domingo, 17 de dezembro de 2017

Umas paradas pesadas

Dia 7 de novembro de 2017, eu saí de casa.
Agora estou sentada na mesma cadeira de computador, na minha confortável casa em Copacabana.
Vim aqui para colocar meu celular para carregar, perdi o carregador.
Morei um mês em Sao Joao de Meriti
E agora vou ficar três semanas aqui na casa de minha mãe, refletindo.
E mês que vem, vou para a Ilha do fundão, morar lá
É chato, galeras
Morar em um lugar em que voce nao se sente pertencente
E olhem
Sempre que eu piso em minha casa
A casa onde cresci
Nao penso em minha
Mas "deles"
A cama em que dormi
Ela que comprou
Nada é meu
As paredes?
Alvas como a minha pele
Sem um traco da minha existencia
E todo o resto eu fiz questao de jogar fora
Para que pequenezas
Para que bugingangas
Lembranças de alguém que não deseja-se lembrar?
Minha avó guarda os desenhos de quando eu tinha cinco anos
Ela gostava da Mariana criança
Que era doce e cantava e era obediente
Dormia no horário certo e era dedicada
A mariana cresceu e ficou rebelde
Pintou o cabelo de azul
Viajou por aí sem nem saber com quem
Se perdeu
O sentimento por essa casa
Nunca houve
As paredes alvas sao tao hostis
Que me sinto espremida nesse lugar que já me fez tao mal
Esse silencio que perdura
E que eu tentava, desesperadamente, substituir por música
Ou qualquer outro barulho
Que me fizesse sentir... em casa
Mas estava equivocada. Aqui não é minha casa.
A casa da minha avó não é minha casa.
A casa da minha mãe não é minha casa.
A casa da minha amiga não é minha casa.
Eu não tenho casa fixa, e as pessoas ao meu redor sempre mudam
Entenderam os problemas de se relacionar com mesmas pessoas?
Não consigo, é um sistema de rotacao
Eu olho para as pessoas e penso : Elas são todas iguais
Rostos diferentes e vozes também, mas iguais
Vao embora, todos sempre vão embora, e eu aprendi
A ir também
Por isso, só estou acabando de escrever esse texto, e vou ao hospital
Tratar de uma infecção aí, acontece
Enfim
Eu queria me sentir pertencente
Mas nada dá certo e já estou acostumada com isso
Meu lugar é na rua e a única coisa que eu tenho de verdade é minha mochila
E minhas paradinhas superficiais
Alguém taca fogo na minha estante, por favor
Para eu me desprender dos meus livros também
A gente se apega a coisas
Eu gosto dos livros, mas eles são só a ideia e o papel
Vou ver se vendo, mentira, não vou
 Sou egoísta e eles vão ficar em minha estante, de decoracao
VIVA AS PESSOAS SUPERFICIAIS

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