segunda-feira, 13 de outubro de 2025

mais um dia sob o front

 e os patrões riem

e eu finalmente entendo o que é ser parte de uma família-empresa

tentando calcar limites, sim nós vamos embora

mas cumprimos tudo o que dissemos que faríamos

somos animais escravizados pelos mesmos animais

a gratidão-hipocrisia vem como náuseas no meu espírito

meus olhos cansados se forçam a esboçar um brilho

para seguir seguindo tentando transmitir segurança e confiança

sabendo que o chão pode cair a qualquer momento sob meus pés

mas estou acostumado a dançar sob espinhos

a dançar sobre lava

a rir mediante a catástrofe

o caos é um velho amigo

mas as pessoas que o encarnam

ás vezes

ainda me dão medo

e mesmo com medo lá vou eu 

dançar com elas

a maravilhosa dança dos insanos

dos abusivos

e os pés nunca doem

e tudo reluz, até que a luz queima por demais a pele

e revela as cicatrizes

e ás vezes a luz queima por demais as cicatrizes e, como ácido

revelam os ossos, estes rangentes

e os músculos, insistentes

em se manter dançando e nunca pare de dançar

tal como uma máquina 

e os pensamentos, estes devem ser confinados 

abafados, escondidos

acerca da loucura dos trejeitos escrotos 

que marcam os compassos

dos maestros enlouquecidos que detêm o capital

eles têm sede de sangue para suprir 

o lugar onde estaria sua sanidade

o lugar onde estaria sua bondade

nem aranhas há mais

pois as aranhas ainda pegam insetinhos e se alimentam

e controlam o equilíbrio ecológico

enquanto na cabeça 

destes crápulas

há o vazio 

e esse vazio encarcera os próprios crápulas

e estes, tecem redes de sofrimento

esperando que nelas apareçam aranhas. 

Ou qualquer outra coisa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário