sábado, 28 de março de 2020

Nunca é noite no mapa
qual o seu norte
Onde está o seu forte
apaga a luz e separa
que ali na ampara
tá o meu fraco.
Nunca é noite no mapa,
procuro o xis,
tomo banho de chafariz
queria ler melhor
virei de cabeça pra baixo o papel
era uma notinha velha das lojas americanas
um bombom, e um pendrive
nunca é noite no mapa
nunca é noite, o sol sempre está incidindo em nossas cabeças
se não é o sol astro, é o sol espiando pelo brilho da lua
você é o mapa

terça-feira, 24 de março de 2020

Igorrrr é um puta artista, foi amor a primeira vista

quero ouvir todos os álbuns
O regime social edificado sobre o princípio da solidariedade e da colaboração exige que a sociedade possua, desenvolvida em alto grau, a capacidade do potencial de amor, isto é, a capacidade para a sensação de empatia.
Se estas sensações faltam, o sentimento de camaradagem não pode consolidar-se. Por isso, a ideologia proletária procura educar e reforçar em cada um dos membros da classe operária apoio e amparo diante do sofrimento do próximo, das necessidades de seus camaradas de classe. Todas
essas sensações de compreensão, sensibilidade e camaradagem derivam de uma fonte comum:
Da capacidade para amar, não de amar no sentido propriamente sexual ou matrimonial, mas do amor no sentido mais amplo da palavra.


segunda-feira, 23 de março de 2020

Nois intervalos dos meus estudos

Juro que quero tornar esses pensamentos mudos
E eles não são miúdos
pelo contrário
eles são gigantes como tsunamis
que por mim se consomem e sei que fazendo isso sou uma porca
que poe sexo acima das vontades
mas se não estivesse exprimindo isso,
estaria me reprimindo
e já estou me reprimindo não me masturbando agora hahaha
sei que boto sexo em um lugar muito alto
não é tudo isso
era pra eu já ter transcendido isso
mas, desculpa, Luan
Ainda sou muito humana,
ainda tenho esse desejo carnal gritante
e sei que nao posso ficar me martirizando
acho que isso é algo que preciso pensar mais
ou botar no papel
que poderia devorar dez mil pessoas vivas
só pra sentir o sangue quente nas veias delas e nas minhas



domingo, 22 de março de 2020

"Em razão disso, para conservá-la, foram obrigados a destruir muitas cidades daquela província."
Para conservar, destruir.
Grande solução dos Romanos
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em paralelo a isso
minha rotina do dia 7 da quarentena:
12:00 Acordar + Alongamentos
13:00 Leitura do Príncipe de Maquiavel
14:00 Almoço
15:00 Volta do Almoço
16:00 Cortar cabelo
17:30 Estudar Violão
18:00 Sair pra jantar
19:30 Jogar
20:30 Reunião da CAE
Até 02:30 Pintar placa no módulo do Lucas e conversar
02:40: Escrever morrendo de sono mas tendo que fazer alguma coisa pra não dormir e deixar a batata baroa no fogo

Analisando meus sonhos

sinto falta do olhar de estranheza pelo meu corpo
essa máscara estranha é ótima
quero super uma lente preta
toda preta
e meu desejo de ser uma drag queer é real
e de rimar na roda de rap também
já fiz isso duas vezes, mas quero me aprofundar
escrever mais músicas, dilapidar elas
elas ainda estão muito cruas
e talvez tenha que deixar essas pessoas que encontro
que mal lembro o nome
pelo caminho, porque elas não realmente levam a lugar nenhum
mas ao mesmo tempo, não posso saber
se elas vão levar
acho que não é um dogma que eu tenha de seguir
sempre tem água nos meus sonhos
a água, como um doce útero que me abriga
e deixa eu botar toda a força da gravidade que me puxa pra baixo
sustentada pela grande mão líquida e forte
e me sinto bem.
E isolamento, e tranquilidade
nos sonhos, nunca vejo multidões
porque não são lugarem em que me sinto realmente bem
a não ser em shows
mas, engraçado
não sinto essa ânsia bizarra de ir a shows mais
A parada com a minha mãe pode ser só a percepção
de que ela é uma pessoa normal como qualquer outra
e que ás vezes gosta de fazer as mesmas coisas
que eu faço

