da pergunta: o que significa esse sofrimento? a resposta que achamos tem estrutura tautológica: o sofrimento é o sofrimento. Assim, o vemos objetivar-se nos fatos, cobrir um dizer, dificultá-lo ao máximo e impossibilitar toda tendência a se tornar sintoma.

Vemos que a “liberação” das instâncias simbólicas, das tradições, da história e do complexo de Édipo não nos leva diretamente até a terra prometida; pelo contrário, nos confronta com a divisão, com os efeitos da lógica significante, mediante um “despedaçamento” em que a dialética do ser e do nada se experimenta nos efeitos imaginários do eu.

A liberação, libertação do Zaratrustra não trás alívio. Em coletivo, insatisfeito, o que estou fazendo aqui? Em isolamento, nada disso me representa, será que necessito do calor do convívio?

Comunidade imensa, no limite entre a anarquia “democrática” das paixões e seu nivelamento desesperado pelo “grande zangão alado” da tirania narcisista, está claro que a promoção do eu em nossa existência leva […] a realizar cada vez mais o homem como indivíduo, isto é, num isolamento [...] sempre mais aparentado com sua derrelição original (LACAN, [1948] 1998, 124).

Ah, o isolamento, tao polemico.se não desejo, o que sou? será que vale mais virar uma monja? 

eu quero viajar ver lugares, mas ao mesmo tempo quero ficar em paz comigo mesma... estudando? talvez.  

Essa “liberação” do Outro, das formas sociais e culturais, essa ruptura da dialética entre as paixões e as saturações sociais, longe de atingir alguma liberdade ou de achar um ponto de fuga para os efeitos de determinação inconsciente, encontra, no desenvolvimento do eu, a tirania do narcisismo e a promoção dos seus tipos particulares de sofrimentos.

Lá vem o Ego, neurose aqui, neurose acolá

Lá vem o Ego, para vir te irritar.

[...] a neurose de autopunição, com os sintomas histérico-hipocondríacos de suas inibições funcionais, com as formas psicastênicas de suas desrealizações do outro e do mundo, com suas sequências sociais de fracasso e de crime.

Essa neurose é muito real. Autopunição histérica, não sei o que significa Psicastênicas, mas o nosso superego, a vontade de ser algo exterior ao próprio corpo, a vontade de ser uma ideia, transcender, mas o corpo é compacto, o corpo ainda é pouco.

A identificação narcísica causa uma série de sofrimentos: Por que COMIGO? Eu deveria ter conseguido tal cargo, EU, EU, EU. Somos todos crianças mimadas? Isso causa agressividade também né, EU deveria ficar com fulane , não o outre, então fico agressive.



domingo, 8 de novembro de 2020

 preciso do silêncio para contemplar o que realmente quero.

Quem realmente sou.

As questões de ataques a minha pessoa dizem muito mais sobre a autoestima

e a fragilidade dela.

Os ataques na aula de escultura também.

Talvez doa em mim porque realmente

não tenho muitas referências sobre meu trabalho

quero fazer um trabalho semelhante ao da Nise

e não uma coisa especialmente autocentrada

por isso quero fazer essa pós em psicologia

ou fazer o curso inteiro de psicologia mesmo, 

fodaci

quero saber como lidar com as pessoas

sem ser um bode expiatório

quero me impor sem ser agressiva

e trabalhar para que eu não guarde coisas

mas guardo um monte de coisas

me lembro uma das primeiras vezes

que eu disse

não faça

e a júlia pegou um batom de manteiga de cacau

e usou e eu vi que a ponta ficou toda torta

sonhei com ela esses dias

sonhei que ela morava no alojamento

e eu dizia que a familia dela tinha dinheiro

para ela ceder o quarto dela

é engraçado

mulheres bem sucedidas que tem amigos e saúde mental boa

sei lá

júlia, bruna, luisa 

fico olhando pra elas e desejo ser como elas

acho que me pré ocupo demais

me pre ocupo de ser a sombra que já fui

mas 

na verdade

tenho que pensar que não sou especial

sou interessante, decerto

mas não é fama que vai me sustentar

é eu me dedicar mais

a aprender mais técnicas

são nove da manhã

quero contemplar cada vez mais o silêncio

e baixar expectativas sobre coisas


 você elimina as três principais causas de infelicidade: desejo, aversão e ignorância".

 O ruído nos leva a esquecer quem somos, e o silêncio nos revela. Tentamos mudar o mundo com ruídos e convulsões, mas só o salvaremos com a silenciosa entrega à vida.


 Grita-se para ocultar as razões que nos faltam

sábado, 31 de outubro de 2020

sábado, 24 de outubro de 2020

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

incrível

 No texto “Experiência” de 1913, Benjamin constrói uma crítica contundente à pretensa experiência vangloriada pelos adultos e ao fato destes se referirem aos mais jovens não raramente como inexperientes. Por isso, o titulo está entre aspas, pois se trata de uma ironia para com a concepção moderna de experiência. A “experiência” do adulto é inexpressiva para o jovem, pois ela é tecida em uma rede de dogmas, verdades e pretensões que se ajustam a uma posição autoritária, individual e cética

domingo, 18 de outubro de 2020

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

qureiu[e

 dan flavin icone

arte minimalista é arte pra quem tem TOC

uma coisa depois da outra, incrível 

o meu trabalho dialoga com o da cadeira do cara la

Joseph Kosuth – Uma e três cadeiras – Apresenta uma cadeira propriamente dita, uma fotografia de uma cadeira e uma definição extraída do dicionário sobre o que é uma cadeira.

