Deserto
Não sopro nada, deixo poeira assentar
Frio, perpassa a carcaça
Pelos rios sinuosos, corro com as cobras
Assim como elas, não temos pernas
Não temo o outro que pode chegar por trás para enfiar a faca por entre a carne
No cerne de meus pensamentos
Talvez procure abrigo
Talvez seja castigo
Querer encontrar algo que seja amigo
Vi? Vejo o sopro desértico que me faz sonhar frio
Suar frio
Onde está a identidade, não existe
Me desfaleci em sons que são um coração descompassado
Uma respiração ofegante
Diante do silêncio
Um grito não passa a meus ouvidos
Soa como os tambores dos revólveres
Silenciadores não funcionam mas aqui
Há um certo vácuo
As cobras açoitam meus lábios quando olho para o céu
Assim, o sangue dança com minha língua
A míngua de sentidos, satisfaço a sede com o próprio correr do rio rubro
Minha cara tão sóbria, desejante de morfina para que estivesse eu estirada , nua , banhada pela lua fria, e ria, e tentava comer minha cara crua, para ver se sentia algum gosto.
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