quinta-feira, 25 de abril de 2019

poema para patrick

Venta a cinza da chama
apagada,corrói e dilacera vasto terno
Início ou fundo infernal.
Corpos hemofílicos mancham o chão
- a carne apodrece-
solo profano
a batida do coração emudece.

A seita se irriga
na banha, se coça
urtiga
fantasmas calam
do putrefato enxofre
que pelos buracos dos braços vencidos exalam
orgias de vermes entorpecidos 
seja nos esgotos ou nos empapados tecidos;

Abaixo do horizonte, dimensão de outrora 
Se vêm torturadas as almas dos bovinos
que ruminaram a própria cara
a sombra que sente, xinga, cospe, escarra
torturada pelo não-açoite
a monotonia do carro de bois
está quente, se encha de panos
plácidos dóceis passivos seres, manos

Os últimos impérios dos homens
Abraçam suas ogivas
enquanto lascas de metal enferrujado
rasgam suas gengivas
secam o mar
e o último dragão heráldico
Do subconsciente põe-se a desintegrar

E, queimando, nas ruínas bifurcadas
há quem escute um socorro, um alívio do além
a reconstrução do demolidor de sofrimento
ele, presente, feito de fumaça
ele, pequeno, acostume-se com a desgraça
há o louco que diz
prefiro a mordaça
e devora 
o tecido-cara
encantadora traça

A cerveja e o mijo fervente
O gozo do sonho
caldeira de excremento
acorda, é teu direito
mergulha de cabeça
antes que te esqueça
No poço de suor enfadonho
De que arma disponho? 
Uma lágrima que perdeu o direito de cair
E a escultura de poeira que há de ruir
Me cabe apenas rir o diafragma fora
me entorpecer na fervura, por ora

Poucos minutos antes
do grande buraco negro sorver o espírito
aprecio o momento
me abrigo, me alimento
desse carvão que desce manchando
dessa mancha que corre descendo
do inevitável medo aparecendo
pelo insustentável sugar 
nunca foi sobre alguém vencer
mas quem iria sumir
mais devagar
e antes que infarte
e até as palavras caiam em desuso
estou aqui, presente,mais um intruso
apória da arte
apória da arte
apória da arte



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