Incrídibou

Um colega meu comentou sobre a frieza das obras minimalistas , é muito potente esse aspecto, uma vez que a arte tem quase como um clichê dizser a respeito dos sentimentos, do interior, da expressão , do olhar do artista, e o minimalismo não , ele é puramente exterior, são os espaços limitados entre as formas ready-made, gosto dessa frieza, sem identidade de artista, meio exo-ego, fria, limpa, certeira, mas não tão certeira porque talvez não almeja cortar , impedir relações hierárquicas é outro fator potente, mesmo que naquelas barrinhas lá do colega tenham barrinhas em cima, do Donald Judd  ,e o cima sempre remete a superior, remetendo a filologia.Quebra a ideia narcísica do foco , do centro, isso é bem daora, parabéns Bea, ach que esses são uns dos que eu mais gostei até agora.Bem diferente dos futuristas, com sua força matriz partindo de um centro-máquina. É muito interessante na área da filosofia, pois há quem busque o ''Cerne das coisas'' ou as origens de coisas, sendo que somos mais simples que isso, a despeito os cientistas que aprendem todos os dias, bom, nós mesmos somos cientistas, e precisamos avaliar a consistencia da matéria como ela se dá, o comportamento, os afetos, as relações, porque não podemos adentrar o interior do indivíduo , e nem precisamos , porque o interior do indivíduo se expressa em seu exterior. NILISMO, É A PALAVRA CHAVE! POR ISSO QUE EU GOSTO. Porque não precisa remeter a nada, é meio dadaísta, tem um sentido, um significado exterior a obra, uma redução aos tijolos remetendo a cada indivíduo no planeta , igual , somos árvores em uma floresta pegando fogo. Gosto porque tira a ideia do mito de personalidade, do estilo.Gosto porque refurta essa dimensão privada, de conseguir acessar algo, compreender algo, ele só tá lá , são só 50 tijolos dispostos numa sala, só isso. Interessante isso sobre o eu, quando se equipara a outro eu, se dilui em um mar infinito de nós, que pode ser o inconsciente coletivo de Jung. Gosto desse aspecto do minimalismo , tentar acessar o lugar comum.Somos a soma de nossos gestos visíveis. Somos o que imprimimos, se não imprimirmos , cuspirmos, sermos, seremos só metáfora de vida. "Eu não es-
crevo; eu sou escrito.", eu não sou artista, eu sou a arte. Acessar a natureza convencional é difícil, como explicar ao leigo, Hey, essa escultura não quer realmente dizer algo intrínseco sobre a vida do artista, ou sobre alguma questão profunda, ela só é. Como assim só é? Como lidar com a necessidade do público de ver finalidade , significado?
faltam 30pags só li 45 hj dá mais não ta amanhecendo vou dormi

bunitu

 "A pintura que é um ato", escreveu Rosenberg,


"é inseparável da biografia do artista. A pintura em si

é um 'momento' na mistura adulterada de sua vida."

Ou ainda: "A arte (...) retorna em direção à pintura por

intermédio da psicologia. Como Wallace Stevens diz

acerca da poesia, 'é um processo da personalidade do

poeta' ."

terça-feira, 13 de outubro de 2020

anotações textos

 -Yngrid

Imersivo, meio casa do interior, café com leite mineiro, programa familiar. Alzeimer? Talvez tenha a questão da mulher ter sido sugada pelo marido diante de seus problemas de tabagismo etc, interessante pois abora a doença com uma naturalidade , mas ao mesmo tempo com um quê de nostalgia, esem um rancor expresso pela pessoa que teria ''roubado'', ''te deu um olhar perdido para a tv'' o que seria lhe dar esse olhar perdido, será que ele não se adquire naturalmente? Diante da minha experiencia pessoal com meus avós, eles assistem tv todos os dias das 9h até as 22h , me identifiquei com o olhar perdido e com a despersonalização, fiquei curiosa para saber como foi realizado esse processo, como era essa avó antes. (de que?)

-Beatriz Cardeal

Já começa com uma relação super tóxica, super abusiva, a mulher nem almoça mais, talvez esse fator poderia ser amenizado só um pouquinho para ficar um pouco mais verossímil. Acho que poderia ter desenvolvido mais, o procedimento dessa ruptura a partir de uma pessoa dócil e submissa se deu de uma forma um pouco não tão natural, acredito que possa deixar mais fluido, a amélia que começa o conto não parece a amélia que termina o conto, talvez trabalhar a questão da angústia, da progressão, tá muito PÁ revolta, talvez trabalhar mais as nuances.


-

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

tomate.

Que lindo tomateiro- a natureza é realmente maravilhosa- Não deixem que peguem todos os tomates, vamos dividir igualmente- se todos nós pegarmos 10 tomates, não vai sobrar pra cidade. Uma carreta está na frente do tomateiro, pedindo para que as pessoas se afastem, ou ela vai passar por cima de todo mundo, assim mesmo.  Um menino chora. - Onde vou pegar tomate agora??? Um homem se ajoelha a frente do tomateiro de mais de três metros de extensão e fala: - Pois é, esse espaço virou um alvo de gigantesca especulação imobiliária...

