segunda-feira, 13 de abril de 2020

Com medo de mim

E se não conseguir
Me livrar dessa carrasca
que me chicoteia todo dia
E se não conseguir me livrar
dessa carranca
e estar tao presa a melancolia
não, não
quero viver a água das cachoeiras
comer dos frutos das amoreiras
mas tudo isso parecem parcas imagens
memórias finas como o fio de prata
murcho como maçã podre
e o odor que exala do meu corpo é ácido
assim como meu humor
e ponho em cima de meu caráter culpa
Peço desculpa, Mariana
Desculpa, eu sou chata,
sou estúpidamente melancólica
Diante da janela aberta,
quero me jogar para voltar a sentir
adrenalina
não posso contar com ninguém
e meus melhores amigos são os cachorros
sem energia pra tentar qualquer outra coisa
sou uma coisa, não mais sujeito
passiva, deitada na cama,
não consigo nem sair daqui e faço xixi num pote
hahahah ria comigo
Não é isso que faz um
amigo
acho que talvez eu nunca tenha sabido ser amiga
só... uma poça de carne e osso
esperando me decompor
quão luxuosa é a morte
Não precisar viver as agonias
não precisar tomar soluções
não ser culpabilizada,
demonizada,
julgada,
quão lindo é sair desse espectro tóxico
em que todos esperam algo do teu corpo-mente-produto
não quero saber do processo, ou do pensamento
só consumir, e sumir,
e me jogar da janela
consumir,, e sumir

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