e os patrões riem
e eu finalmente entendo o que é ser parte de uma família-empresa
tentando calcar limites, sim nós vamos embora
mas cumprimos tudo o que dissemos que faríamos
somos animais escravizados pelos mesmos animais
a gratidão-hipocrisia vem como náuseas no meu espírito
meus olhos cansados se forçam a esboçar um brilho
para seguir seguindo tentando transmitir segurança e confiança
sabendo que o chão pode cair a qualquer momento sob meus pés
mas estou acostumado a dançar sob espinhos
a dançar sobre lava
a rir mediante a catástrofe
o caos é um velho amigo
mas as pessoas que o encarnam
ás vezes
ainda me dão medo
e mesmo com medo lá vou eu
dançar com elas
a maravilhosa dança dos insanos
dos abusivos
e os pés nunca doem
e tudo reluz, até que a luz queima por demais a pele
e revela as cicatrizes
e ás vezes a luz queima por demais as cicatrizes e, como ácido
revelam os ossos, estes rangentes
e os músculos, insistentes
em se manter dançando e nunca pare de dançar
tal como uma máquina
e os pensamentos, estes devem ser confinados
abafados, escondidos
acerca da loucura dos trejeitos escrotos
que marcam os compassos
dos maestros enlouquecidos que detêm o capital
eles têm sede de sangue para suprir
o lugar onde estaria sua sanidade
o lugar onde estaria sua bondade
nem aranhas há mais
pois as aranhas ainda pegam insetinhos e se alimentam
e controlam o equilíbrio ecológico
enquanto na cabeça
destes crápulas
há o vazio
e esse vazio encarcera os próprios crápulas
e estes, tecem redes de sofrimento
esperando que nelas apareçam aranhas.
Ou qualquer outra coisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário