Talvez
Seja difícil para mim dormir á noite
Por medo de ter de encarar o gigante amarelo
Ao chegar a alvorada
Ou
Por receio de abandonar a Lua, e as milhares de estrelas
Cobertas pela poluição, tadinhas
Tenho medo do dia
Medo de sorrisos barulhentos
Medo dos raios que rasgam minhas retinas
Que queimam meu couro cabeludo
Alvo, parcialmente protegido pelos cabelos.
Sou frágil, sou noturna
Não consigo lidar com essa iluminação
Que ferve minha epiderme
Que esquenta meu sangue
Que aumenta minha pressão
Que me faz suar
Que me faz pensar
Que eu não pertenço a esse mundo diurno
Cheio de rostos iluminados, olhares determinados.
Passou a época em que eu pulava por aí, sobre grama ou areia.
Até mesmo o mar, agora o vejo como um parente distante
Perdi o contato com ele, mas as boas lembranças prevalecem.
Fico enclausurada, cortina fechada.
Quando chega a noite, a lua vem de supetão
Me banha com esse halo alvo
Me deixa feliz
Por esses e outros motivos
Quando todos estão indo dormir
Estou acordando.
Quando todos estão sonhando
Estou escrevendo
Em frente ao meu computador
Luz não natural terrível que fere minha visão
Embaça o que tenho de enxergar, mesmo com o brilho no
mínimo.
Não vale a pena
Me arriscar a sair sob o sol de quarenta graus
Ter a pele queimada, tostada, fritada, sem piedade.
Fico no escuro, na sombra, nos lugares imperceptíveis.
A madrugada me acolhe, e aqui estou eu, escrevendo
aleatoriedades... E a prova da UERJ é daqui a praticamente cinco horas. Um beijo dos falsos inteligentes
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