sábado, 21 de outubro de 2017

Meu vizinho do doze

Ele anda rápido
As baratas precisam desviar dele
Pois ele olha para o chão
Mas não as vê
Ou apenas não se importa
 Eu tenho um vizinho
E ele mora no doze
Eu o consigo identificar
D`ele andando na rua
De cabeça baixa
Roupas pretas
Cabelo raspado
Maos nos bolsos
Feio, feio, feio
Lhe falta empatia, lhe falta alguma coisa
Fico perplexa pois
O vizinho do doze está sempre com pressa
Do que seria?
Ele anda rápido, com panturrilhas de quem anda de skate
Faz o tipo dele, marrento
Ele seria do meu tamanho
Mas anda encurvado
Parece menor
Eu fico com pena
Ou com ódio?
Dessa feição fechada
E de suas sobrancelhas franzidas
Será
Que ele nunca descansa?
Eu sinto uma aura negativa nele,
Uma raiva que é exalada em sua respiração
Preciso apressar meu passo
Pois ele não olha para trás
Ele olha para baixo
E ignora todos
Minto, ele murmurou algo indistinguível ao porteiro
Acho que nem ele entendeu
Bom, meu querido vizinho
Me desculpe
Mas eu não quero subir no mesmo elevador que você
Pois você é um otário
Bom, dizem que mau-humor é infelicidade que os outros sentem
Você não só é mal humorado, quanto mal educado
Mas quem somos nós
Eu fui mal educada também, ó vizinho
Eu fui instruída para minha mente caber em uma caixa
E ficar com medo de tudo
Competir com os outros
E me achar superior
Estou desconstruindo isso há muito, ó vizinho
É difícil, não vou negar.
Se você foi mal educado, há tempo de mudar isso
Você é jovem, deve ter um pouco mais que a minha ideia
Por que todo esse amargor?
Rebele-se, vizinho do doze.
Sorria uma vez na sua vida.

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