segunda-feira, 2 de maio de 2022

no final

  Mas no final fui forçada a admitir que queria me consolar e escapar do porão dos escravos com uma visão de algo diferente dos corpos de duas garotas se assentando no fundo do Atlântico. 

Mas no final somos forçados a admitir que o mundo como o sistema de transição de fluxo de energia e mais-valia em Marx, dos menos favorecidos em uma hierarquia programada e controladora (cujos parâmetros foram estabelecidos com mais de centenas de anos de antecedência através do poderio por força e domínio e disputa epistemológica) talvez continue sendo essa máquina e não há consolo. As projeções de múltiplas realidades possíveis do que seria um terreno de ideias seriam então mais interessantes enquanto distração desta visão historicista realista versus o que opera na literatura: a possibilidade de deturpar. A possibilidade de existir enquanto verdade em um determinado sistema. Temos uma série de fatores, como o distanciamento em uma indústria cultural que busca desumanizar seus roteiristas, diretores, atores, dentre outros. em uma mídia que tenta amenizar com todas as forças o questionamento pelo qual o indivíduo se insurgiria contra este sistema, e assim ele projeta uma imagem mais ‘’digerível’’ e fetichizada, mais cobiçada, para que o indivíduo possa se refugiar num ideal que diga respeito a sua projeção arquetípica. É produzida uma imagem de bravura pelo irromper, do aniquilar o inimigo em prol de um bem maior, desumanizando-o e é com estes tipos de narrativa que mostram o lado do dominado, subjugado, que erguemos um argumento contra boa parte do conteúdo de massa (principalmente o herdado colonialmente). A imagem boa vende. A imagem boa através dos que elaboraram o conceito de ‘’boa’’, e que podem associar quaisquer símbolos a eles, vide algumas instituições religiosas hegemônicas.  

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