Meu estômago roncava e por volta das onze horas, já comecei a pensar no maravilhoso almoço que me aguardava em casa quando voltasse para a mesma; ok, maravilhoso é demais, uma refeição modesta, mas quem era sou eu para criticar? Imaginei, claro, o melhor da culinária goiana de minha avó: Aipim/mandioca com carne, arroz e feijão fresquinho, cozido no dia, ou talvez cenoura ralada temperada, almôndegas com purê de batata, e de sobremesa bolo de milho, ou de aipim, grande maravilha. ( certo, eu apenas a comeria se fosse de aipim. - Pausa para minha avó me enchendo o saco para NÃO DEIXAR A PASTA DE DENTE ABERTA "tanta coisa terrível para me aborrecer nesta vida e você me dá um problema desse" diz ela segurando a pasta de dente aberta como uma mãe segurando o corpo ensanguentado do filho diante do assassino que o matou- enfim, voltando, apenas gostaria de comer, qualquer coisa, quando chegasse em minha agradável moradia.
Mas na vida nada é perfeito, a última aula ao invés de durar apenas cinquenta minutos durou uma hora e vinte, e eu fui assaltada e precisava tirar uma cópia da apostila de meu amigo para poder estudar para as provas. logo fomos da escola direto á gráfica, tiramos a maldita cópia e fomos para onde? Educação física! Eu odeio esportes, nunca vou á aula, mas desta vez precisava ir pois seria importante, teria que formular a dança ( cof ponto cof extra cof ) e não gostaria de perder ( cof o ponto cof) a linda oportunidade de bailar a dança festiva de junho (em julho ) com meus colegas.
Chegando lá, os professores avisam que NÃO HÁ aula de educação física. Eu fico indignada - Pai abre a porta pedindo para eu abaixar a música, abaixei enquanto ele olhava e aumentei de novo quando fechou a porta- e meu amigo apenas consente e senta para... assistir a aula da outra turma? eu fico dez minutos tentando chegar a um consenso, dançar com outra turma, arrumar barraquinhas, lavar o chão, não importa! Só quero o ponto! Não consegui negociar, frustrada, faminta, pensando em maravilhosos pratos, uma lasanha gigante á bolonhesa, com queijo escorrendo pelos lados, aquelas que você está satisfeito mas continua comendo somente por ser boa e sabe-se lá a próxima vez que comerá uma delícia dessas, e de sobremesa, um petit gateau de chocolate quentinho com porções enormes de sorvete dos lados, e ainda com calda, castanhas, M&Ms e uma cereja no topo! Tudo isso na minha incrível mente faminta. E meu estômago roncando. Fomos embora, eu e meu amigo, frustrados, e foi ele embora, e dirigi-me ao lar. Tão formal essa garota. Um notebook pesado, uns três livros, pesando terrivelmente, mas mesmo assim, continuei, firme e avante. Chegando em casa, depois de muito suar ( delícia) vou almoçar. Feijão descongelado, arroz de uns dois dias atrás, berinjela com queijo em cima e farofa. Tudo bem, há pessoas que estão passando fome na África e não tem o que comer, e eu sei apenas cozinhar Macarrão Instantâneo, pipoca de microondas e brigadeiro, então não posso criticar; comi tudo como se fosse aquelas papas de prisão, que você come somente para permanecer vivo; infelizmente neste dia como não havia comido quase nada, minha fome estava muito grande, e comer um prato literalmente de pedreiro ( meu avô era) não me encheu. (minha avó tem a seguinte concepção : se ela te encher de comida, você vai gostar dela e não vai comer mais até sete horas se passarem/ vai ficar saudável para sempre; ( Detalhe : de vez em quando, se pego uma barra de chocolate para comer ela já se exalta e diz: CUIDADO, VOCÊ PODE FICAR GORDA HEIN) voltando... E eu precisava comer alguma coisa para tirar o gosto daquela comida da boca. Fui escovar os dentes primeiro, do contrário não aguentaria muito não.
E, como uma grávida de primeira viagem, tive o desejo de consumir um milkshake de menta. Se não, eu ficaria pensando no milkshake de menta o dia inteiro. Minhas respostas nas provas seriam "milkshake de menta", eu teria alucinações até que não consumisse o maldito produto lácteo aromatizado artificialmente. E minha mente vagava, flutuava só de pensar na sensação de comer aquela mistura de frescor e doçura, e em como minha fome acabaria de vez, e eu terminaria de toma-lo e continuaria pensando nele, e ponderando quando seria a próxima vez que o tomaria.
Fui ao curso de idioma, e a produtividade do período foi praticamente nula. Milkshakes dançavam sobre as palavras no livro; até que saí da aula, e procurei moedas para pagar meu alimento sagrado tão esperado: Não tinha a quantia necessária; não importa, peguei emprestado com todos meus parentes alcançáveis, dois reais de um, três de outro, e mais três apenas em moedas de vinte e cinco centavos. Nada mais importava, eu poderia pagar com barras de ouro, gemas preciosas, ou petróleo.
E lá fui eu, comprar o produto mais esperado do dia.
Paguei a quantia exorbitante, e apenas observava a mulher encher o copo com aquela mistura verde brilhante, um verde artificial cor de esperança, vigorosa.
Peguei o copo, olhei para o conteúdo, entrecortado por calda de chocolate e flocos da mesma substância, e quase comecei a chorar, tamanha a felicidade.
Fui até a praia, caminhei até a beira do mar, sentei na areia, observando o pôr do sol, o céu rosa e laranja emoldurando a linda paisagem, e tomei meu milkshake, mais feliz impossível. A vida é bela.
Fui ao curso de idioma, e a produtividade do período foi praticamente nula. Milkshakes dançavam sobre as palavras no livro; até que saí da aula, e procurei moedas para pagar meu alimento sagrado tão esperado: Não tinha a quantia necessária; não importa, peguei emprestado com todos meus parentes alcançáveis, dois reais de um, três de outro, e mais três apenas em moedas de vinte e cinco centavos. Nada mais importava, eu poderia pagar com barras de ouro, gemas preciosas, ou petróleo.
E lá fui eu, comprar o produto mais esperado do dia.
Paguei a quantia exorbitante, e apenas observava a mulher encher o copo com aquela mistura verde brilhante, um verde artificial cor de esperança, vigorosa.
Peguei o copo, olhei para o conteúdo, entrecortado por calda de chocolate e flocos da mesma substância, e quase comecei a chorar, tamanha a felicidade.
Fui até a praia, caminhei até a beira do mar, sentei na areia, observando o pôr do sol, o céu rosa e laranja emoldurando a linda paisagem, e tomei meu milkshake, mais feliz impossível. A vida é bela.
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