segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

coisas que eu levaria para a lua para mostrar para os aliens a maravilha do ser humano

 1- camisinha furada

2- smartphone com a tela rachada

3- biblia sagrada

4- arma de fogo 

5- granada de mão 

6-fralda de bebê

7-fralda de idoso

8- absorvente 

9- pneu de carro

10- escova de dentes

11- remo

12- acendedor automático

13- tampo de vaso sanitário

14- vassoura

15-moldura

16- violão

17- flauta

18- vela

19-cápsula de remédio 

20- óculos escuros

21-desodorante

22- tenis colorido de jogador de futebol

23- telescópio

24- estetoscópio

25- boneca inflável

26- vibrador

27- coleira de cachorro

28- skate

29- patins

30- patinete

31- sacola plástica

32- balança

33-gravata

34-caneta

35-tijolo

36- bússola

37- tambor

38-algemas

39-sombrero

40-moeda

45-livro

46-lamina de barbear

47-coador de café

48- lampada

49- martelo 

50- lápide

51- foice

52- machado 

53- toalha

54- controle remoto

55-berimbau

56- arco e flecha

57- gaiola

58- gaita

59- focinheira

60- camisa de força

61- guilhotina

62- máscara

63- espartilho

64- televisão

65- chave de fenda

66- ampoula

67- pipeta

68-vidro bécher

69- capacete astronauta

70- microfone

71- megafone

72- soco inglês

73- katana

74- torneira

75- origami

76- tornozeleira eletrônica

77- Alcorão

78- algum tarô

79- peruca

80- dados ( de rpg ou não)

81- troféu

82- muleta

83- bengala

84- seringa

85- agulha

86- corda

87- chupeta

88- rádio

89- manequim

90- novelo de lã

91- colher

92- enxada

93- pá

94- rodo

95- perfume

96- relógio

97- lente de aumento

98- termômetro

99- panela

100- parafuso.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

DIVERSÃO

Teresópolis. Cinco de Maio de Dois mil duzentos e vinte. O mar inundou e tomou conta da cidade do Rio de Janeiro capital, assim como a baixada, Niterói. Agora o que era a região Serrana é a região das praias, há algumas Ilhas também. Mas não se deve banhar nessas praias, uma vez que a radiação das bombas jogadas pelos EUA está também na água. Não há uma pessoa nas ruas, porque os trajes são caros, apenas imprensa, pessoas mais adinheiradas, famosos e políticos obtêm esses trajes. Não é muito difícil, se você não tem dinheiro para comprar o traje, compre o serviço baratinho fornecido pelo #GenGov, de entrega dos kits TQVPPTMCD = Tudo Que Você Precisa Para Trabalhar Muito e Comer e Dormir.     

 -Meninos usam verde-musgo! Grita a pastora-holograma, afetada, brandindo um pôster holograma- Meninas vestem Ocre! Nem uma forma de vida orgânica nas ruas. Da calçada, Wall-e acena conforme ia tomar um banho de óleo. Estou aqui, vim do passado, para falar pra galera do passado como as coisas vão estar daqui há uns duzentos anos. Caminho por entre becos e prédios empoeirados, passo por um cartaz com a ilustração de um copo de água. Os verbetes abaixo dizem: Beba um copo de água por semana! #GenGov prezando pela sua saúde. O governo da maioria dos países quebrou, precisou pedir ajuda ao fundo monetário, pá, entramos em guerra com os Estados Unidos pelo monopólio do comércio da China, eles jogaram uma bomba nuclear no Rio de Janeiro, hoje o cristo são só ruínas. A bomba explodiu faz cem anos, mas ainda há pessoas que acreditam que o Brasil triunfará perante os escombros. Aperto o rec, gravando. Entramos em uma casa de dois cidadãos habituais, uma mulher e um homem idoso, eles estão sentados vendo televisão. 

-Boa tarde, família! Digo eu, sorridente, exclamando para a câmera. Estamos aqui, diretamente do futuro, mostrando o Brasil de Agora para o Brasil de Antes!

-Boa. Diz o senhor, mal abrindo os olhos. Seus óculos na beira no nariz derrapam, a medida que ele sua. É tarde já?

-Na verdade o governo decidiu implantar um sistema de iluminação nuclear que permite iluminação constante com praticamente a mesma potência do sol durante a noite. Então é sempre manhã, é sempre tarde.

-Ah, é. Diz a senhora ao lado dele, alheia aos acontecimentos externos. Seu olhar é vago, ela olha para a janela de modo profundo, como que tentando entender a composição abstrata que se forma por trás do vidro.

-Por trás deste vidro, o que há de encantar tanto a senhora?

-Ah- ela é pega de surpresa, coça o nariz envergonhada- É uma sujeirinha do vidro ali, daqui a pouco pego um paninho para limpar. 

-Ah- Digo eu, um pouco decepcionada- É a Sujeirinha do Futuro, minha gente!

Arrumo o casaco, pergunto onde há água, me respondem que não tem.

-Ok, digo eu... Embora eu ainda não tenha bebido meu copo semanal.

