“Festa”. Somente o nome é legal,
remete a coisas boas, imagens de pessoas rindo, com suas bocas escancaradas e
copos de bebida nas mãos, música ‘’boa”, ( entende-se: da moda), seus “amigos”,
e MUITA DIVERSAO.
Fui chamada para a festa surpresa
de uma colega minha da faculdade, e lá fui eu. Primeiramente, fomos ao bar, foi
legal, pois eu estava animada com algum resto de serotonina que permaneceu no
meu organismo, e nós cantamos e foi realmente legal. E então eu fui para a casa
dessa colega, deitei em seu sofá e dormi.
No dia seguinte, iríamos fazer
uma festa surpresa para ela. Essa colega é muito séria e ás vezes eu fico meio
intimidada por suas atitudes; é uma pessoa maravilhosa, mas não é de sorrisos
fáceis ou brincadeiras como eu sou. (normalmente, pois agora estou mal). Enfim,
eu apenas senti que ela achava minha presença lá desnecessária, ou que não estava
à vontade. Se eu perguntasse a ela, a mesma negaria, “absolutamente não,
Mariana, sua presença me faz muito feliz.”
Eu estava na casa dela, ela fora
com seu namorado, e eu, o pai dela, a namorada dele, os filhos da namorada dele
e o irmão da garota, todos estavam lá comigo. Eu desenhei a filha caçula da
mulher, nós almoçamos, e... Eu não tinha muito que fazer, eu jogava no
computador. O tempo todo. Sério. Se tem uma coisa que eu fiz, foi jogar.
Estou com um vício terrível em
tecnologia. E o problema: Eu não estou gostando disso. Eu prefiro muito mais
ler a ficar vendo coisas inúteis ou falar com gente que não se importa. Mas eu não
estou tendo concentração o suficiente para ler, não estou tendo ingredientes
para moldar a minha criatividade, não. O máximo que consigo fazer é escrever
essas letrinhas pretas em fundo branco para tentar... sei lá, tentar me
desafogar.
-Pausa para checar informações desnecessárias
que apenas consomem meu tempo e não acrescentam nada-
Fomos à festa surpresa da garota,
a abraçaram, vieram tios, amigos, tudo, fizeram a decoração que ela mais gosta,
tinha doces e salgados e bolo e bebidas e tudo muito perfeito. Eu não conhecia
nenhum dos amigos dela, e , como sabem , estou de saco cheio de tentar bancar a
super social como eu sempre fiz, chegar conversando, chegar sendo a Mariana
feliz. Não, a Mariana feliz está do outro lado dessa dimensão, silenciada, ou
adormecida. Ou muito mutilada, muito machucada para se expor novamente.
No lugar dela, está a Mariana
quieta, a Mariana (mais) estranha, a Mariana triste. Essa Mariana foi para a
festa, e ficou lá, prostrada, olhando para todas aquelas pessoas felizes, todos
aqueles sorrisos, toda aquela diversão, e queria estar Lá com eles, ser mais um
entre tantos. Mas não. Eu estava destacada, sentada um pouco mais longe,
mexendo no meu celular. Um bloqueio desceu em mim e não conseguia me intrometer
nas conversas alheias e socializar. Apenas não conseguia.
Depois de um tempo nisso,
chegaram três colegas meus da faculdade. Eu estava tão destruída que, sentada
ao lado deles, não tinha energia nem para me prostrar sentada, e deitei no colo
de um deles. E esse me respondeu: - Não vai ficar na bad não , Mariana,
levanta. Eu queria ter respondido algo interessante, mas nem poderia dizer que
eu tenho depressão de verdade, pois eu ainda não fui ao médico. MAS IREI DIA
TRINTA, IEI. Enfim, conversando com um amigo ( esse sim é um amigo), fiquei tao
triste mas tao triste que estava a ponto de começar a chorar lá mesmo. Novidade?
Não né, já parei de tentar conter minhas lágrimas sempre que elas ameacam
mostrar a minha destruição interior ao mundo.
Eu estava bem triste, como
ultimamente estou, e resolvi observar os amigos dessa garota. Eles a cercavam e
a amavam, e eu estava em um estado nem de inveja pois eu sei que se eu tivesse
uma vida desse jeito , provavelmente ainda seria fodida da cabeça e espantaria
todo mundo, o problema não é com as pessoas, é comigo mesmo, já aceitei.
Havia uma garota que me chamou a atenção.
Ela tinha óculos de fundo de garrafa, um vestidinho preto com rosas que seria
algo que eu usaria, e cabelos castanho claros cacheados. Ela pulava, e falava
alto, cheia de energia, e dizia, com a voz histérica: -ESTOU TAO ANIMADA, ESTOU
TAO FELIZ, VAMOS DANCAR, VAMOS LÁ- e começava a dançar de uma maneira meio estúpida,
a meu ver, meio desengonçada. Mas ela não estava nem aí, ela estava gostando e
isso que importa. Ela tinha energia. E ela deve ser da minha idade ou até mais
velha. Se me botassem para dançar no meio, eu sairia correndo para achar a
cadeira mais próxima para me afundar languidez e no repouso das pessoas
sentadas.
Primeiramente eu achei essa
garota meio irritante. Mas depois achei-a normal e percebi que eu já fui como
ela. Eu já fui a animada, que as pessoas elogiam e que se arruma. Já fui essa
garota, que emana brilho e felicidade e pula e dança mesmo se estiver passando
vergonha, ela não liga, ela só quer se divertir. Já fui assim, Hoje eu
praticamente não sei mais me divertir, não mais. Desenhar se tornou uma
necessidade, jogar se tornou uma necessidade, mas me divertir mesmo, não sei.
Meus colegas até podem me fazer rir durante dois segundos, mas depois desse
súbito acesso a uma sombra do resquício da minha felicidade de outrora, tudo
volta a ficar negro e eu lembro que estou mal.
E assim fico eu, me sentindo fora
de tudo, não pertencente, e começo a brincar de massinha com uma das
criancinhas, nós brincamos de pique, gastei um pouco de energia e fiquei
ligeiramente menos triste ao escutar as risadas deles. Voltei para cima, vimos
um filme (eu e as duas crianças), e pouco a pouco todos caíram no sono. Acordei
cedo, tomei um café legal, dormi um pouco, me levaram em casa em uma magnifica
carona, dormi mais um pouco, cheguei em casa, dormi mais um pouco, joguei,
fiquei mal, e estou mal até agora.
[Muita coisa aconteceu desde que
eu escrevi esse último parágrafo. Eu fui ao bar com um amigo (sim, esse é outro
amigo de verdade, embora more longe, amo a companhia dele) e bebemos cachaça de
mel, eu disse que queria ver o caos, e isso aconteceu, passei mal e tudo mais.
FOI LINDO].
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