quarta-feira, 25 de abril de 2018

Eu nao presto

E adoro não prestar
Se eu prestasse, por exemplo
Para sentar em cima
Viraria uma cadeira
Eu não presto
E o que te olha é todo o resto
Para que contar comigo?
Se eu digo
Posso ser teu amigo
Mas não presto
Por isso ando só
E de vez em quando falo com pessoas
Não presto para sorrir
Do contrário
Rugas e vincos se abririam na minha cara
E minha feição seria uma eterna careta desvairada
Não presto para ter família
Para ser tia, mãe, filha
Não presto para dar exemplo
Sem religião, sem templo
E então, doce ser que presta
Eu te contemplo
Te pinto, te desenho
Mas não te venero
Te espero
Mas não sua opinião
Com esmero, pego sua mão
Somos fúteis
Admiráveis nobres inúteis
 Se você me fala
Para começar a prestar
Slow down, darling
Porque eles querem se aproveitar
De quem quer provar
Ter algum valor
Venha para meu lado, para esse calor
E cheiro de nada
Que nos satisfaçamos
Sem precisar se escravizar
Sem precisar
Prestar


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