-Mas temos umas baratinhas, aceita?

-Claro. 

A senhora se aproxima com um potinho azul escuro cheirando a petisco,  contendo várias baratas passadas caramelizadas, junto com cebolas. Delícia. 

-Aé , antes de eu comer, vou tirar uma foto para botar no meu instagram. 

Botei as hashtags que precisava, agora vou filmar e dizer uma paradinha:

-Vocês do passado , saibam que vamos comer baratas e outros insetos, a não ser que vocês queiram comer carne humana hahaha , sério , têm pessoas que se isolam em sítios para fazer isso, mas tenham em mente que se vocês dormirem com os dois olhos fechados, no dia seguinte podem virar sopa, hahaha. 

Jarbas! Aperto um botão ao lado da minha cabeça, onde Jarbas está do outro lado das telas, manejando minha rede de streaming. 

-Fala.

-Passa aí essa informação nutricional embaixo dessa imagem que estou captando: 

''O valor nutricional dos insetos é insuperável dentre os animais de produção em massa. Uma porção de 100g de barata cinérea, por exemplo, possui 60g de proteína bruta, ao passo que a carne bovina possui 20g pela mesma porção.''

-Nada como os bons costumes da tradição.

Bom, os senhores tem algo a falar sobre a política atual?

-O #GenGov disse que se eu apoiar eles, eu concorro a uma passagem anual para a Disney. Disse o senhor, encostado na poltrona, afundando lentamente.

-E o que o senhor fez?

-Apoiei eles. Apoio até hoje. Quero ver o Mickey.

E a senhora?

-Quero ver a Minnie.

...

Acho que é isso, galeras. Vamos para outro lugar, documentar diretamente o futuro para vocês!

Mas antes, vamos ouvir música.

Ligo meu celular-holograma, que projeta um cantor famoso cantando sua mais nova música de sucesso:

''Você não Significa Absolutamente Nada Para Mim

 Oh, Uóoou

Você não significa nada para mim

Mas quero usar sua carcaça de pele

para meus prazeres narcísicos

Óh Uóuuu quero comer seus olhos crus

Ohhh não tenho sentimentos

você também não

por isso você é uma cadeira

E eu sou um sofáaa...

Oh, Uou''

-Que melodia, minha gente. Que poesia. Os artistas tem produzido incessantemente desde que não precisam mais sair de casa, se relacionar com pessoas de ''fora'', estamos todos seguros e felizes com o #GenGov.

Uma perturbação se lança no meio do meu vídeo, uma residência escancara sua porta, do lado de dentro, é jogado na rua um homem idoso, de cabelos grisalhos, suas roupas são manchadas, e o mesmo aparenta confusão. O mesmo não tem traje de proteção, e em segundos o corpo do idoso começa a se fragmentar, se dissipar, derreter pela calçada.

-Olha só, gente! É um absurdo isso, o descaso com as pessoas. Que bom que você aí do passado não faz isso, não é mesmo?

Já de máscara e traje, que se assemelham ao de um astronauta, vou diretamente para o laboratório de Teresópolis.

Ao chegar ao Laboratório, filmo os vidros blindados reforçados do lado de fora, foscos. Não é possível enxergar nada do lado de dentro.

-Boa tarde, senhores. Digo eu aos seguranças de equipamentos astronáuticos.

-Boa tarde, o que a senhorita deseja? Um deles fala sem sequer desviar os olhos do eterno nada que se encontra a frente deles.

-Desejo uma bolada, uma cama de casal com colchão de penas.... hahaha, vim ver o Zé Azul.

-Quem?

-O Zé Azul.

-Senhora, este homem, seja lá quem for, não existe.

-Claro que existe, meu amigo, pô.

Paro de gravar uns instantes.

-Não, senhora, e a senhora não pode entrar sem permissão.

-Olhem só meu crachá, caras, total tenho permissão já.

-A partir de agora iremos ignora-la até a senhora ir embora.

-Como assim? Vou mandar uma queixa para a secretaria do consumidor do #GenGov!

-...

-Isso é um absurdo! Cadê o Zé?!

-...

-Ah! Olha ele ali! Fala Zé!!

Zé sai do laboratório com olheiras do tamanho das olheiras daquele cachorro de orelhas caídas, olha para mim assustado, de início, depois o ar de reconhecimento perpassa suas pupilas, ele suspira, bota as mãos no bolso, murmura quase imperceptivelmente:

-E ai...

Sua fala é monótona e lhe pergunto se está tudo bem.

-Cara... começa ele, com o olhar perdido- Os seguranças olham embasbacados para mim, que estava chamado o farmaceutico renomado Augusto Antônio José Filho dos Santos de Zé Azul.

-Acabaram os estoques de serotonina do governo para homens na faixa de quarenta a cinquenta anos, sob o pretexto de que esses já aproveitaram tudo que tinham que aproveitar na vida, e que agora podem viver só escutando aquelas músicas como ''Meu estoque de antidepressivos foi pro brejo'', ou então ''Você não significa Absolutamente Nada Para Mim...''... Foi mal , Laú, mas não consigo receber serotonina naturalmente desde que minha mãe injetava na minha veia quando bebê para eu parar de chorar...