O arqueiro tenta mirar no centro. Pega a flecha, alisa as penas. Senta no chão, olha as nuvens passando. Passam tão rápido, mas tão devagar para uma cigarra, que nasce, canta, morre. Olha todos os passantes, meras sombras sussurrantes. A lança em seu colo, aninhada como uma pomba. Ele levanta, espeta a lança diretamente no alvo, sem usar o arco e flecha, como uma mera ação catártica. Quebra o suporte, joga terra na placa de madeira, chuta, as sombras sussurrantes elevam em um decibel o tom de seu lamento fúnebre, e os pássaros, tão leves passando acima de sua cabeça. O arqueiro rasga seu interior, joga seu intestino, estômago, fígado ao vento, e agora ele também pode voar, voa e olha para a pequeneza de tudo. Um avião bate de frente com o arqueiro, ele cai. Ele cai e pensa, deveria ter feito mais, deveria ter sido, deveria ter tido, deveria ter sido , deveria ter tido. Já sem estômago, ele cai no chão como se feito de massinha, seu corpo se contorce para frente e para trás , sem romper um músculo, um tendão. Algo está errado. Ele tenta nadar até o fundo das fossas abissais do oceano encontrar com Zaratrustra, mas a tensão superficial da água o repele. Ele volta para o alvo, estraçalhado no chão. Por pouco não começou a depenar, uma por uma, as peninhas artificiais da flecha. Em um dado momento, pega o arco, em um ímpeto só, aponta a flecha para a própria cabeça, fala mas não sai nenhum som. Puxa a seta para um metro a extensão do braço, apontando para a própria cabeça, somente pensando se assim acertaria o alvo. Quem iria lhe impedir? Suas roupas marrons meio rasgadas cheirando a grama exposta muito tempo ao sol , ele repousa o arco no chão e chora, se contorce de dor por não ter mais estômago. -Por que você tirou ? Ele se pergunta. -Para não levar mais socos. Só lhe resta o desejo de chorar, invejando as nuvens que desaguam com tanta naturalidade, talvez o que ele precisasse seja isso, naturalidade, tudo parece de plástico, ele olha para as mãos, para os pés, plástico. Por isso que caiu e não se machucou. Virei de plástico, pensa ele. Ele bota a mão no fogo, a mão vai derretendo e ele se transforma em uma poça de plástico. Tá, e agora? Pensa a poça de plástico. Alguém passa, olha para a poça de plástico, o pega , bota no bolso, e agora o arqueiro está sendo sacudido para cima e para baixo, e pensa , que diabos. O nome do cara é André. André tem uma filha e uma mulher, é corretor de imóveis , tem um salário estável, trai a mulher de vez em quando com Lurdes da padaria, mas ele nem desconfia que sua mulher também o trai, mas nada que afetasse a relação dos dois. A filha, Gisele, tem sindrome de down, e é penoso o processo de adaptação da mesma em diversos contextos. André chega em casa, bate os pés no tapete, a mulher está tomando banho, ele comenta:

-Ana, cheguei.

Ele amassa em uma bolinha o plástico que era o arqueiro, o deixa embaixo do pé da mesa, ela estava oscilando. Agora não está mais. 

O arqueiro, um dia, entediado, se descontorce todo, se levanta elegantemente e sai da casa da família. 

Procura pelo seu alvo despedaçado. E lembra que...

Ele pega as vigas de madeira. Sai para ir a cidade arrumar pregos para pregar a madeira. Em um beco, resolve pintar um alvo enorme em uma parede de concreto cinza, e, rapidamente , retira do bolso um pincel e tinta vermelha, e faz um círculo gigante na parede, e nesse instante um policial a paisana passa e atira na cabeça do arqueiro, sua cabeça indo parar exatamente no centro do grande círculo vermelho.

A cabeça , no meio do alvo com o tiro pintando a parede inteira de vermelho, é lavada junto com outros amigos do policial que dizem:

-É foda, hein.

Pegam baldes, jogam pinho sol na água, jogam na parede, a água sai metade com cor vermelha, metade com cor meio cinza, a cabeça decepada rolando conforme os policiais varriam, e enquanto isso o corpo sem cabeça conseguiu escapar, o sangue coagulou, ele sai com os preguinhos na mão, senta na grama , pergunta para um colega que passa:

-Ei, me empresta um martelo?

E o colega responde:

-Claro, toma. 

E o arqueiro sem cabeça passa a pregar , um por um, os pregos de volta no suporte, as vigas se juntando. Passa um verniz,  limpa a tinta derretida, procura duas outras vigas pois quebrara as antigas há um tempo que não se pode contar facilmente. Ele começa a se culpar por ter chorado, mas aí lembra que nem mais estômago tem, e volta a procurar as vigas. Em um impulso, corta as pernas fora com um facão, também emprestado, e, pulando, enfia as pernas de plástico embaixo do suporte de madeira. 

