Vi uma barata na cozinha
Ela estava lá, exposta
De costas para o mundo
E de cara na bancada
Eu olhei para ela
E disse
-O que pensa que está fazendo aqui?
E ela respondeu:
-Eu moro aqui.
E eu disse:
-Você é uma invasora!
Ela:
-Se você tentar me tirar daqui, vou voar na sua cara, você vai ficar com medo, porque eu sou feia, horrenda, pavorosa.
Eu retruquei:
-Eu posso pedir ao Vinicius para te matar.
E ela replicou:
-Você não vai interromper o exímio estudo do aluno de medicina da empresa medicina só para matar um ser tao insignificante quanto eu. Isso é uma afirmação, eu venci.
E eu, com raiva, tentei dar minha cartada final:
-Eu posso te matar!
Ela, sem pestanejar, indagou:
-Você tem coragem? Tem o espírito de caçadora impiedosa e selvagem, que persegue e abate a presa, simplesmente por puro prazer, simplesmente por invadir teu território? Você tem o sangue nos olhos, ao acabar com uma vida, em meio a chineladas, dilacerando meu corpo e me deixando estatelada com todos meus fluidos e órgãos boiando pelos azulejos?
Eu olhei para ela
Ela olhou para mim
Apaguei a luz e fui embora
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