quarta-feira, 12 de junho de 2019

de acordo com livro de estética, sou louca

Para traçar parâmetros , criei um idioma básico para falar de forma privada, simplesmente alterar as vogais das palavras. Mas parece que o livro que eu peguei para ler aleatoriamente chama isso de loucura. Não acho. Só acho que as pessoas não dispõem de tempo necessário pore oprindar o foler ossem.
"Uma linguagem privada é uma auto-contradição. Privacidade, no sentido do homem falando para si mesmo em uma linguagem só compreensível para si é uma fantasia do seu mundo, como marca de sua irracionalidade e loucura"
"Aprendemos a falar antes de aprendermos a pensar"
"Aprendemos a reconhecer padrões de comportamento antes mesmo de aprendemos a reconhecer nossos próprios sentimentos."

A problemática é pertinente, visto que na contemporaneidade, é muito comum que o indivíduo sinta-se "incomodando", não pertencente, não encaixado, para ser entendido pelo "mundo", é necessário um leque histórico, cultural, social, abrangente, experiência e jogo de cintura para lidar com as quimeras da vida.

Aos infernos com a linguagem "conhecida" de arte na sociedade.
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Não vou comprar um quadro porque não me é pertinente tacar mais um monte de tinta e deixar ele lá, não vale a pena. Não sinto, o que sinto é ligeiramente reprimido por mim mesma, tenho vontade de gritar, de jogar um meteoro na minha própria cabeça e sumir, tenho vontade de não ter mais vontade nenhuma, de ser um ser latente e estúpido que permanece em silêncio eterno. O pensamento é uma mazela, queria eu não pensar e ser aquela pessoa que aperta os botões do elevador, jamais questionando sua posição no mundo. Queria eu não ter que pensar como vou passar os próximos meses, ou, talvez, anos. Me sinto colapsando na bolha, me afogando no próprio leito maternal, e uma hora alguém vai morrer, ou eu, ou esse útero quente que superaquece. Sinto a hora do rompimento chegando, primeiro como um terremoto leve, depois como uma avalanche. Assim, não vejo muitas saídas, a não ser eu mesma ir matando essa zona de conforto e me por para luta, na marra mesmo. Só assim vou conseguir crescer, mas ao mesmo tempo tenho medo. Tenho medo da dor que se aproxima, mas tenho mais medo de me perder nesse grande útero e me acomodar. Sou um grande porco-espinho buraco-negro, eu te avisei para não chegar tão perto. Talvez eu pudesse comprar o quadro e vender, logo em seguida, mas isso tira o crédito da coisa. Tenho zero visão de mercado, zero visão de será que pessoas gostam do que faço, NÃO IMPORTA se pessoas dizem que gostam do meu trabalho ou não, não consigo saber, me faço pensar se obtenho sucesso quando vendo coisas e agora não estou vendendo coisas e me sinto o maior fracasso do universo. Queria comprar um violão mas não consegui economizar o suficiente para isso. Ou consegui, mas gasto tudo em comida. Sou um ser que come, escreve merda, e agora nem consegue se expressar direito. Se fosse escrever sentimentos para conseguir evocar o que estou sentindo agora, diria: Impotência, Des-sabor, apatia, vulnerabilidade. Uma fome de justiça, uma fome que necessita de aceitação, que necessita de um afeto perdido há éons. Por isso que também gosto muito de artes marciais, porque jogando pessoas no chão, faz-se um exercício de apatia. Por que estou escrevendo tudo isso aqui? Bom, meu psicoterapeuta não conseguiu me atender essa semana. Uhu. Grande diferença. Eu diria a ele: Tudo está cinza, pessoas são mornas, pessoas são só pedaços de carne e identidade é só um papel. E ele diria: Ok, continue. E eu diria: Eu fui concebida por motivos egoístas, de uma procura de amor em um corpo desesperado, não consegui satisfazer a demanda por amor depois que desenvolvi linha de pensamento própria, apesar de, consequentemente, ser afetada pelos pensamentos desses mesmos progenitores. Tenho vontade de me tacar no nada, de me perder na corrente da vida e habitar valas marítimas junto com os seres abissais. Tenho vontade de ir morar em alguma floresta na sibéria e nunca mais pronunciar uma palavra humana. A linguagem é uma masturbação eterna que desemboca em pontos de gozo ínfimos, que, por vezes, matam o desejo, e em outras, postergam-no. Bons artistas são os que entendem o logaritmo da arte, fingem, se expressam de maneira clara. Aos infernos com isso também. Que as pessoas cocem suas cabeças, se joguem das janelas ao verem minhas coisas, que a crítica eterna torça o nariz e caia de cara na calçada ao tentar desviar o olhar de algo meu.
Se o termo "bom" é vital, dinâmico e vivo, minhas paradas vão ser paradas e mortas, mortas-vivas, em uma sociedade que quer consumir o que tem de melhor, queremos todos gozar juntos e aproveitar o sentimento alheio para tentar abrandar buracos em nossas ordinárias vidas. SOMOS TODOS MEDÍOCRES. Não importa se você é milionário, os prazeres são os mesmos, pode ter comidas ótimas, mas o prazer de deglutir é o mesmo, vem, vai, cessa e rebobina. Pode ter homens e mulheres com quem transar frequentemente, mas o prazer da cópula é mundano, é o mesmo, pode estar embalado com mil fitas de cetim, não importa, somos todos medíocres, podemos querer ter famílias, para enfiar todos os nossos preceitos, preconceitos, para nos renovarmos como seres humanos, para termos nossa segunda chance em "corpos zerados", que mal nascem já são contaminados pelo sangue dos que passaram por nossos caminhos. Domamos, matamos, comemos, cagamos, choramos, e em cem anos estaremos todos mortos. Aos caralhos com a estética, com a arte, e tudo quer concerne o sentir, somos egoístas, bizarros, superficiais, medianos, rasos, viva o nada, viva o vazio e esvazie a vida


Tbwt

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