Sem cabeça, nem pernas, ele, quicando, procura algo para testar seu alvo recém reformado. Deita no chão, a ponto de deixar seu pescoço livre confortável, o dia está bonito , as nuvens passam, lisas. Os pássaros passam, leves. ''Preciso de algo para arremessar no alvo, meu arco se foi há muito'' pensa ele. ''Para onde diabos pode ter ido meu arco?'' Talvez uma criança tenha pegado para brincar, se for isso, fico me sentindo bem. 

Uma senhora passa por ele, carregando um cesto de legumes, e oferece a ele um tomate. -Olha, meu jovem. Colhi esse tomate especialmente para você, que está aí sem cabeça nem pernas. A senhora de rosto bondoso, o chapéu sacudindo no vento. Ela levanta com dificuldade, os ossos rangem, ela olha para o horizonte por cima do ombro, e vai. 

O arqueiro, sem pernas, sem cabeça, pega o tomate. Olha para o alvo. Procura uma faca. Abre o tomate em dois, faz um buraco na terra, tomate plantado. Ele dorme.




questiones flopadas vou ter que ler esse texto formalista arrastado amanhã de madruga uhu.

 é in teressante o fato de que o emblema esteja direcionado ao receptor, não ao autor e sua obra, nessa relação narcísica.

Relações com a Perfomance de Marina Abramovich ; O artista está presente, em que há a ambiguidade se é para enxergar o outro como objeot, mas no momento que no olho do artista há a imagem do observador, funde-se na subjetividade do self.

Relações com a Taura e seus filhos, os totens, de Nadam Guerra, e a arte xamânica do artiste Mago.

Pra falar de totens e magia, preferia , particularmente, Jung , mas de buenas

tudo que captei de freud em uma hora

os seres humanos tinham que ser que nem a maconha, cara

nasceu cresceu ta ficando bonito é fertilizado da flor morre

perfeito ciclo da vida natureza

mas em vez disso fica pensando tem filho abandona o filho bota um monte de neurose no filho superpopula o mundo constroi bomba mata td mundo

mitic comenta freud

 ''Nas obsessões, há uma substituição da ideia original relacionada às impressões penosas da vida sexual do sujeito por outra ideia que vai associar-se ao estado afetivo, devendo-se, a isto, o caráter obsessivo''

A paixão é obsessiva?

Ao estado afetivo, distorcido da questão sexual. Uau. 

É. tenho nem o que falar né. 

afetividade e sexualidade, então , estão bem afastados.

Por isso que eu prefiro sair

antes da pessoa acordar

porque as pessoas saudáveis acham que eu vou ser a obsessiva

ás vezes eu penso se sou saudável 

talvez, agora que estou em um lugar ''seguro''

acho aque essa possa ser a questão

estar segura nesse lugar

é como se o desejo de morte

se transformasse , como um karma 

como se o sentimento de ódio ou sei lá o que

fosse projetado , deixasse ansiedades em pessoas

um impulso interno, interessante

é a marca de uma pessoa, que já é objeto

e como a pessoa nunca realmente vai embora

dança da chuvaaaaaaaa

a magia, quanto a magia , prefiro Jung

Inclusive bom ponto

Exogamia, ótimo ponto também

porque , querendo ou não 

isso de relações sexuais sob um mesmo totem continua sendo algo como tabu

relações sexuais em si ainda são tabu

somos mt civilizadozzzzzzzzzzzzzzzz

comer para se identificar

seria muita loucura dizer que gosto de transar com pessoas para assemelhar traços da personalidade delas? tipo a vivencia intensa de um dia com a pessoa já é material pano para a manga, kkkkkkkk

mesmo que sem ter tanta estabilidade assim

firmar estabilidade em cima do que sou e do que sei agora

e ter paciência que as coisas andam

então

estando em um lugar em que eu possa pensar

me desenvolver como pessoa, estudar

não vejo porque ter uma pessoa

não é preciso ter pessoas

sexo é bom por prazer, 

e afeto tenho com o gato

posso ter afeto com eventuais pessoas que eu fique

sem possessividades

livre arrrrrrrrrr aaaaaaar

quando você se desprende de questões de afeto

você fica livre

pra pensar

mas afeto ás vezes também é bom

serontonina, dopamina, faz bem

uma vez que é tornada consciente a recordação infantil sexual recalcada, desvanece-se a obsessão.

Será?

Ademais, fazendo uma analogia entre os atos obsessivos e as práticas devotas do crente, denominados de “cerimoniais”, Freud, em 1907, escreveu o texto Atos obsessivos e as práticas religiosas. O cerimonial neurótico consiste em gestos e restrições colocados em prática em sua vida cotidiana, produzindo formalidades desprovidas de qualquer significado. Na neurose obsessiva, o sujeito é incapaz de suprimir a execução destas formalidades por ser tomado por um estado de angústia intolerável que o obriga a executá-las. Os atos cerimoniais do neurótico obsessivo consistem em atividades que complicam, atrasam, por exemplo, o ato de vestir, tirar a roupa, deitar-se para dormir etcFreud (1907/1986) descreve este ato cerimonial como sendo uma adaptação fiel do sujeito a uma série de leis não escritas.

