Sábado, 15h30 da tarde. Apenas eles dois, reduzidos a dois corpos
suados e agitados, entretidos um com o outro.
Um corpo de dar inveja, musculoso, cabelos macios como o
pelo de um gato persa. Olhos verdes e um membro avantajado. Esse era o alvo da
vez.
Ele agarra o cabelo
dela, amarrado em um rabo de cavalo castanho escuro de fios finos. Puxa com sua
mão livre, a outra encontrava-se cravada na carne da parceira.
-Mais forte- ela pede. Ela está de quatro, posição comum,
suas nádegas volta e meia batendo contra o corpo sarado do cara. Ela quer mais,
ela quer sentir absolutamente tudo.
Ela geme, mas de leve. É preciso de mais para agradar a
mulher.
-Isso é o máximo que você consegue? Diz ela entre gemidos.
-Vai com forca. Lá no fundo.
Ele tenta, sua com o esforço, ela é insaciável.
Entre as quatro paredes verde-claras, há cinzas, pacotes de
camisinhas usados, roupas sujas, tudo em volta desse santuário que era o
colchão. Furado, faltando forro, mas um santuário, um refúgio.
A cada estocada, ela geme e gane e fala em bom e alto tom:
-Mais. Forte.
O que ele pensa ser “forte” são apenas cócegas para ela.
Ele a morde suas costas nuas e brancas, e isso a impulsiona.
-Vai – ela diz – Deixe marca, morda de verdade.
E ele o fez. Mordeu a mulher de forma brutal, e a mesma
exclamou de prazer.
Dor era prazer.
-Me bate- Dizia ela, por entre dentes. Seus joelhos já
começavam a doer, pela posição.
Ele lhe dava tapas, mas nada da dor que ela
desejava. Era uma cutucada, ar passando pela sua pele.
-Você em cima estava muito bom – ela fala, ele concorda, e
eles mudam a posição.
Ele vai por cima e tenta agradá-la, tenta faze-la gozar
primeiro.
Ela fica emocionada com tamanha dedicação. Mas não era o
suficiente.
-Falta muito? Pergunta ele, em cima dela, suor brotando da
pele dos dois, um beijo intercalando suas infinitas estocadas.
-Bate. Na minha. Cara. De verdade. Caralho.
E ele bateu, em um ponto que o maxilar da mulher estalou de
tao forte que foi o golpe.
-Não mexe com a fera... Disse ela, baixinho.
Aquilo acendeu algo nela. E ela sabia bem o que era.
E ela começou a revidar os golpes.
Ela cravou suas unhas na carne do homem, e mordia.
Pegou seu rosto com a mão, e falou:
-Que rosto lindo.
E desferiu um tapa que trouxe lágrimas aos olhos do homem.
Aos poucos , ele entrou em seu jogo.
Ela queria fazer o ar sair de seus pulmões.
Socos, tapas, puxões, mordidas, arranhões.
-Me deixa roxa, dizia ela, conforme ele mordia a parte
interna de sua perna.
Em um momento, rolando pelos colchoes, ele apertou as mãos
em torno de seu pescoço musculoso.
O ar lhe faltava, doce asfixia, e seu instinto animal agiu
mais rápido.
E ela deu uma joelhada em seu abdômen e chutou com a outra
perna, aproveitando o aliviar do aperto.
O homem rolou para o chão, de quatro.
Ela estava deliciada de prazer, finalmente alguém a par para
entranhar-se com ela, para faze-la sentir algo de verdade.
Ávida por mais, ela montou em cima do mesmo, mordendo suas
costas. Arranhando, fazendo um verdadeiro estrago. Sentia seu cheiro de homem,
sua testosterona altíssima, e a quentura de sua pele.
O agarrou com fortes bracos, o apertava a ponto de até ele
gemer.
De dor.
Em um movimento, ela chutou os cotovelos que se mantinham
apoiados no chão, e ele começou a ficar ligeiramente surpreso, tentando se
desvencilhar, ou virar de lado.
-Mari, não acha que já é demais?
Era a primeira vez que eles transavam.
-Shhh – respondeu ela, montada, nua, em cima do homem pelo
qual apenas o corpo lhe interessava.
Ela prendeu o quadril do homem ao chão, pondo o peso para
cima dele.
Pegou o maxilar do mesmo, mordeu, mordeu seu lábios, sentiu
sua língua quente.
Ela, arranhando e mordendo cada centímetro da pele das
costas do homem, e sentindo o gosto dessa pele, não poderia estar mais feliz.
Ela respirava sua excitação no ouvido do parceiro, tomada
pela fera, tomada pela vontade.
-Mari, chega.
Ele fez um movimento brusco para o lado, para tentar tira-la
de cima dele.
A mulher se assustou e deu um soco na parte de trás de seu
cranio. Reflexos, apenas.
-Caralho, você tá maluca??? Diz ele, imobilizado. Agora o
homem está vermelho, irritado, as mordidas não o excitavam tanto quanto nela.
Ele não sabia de seus desejos. Ele não sabia de suas
peculiaridades.
-SAI DE CIMA DE MIM- ele gritava, conforme o sangue custava
para rolar de suas pequenas fendas nas costas.
-Você fala demais. – Ela apenas conseguiu dizer.
Ela passou o braco carinhosamente pela cabeca do homem,
agora muito barulhento, se remexendo para tirar de cima de si a mulher de mesmo
peso.
Tranquila, ela afagou seus cabelos, sentiu o cheiro de
shampoo de... O que seria? Capim-limão? E suspirou fundo, enquanto ele se
debatia e tentava desferir quaisquer golpes, ineficientes.
Descendo a mão, sentiu seu rosto, sua testa suada, suas
sobrancelhas, passando de leve os dedos pela ponte do nariz.
Até que ele mexe sua cabeça, e morde seus dedos como nunca
tinha mordido quando ela pediu. Sangue começou a brotar do dedo indicador.
Ela se sente viva.
Ela bate no rosto do homem, que emite um som de dor.
E ele começa a gritar:
-VOCÊ É MALUCA, SAI DA MINHA CASA! AGORA!
-Não antes de eu gozar, ela respondeu, em seu ouvido,
sussurrando.
E ele continuou a berrar. Os vizinhos poderiam escutar.
Ela quase teve pena do homem, esparramado no chão, com sua
figura em cima do mesmo. Ele, com seus cabelos suados caindo no rosto, suas
costas castigadas, sua respiração ofegando, o desespero estampado em todas suas
acoes.
A mão, que tentava acariciar o rosto, agora marcado de
vermelho pelo golpe, se direcionou para seu pescoço, e como em um abraco fatal,
ela lhe aplicou um preguiçoso mata-leão, e enquanto o sangue se esvaía do
cranio do homem, ela dizia:
-Relaxe um pouco...
Ele tentava gritar, tentava dizer algo, mas o ar lhe era
sugado dos pulmões.
-Se você tentar falar, vai ser pior, querido...
O homem desmaiou. Ela não permitiu que sua cabeça se
estatelasse com forca no chão, segurando-a, ágil.
E então, lá foi ela, se dar prazer por si só, suas maneiras,
seus esquemas. Mas ela estava feliz. Deitada, esparramada, em cima da carcaça
adormecida do homem. Ele dormia de maneira bonita, com os lábios entreabertos,
as pálpebras repousando, a respiração finalmente constante.
Depois de seu prazer, adormeceu ao lado do homem, e, quando
acordassem, mais uma aventura se seguiria, mal as feridas se cicatrizariam...
Nenhum comentário:
Postar um comentário