essa noite sonhei que era uma drag


Eu queria ser uma drag roxa
estava com uma peruca bem bonita
mas eu tava bem fofinha, não queria ser fofinha na real
e estava indo ao banheiro me montar
mas antes disso, estava em um lugar, meio um estacionamento
e tinha várias pessoas interagindo
e parecia uma galera de jiu jitsu
mas as pessoas eram extremamente marrentas
todas elas musculosas e com aquela postura
característica de "tá olhando o que"
e tinha um ônibus também, fazendo sombra
E... eu estava meio acuada diante de todas essas pessoas
E tinha o Meregali levantando peso em um canto
Com um peso mesmo, aquele com duas rodelinhas do lado
supinando
e tinha um holofote sobre ele
mas eu realmente não quis puxar assunto porque ele
parecia muito concentrado levantando lá o peso dele
Eu sento em um sofá que está ligeiramente na frente dele, mas um pouco afastado
de costas pra ele, e não fico nem cinco minutos
Aí eu consigo subir em uma grade que tinha ali, próxima, bem branca
como se fosse de esmalte pérola cintilante
e estou com um livro
abro o livro e fico lá
e vem uma mulher bonita, negra, do meu tamanho
e começa a conversar comigo
E chega a amiga dela
Elas embaixo, eu em cima
E aí eu desço e vou para a festa
que vai ter drag e roda de rap ao mesmo tempo
eu vou ao banheiro feminino, que é uma cabinezinha
bem pequena
e chega uma mulher trans e entra na minha frente
e ela olha pra mim
ela ri, mas não sei se está chorando
e entrega uma roupa roxa toda vibrante pra mim
eu acho o máximo, eu com a peruca roxa, e uma roupa roxa
ela passa sombra roxa nos meus olhos
eu olho pra mim no espelho e faço dois rolinhos de cabelo
fico parecendo uma boneca
e no caminho de ir falar com o pessoal da organização ,
uma mulher me para
e me pergunta meu nome
eu digo
e ela diz o dela
e eu fico extremamente frustrada
porque não consigo entender de primeira
porque só conseguia lembrar do meu nome reverberando em meus lábios
enfim, ela me fala sobre o trabalho dela
e vou a mesa de recepção
lá,  pergunto, com uma voz grossa quase forçada
para dois caras vestidos de preto
com bastante lápis de olho,
acho até estranho:
-Oi, que horas vai rolar a batalha ?
e eles:
-foi emitido uma ata presidencial cancelando a batalha.
E eu fiquei tipo WTF.
Aí eles disseram:
-Mas vai rolar uma amistosazinha daqui a pouco, só botar o seu nome...
e eu saí do lugar, provavelmente no centro da cidade
me lembrava o acústica
saio a andar em meios ás ruínas do centro da cidade
Tudo caindo aos pedaços
entro em uma esquina,
toda montada, roxa
a sombra roxa já saindo das minhas pálpebras
passo por um hospital, por um estacionamento, estou andando como se estivesse
leve, gosto da máscara da Drag em mim
vem uma mãe com uma criança e um cachorro
a criança vem correndo abraçar as minhas pernas
e eu acho fofo
A mãe fala:
-Volta , fulana, a gente vai pra lá...
E eu continuo andando

sábado, 21 de março de 2020

nunca pensei que eu seria tão mimada por mim mesma:
14:00 - Hora de almoçar - almoço saudável vegetariano do bandejão
15:00- Estudo política e cidadania
16:00- Estudo teclado
17:00- Criação livre, quadrinhos
18:00- Criação livre, quadrinhos
19:00- Pegar Jantar
19:30- Finalização Quadrinhos e conteúdos
21:00- Série
22:00- Estudo política e cidadania
23:00- Exercícios Físicos
00:00- Jantar
00:30- Jogar
01:30- Leitura Livre
02:00- Filme
03:00- Dormir
O tuberculoso:
no início, é difícil o diagnóstico e fácil a cura
no final, é fácil o diagnóstico e difícil a cura
assim é a relação com as pessoas
No início você não sabe como é a relação,
e é fácil moldar comportamentos e pedir desculpas
quando a parada tá engessada, e dá pra ver coisas negativas
e segundas intenções, a pessoa já está manchada
fácil perceber, difícil corrigir