Auto sabotagem que chama

Famoso vou encher minha cabeça com coisinhas que tomam meu dia inteiro e ops, tomaram as rédeas da minha vida

A análise dos atos obsessivos realizada por Freud nos trouxe uma explicação de sua causa, podendo-se dizer que o sujeito está sob o domínio de uma consciência de culpa inconsciente, por mais contraditórios que sejam estes termos. Esta consciência de culpa tem sua origem em certos acontecimentos psíquicos precoces e encontra uma atualização constante em ocasiões novas. Há uma expectativa angustiante que receia o aparecimento de acontecimentos nefastos, ligados pelo conceito de castigo, tendo que fazer certas coisas para que não lhe aconteça nenhuma desgraça. O cerimonial se inicia como um ato de defesa, como uma medida de proteção

Uma tentativa de proteção psíquica diante dos ataques do seu próprio eu e queria sabero que é essa culpa inconsciente, de onde ela veio, será que isso não é muito inerente ao católicismo e os pecados, uma vez que é como se o deus punitivo estivesse sempre lá vigiando e punindo , né Foucault

PORRAN 

O PROBLEMA DA AMBIVALENCIA HUMANA

EU DESEJO, ESSE DESEJO DEVE SER PROIBIDO

E AS PESSOAS CASTRADAS

O SER HUMANO É UM ANIMAL MUITO INFELIZ MESMO 

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

AAAAAAAAAAAAAAAA

e ai o ser humano fica lá

botando sexualização em tudo que pode

música, alimentos, relações inocentes,

fetiches, consumo , propaganda 

tudo

PRA REMETER

AO DESGRAÇADO

do proibido

só para perceber

que o proibido não é tão divertido assim 

só por ser proibido

é só viver

o proibido não tem carga positiva

ou negativa

ele tem carga nula, porque quem proibiu foi o homem

porque ele não .. conseguiria se controlar e seus impulsos

se estivesse jogado sem religião e assim procriasse como coelhos

Punição exemplar, né alojamento

porque transgredir é bom

porque se expressar é bom

e muitos outros vão querer se sentir bem

então fiquemos todos castrados folozes

Governantes e deus é um problema muito fodido

A relação com os mortos poderia ser tão mais leve

se a gente associasse com a pulsão de morte

que é inerente ao homem

só que a morte é a pulsão de morte mais demorada

é descansar depois de uma festa

depois de uma incrível gigantesca jornada

as pessoas encaram a morte como O FIM

é tanto sobre o meio

e tão menos sobre o fim

é sobre o início, seu desenvolver, 

o fim tá pra quem não vai nem ver

é tipo uma obra de arte reconhecida

não precisa ser reconhecida

basta só ser arte

só isso

basta só ser

basta

Mate o pai

E o sentimento de culpa?

Ai o cara vira o pai

ta-dann-dann

aí eles ficam agressivos e se matam

great homis

CARALHO É A MESMA COISA HOJE

esse totem se chama CAPITAL

fazer sexo por fora desse totem

por fora desses grupos, 

o funk é um totem

porque não dá pra fazer uma orgia imensa na favela,

o que seria muito legal

somos todos domados,

não faça sexo com a sua mãe, porque ela transou com um homem morto

você precisa de gente mais nova

nova prole, novos genes

o pai é esse deus falocentrico e disso estamos carecas por ter arrancado os cabelos de raiva hahahhaa

falocentrico demais

ufa, criticaram um monte

mereceu

com que base tu fez isso, froid?

Froid constroi o mito

incrívebou

queremos castrar mas não podemos tanto, projetamos no mito

é impossível ver o objeto pulsional, o correspondente ao desejo , o gozo, a morte, não existe sentido último para as coisas, o gozo é um vazio, e a gente produz histórias e fantasias sobre isso.

O gozo é um vazio. O amor é um vazio que muitas vezes é mais narcísico que outra coisa.

Ou seja se encha de serontonina pessoas são fodidas 

leu isso? então agora faz música.

Só não vou fazer música porque são quatro da manhã e tenho aula oito horas amanhã. HAHAHAHAH EU DEVERIA ESTAR ESCREVENDO UMA MONOGRAFIA HIPER CHATA PARA A AULA AMANHÃ



terça-feira, 6 de outubro de 2020

poema ruim

 BA TA TA 

BA BA BA 

BA BA BA BA BA 

TA

TA

TA OK

TA

BA

BA

OK

BAOK

BAOKTABATA

BATAOK

BATA

OK

BATA

BATA

TATA

TATAOK

TAOKTAS

S

S

S

S

S

S

SOK

KA

KA O K

KA OS


morrendudisono

 morrendudisono

morrendo de seno

me coceno

mosquitos obcenos

não aceno, mas enceno

vai girano, vai desceno

ao redor desse pilar que só vai amorteceno

nossa queda

d'agua desagua desnuda

afunda na terra emperra

não precisa brotar

basta restar

entre-vendo

acendo

um fósforo e um cloro

escorre boro pelos poro

o mundo tá assim porque tá 

cheio de gênio inse-goro

garoa fina faz falta nesses dias de mormaço

cansaço pálpebras caino

tu tá voltando, 

eu to ino

pra onde

pro reino do sono

toca o sino

deita deus, deita menino

deita menine

mata leão

mata no fogo 

mata no jogo , pode

é permitido

só não pode fumar um beck

um jogo online em que os jogadores resenham e precisam achar um lugar seguro para fumar

e que não venha um cara com uma ak 47 ''pedir'' pra achar outro lugar

ha ha ha

faço piada mas é bad apoiar tráfico 

digo ao povo que fico, disse a moral

católica, melancólica, hipócrita 

no hipódromo

nós mesmos somos os cavalos e corremos até cansar

a diferença é que se tropeçarmos, 

torcermos a pata

não é hora de nos sacrificar

porque conseguimos ver além do corpo

será?

será que não é a eterna busca por torpor

por tentar enxergar alguma cor

diante das nuances de iluminação

saber que não existe branco não

nem preto

é tudo sobre meios tons

é tudo sobre canalizar teus dons 

se especificar

sou meio criança meio abandona-crença

bença, vó 

me passa um pouquinho desse ensopadinho de aipim

tomo banho num quintal mágico de ensopadinho de aipim

e quando forem perguntar por mim

não vão

entre o trem e a plataforma

sou um pão

que alimenta a consciência e diz

viva a imaginação

porque não sou uma pessoa

sou só um bando de letras 

fonemas esquemas problemas dilemas encena-ções

ações, decantações, palpitações, oscilações

ansioso prosaico

a cara é um mosaico 

colagem miragem uma paisagem  

deformada por veios rios córregos retorcidos

mê dê não 10, mais mil motivos

para que eu continue aqui e não desfaleça 

pare de escrever, cresça

talvez eu não queira crescer

quedarme em caixinha e aprender a diminuir


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

leonardo villa-forte

 Lado negativo, dark side da apropriação

os efeitos políticos da apropriação

https://periodicos.uff.br/confluencias/article/view/34391

https://www.revistaserrote.com.br/2016/08/o-autor-como-apropriador-por-leonardo-villa-forte/

cérebro a venda

 aos infernos com os expressionismos, lirismos, impressionismos

troco dez mil teorias por um corpo bronzeado e um sorriso branco

e um fetiche

sou o fetiche da cerveja sou pop como a rolha da garrafa

vou viver só da pulsão sexual dos outros, vestindo vermelho

modelo, modelo de afrodite

vendo o cérebro 

percebo

nah, minha massa de miolos é mais bonita

é menos pictoricamente carnal

você olha para o corpo dessa mulher

e tem vontade de consumir

o rosto consumir

consumimos a imagem

é tão simetricamente perfeita que dá vontade de ver

e as carnes tão em dia

tão empinadas depois de séculos e seculos de malhação

muito mais que uma alucinação

é um corpo- canção

que só canta  ''sedução''

o limiar da tentação e o capital

compre e espere eternamente para ve-la pelada

mas pode ver várias outras modelos peladas

sabe o que você vê

FOTÔSHOPE

e peitos e vaginas , vulvas

e se for homem, vê peitos também

mas sem glandulas mamárias

preciso comprar um vibrador, porque

os pontos que você pode atingir dentro de si são lindos

quero comprar pessoas

para que eu possa mesmo me comprar de mim

e diga

pronto

agora comprei uma mariana 

vamos fazer coisas

claro que vamos fazer coisas

o que vc quer fazer, mariana?

acho que to  afim de dormir, mariana

hahaha vai ter so uma hora e quinze de sono pra depois ficar ouvindo a professora falar coisas que voce provavelmente já sabe 

pois é, fodavida

que mais

acho que estou meio encucada com a parada do auxílio ainda,

odeio o fato de documentos serem só papeis

se perguntarem, digo que é um celular, é isto

e

encucada por diversos motivos, por 

não me dar sono

VAI DORMIR

e também pela sexualidade 

que diminui nas pessoas

parece que a mais tensa era eu

talvez eu devesse relaxar

(como?)

meditar

mas não agora

agora preciso dormir

beleza, mariana

tchau, mariana

eu to aqui com você o tempo todo, lembra

pois é

vc pode dormir também, q tal

tá (hahaha ela mal pode esperar para ver os sonhos q eu to tramando)

com o que eu vou sonhar hj , mariana?

provavelmente com vc na praia, sonhando

vc em algum lugar exercendo o Nada.

Que sonho , cara.

Que sonho.


quinta-feira, 1 de outubro de 2020

voltei a escrever???!!!

 Quero escrever com música e creme de espinafre descendo do céu , eu nadando na piscina de espinafre acho um peixe-boi, monto no peixe-boi, estou pelada e feliz nadando pelo mar, que agora virou um mar de hortelã, e eu abro a boca entra água com gosto de hortelã, não consigo ficar suada, olho outros corpos pelados e penso legal não tenho mais tensão sexual, cavo entre a terra com gosto de biscoito, faço uma toca, uivo alto e toda a matilha de lobos vem me cumprimentar, sou uma deles, passo paradas da terra tipo urucum na cara pra me proteger do sol ,mas não tem problema, vou dormir e acordar na madrugada, só para ficar vendo o mar de espinafre/ hortelã se tornar mar gelado de leite de castanha. É só isso , comer , tomar banho em águas frescas, ser picada por 40934039 mosquitos opa achei uma prantinha vou tirar o sumo dela juntar com canela um pouquinho de álcool agora é um repelente natural uhuuuuu valeu sors, mesmo não snedo mais minha amiga, eu ainda aprendi algumas coisas contigo!Fico triste que o seu deus todo poderoso separou a gente , ele tem todo o poder de separar os infiéis, eu poderia estar queimando agora, mas estou boiando no mar de castanhas, de vez em quando passam laminas de amendoa, me deito com os felinos, eles todos me saudam trazendo suas presas, recuso e vou jogar paladins antes de trabalhar

Bom dia , pós

 acordo com o barulho de uma musiquinha

musiquinha suave de metrô

eu meio retorcida e calor pra carai

pelados jogados

satisfeitos

vamos roçar de café da manhã

roçar o nada embriagado do sexo 

nem abri os olhos 

e estou aqui , 

tocando partes do meu corpo que os dedos não atingem 

você responde aos meus beijos a língua cansada mole

assim fica até mais gostosa

pra que se preocupar com o gozar

se o percurso inteiro já é aproveitar

olá , meu nome é dionísio

quero me embriagar com a sua respiração

me perder no cheiro do teu cabelo

e me achar 3 centímetros a frente

enfio minha mão no emaranhado de cachos

é agora que me acho ou não 

é agora que me encaixo

e não posso falar que não 

porque encaixamos legau

nada mau

deveria ser mal com ele

o seu corpo suado tremendo 

um pedaço de carne desesperado por toque

e ao mesmo tempo tão calmo

os olhos caídos

e o embate teórico

troco dez teorias por uma chupada

e de manhã

mais nada, bom dia

um beijo nas costas

ando até casa com cheiro de sexo 

pensando

óh, que vontade de mais

droga boa, né

o ar muito pesado me encontro com colega

que quero mastigar seu corpo 

e tirar os olhos deixar na estante

por trás dos óculos escuros

é só mais um, mas uma voz gostosa

e olhos com um olhar peculiar

nunca é o mesmo olhar

saudades do meu amor de olhos verdes tristes

oh baby

vamos derreter juntos viramos um fluido só 

somos só um líquido com cheiro de sexo

sem nexo, desconexo cu resto du mundo

quero sentir os cheiros mais absurdos

quero ir lá até o fim da eternidade

me afundar nas suas pupilas

independente dos portadores

quero só enxergar o escuro e me abrigar

cheirar seus feromônios  e ouvir teus grasnidos

uma lágrima caiu 

é muito contato diante duma imensa pandemia


quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Domandu carangueju

Chego acho as rédeas, já jogadas, enlameadas, enterradas por baixo dos ossos. Faço um esforço para retirar os ossos de cima das rédeas, meus próprios ossos gostam do movimento desabante dos seus semelhantes, escutam seus ruídos, se espelham, e quando vejo, estou no chão e as rédeas enterradas. Ao meu redor, cheiro de sangue, ferrugem, enxofre, parece o interior de um vulcão. Por que preciso pegar essas rédeas? Começo a cavar para além dos ossos e acho tesouros dos mais diversos, pedras preciosas, minas de ouro gigantescas, e penso : '' Nem tenho bolsos para isso''   . Mas tento pegar, mesmo assim , as pedras com as mãos , os diamantes, meter na camisa, e tentar dar um jeito de sair de onde... nem sei onde estou, a clareira é escura, os ossos fazem sombras estranhas nas paredes circulares ao redor, tão altas que não sei como vou conseguir escalar , tento de todas as formas, meus pés escorregam, as jóias saem rolando, assim como os ossos. Depois de três tentativas arranhando as unhas até chegar ao talo, desisto e fico pensando, sem pedras, olhando para a névoa que cobre o topo, parece tudo fechado, tudo repleto de fumaça, estranho. 
Até que chega a mim uma imensa sombra , me assusto. O que seria esse ser gigante? Será uma alucinação? Tenho medo, estou tremendo, suando, falo comigo mesma:
-Tem alguém aí?
Não recebo nada em troca  ,só o ruído de ossos irem se desprendendo e rolando pelas pilhas e pilhas de fragmentos de tesouros. Ele chega até mim, seus dentes de esmeraldas, olhos dois buracos negros incandescentes que sopram fogo azul, está quente, é um caranguejo cravejado de pedras preciosas, e percebo que sou o único corpo mole do recinto, posso ser a comida do caranguejo.
Procuro desesperadamente pelas rédeas que estavam há tanto desaparecidas, me desespero porque o bicho está chegando perto, me encurralando contra um canto da parede, penso que talvez eu consiga me meter por baixo das pernas dele, tem um espacinho, mas no momento que ele se aproxima e eu tento investir e deslizar, os ossos bloqueiam meu movimento, eu empaco. Ele abaixa e naõ permite que eu deslize, e não vejo outra opção se não tentar escalar o bicho e ver se consigo me tirar dali.
O bicho tem três metros de comprimento, se remexe de forma desajeitada, emite um eco seco que pode ser seu rugido, o que for, com suas garras de um metro de comprimento abrindo e fechando, e vou subindo, com muita dificuldade. Como vou poder controlar o bicho, se nem as rédeas tenho? 
Como vou escapar do bicho? Estou ansioso e quero logo poder estar em segurança, mas... 
