sexta-feira, 17 de maio de 2024

Digerir as coisas

 Essas últimas semanas têm sido difíceis. Saída de Cecília da banda, eu não consigo nem digerir as coisas.

transar com você no chão do banheiro e escorregar no nosso próprio suor, a embriaguez que desejo, desejo fechar os olhos pois estou olhando demais, me preocupando demais, desde com as contas que não param de chegar como chuvas de facas aos desconhecidos que no BRT percebem estarem ocupando espaço demais e dizem : - Estou incomodando, né? Não, meu amigo, só quero a mínima coisa que me resta nesta vida que é meu meio metro garantido pelos 4,30 de passagem. Isso porque não dá para burlar a estação alvorada. Parar de tentar, veja séries se distraia nos mergulhos em si, porque tentar mergulhar nas subjetividades alheias não está lhe rendendo nada que não seja bater a cabeça numa piscina rasa. Minha vida é bater a cabeça numa piscina rasa, e desejo explorar o oceano, e é uma piscina rasa. O que lhe impede de explorar o oceano? Me sinto des- estimulada. A criar, a ser, a dançar. Se for dançar, sinto que um exército de homens vão querer me tornar um objeto projeção da fantasia pornográfica deles. Se for cantar, vão abafar minha voz com um piseiro. Me sinto um inseto esmagado. Se eu for pintar, escuto alguns sussurros de quanto minha arte é interessante, mas com um frio afastamento. O afastamento do medo de... me conhecer? E no fundo não conheço ninguém, talvez nem me conheça. Pelo BRT tantas pessoas, e eu com a cara fria armadura, olho para o céu... não, eu não olho para o céu, pois as paradas que cobrem o terminal alvorada estão cobrindo o terminal. Mas penso: Caralho já vivi muito. Foram muitos dias muitas eternidades. Dentro dessa cabeça dentro de cada cabeça tem eternidades demais e acho que fiquei overwhelmed por isso. É muita coisa, muita informação. Talvez ninguém queira apreender mais informações minhas, e tudo bem. Ando no meio da rua para algum carro bêbado me pegar desprevenida. Havia uns três amigos bêbados no metrô, um deles se levanta e cai quase no meu colo, minha vontade era de chegar e falar: -Não desculpo, vai ter que me chupar, lá na minha casa, para se desculpar. Eu nem queria um oral, para ser bem sincera, eu queria um abraço. Mas um abraço quente, de alguém com a cabeça menos bichada que a minha. É assim que me sinto, uma fruta bichada, pelo menos não estou podre.

Estou com frio. Vou me meter nas cobertas e me meti em uma competição de jiu jitsu que simplesmente não estou a fim de ir, não estou pronta. Espero que eu não me machuque, se pegar vou bater na hora. Vou sair com uma medalha de qualquer forma. Os mosquitos comem a minha carne e me lembram que eu tenho raiva, mas uma hora, como o camarão que vai com as ondas, eu me deixo levar, me deixo ser mordida e que os mosquitos levem meu sangue, tomem meu sangue se querem se nutrir dele, parasitas estes que mato em montes todos os dias. Os humanos são parasitas da terra, os pernilongos são parasitas dos humanos. São irritantes? Os dois, né. Infelizmente é mais difícil matar pernilongos que humanos. Mas se fosse tão fácil matar humanos como se fossem pernilongos teriam muito mais homicídios! Você me traiu, PAF! Uma mulher foi brutalmente assassinada com uma chinelada após o ex-namorado se deparar com mensagens em seu celular.

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