caótico

tudo meio caótico
é uma energia muito densa condensada
nao consegui ficar sem sexo
no caso, me masturbar
fiquei com vontade e só fui
porque.. nao tem muitas válvulas de escape aqui.
Quando der onze horas, vou sair e fazer meus exercícios
já nao podemos sair do fundao, agora nao poder sair do quarto por causa da chuva
e minha dor de garganta foi embora, o que é muito bom, achei
que fosse corona vírus
costas doendo um pouco, baixei paladins nesse pc , em breve voltarei a jogar
preciso fazer a rotina do corona
agora, de dez e dez a onze, vai ser a hora de ler um livro didático
to lendo o príncipe de maquiavel
vou lá ler

Sonho

O acampamento
Não era um camping nem nada,
Era só eu dizendo que ia acampar
e quem vai comigo? O Daniel, aquele colega que conheci em São Thomé das Letras
Tão intensa foi a nossa conexão, não é mesmo
seus olhos verdes tão claros como se fossem duas piscinas translúcidas
mas a postura arrogante e estúpida
quando estava conversando com você sob efeito de cogumelos
quis arrancar sua cabeça fora
mas você era lindo de olhar,
pena que a transa durou dois minutos, haha
acontece
enfim
fui eu e você para Angra, mas não era realmente angra
Era um complexo de praias muito bizarro
A gente chega a noite numa, mas antes dormimos na casa de alguma parente
e a lidiane tá lá, sim, a Kopke, ela ta ajoelhada me mostrando
os desenhos dela, e tem vários colchãos no chão,  a gente se organiza pra dormir
todo mundo direitinho, lembro que deito em um colchão azul
E depois
Chegamos na Ilha, e tem mais uma pessoa com a gente
uma mulher
E a ilha está cheia de pessoas vestidas como se estivessem numa rave
e me sinto confortável, me sinto em casa
Chegando na Ilha, tiramos coisas das nossas mochilas e eu falo:
-Eu trouxe muito macarrão, trouxe uns sanduíches de queijo com *vinagrete?*
E aí tiro um da mochila e como, e não está ruim, mas só como um pedacinho.
Tiro umas bananas, maçãs, mamão, acho que um estava amassado.
Dan diz:
-Eu trouxe arroz, feijão, farinha... só isso que me lembro.
E a garota diz que trouxe coisas também.
Na praia tem vários triângulos de pedra pintados, coloridos, eles estão dispostos na horizontal, achei bem bonita a imagem. O nome dessa era Praia do Labirinto. Atrás desses triângulos, tinham as árvores, uma iluminação bonita, e atrás disso, uma lagoa negra, mas translúcida, queria mergulhar nela.
Olho para ela, ela olha para mim. De alguma forma, amanhece, e estou meio que procurando a praia para achar Daniel e botar, finalmente, minha barraca.
Passo por uma praia, que é a praia da Esfinge, em que há uma Esfinge de pedra gigante com vários adornos dourados, e eu desço primeiro andando, depois eu sento e saio descendo assim, de bunda, até mais ou menos o peito da esfinge, aí levanto e desço, e continuo andando pelas praias, até chegar em uma que tem uma tenda gigante no meio, e uma piscina também, mas é uma piscina não muito grande, mas mesmo assim eu entro, tinha tipo 6 pessoas na piscina, e lembro que o lucas manhães estava na piscina, junto com o pessoal da minha escola, e eles estavam falando pra mim sobre o projeto de deixar a piscina maior, isso com a praia gigante diante de todo mundo. Eu lembro que não falei com muita gente, mas ai fui para uma outra praia que estava mais cheia de gente, tinha corredores com cordinhas em elevações, tipo umas dunas, e umas filas, e muita galera de rave vestida esquisito, e fico procurando o Daniel, e pergunto a alguma pessoa:
-Você viu o meu amigo? ele tem os olhos de cor quase transparente, um verde vítreo...
Boto as mãos em concha ao redor da boca e grito:
-Daniel! Daniel!
E acho minha mãe no meio das pessoas, ela estava conversando com outras pessoas.
E fala algo tipo:
-Oi, meio surpresa.
Mas eu fico mais surpresa e falo:
-Mãe?? o que você está fazendo aqui? Aí eu rio.
E a gente anda juntas por um percurso. Não lembro se a gente conversa. Pergunto onde é a Praia do Labirinto, e apontam para a direção sul, para trás das montanhas, e tava pensando em pegar um ônibus. Mas acho que fui andando mesmo assim. Não me lembro de voltar para o lugar, mas.... O Daniel era uma Ilusão. Ele era só o reflexo de mim, eu gostei da forma de que ele olhou para mim, como um espelho;

