segunda-feira, 4 de maio de 2020
domingo
Acordei realmente com vontade de viver, tomei um café ótimo , estava com vontade de ler artigos, li um muito bom sobre política de guerra nas favelas do Rio de Janeiro. Li, joguei meu jogo favorito, comi barrinhas de cereal que comprei para me recompensar pelo trabalho nas animações que estou fazendo, é muito trabalhoso, e se não fosse o colega que eu conheci pra me ajudar a segurar essa barra, nem sei o que seria de mim. Sinto falta das pessoas, meu pai parou de apoiar o Bolsonaro e começou a ser tao alienado quanto com o Sérgio Moro, eu até estava com um pouco de saudades dele, mas ele me pediu pra entrar no facebook dele e convidar todos os contatos dele pra um grupo de apoio dele ao Sérgio Moro, eu disse que não faria isso, e mandei um trecho sobre porque o Moro não é porra de salvador da pátria nenhum, ele disse com essas palavras ``Não enche o saco, filha``. Ao mesmo tempo, minha mãe mandou pra mim ``saudades``, e eu respondi ``também``, mesmo que seja mentira. É mentira mãe, eu não estou com saudades de você gritando na minha cara, ficando puta porque eu não sou do jeito que você queria que eu fosse, o seu sorriso torto e seu olhar preocupado olhando pra mim me deixam doente, não sinto saudade de você julgando cada respiro meu, e depois me condenando por não querer estar contigo. Minha avó tenho um pouco de saudade porque ela é a que mais me aceita e acredita em mim na família, estou preocupada com o fato de eu ser muito insuportável e nao ter amigos, nem família, mas nem quero ter filhos nem continuar com família, é muito egoísta e muito doloroso, quase uma maldição. Sei que não deveria culpar os meus pais o tempo todo, mas queria muito que eles não tivessem me tido, odeio falar de depressão com as pessoas , porque elas tratam como algo muito passageiro e como se não fosse nada, ou que o problema fosse eu: você precisa sair, meu colega me disse mais cedo. Eu saí , fui pra Vila, infeliz, não quero falar com ninguém porque a maioria das pessoas só fala de coisas chatas, acho que tudo é chato, no final das contas, palavras são hiperssaturadas e tudo é egoísta, até quem finge ser altruísta é egoísta, acho que o alojamento está me deixando mal, mas eu também, porque tudo aqui é muito expositivo, me sinto numa vitrine, me sinto invadida pelo meu vizinho do lado, me sinto muito mal com o espectro do meu outro vizinho, queria ter amigos para trocar textos com, mas acabo só, e sei que preciso aceitar minha solitude, mas está difícil de respirar. Queria dormir até essa pandemia acabar e dar o fora daqui o mais rápido possível, me sinto em um barco afundando, queria acreditar em amor, acredito nos cachorros, queria ser um cachorro. Queria parar de querer. Queria dizer Mariana você é bonita legal inteligente mas o que eu penso é Eu nem gosto desse nome, não me sinto como Mariana, não me sinto como mulher, odeio gênero odeio esse rótulo, quero parar de ser vista como alguém receptivo, como um receptáculo de tensão das outras pessoas, quero ser mais fria e mais segura e confiante comigo mesma, quero mandar todo o mundo pros infernos e sei que se eu fizer isso estou me mandando pros infernos também, mas que seja, que eu queime, pelo menos aí eu sentiria alguma coisa hahaha mas não, inferno não existe, inferno é a nossa própria cabeça cheia de problemas e o outro que nunca vai chegar e perguntar, po , você tá bem? porque todos somos mecanizados, já aprendemos como viver, como conviver, ninguém tem espaço pra tentar, aprender , de saco cheio , triste, deprimida, vou jogar.
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