eu e roberto

conheci roberto, eu seduzi roberto
olhei seus cabelos e olhos negros
-olá, o que faz aqui?
cheguei perto dele
olhei em seus olhos e nem precisei dizer nada
meu corpo já dizia tudo
mostrava os pulsos a ele
exalava desejo para o outro corpo, de roberto
ele olhou em meus olhos, paralisamos todo o resto ao redor
tomei a mão dele nas minhas
e disse que dançaríamos a minha dança
como ele nunca tinha dançado antes
e assim fizemos, um passo pra cá, outro pra lá
ensinei coisa que ele mal se perguntava
umas críticas negativas, umas positivas
no fim, roberto estava exausto
mas satisfeito com o conhecimento que adquiriu
agora vai usar com outras pessoas com quem se relacionará
mas roberto tinha um cérebro
só preferia não abri-lo para uma mente tão hostil como a minha
viramos eu e roberto pedaços de carne
e uma hora cansamos de carne
e roberto pensa
minha mão é menos agressiva
e eu penso
minha mão é menos mentirosa
e eu caminho
-olá, o que faz aqui?
-quem é você?
-Senta aqui com (e n)a gente
somos vários robertos, roberto 2, 3, 4
todos eles me endeusam e me imaginam perfeita
Me fetichizam, os caralhos de todos a quatro
e nada, já até cansei de chamar para sair
e têm também os lucas, que já me tiveram
e torcem os olhos quando me veem
e tenho a merda da desgraça do aplicativo
que trás mais robertos pra vida
roberto hoje nem fala comigo mais, foi pra outros lados
roberto está explodido na minha mesa, seus miolos um pra cada canto
e o sangue dele num cálice
esse foi só o último;
não tenho paciência pros joguinhos dos robertos
nem pras suas risadinhas de descontração
então eu nem saio
nem vou catar nem ser catada por mais robertos
cortei o cabelo, parei de usar qualquer coisa provocante
tudo que mais me provocava era ânsia de vomito
pelos olhares babões dos robertos da vida
eu preciso voltar ás artes marciais, a viajar, a ver coisas novas
porque analisar as mesmas pessoas e os mesmos trejeitos
e os mesmos tudo
parece que estou falando com espelhos