São os próprios efeitos do progresso da vida moderna que participam de um tipo de produção de subjetividade, em que o homem ocidental vem a se constituir fundamentalmente por uma agressividade que marca todo o desenvolvimento do eu, e levá-lo a se realizar como indivíduo no “isolamento da alma” (sociedade cabide de Bauman) e na “derrelição original”.
O que seria a sociedade cabide?
O que seria essa agressividade que marca o desenvolvimento do eu? De onde ela vem? Como ela se constitui? Será que ela é a demarcação do território de um , que tenta se demarcar, se distinguir , e falha?Essa frustração projeta o ser para fora, depositando o peso de uma frustração-sexual-territorialista-identitária no outro?
Esse indivíduo acaba por se confundir com o ser de nada (Nihil) e por naufragar na fragmentação original – alguns autores (STUART HALL, 2003) elevam esse signo, junto com a multiplicidade e a crise de identidade, a um traço preeminente da pós-modermidade – à que articulará uma série de sofrimentos diferentes aos reconhecidos para as neuroses de transferência.
Já a pós-modernidade ou modernidade líquida é caracterizada pelo
capitalismo leve, pela incerteza e fluidez. Nesta fase da modernidade, a
possibilidade de escolha se torna o atrativo, a gama de oportunidades
dispostas, faz com que a sociedade se torne uma sociedade de consumidores,
Consumidores de corpos, não quero mais escolher, eu sofrer a tensão de ser escolhida, sou uma vampira cansada da eternidade e fecho as cortinas. Tudo é muito limpo, muito cheiroso, muito rosa, muito amarelo, muito vermelho, fecho os olhos, muita luz, muito barulho, muito, muito, muito.
O autor referido
caracteriza a identidade como a tentativa de transformar a vida em uma obra
de arte.
Nessa parte eu bugo, quero ter uma vida para ter... uma história legal para contar?
Acho que prefiro contar as histórias dos outros, sei lá
Minha história é legal mas.... Ah , não estamos mais comentando Fróid, agora é o homem árvore.
numa sociedade de consumo, compartilhar a dependência de
consumidor – a dependência universal das compras – é a condição
sine quo non de toda liberdade individual; acima de tudo da liberdade
de ser diferente, de “ter identidade” (BAUMAN, 2001, p.98)
De ter identidade. Eis o problema. Posso fazer trabalhos relacionados a isso, porque é realmente um problema. Ninguém tem identidade, só quem tem a identidade do dinheiro? É a dependência da Luana em comprar roupas do neopets ou das dançarinas de K-POP. Luana e o eterno fetiche.
“comunidade”, cujos usos principais são confirmar, pelo poder do
número, a propriedade da escolha e emprestar parte de sua
gravidade à identidade a que confere “aprovação social”, deve
possuir os mesmos traços. Ela deve ser tão fácil de decompor como
foi fácil de construir. Deve ser e permanecer flexível, nunca
ultrapassando o nível “até nova ordem” e “enquanto for satisfatório”
Confirmar. Aprovação social= aniquilação da tensão social. O indivíduo e sua necessidade de ser aceito. Até que ponto é verdadeira aquela frase de facebook ''Não ligo para o que os outros pensam!'' Nesse exato momento você liga para que pessoas que também não ligam para o que os outros pensam se agreguem a você e assim vocês tenham um sentimento de bando, de pertencimento, de eu e você em modus operandi de pensamento diverso de um [eles] que, supostamente , [ligam para o que os outros pensam].
Diferentemente do que ocorria nas comunidades da modernidade
sólida, que se formavam em torno de interesses comuns e de longa duração,
as comunidades da modernidade líquida se formam em torno de eventos,
autoridades ou celebridades, fundadas em interesses individuais (BAUMAN,
2001).
Bauman (2001)
conceitua autoridade como conselheiros que se tornam agradáveis e seduzem
quem os escolhe. Felipe Neto ai.