-Quando eu preciso de serotonina, Zé, eu lembro que no passado as pessoas recebiam-na naturalmente...

-Você já viu o nome da nova fabricante de serotonina da moda? Essa assim que você injeta já te dá vontade de trabalhar, parece que tem algum estimulante-não-droga mas fármaco dentro... haha, esses homens criativos...

-Não, qual o nome?

-Indústria do Entretenimento.

-Uau, parece que me remete a alguma coisa do passado.

-O que, Laú?

-Não sei, não me lembro. Enfim , deixa a gente entrar lá para ver o que vocês estão aprontando agora, haha.

-Ah, nada demais. Estamos otimizando chips para implantar em bebês, aí eles com um ano poderão, com maestria, tocar piano, jogar futebol, nadar, pintar, falar pelo menos três idiomas fluentemente e falar sobre economia avançada.

-Incrível. Quanto custa?

-Um rim, quarenta anos de trabalho ininterrupto nas fazendas do trabalho, um contrato que permite a execução de testes de pequeno e médio risco em cidadãos comuns. Procedimento padrão.

-Outra novidade- Lembra Zé- É a droga lícita que acabamos de desenvolver-

-Qual o nome?

-Morra.

-Que grosseria, Zé!

-Não, o nome da droga é literalmente ''Morra''. É uma droga que simula o prazer da serotonina, mas não o dá, induzindo ao vício na primeira olhada. Sim, é uma droga visual, você olha para ela e sua estimativa de vida já reduz cerca de 0,01%.

-Qual o princípio dessa droga?

-Bom, teve um cara aí que se chamava Fróide ou algo assim , que falava na pulsão de morte. Tinha outro cara, acho que era Bataille ou alguém parecido, que dizia que a morte é um luxo. De fato, quando você morrer, não vai precisar mais trabalhar, ou seja, vai sentir um prazer imenso, quem sabe até receber serotonina de formas naturais?!

-Você vai estar morto, Zé.

-POR ISSO que temos ''MORRA'' a droga que te deixa pulsando, com olhos de peixe morto, diminui sua estimativa de vida, diminui seu interesse por coisas que te disvirtuem de seu trabalho, adquira hoje mesmo sua amostra grátis!

-Não estava gravando ainda, Zé.

-Não tem importância, Lau. Tenho certeza que tem gente observando a gente agora mesmo.






quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

 ”. Como Isabelle Graw notou, “o resultado pode ser uma situação absurda na qual a instituição contratante (o museu ou a galeria) recorre ao artista como uma pessoa que tem legitimidade para apontar as contradições e irregularidades que a própria instituição desaprova”. E, para os artistas, “subversão a serviço de convicções próprias consegue achar fácil transição para subversão para ser contratado; ‘o criticismo torna-se espetáculo’”.31


do (seguindo as imposições do capital). A defesa da mobilização contínua das identidades locais e pessoais como ficções discursivas, como jogos “críticos” polimorfos sobre as generalidades e estereótipos, pode terminar sendo álibi equivocado para a obtenção de curtos momentos de atenção, reforçando a ideologia do novo – um antídoto temporário para a ansiedade do tédio.


O entendimento de identidade e diferença como construções culturais não deveria obscurecer o fato de que a habilidade de empregar identidades múltiplas e fluidas é, na verdade, privilégio de trânsito que tem relação específica com o poder.

Seja líquido, fim.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

exposição no metrô

 transitoriedades e fluxo:

cinquenta artistas dispostos no metrô, cada um com uma tela, trabalho, o que for.

Começamos em jardim oceanico e terminamos em Pavuna, em um dia de domingo, sem jogo de futebol, para não ficar extremamente bizarramente cheio. 

Os artistas ficam em linha, cada um com seu trabalho, ? sentados no chão? de forma a transpassar o metrô de cabo a rabo.


Exposição no Shopping. 

Exposição na Quinta da Boa vista, com direito a mesinhas, rodas de conversa, música ao vivo (difícil mas vai),

“o aparato no qual o artista está enredado

Romper com o espaço branco monótono que não diz nada


quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

artch

é questionável se vale a pena estar dentro

a arte está morrendo porque está se tornando desinteressante

a fuga ritual da cultura.

a arte-arte é um cravo em que ele mesmo se espreme para fora.

a parte da exposição sempre é banal.

O gesto é bom.

Arte é aquilo com que você consegue se safar.

Tudo acaba na igreja, o Zaratrustra concorda com isso.   

Jiu jitsu é a minha igreja.

Famoso paradoxo , quero destruir e amar o sistema, para que ele me ame de volta, me compre, enquanto eu o destruo.

Tudo é uma comédia rasa, um espetáculo, don't stop dancing.

Mudar trabalhos, modernizar me interessa.

Diversão e utilização proveitosa do processo.

Não repetir A palavra. Enjoa.