Escorregando, me abrigo na curva de uma perna para início do corpo, quando uma bola de fogo vindo de um fosso ao lado quase me derruba , fico preso por um indicador e o dedo médio, faço um esforço desgracento para me jogar para cima, um , dois, VAi! Subo novamente, tento lembrar o que estava fazendo aqui, qual era meu objetivo  , tentar sair por cima, vou escalando a carapaça do caranguejo, ele se sacode , empina , me agarro com braços , pernas, mãos como ventosas, só a adrenalina pulsando firme no meu sangue, nem sei como estou raciocinando, tudo está escuro e estranho, como vim parar aqui? Ouço vozes ligeiramente, não sei se são da minha cabeça, em um momento pisco, quando abro os olhos, estou vendo estática, ruído, muita informação , deformação, uma onda de caos, tenho uma pequena vertigem, meu estômago se contorce, vomito ali mesmo, meu vomito se perdendo na frente do abismo em que o caranguejo vai se escorregando para. Olho para o abismo, ele olha para mim. O silêncio e o barulho dos ossos secos. Tento escalar mais , estou em uma curva muito acentuada, está fazendo muito calor. Começa a chover uma substancia amarela e gosmenta , procuro um canto do caranguejo que tem um rubi de um metro de envergadura, agarro ele com as maos e , cuidadosamente para eu não cair, arremesso o rubi de lá de cima mesmo, me abrigando na cavidade do caranguejo. Durmo. 
Acordo.
Ok , hora de descobrir como vou me lançar daqui, como vou voltar para o ... normal? Existe normal? Normalizado por quem? Parei para ver os formatos estranhos que os fragmentos de névoa fazem se contorcendo como bailarinas no ar pesado, difícil enxergar algo além. Mas essas pequenas faixas de sedas vão se desenrolando, tão leves quanto os pássaros, tão raros aqui nos cantos de enxofre. Experimento minha voz, tento fazer uma música para elas. O caranguejo continua pulando , se contorcendo, e penso ok é o fim meu destino foi viver como um parasita. 
Será que sou um parasita? Será que não posso tentar viver em equilíbrio, fazer um acordo com ele? Será que vou ter que morar no caranguejo? Quando vejo que há habitantes no topo de sua carapaça , com barraquinhas de camping, comendo os insetinhos que se alojam na casca do mesmo, e penso: ok, vamos lá falar com os amigos.
O bicho está se contorcendo , pulando , e eles lá, sentados, tem um tocando violão .  
-Foi difícil a escalada, cara?
-Foi... perdi as rédeas.
-Todos nós perdemos. 
-É bom- comenta uma colega- Ás vezes. Sentado no caranguejo, vemos o tempo passar de forma não linear, e os tesouros e ossos vão se fragmentando e viram todos os fragmentos de uma infinita ampulheta, um big ben que se explode e transborda universos novos a cada segundo. Um meteoro ameaça atingir o caranguejo e mandar todos seus hospedeiros para o espaço , mas conseguimos nos segurar nele, dá tudo certo, e escutamos vozes de fora:
-Eles não vão conseguir-
-O caranguejo os vai comer na primeira hora em que eles dormirem-
Captamos as ondas sonoras de todas as transmissões que se direcionam ao caranguejo, 
convertemos em gasolina. 
Homens sendo domados por seus parasitas, sendo parasitas, sendo hospedeiros, preferindo habitar entre os ossos, desistindo de sonhos, desistindo de expectativas, só indo com a maré, pelo menos meu caranguejo está...
Ele começa a se balançar, com raiva. Ele percebe que estou tentando o por em uma categoria luxuriosa. Se sacode todo e todas as pedras preciosas caem, e o caranguejo diminui de tamanho, até que nós carregamos o caranguejo, ele recluso, preso em sua própria casca, dizemos a ele: -Pode sair, está tudo bem.
-Andamos com ele pelos cantos do planeta, aprendemos sobre a vida, o ar , o fogo , a terra. Por vezes somos abrigo deles, por vezes ele nos dá abrigo, o ego nos escondendo, a persona salvaguardando a pessoa e a carne de seres que só precisam respirar. Somos nossas próprias cascas, pequenos, imperceptíveis, mas diante do abismo, crescemos e chegamos a vinte metros, com pinças, com fogo nos olhos, pois as criaturas da noite são sombrias e frias . Chega um dia, eu, já com olhos azulados e barba, me despeço dos colegas de Caranguejo e, com minha própria casca, me afasto, 
-quem fez essa casca?
-Eu que pintei.
-Tem ouro?
-Tem valor.
-Em quanto tempo ?
-2 Bilhões de eternidades. 


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

             Imaginação querida, o que sobretudo amo em ti é não perdoares.


 Aranha

 

À sombra dum cedro imenso

Eis-me a sentir e a pensar;

Mas o que sinto não penso

E o que penso está suspenso

Como uma aranha no ar

 

No ar balouça, fremente,

Num débil fio invisível

Dessa teia intermitente

Que liga o passado ingente

Ao presente irreversível.

 

Irreversível instante

O estar aqui na paisagem

Dentro dela e já distante

— Pois o que somos durante

É de nós próprios imagem.

 

Imagem que se desdobra

Sem que a vontade a detenha

No tempo que nunca sobra.

Viver?… Criar uma obra?…

Oh, o mistério da aranha!

Carlos Queiroz