de café
e lambe meu rosto
me joga, durante o sono
na água doce
fria como uma lagoa de águas negras
no auge do congelar sinto o calor do lar
que amacia meu pranto
me distancia desse canto
transforma-o em encantado
adiante, distante
imundo mundo que cresce
adoece
consumir, comer, devorar, matar
sumir, viver, mergulhar, escutar
um milhão de guitarras feitas de ar
enquanto cigarras tentam acompanhar
ar impregnado de cigarros
impede de respirar
me inunda numa tigela de cereal
de milho transgênico
limpa a minha cara com papel higiênico
me higieniza, mate noventa e nove porcento das bactérias
injete alucinógeno nas artérias
assim elas ficam menos sérias
enfio os pés nos ouvidos
esses já poluídos
de açúcar,
se abre a boca ganha trezentos quilos
casacos de cobra, sapatos de esquilos
enfia teus dejetos abjetos
escarro indigesto
pela própria garganta
e espanta
e tinha clemencia, tanta
leite coagulado confinado azeda
o estado monumento
se auto depreda
sou pó, sou pedra
estático do tipo a gravidade me tem prisioneiro
queria não estar tao perto do chão, o tempo inteiro
e ter que lidar com meus diabos,
queria flutuar para além dessa atmosfera
me enfiar dentro de uma cratera
diante de tamanho compromisso
procuro me comprimir
em arquivo rar
chorar até me despedaçar e virar uma borboleta
a própria metamorfose,
estou mais pra um besouro com esquistossomose
arquivo rir
Sei gozar, chorar e cuspir
esqueci como falar
diante do olhar desinteressado,
sou mudo
diante do olhar injetado,
sou mundo
Comprida, reduzida
pelas expectativas do tamanho de pamonhas
continuo na montanha partida
sagrada sangrenta segregante
russa, racional
em direção ao nada colossal
por que o que seria o colosso
se não uma miragem do ponto de vista humano
tao surrealmente insano
mal consegue ser amado pelos seus
almeja os céus
e quem sabe, um dia, ser deus
antes padece esculpido em gesso
em segundo esquece
que o universo é só onda
e que tua mensagem profunda
afunda tipo meme
tecendo tecidos de pele e sangue quente
the walking humanos, 2020
pensamento induzido
por quem enfia cimento no cranio despido
de escudo
coito interrompido, horário indevido
coração partido, é só isso que falam as músicas
mídia meio acumulador de lixo
pela tua cara, lacraia, baratas, tudo que é bicho
o degenerar em espírito,
carne humana gasosa,
orelha despedaçada, gostosa
cachoeiras de pus no inferno,
o inferno somos nós, né Sartre
o inferno é um forno da fortuna
em que o dinheiro enforca todos nós
escravos do papel
cavando na lama até achar o céu
bebo acetona pensando que é mel
tiraram meu cateter de prazer
alguém pode me ensinar novamente
a ser?
processo violado,
me traga a minha viola,
trago um cigarro, só pra jogar dentro da viola e ver se pega fogo
Perdi um bom bocado de comida
mas ganhei a última partida do jogo
ano interrompido e ainda quero meu rosto
embebido em café
tenha fé,
amém
fecha os olhos que o sono vem
mas não posso me responsabilizar pelos sonhos
Nenhum comentário:
Postar um comentário