quinta-feira, 18 de maio de 2017

DEEM ATENCAO ÁS CRIANÇAS

        Estou no aeroporto, refletindo acerca da vida, até que me deparo com a seguinte cena: Uma criança de cerca de quatro anos, dançando para seus pais. Ela está toda arrumada, emperiquitada com vários acessórios, os pais adoram fazer isso, deixar as crias como pequenas árvores de natal. Ela está dançando, cantando com aquela voz aguda de criança, não conseguindo dizer nada muito coerente, tudo por um propósito apenas... Chamar a atenção dos pais. É evidente. Ela tenta botar a mão esquerda no pé direito, sem se curvar muito, e os pais continuam estáticos, sentados, conversando. Eles nem olham para a criança. A minha vontade é de parar tudo que eu estou fazendo e ir dançar com ela, dizer que tem alguém que se importa. 
        Não posso julgar de maneira tao direta, pode ser apenas um momento, uma situação inusitada nessa família, sei lá. Mas cabe ao raciocínio, tentem me acompanhar: Eu vejo isso e me sensibilizo na hora, sei como é isso, essa falta de atenção pela qual as crianças estão passando. Quando eu era criança, digo, quando tinha de quatro a dez anos, eu fazia o mesmo. Tentava chamar atenção dos meus pais, mostrando desenhos a eles, tentava interagir ao máximo com eles, eram meus heróis. Minha mãe sempre tentou ter o máximo de contato comigo, a despeito de não morar comigo, e meu pai tentava também, mas entrou em depressão e isso me afetou também, mas é papo para outro texto.
       O que importa é o seguinte: eu me sentia ligeiramente abandonada quando criança, eu com meus desenhos, desenhando sozinha em meu quarto fechado, eu perguntava ao meu pai: -pai, o que eu desenho agora? e ele me respondia: - Não sei, filha... quando na verdade eu só queria ouvir sua voz, eu só queria me envolver com essa pessoa que se tornou tao distante. Eu ficava com meus probleminhas de criança, com ninguém para me ouvir, escrevia em diários que eu guardo até hoje, e, com a distancia da minha mãe, comecei a esconder coisas dela, e... voilá. Cresci uma pessoa extremamente sensível, insegura e ferrada emocionalmente, carente e meio desesperada por atenção.
       Eles não me ouviram, e hoje eu ainda acho que eu não tenho valor algum. Eu sei, eu sei, vocês vão me dizer: ''ah não, você vale muito sim". Estou tentando me convencer disso a cada dia, mas é difícil.
       É assim  que vocês, futuros pais, querem ver seus filhos crescerem? Prestem atenção nos seus filhos. Parem de se importar tanto com a aparência deles, ajeitar seus cabelos e roupas, é importante, mas nao essencial. Conversem com eles, perguntem como foi a aula, insistam para que a conversa nao seja assim:
-Como foi a aula?
-Legal.
Se interessem, porra, eles são pessoas também, parem de menosprezar as descobertas de seus filhos, liberem um pouco desse seu tempo e ouçam, aconselhem , deem apoio, sejam os alicerces que vocês deveriam ser como pais, e não como adultos que fornecem água, comida, e roupa lavada. Seus filhos não são bonequinhos em uma estante para você exibir e dizer" -Meus filhos tiram ótimas notas.", mostrem que eles tem valor, larguem os Smartphones um minuto e ARRANJEM TEMPO para eles. Eles precisam disso, de verdade. Sejam humanos, abracem, beijem-os, estejam presentes, no futuro isso vai fazer diferença. Independente de você ser mãe ou pai solteiro, avó, avô, primo, prima, tio, tia, a questão não é de quem dá atenção a criança... SEJAM HUMANOS. 

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