Ontem, andando sozinha pelas ruas, meia noite e meia, fazia frio, eu pensei que era um lindo cenário para eu me
matar.
Antes que eu conseguisse arquitetar algum pensamento, apenas
veio à tona, lindo e claro como água cristalina:
-Quero me matar.
Você não pode moldar pensamentos.
Quero acabar com a minha vida, mas acho que sou covarde
demais para isso.
Eu penso em alguém chegando pelas minhas costas, mirando a
arma entre as minhas costelas e dizendo:
-Passa tudo, não olha para trás.
Eu diria:
-Atira. Atira mas atira direito, para matar mesmo.
Quando eu desço de avião, eu torço para que ele pouse tão
rápido a ponto de perder o controle e se estatelar com uma parede, como no
acidente de Congonhas.
Mas isso é egoísta, pois não morreria só eu.
Hoje, deitada na cama, dormindo desde as duas da manha até às
quatro da tarde, me veio a imagem de eu ingerindo diversas, inúmeras pílulas de
paracetamol. E falecendo nessa mesma cama em que escrevo.
Já pensei em entrar no mar, na praia que fica a cinco
minutos da minha casa, submergir e nunca mais voltar à superfície.
Já me imaginei me tacando de um lugar alto, talvez do Pão
de açúcar, de modo que a perda fosse total e sem chance de recuperação.
Eu quero ver meu corpo estatelado e quebrado na calçada, o
sangue brotando de todos os meus cantos, meus ossos virados em posições bizarras,
meu crânio com crateras, como uma lua.
Porque aí sim iriam
ver meu exterior igual ao meu interior. Sou uma pessoa quebrada.
Já pensei em me mutilar para ver se ainda sinto alguma
coisa, se ainda sobraram sentimentos, mas também não tenho coragem para isso,
acabo existindo, sobrevivendo, mas isso sim me machuca isso sim me tortura:
viver.
Queria muito que isso acabasse de verdade. Queria que alguém
se importasse, mas acho que nem eu me importo mais.
Acho que eu virei uma máquina, ou que eu era a tal máquina o tempo todo. ( e com defeito, ainda por cima).
No momento, estou meio psicopata, não sinto fome, não sinto
frio, não sinto dor, não sinto nada.
E isso é a pior coisa do mundo.
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