sexta-feira, 20 de março de 2020

a primeira razão da servidão voluntária é o hábito: provam-no os cavalos sem rabo que no princípio mordem o freio e acabam depois por brincar com ele; e os mesmos que se rebelavam contra a sela acabam por aceitar a albarda e usam muito ufanos e vaidosos os arreios que os apertam.
IBID

terça-feira, 17 de março de 2020

a tirania

 Veja-se como, ateado por pequena fagulha, acende-se o fogo, que cresce cada vez mais e, quanto mais lenha encontra, tanta mais consome; e como, sem se lhe despejar água, deixando apenas de lhe fornecer lenha a consumir, a si próprio se consome, perde a forma e deixa de ser fogo.

         Assim são os tiranos: quanto mais eles roubam, saqueiam, exigem, quanto mais arruínam e destroem, quanto mais se lhes der e mais serviços se lhes prestarem, mais eles se fortalecem e se robustecem até aniquilarem e destruírem tudo. Se nada se lhes der, se não se lhe obedecer, eles, sem ser preciso luta ou combate, acabarão por ficar nus, pobres e sem nada; da mesma forma que a raiz, sem umidade e alimento, se torna ramo seco e morto.
Etienne de la Boétie

segunda-feira, 16 de março de 2020

"a desgraça dos que não se interessam por política é serem governados pelos que se interessam"

esse tempo pra pensar é ótimo

Porque eu tenho personalidade
sempre tive
a questão é que, talvez, eu tenha tido medo
de achar que não gostariam de mim pelo que eu sou
gosto de dançar, mas gosto só de rave, em que você
dança estranho e ninguém te julga
mas talvez gostaria de saber um vogue, essa parada da cena é legal
gosto de desenhar/ pintar com meus amigos
de acampar, de viajar, de ir pra bem longe de casa
de falar idiomas com estrangeiros, de trocar informações
de falar sobre projetos, de fazer projetos
de escrever roteiros, de dirigir curtas,
de dormir tarde, de ir a museus,
cinemas,
não gosto de pessoas com conversinhas,
que tentam me enrolar em qualquer aspecto,
em pessoas que tentam me prender,
ou diminuir minha privacidade.
Gosto mais de cachorros que de pessoas, acho.
De gatos, também.
Gosto de silêncio.
Mas amo música, amo arte.
Gosto de resolver problemas, de fazer eventos,
de aprender coisas novas, de correr atrás.
Gosto de Rock, Metal, Mpb, raggae,
Adoro Rap, quero continuar escrevendo letras de música,
quero melhorar minhas habilidades culinárias,
e fazer esportes radicais, tipo surfar.
Gosto de escrever.
Amo escrever.
Não gosto de ser olhada feio na rua.
Não gosto de ficar muito tempo no sol e me queimar.
Não gosto de me julgar demais, mesmo que tenha feito isso muito.
Preciso aprender a deixar ir, a seguir em frente.
Acho que já estou muito melhor.

