Você quer passar no ENEM. Eu quis passar no ENEM. Qualquer estudante de ensino médio, hoje, foca em uma meta, e apenas uma. E não dá para dobrar.
Cursinhos pré-vestibulares, que ensinam musiquinhas, entre muitos outros métodos para você decorar absolutamente tudo dessa prova de inúmeras questões e tempo contado. Não vou mentir, para passar, eu assinei um curso pré-vestibular online, fiz um presencial durante um mês mais a escola focada absolutamente apenas no ENEM. Veem o problema?
Não estamos mais preocupados em formar cidadãos pensantes, que tem uma vida, não. Somos máquinas, dizem para fazermos a prova e nos sairmos bem, e depois... Não há vida após o ENEM? Pois é. Olhem que legal: eu passei, e estava tão acostumada a mandarem em mim, a me dizerem o que estudar, a despejar conteúdo na minha cabeça que eu, como em uma síndrome de Estocolmo, comecei a me convencer de que gostava do que me empurravam.
Não tive muito tempo para pensar, para escolher. Acabei escolhendo errado e quebrando a cara. Acontece. O que preciso enfatizar é o seguinte: Onde está a humanidade das escolas? Pilhas de simulados, um em cima do outro, em fins de semana, alunos com problemas psicológicos graves, e tudo com que se preocupam é uma prova que, na verdade não prova absolutamente nada.
Estamos mais preocupados com uma prova que vai durar dez horas, em média, que todo esse tempo que o aluno deveria estar se formando como um cidadão do mundo. Cidadania, direitos humanos, conscientização; onde está? Queremos formar pessoas melhores? Como? Botando-as para decorar as múltiplas fórmulas de matemática? Ou decorar todo o esquema da geografia física do Brasil e do mundo, mesmo se a pessoa não quiser trabalhar com isso? Ou sabendo as funções da mitocôndria. De cor, sempre. Pra que a pessoa precisa disso? Nem mesmo ela sabe.
O aluno está tão desnorteado que, como eu, sente-se incapaz de fazer escolhas, incapaz de ser ele mesmo. A máquina Mariana deu defeito outra vez, olhe só, não consegue mais estudar o que foi programada para, não consegue se forçar mais. A máquina Mariana quer artes, olha que falha enorme no sistema!
O cidadão não é visto como um ser vivo pensante, e sim mais um operário nesse formigueiro enorme. Me disseram que eu tinha que passar nessa prova, que essa era a etapa mais difícil, mas não foi. Não foi pois eu sabia o que fazer, eu tinha metas, eu tinha apoio, eu dizia ás pessoas:
-Não vou passar...
E as pessoas diziam que eu ia sim. De fato, ponto pra vocês. Passou o vestibular todos os apoios se retiraram, me deixando sozinha com as minhas escolhas. Eu ainda sei pensar? Porque acho que o sistema tentou me encaixar em uma caixa retangular apertada, e me fazer pensar pequeno e dentro do que os outros consideram padrão.
Fico feliz que tenha toda essa enfase em passar e dar um salto em sua vida, ó coleguinha que está lendo esse texto e pretende cursar alguma faculdade ano que vem, e aqui envio minha mensagem: estude, decore essas desgraças, mas pense no depois. Pense no que você quer para sua vida, peça ajuda a quem faz o curso que você tem interesse, busque saber, pesquise, acredite em mim, ISSO É IMPORTANTE, não faça como eu, caí de cabeça em um curso que NÃO TINHA IDEIA DE COMO SERIA. Não adianta você fazer a prova maravilhosamente e depois desnorteado e escolher algo por pressão, ou algo que você ache que "dá dinheiro".
O que o sistema não diz, pois não é proveitoso para ele, é que você pode SIM fazer algo que ama, e deixe sua família berrar e fazer escândalo pois o filhinho não quis fazer medicina, direito ou uma engenharia. O que o sistema não diz é que você pode ser feliz sim. Você ainda consegue pensar?Então faça o que você GOSTA DE VERDADE, e não o que você foi induzido a estudar mecanicamente durante todos esses anos.
A prova importa, mas você importa mais, a sua escolha, a sua pessoa, a sua opinião. Você não precisa ser uma máquina.
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