como meus braços
e escrevo com os pés
pensamento arrítmico
descansado
sobre mil folhas paira
e aspira
ao céu
mesmo estando deitado na sombra
das árvores amazônicas
essas tão gigantes
e sou formiga
diante da queda de obras arquitetônicas
gigantes viram comida
e nós comemos nozes
empapadas da fadiga
com que consumimos palavras
e imagens e miragens
e letras e versos
com estômagos reversos
nos convencemos
de que não estamos dispersos
e gostamos do que estamos comendo
ou do que estamos vendo
nos perguntamos como
estamos vivendo?
O que é
É que o ser humano é criatura vil
caótica, individualista e viril
que até o mais doce amigo
te impõe cálido castigo
como bafo pútrido de dragão
pega firme na tua mão e corta
ao mesmo tempo bombeia vida
direto na tua aorta
procura o que quer que for
enterrado no canto da horta
uma batata, um corpo
no horto do âmago do que restou
de amabilidade coletiva
cativa,
com os olhos,
mil fantasmas performance
que almejam tua alma fetichizada
mas a carne, o corpo que cai
é um número, não, não vai
não deixe-se virar estatística
tu respiras?
eu me viro
tendo a necropolítica,
conspiro
como o respirar de um milhão
de dúvidas
Para com afetividades, dívidas
procuro ávida
respostas livres do pó
que encobrem homens-gesso
e os desnaturam sem dó.
Há identidade enquanto ainda sangrar
Por mais que seja dolorido,
Qual entalhe de faca,
Fraca casca, destroça-se, irrompe
O jorro cede á gravidade
se joga, dançante, do abismo,
quente, robusto, colorido
Arquivo corrompido.
(Por quem? Pelo quê? Por quê?)
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