terça-feira, 10 de março de 2020

o dilema da barrinha

Há essa barrinha, que é praticamente um monte de nozes, avelãs, nibs de cacau, côco, amendoim, tudo. Ela é o sonho. Ela é mais gostosa que aquele chocolate que derrete na boca, porque ela é bem "temperada" com canela e especiarias.
Ia comprar dois pacotes no mercado, mas sei que elas são caras bagarai. Duas barrinhas são tipo, sete reais. Aí beleza, comprei , aproveitando a virada do VA, que, por sinal, já foi totalmente descarregado, mas antes de comprar, no mercado, eu já estava comendo a barrinha.
Isso que eu quero canalizar a energia sexual. Estava sentindo como se eu realmente estivesse depositando toda a minha ansiedade na ânsia de comer a barrinha, de consumir, a necessidade do discurso, a necessidade do alimento lá, dançando pelas minhas entranhas. Por que?
Porque tenho medo do futuro, tenho medo do cara da esquina com cara de filho da puta, tenho medo de quem vou me tornar, a ansiedade estava dizendo: coma algo, antes que eu mesma te consuma.
Comi a barrinha no mercado, antes de pagar. Paguei, vim pra casa.
Chegando em casa, arrumo as coisas devidas em seus lugares, menos a outra barrinha. Eu já estava focando na outra. Comi a primeira tão rápido, que mal tive tempo de apreciar a canela, as nozes, as amêndoas. Só de digitar já fico com água na boca, pois bem. A lembrança de eu (não comendo, mas) devorando, deglutindo, engolindo a barrinha sem mais nem menos me veio a cabeça. Comi a primeira barrinha ás 22h, e para vocês terem ideia, diminuí tragicamente essa droga pesadíssima que é o açúcar, da minha vida, emagreci seis quilos, mas de vez em quando, quando como açúcar, como o que é normal acontecer, você quer mais.
Procurei pela barrinha, essa que eu comi mais cedo com tanta pressa, procurei de forma desesperada, como se o próprio ato de procurar fosse a minha ansiedade. Procurei dentro do meu estojo, dentro do armário, revirei todas as comidas que tinha acabado de comprar, cheguei a olhar dentro de DUAS lixeiras. Olhei dentro da geladeira, falei em voz alta, barrinha, barrinha, fiz uma analogia a um episódio de Padrinhos Mágicos em que o Cosmo perdeu a varinha dele, e ele fica procurando e achando várias coisas e dizendo em voz alta, varinha, varinha, enfim.
Pensei que os meus colegas de apartamento poderiam ter pegado minha barrinha, mas antes de nutrir qualquer sentimento negativo, dei mais olhadas. Abri e fechei gavetas, pensando :
Deveria ter aproveitado mais a desgraça da barrinha. Será que a perdi para sempre?
Resignada, frustrada, mas ao mesmo tempo pensando:
Era pra ser. Se isso foi um sinal para eu aproveitar as coisas com calma e desfrutar propriamente do prazer das coisas simples, beleza, universo, saquei.
Fui deitar para continuar a transcrever as falas do documentário.
A barrinha estava em cima da cama, o tempo todo.
E eu é que não vou comer ela agora. Vou deixar para quando eu estiver disposta a viver essa experiência, fechar a porta do meu quarto, botar uma música, acender um incenso, botar um filtro de cor verde água na luz.
A vida é uma barrinha de castanhas que é pseudo perdida, ela está aí o tempo todo, basta esquecer um pouco dela.

ok, esse deve ser o momento em que

ele começa a cantar, bêbado
e a fritura dele chega com o cheiro até aqui e intoxica até o cérebro
e foda-se, vai enfiar demônio na própria boca