‘a autoridade amplia o
número de seguidores, mas no mundo de fins incertos e cronicamente
subdeterminados, é o número de seguidores que faz – que é – a autoridade’.
Somos todos messias, competindo pelo gado. Quero mil cabeças para me admirar e me venerar, quero público.
‘fazer
moda não é apenas desclassificar a moda do ano anterior, mas desclassificar o
produto daqueles que faziam moda no ano anterior, portanto, desapossá-los de
sua autoridade sobre a moda
Será que vale o mesmo sobre a arte?
A moda
possui inegável poder de atração e sedução, servindo como meio para a
concretização de dois anseios humanos: o desejo de inclusão e da
individualização (BAUMAN, 2011) Sempre isso né.
Um trabalho: Escolher dez amigos para vestirem a mesma roupa na eba durante um mês.
O pertencimento e a autoafirmação buscam
suportes em comunidades cabides, que atuam como uma segurança para
expressão e construção das identidades no mundo líquido-moderno.
Dessa maneira, o sofrimento (souffrance) da neurose moderna suspende o sentido, troca a verdade pela manifestação pura do sofrimento. Não a elisão nem substituição de significantes. Esse sofrimento não se intercambia com significantes, com verdades. Diante da pergunta: o que significa esse sofrimento? a resposta que achamos tem estrutura tautológica: o sofrimento é o sofrimento. Assim, o vemos objetivar-se nos fatos, cobrir um dizer, dificultá-lo ao máximo e impossibilitar toda tendência a se tornar sintoma.
Vemos que a “liberação” das instâncias simbólicas, das tradições, da história e do complexo de Édipo não nos leva diretamente até a terra prometida; pelo contrário, nos confronta com a divisão, com os efeitos da lógica significante, mediante um “despedaçamento” em que a dialética do ser e do nada se experimenta nos efeitos imaginários do eu.
A liberação, libertação do Zaratrustra não trás alívio. Em coletivo, insatisfeito, o que estou fazendo aqui? Em isolamento, nada disso me representa, será que necessito do calor do convívio?
Comunidade imensa, no limite entre a anarquia “democrática” das paixões e seu nivelamento desesperado pelo “grande zangão alado” da tirania narcisista, está claro que a promoção do eu em nossa existência leva […] a realizar cada vez mais o homem como indivíduo, isto é, num isolamento [...] sempre mais aparentado com sua derrelição original (LACAN, [1948] 1998, 124).
Ah, o isolamento, tao polemico.se não desejo, o que sou? será que vale mais virar uma monja?
eu quero viajar ver lugares, mas ao mesmo tempo quero ficar em paz comigo mesma... estudando? talvez.
Essa “liberação” do Outro, das formas sociais e culturais, essa ruptura da dialética entre as paixões e as saturações sociais, longe de atingir alguma liberdade ou de achar um ponto de fuga para os efeitos de determinação inconsciente, encontra, no desenvolvimento do eu, a tirania do narcisismo e a promoção dos seus tipos particulares de sofrimentos.
Lá vem o Ego, neurose aqui, neurose acolá
Lá vem o Ego, para vir te irritar.
[...] a neurose de autopunição, com os sintomas histérico-hipocondríacos de suas inibições funcionais, com as formas psicastênicas de suas desrealizações do outro e do mundo, com suas sequências sociais de fracasso e de crime.
Essa neurose é muito real. Autopunição histérica, não sei o que significa Psicastênicas, mas o nosso superego, a vontade de ser algo exterior ao próprio corpo, a vontade de ser uma ideia, transcender, mas o corpo é compacto, o corpo ainda é pouco.
A identificação narcísica causa uma série de sofrimentos: Por que COMIGO? Eu deveria ter conseguido tal cargo, EU, EU, EU. Somos todos crianças mimadas? Isso causa agressividade também né, EU deveria ficar com fulane , não o outre, então fico agressive.