domingo, 20 de setembro de 2020

em matérias de desejo

 achei muito interessante o alter ego de Duchamp, Rrose Selavy, sendo feminino.Pois o alter ego acaba sendo a frase '' Eros, é a vida'', e faz ligação com o trabalho de Gabriela Mureb sobre a máquina que está pulsando, o motor eternamente funcionando, ele deseja. Se Rrose é uma rosa, o orgão reprodutor de uma planta, e também eros, pode-se traçar esse caminho dúbio e irônico, de que o empírico perpassa a razão no que cabe a propagação da espécie, Eros, é a vida, é o impulso desejante que nos guia em direção que não conseguimos determinar, pois há 9 bilhões de pessoas no mundo. Encarnando o desejo de viver outra persona, um universo paralelo se configura para Duchamp, cabe resssaltar que eu também tenho um alter ego, masculino , se chama Mario de Mithos. 

Arte deve transmitir conteúdo? Não precisa, ela pode só ser. 

Acredito que justamente pelo trabalho não ter sido pensado com base nas suas decisões formais , é mais interessante. Fazer um objeto pensando a forma para ser interessante, é bom. Aparecer com um objeto e descobrir curvas entornos e estilos-próprios que não tiveram a seta da intencionalidade do discurso lacaniano é mais potente, a meu ver, porque é a a captura de um discurso como se fosse uma borboleta perdida no meio de um buraco negro, é um recorte aparentemente aleatório, mas que tem um quê de neoconcretista, pois o objeto acaba trazendo uma sensibilidade , uma subjetividade, uma dúvida, uma questão.

"meu trabalho é respirar, '' meu trabalho é cuspir, duchamp


respirar" diante dessa fala, a independencia do objeto e o centro do self, no texto estética do narcisismo, e também a obra de piero mansoni, em que ele literalmente infla balões com o próprio ar e vende por quantias exorbitantes.

genial duchamp PAROU DE SER ARTISTA: Será que alguém , um dia , deixa de ser artista?

Será que não tem uma visão de mundo diferente , sendo artista?

Será que depois de revolucionar completamente as noções ocidentais de arte , você pode simplesmente levantar , opa , já deu, vou virar jogador profissional de xadrez, parece que o passado nem existiu.

intermédio emitia declarações aforísticas

sobre sua arte. E há também uma intrigante separação


entre essa aura de mito pessoal e a qualidade desper-

sonalizada de sua arte.

Posso dizer sobre minha arte que também não tenho o estilo, e que elaboro essa persona na imagem de Mário de Mithos , e nos outros alter egos que se desenrolam a partir destes.

Duchamp como um inquietante dialético

INQUIETANTE DIALÉTICO

MEXEDOR DE DESTINOS

QUESTIONADOR DE POSIÇÕES

QUESTIONADOR DE DILEMAS

é interessante perceber a geometria dos suportes das obras de Brancusi, como eles acabam sendo a obra, e dialogam com o trabalho de Duchamp no momento em que não se sabe se o vidro em que há a pintura é parte da obra ou o suporte.

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