Dandara, as pessoas são sérias demais

Gosto de brincar com crianças porque elas são super imaginativas, espontâneas e originais.
Dandara está no ponto, com sua mãe, e um cabo de vassoura na mão.
Ela está tocando com o cabo de vassoura em tudo:
É a minha espada, Iáaaaaaaa.
E eu fui cair na pilha.
Ela me oferece a espada e diz:
-Toma, é pra você matar pessoas.
Ela deve ter cinco anos.
Acho engraçado. Chegando no terminal de ônibus, Dandara não está mais com a espada, então inventa uma feita de ar, e eu puxo a minha de ar também, e a gente começa a lutar lá mesmo, com nossas espadas. Dandara cava um buraco imaginário no chão, e eu caio nele.
Eu fico ajoelhada e digo que ela precisa me ajudar a me tirar do buraco.
Ela me tira, e fala que, na verdade, eu sou a irmã dela.
---
Hoje, estava eu indo pegar comida, e ela estava lá embaixo, abraçou sua mãe, abraçou a amiga de sua mãe, e me abraçou. Ela pegou um balãozinho murcho da mulher maravilha e disse que essa era a nova espada dela, e eu pedi a ela que me ajudasse a achar uma espada. Ela pegou um vaso de flores de plástico, usei de espada. Ela se jogou no chão, se fingiu de morta, e eu fiz um drama:
Oh não, o que pode ter acontecido? E agora?
Nisso, a mãe dela e a amiga já estavam querendo ir embora há um tempo. Ela disse:
-Vamos, Dandara.
E ela:
-Eu tô brincandooooooo.
E eu pensando: eu preciso legendar o documentário, mas super estou me divertindo mais com ela.
Apostamos uma corrida, eu a pé, ela com o triciclo dela, ela diz que ela ganhou, ha ha.
Subimos as escadas, elas moram no primeiro andar, eu moro no terceiro, e a mãe dela diz:
chegamos, vamos lá com a mamãe, tirar uma soneca depois de comer.
E a filha não estava nem um pouco a fim de dormir, ela queria brincar mais.
A filha disse:
-Nãaaaaaaaaaaaaaaaao, eu quero brincar com a minha irmã.
E ela (não me chamou de tia) segurou a minha mão e disse:
-vem, vem pra minha casa.
E eu pensando:
Sua mãe não deve me achar uma companhia tão legal assim , ha.
E a mãe disse pra mim:
-A Dandara vai dormir agora.
E eu olhando pra ela, que não estava nem um pouco com cara de quem iria dormir.
Num lugar ilhado, quase sem crianças, pra sair da Ilha em que moramos, tem que pegar pelo menos dois ônibus, ou seja, ela passa uma boa parte do tempo nesse alojamento de concreto, quente, em que os quartos tem 2x5 metros, fechada, sem amigos da idade dela pra brincar, é só um bando de intelectulixo que não dá bola pra coisas tipo... brincar.
Eu realmente queria brincar com ela.
Ela ficou irritada com a mãe, por dizer isso, e deu um mini soco na barriga da amiga da mãe dela.
Aí eu pensei:
-Nãooo, irmã, aí é que estraga o rolê.
-VAI FICAR DE CASTIGO, VAMOS AGORA , DANDARA, NÃO PODE, CASTIGO JÁ.
Eu subi as escadas pensando:
-Ela só queria brincar. Ela não tem aula, não tem amigos perto, o máximo são os cachorros, mas mesmo os cachorros ficam lá embaixo, e a mãe não deixa ela ir pra lá só, claro, uma criança de cinco anos.
Carai. Entendo a parada do soco, realmente, mas isso foi uma válvula de escape pra frustração de estar submetido a pessoas com interesses extremamente contrários aos seus. Fico triste quando vejo cenas assim , que são a coisa mais natural do mundo. Por que pais são tão megeros? Acho que é porque eu nunca estive próxima do supportive tipo de pai, ou era o pai distante e foda-se, ou era o pai distante e foda-se. Mas o oposto disso também é doentio.

segunda-feira, 9 de março de 2020

meu sonho

no meu sonho eu aproximo minha cara de ivna
a abraço e fico lá
vemos filmes cults
depois aparece o patrick , abraça ivna
e eles passam a mão pelo meu cabelo
e nós comemos sorvete de menta com flocos
e eu tenho dois gatos que troco muito carinho com eles
fiz um filme, vários clipes, já estou com um nome legal no mercado
compro uma nuvem com cheiro de cookie recém saído do forno
e fico lá, olhando o mundo se destruir em ódio, raiva e rancor

parece que eu fico com medo dos meus sonhos

e por isso que eu
limpei as panelas
varri o quarto
colei unicórnios nas paredes
dobrei as roupas jogadas e organizei cacarecos
troquei o lixo
para me distrair
e pra que eu me lembrasse
de que quando eu sonhar
vai ser bem mais legal
do que o que estou vivendo
aí você fala
como o que você sonha?
eu viajando
por que você não está viajando?
Porque preciso consolidar alguma coisa aqui no rio
pra dizer pra minha família
viu
valeu o investimento
e eu sei que poderia romper com eles
mas eu gosto da faculdade
faculdade tem pessoas legais e professores não tão legais
mas talvez seja a escola de belas artes
mas agora já estou
vamos em frente
mas queria estar viajando
ás vezes como poesia de café da manhã,
ás vezes é ela que me come

