Meu amor,
Aconteceu algo terrível. Depois de ter mentido, traído e
matado por você, finalmente me capturaram. Estava eu em meu solene sono quando
de repente sinto braços me agarrando, e então uma agulha foi espetada em meu
braço e então de nada me lembro. Mas, resumindo, estão me punindo de forma
inédita. Por vivermos em uma ditadura, acho que o tratamento a mim direcionado
foi, de certa maneira, leve. Acordei em uma ilha deserta, no meio do oceano. Se
é atlântico ou pacífico, ou nenhum dos dois, não sei. Provavelmente é o
Atlântico pela temperatura amena da água e cor ligeiramente esverdeada, escura.
A ilha é provida de recursos, há alguns rios e árvores frutíferas, acho que
consigo sobreviver por aqui por um tempo. Nada foi me dito acerca do tempo que
permanecerei aqui ou o porquê do meu isolamento, apenas acordei aqui. Me
deixaram com meu mísero rádio. E o pior é que o mesmo é abastado por pilhas,
logo, seu período ligado será breve. Aqui o sinal não chega, mal posso ouvir ás
rádios de nossa pátria. Para minha sorte foi deixado o CD que estava dentro,
então.... Não posso mais viver ao seu lado, mas ao menos tenho meu rádio, o
manterei ligado e assim ele permanecerá.... Ouvirei sua voz e assim você
acalmará meus sentidos. Irei te sintonizar, sozinha, nesta ilha...e assim minha
alma se desfalecerá em saudades. Os tons de sua voz aveludada ficarão vivos em minha
memória, e assim você me sossegará, me deixará em paz, ao menos, no meio desta
ilha deserta. Quando eu tiver vontade de gritar, os efeitos de sua música me
acalmarão. Quando eu olhar para os lados e não conseguir encontrar nada que me
agrade, te ouvirei cantando, fecharei meus olhos e esperarei para este pesadelo
acabar. Você será meu salvador, minha paz, meu herói, você me encherá de luz
quando tudo aqui for escuridão. Sem você aqui comigo, isto seria uma silenciosa
ilha.... Com você, mesmo que de forma indireta, isto é uma sonífera ilha...
Seu amor.
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