quinta-feira, 17 de junho de 2021

Príncipe do deserto

 Deserto 

Não sopro nada, deixo poeira assentar 

Frio, perpassa a carcaça 

Pelos rios sinuosos, corro com as cobras 

Assim como elas, não temos pernas 

Não temo o outro que pode chegar por trás para enfiar a faca por entre a carne 

No cerne de meus pensamentos 

Talvez procure abrigo 

Talvez seja castigo 

Querer encontrar algo que seja amigo 

Vi? Vejo o sopro desértico que me faz sonhar frio 

Suar frio 

Onde está a identidade, não existe 

Me desfaleci em sons que são um coração descompassado 

Uma respiração ofegante 

Diante do silêncio 

Um grito não passa a meus ouvidos

Soa como os tambores dos revólveres 

Silenciadores não funcionam mas aqui 

Há um certo vácuo 

As cobras açoitam meus lábios quando olho para o céu 

Assim, o sangue dança com minha língua

A míngua de sentidos, satisfaço a sede com o próprio correr do rio rubro 

Minha cara tão sóbria, desejante de morfina para que estivesse eu estirada , nua , banhada pela lua fria, e ria, e tentava comer minha cara crua, para ver se sentia algum gosto. 







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