nada como

como tudo

meu celibato durou 4 dias

mas eu não desisto ,e começo agora
porque
enquanto estava lá
estava pensando
não é isso que eu quero
meu corpo está ... precisando de sossego
precisando de calma
precisando do mar
amar de uma forma não frenética
quero a calma do vento das palmeiras
e não um monte de mãos entre minhas eiras e beiras
tudo isso e ainda precisando de dinheiro entre esses pedaços de caminho
quero deixar de lado o cacto e seu espinho
trilhar meu próprio caminho
e pra isso
preciso deixar meu corpo respirar da tensão sexual
e ir além do impulso carnal
talvez soe careta, ou banal
mas é algo que realmente sinto necessidade
preciso me enfiar numa casca, numa reclusão
e ser o que quero de verdade
porque não teve nexo
todo esse sexo
tá, gosto das pessoas envolvidas,
beleza
mas por enquanto quero mais a pureza
de uma tarde amarela
a um quarto vermelho de sangue
de caótico já basta o cenário brasileiro
me lembrei o que precisava ver antes de dormir

sexta-feira, 6 de março de 2020

papel

cadê o desconto
no final, aponto
tipo boneco de madeira
me desmonto
e conto
já teve tempo melhor
ontem?
só se outrem explicar
porque a perspectiva
é só deslocar
de eixo pra eixo
e nunca mudar
da cabeça ao queixo
e clamar novamente
é,
meio exigente
passo meio torto pra frente
fria, passando da nuca pra mente
ia caminhando quando de repente
caiu um jornal, aos meus olhos rente
ele ria de nós, ria da gente
porque ele é só um papel
e a gente fica com raiva
como que se fosse dele
porque das coisas que conseguimos
tocar, mudar, desfalcar
por todo o espetáculo
é só até onde chega nosso tentáculo
De ser pra coisa, de igual pra igual
De objeto torna-se sujeito,
metamorfose
o ator mais tátil que afirma ser real
é o tecido de celulose
quem nunca tentou ser tudo
menos você
ali dentro cabe exatamente cada vontade
cada universo
até espaço pras nossas frustrações tem lá
eu tenho medo de ser simples, mundo
e acabei ficando confusa demais com o que sou
medo de ser cinza
estou cansada de ter medo
quero sair a noite e que o brilho da lua
beije a minha cara
mais real que de qualquer pessoa
que o vento que vem do mar me leve
a outras vivências e andanças
e eu dance sem preocupação da coreografia
eu juro que ia escrever um texto corrido
mas resolvi escrever assim,
é isto
agora tenho um hater, o que é muito legal
nunca achei que seria importante o suficiente pra isso
olho pras plantas lá fora, o vento sacode elas de vez em quando
e os pássaros uma hora
voltam
"O universo é apenas a continuidade com a qual os perfis perspectivistas da percepção das coisas passam de um a outro" E. Husserl

Bom dia

Luan me deu forças pra pensar que meu pensamento não está engessado.
Nunca esteve. Eu faço novo conhecimento, novo pensamento a cada segundo.
Achei uma definição de universo pelo Husserl que achei linda, pera

Você não tá vazio, rashid

Olho pra você
Olhe pra mim também
eu vou além
não precisa se provar pra ninguém
se tu confia e tem o dom
ou só quer tocar teu som
vai em frente sim
mas entendo que quando a resposta é não
você diz sim
ás vezes a gente deixa só a pessoa
em estado de vigília ou
controle automático

