Desenho desde os quatro anos. Mas sinto que cheguei a meu
ápice. Agora é uma ladeira abaixo. Sinto que nao consigo mais evoluir, já fiz tudo que podia.
Em um dia melancólico de sábado de carnaval, eu peguei umas
folhas para tentar rasbiscar coisas... Nada sai. A criatividade de uma criança me foi roubada a
facas, empurrões e sermões da própria vida. Nada que tento jogar no papel
realmente me atrai. Eu comecei a me ver de maneira extremamente publicitária,
postando desenhos para receber curtidas e mostrar para todos, e ao mesmo tempo,
tinha uma pasta com meus desenhos próprios, esboçados nos meus sentimentos.
Hoje, eu mal consigo me expressar com lapiseira e papel.
É como se a seriedade da vida batesse de frente comigo e me
dissesse que eu preciso parar, que agora é hora de agir como gente grande. Nas
aulas, rabiscava a cara dos professores, atrás das provas... Professores
brigaram comigo, pois eu enchia as páginas de desenhos, ou fazia os exames com
canetas coloridas.
Pois bem, vida, você conseguiu. Minha mãe desenhava também,
parou, com uns vinte anos. Meu pai? Mesma coisa. E eu, sigo seu legado, nessa
faixa de idade os sonhos tornam-se cinza e o estresse bloqueia a criatividade,
e isso para mim significa que estou amadurecendo.
Fazer qualquer desenho, que antes me era prazeroso, hoje se
tornou doloroso, como se eu estivesse buscando os resquícios inúteis do meu
dom, tentando segurar água com as mãos, tentando provar que ainda sou aquela
garotinha feliz de antes. Mas não sou.
Eu percebi que me expressava melhor através de palavras.
Quando pego uma folha de papel e uma caneta, ou lapiseira, rabisco por três minutos,
amasso a folha, ou deixo o esboço de desenho lá, abandonado. Com meus textos, sinto como se estivesse
puxando minha alma de dentro de mim e colocando um pouco dela em cada caractere
que eu digito nesse teclado. Sei que nao escrevo tao bem quanto desenho, mas nao dá mais, o lápis que, antes era confortável em minha mao, agora é um estranho.
Não vou parar totalmente de desenhar, uma hora ou outra acho
que ainda brotarão ideias, mas nunca será como foi. Uma chama se apagou, algo
se foi.
Seguimos em frente.
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