terça-feira, 13 de setembro de 2016

DESCULPE O TRANSTORNO, PRECISO FALAR DO TETI

Conheci-o na escola. Essa frase pode parecer romântica se você imaginar alguém sentado, mexendo nos cabelos, olhando ansioso para o relógio e lhe encarando sorrateiramente. Mas a escola em questão era um primário onde apenas desenhávamos e escutávamos histórias da Joelma. E chorávamos. Muito. Eu não tinha irmãos. Ele estava lá. Na escola, quatro anos. Nunca vou esquecer a história que ouvimos juntos,o cocô que cantava BOI TIM BOI TIM BORETTA TETTA .
Quando os meninos iam brigar, ele se retirava. Quando ia desenhar, eu me aproximava. Nas brincadeiras, nunca se pronunciava muito. Os olhos, sempre imensos e pretos, me adotaram e foi amizade a primeira vista. Só para mim, acho. E para a giovanna, o diogo e tal mas isso não importa.
Passamos algumas tardes falando ao telefone ao som da minha avó reclamando que eu falava muito ao telefone. Ele tinha fio, aí eu ficava plantada conversando a tarde toda. Fomos do MSN para o Orkut, do Orkut para o Facebook.
Comecamos a nos falar mais quando eu tinha dez e ele onze, mas parecia que a vida começava ali. Não vimos nenhuma série, não gostávamos disso. Não fizemos receitas, mas ele fez e eu provei algumas e adorei. Não queimamos nada, ele é muito bom na cozinha e talvez faca gastronomia. Trocamos adesivos pensando sempre no ressentimento e na tristeza de perder um adesivo. Planejávamos escrever livros juntos, vários planos. Fizemos uma dúzia de amigos novos, hoje em dia não falo com quase nenhum, mas deixa quieto. Viajamos até MG tirando muitas fotos. Das dez músicas que menos gosto, três ele curte, com certeza, aquelas músicas hipsters e sem graça que ele adora. As outras sete são metais pesadíssimos que ele não suporta.  Aprendi o quanto uma pessoa pode ser dedicada e empenhada em fazer tudo certo, em quanto eu sempre seria a segunda, em quanto duas pessoas podem se dar bem.
Um dia, ele foi embora. E não foi fácil. Tentou me convencer a ir junto. Choramos em Marley e Eu. ( Eu acho que ele chorou também). Mais que no começo de ``Up``. Até hoje, não há lugar dentro de minha escola que eu não diga: Cadê ele? Parece que, para sempre, ele vai fazer falta. Se ao menos a gente ainda se visse, eu penso. Mas ele não está mais comigo.
Essa semana, pela primeira vez, vi o projeto de fazer uns instagrans idiotas que fizemos juntos- Não por acaso umas paradas bem doidas e aleatórias. Achei que fosse sentir falta de tudo de novo. E o que me deu felicidade muito profunda de ter vivido altas aventuras com alguém tão especial. E de ter essa amizade documentada em fotos, vídeos, textos, conversas. Não falta nada.


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