quarta-feira, 4 de março de 2020

Luana, a fada

Chega a amiga de Luana, ela que morava no cogumelo rosa em forma de cristal.
Luana morava no cogumelo verde em forma de gota.
-Olhe só minha capacidade incrível de mudar de mindset.
Dizia a amiga de Luana, com oito anos.
-Como assim, mudar de mindset? indagou Luana, pensativa.
-Quando eu estou de saco cheio da minha personalidade e da arte que eu produzo desse jeito, eu mudo de cara, mudo minha forma de pensar inteira.
-Mas isso é meio psicopata, não é não?
A cara da vizinha de Luana começa a derreter, os olhos começam a cair, conforme o que resta da boca da vizinha tenta dizer algo.
-Uau, é mais uma metamorfose, dizem os amigos de Luana, olhando para sua amiga.
Essa mesma amiga, agora com uma cara inteiramente nova, começa a arrancar suas asas de cristal, enquanto as asas de Luana são de pó de lua cintilante.
A amiga de Luana fica de boca fechada, conforme ela vai segurando firme em suas asas e arrancando pele junto, deixando muito sangue jorrar de suas costas machucadas.
Luana pensa:
-Ela está trocando de asas. Que lindo.
A amiga de Luana desmaia de dor, e enquanto ela desmaia, asas de sangue tomam vida e crescem sobre a forma dela, fortes, rubras, de um carmim lindo e reluzente.
Ao seu redor, Luana vê os outros colegas seres da floresta e da natureza quebrando suas carapaças, passando por metamorfoses, engolindo suas unhas, cuspindo seus cabelos para fora.
E ela se sente desnorteada.
"Tudo está mudando, eu deveria mudar também?"
"Eu me sinto confortável como sou, preciso realmente mudar, é necessário?"
Luana encontra com sua amiga que tem uma árvore de diamantes, e construiu uma casa na árvore para ela.
-Olha minha árvore, eu rego todos os dias com o meu gozo.
Luana olha, suspira, responde:
-Bonita árvore.
Luana tenta comprar asas. Vai a loja de asas e fala :
Quero um lindo par de asas e um novo mindset.
Ela procura entre asas feitas de rosas para cheirarem bem, de laranja para serem apetitosas, de penas de pássaros para poderem ser leves e ligeiras.
Luana compra um lindo par de asas.
As criaturas da floresta estranham o par de asas de Luana. não a identificam como mais uma fada.
As fadas olham para Luana e dizem:
-Querida, nós não somos fadas. Nós somos demônios disfarçados que vamos corroer seu imaginário, destruir sua ilusão, você também não é uma fada. Nós podemos ser só atrizes e atores, se você quiser ser uma fada, vai ser uma fada longe daqui, porque aqui nós queremos só sugar a sua alegria de criança inocente.
Luana chora e diz:
-Mas eu sou, eu também tenho asas! Eu sou um ser mágico, lindo e brilhante, como vocês!
A fademônio ri um riso irônico e sem graça, e diz:
-Você só tá olhando pras nossas capas, pras nossas cascas. Tenta ver além disso.
Luana diz, em meio a lágrimas:
-Não!! Eu sou como vocês!! Eu sou um ser mágico que merece estar aqui dançando nas florestas, cavalgando renas e dançando com marimbondos!
Luana tenta se aproximar das Fademônias, que silvam para ela como gatos endiabrados:
-TSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS.
As criaturas, de asas brilhantes e olhos claros, deixam transmitir suas trevas interiores, a luz da floresta se apaga por um milésimo de segundo, e Luana, a criatura que ainda não entendeu qual é seu desígnio mágico, estava olhando nos olhos de uma das fademônias, de dentro da pupila dela saiu a imagem de uma serpente indo dar um bote na alma de Luana, o susto foi tamanho que ela caiu pra trás, e a floresta começou a se despedaçar e desaparecer, conforme ela caía em um abismo, que a distanciou das fademônias, e ela começou a se culpar por não ser uma delas.
-Preciso estar na forma de uma fada, ou nunca serei uma. Disse Luana, triste, chorando no início do caminho de sua jornada, no cimento frio de uma cidade quente, e assim ela foi percebendo que não era fada, nem demonia, e que se quisesse, seria uma criatura muito bizarra, ou muito comum, mas que ela acharia o lugar em que as criaturas a aceitassem independentemente de sua espécie, de sua forma, um lugar onde compreendessem sua verdadeira essência, e assim começou sua busca.