sábado, 15 de outubro de 2016

Leia uma história para mim

Para ouvir ao som de: https://www.youtube.com/watch?v=cpzzZOi7a0s
Eu queria escutar uma história hoje, para dormir. Não tenho sete anos, mas dez anos a mais. Apenas. Não acho que escutar histórias seja ultrapassado e deva proceder somente com crianças. Se você tiver filhos, no futuro, não hesite em contar histórias para eles. Deixa-los deitados, embalados, atentos ás suas aventuras. Narre de maneira gentil, legível, e sempre com muita expressão. Digo isso, pois meus pais preferiam me dar os livros, eu os folheava, me virava. Mas cá estou, muitos anos depois, carente de alguém que afague meus cabelos e conte uma história. Não quero uma história que já aconteceu, uma cópia, não. Quero algo original, do profundo da mente da pessoa, ou até a mais tosca das crônicas, um acontecimento da vida, uma experiência, algo novo. A voz humana acalma e embala, seus tons se igualam com as batidas do coração, pelo menos comigo, e me sinto em paz. Quero compartilhar também minhas histórias, e todo meu repertório da vida. Enquanto algumas coisas que eu escrevo passam a noção de divertimento e descontração, esse aqui pretende passar outra coisa. Um sentimento de melancolia mas... não consigo descrever assim. Imagine-se em uma noite fria, chove lá fora, e você esquenta leite em uma chaleira. Pega um copo, se serve, e quando bebe, a quentura do líquido te inunda, te preenche, uma candidez extrema e sentimento de paz. É isso, eu quero que você leia e sinta isso, essa sou eu te contando uma história sobre nada. Sou eu te dizendo como uma história antes de dormir pode fazer com que a criatividade de alguém voe alto. Não sou muito exigente, sabe, gosto de histórias tanto simples, narrativas curtas sem muitos detalhes e floreios, a contos épicos em que até o sabor do alimento que o amigo do servente estava comendo é descrito, com precisão. Eu quero explorar o imaginário, quero uma relação mais forte que apenas palavras curtas, sentimentos utilitários. Êxtase e nervosismo são presentes na vida, mas agora é somente a calma. Pense bem nas personagens, no cenário, ou então só fale. Fale e me deixe embarcar no tom da sua voz, me deixe fechar os olhos, parar de encarar essa tela branca que tanto me arde os olhos, me liberte dessa prisão cibernética, de uma vez por todas... E é isso, minhas pequenas palavras madrugada adentro, quatro da manhã e quase ninguém disponível para saciar minha fome de diálogos, os faço eu e eu, então. Não tenho mais o que falar. Escrevam mais histórias. Me mandem. Boa noite.


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